quinta-feira, maio 31, 2007

Paulo Santana Comenta Renan Calheiros: O Azar do Senador

O texto abaixo foi publicado no jornal Zero Hora, de terça-feira, dia 29 de maio. Soube dele por um colega de serviço. Pela fineza do texto, acho que vale a pena copiá-lo aqui.

O azar do senador

Ontem, fiquei penalizado com o senador Renan Calheiros (PMDB), presidente do Senado.

No seu discurso de explicações por se ter envolvido na Operação Navalha, ele disse que entregava o dinheiro para pagamento de uma pensão alimentícia de seu encargo para um lobista de uma construtora por entender que era uma maneira discretíssima para tratar de uma questão pessoal de delicada privacidade.

Então o senador mandava dinheiro para a empreiteira todos os meses. E o lobista da empreiteira que ergue obras para o governo, Cláudio Gontijo, repassava o envelope com os R$ 16 mil para a jornalista com quem o senador tivera uma filha.

Era tudo muito discreto. Como o senador queria.

***

Apesar de que seria muito mais discreto que o senador todos os meses passasse um cheque e o depositasse na conta da mãe de sua filha.

Só que a Polícia Federal (ou a revista Veja) monitorava todos os meses a entrega do dinheiro à pensionista no recinto da empreiteira.

***

Eu fiquei com compaixão do senador Renan Calheiros porque é a primeira vez na história da República que um mensalão tem origem num bolso de político. O dinheiro era da propriedade do senador.

E ineditamente acontecia o contrário da rotina: o político entregava o dinheiro todos os meses para a empreiteira.

O usual é a empreiteira entregar dinheiro para políticos, como parte do superfaturamento de obras.

É completamente inusual o que acontecia com o senador Renan Calheiros: ele mandava dinheiro para a empreiteira.

Diga-se a bem da verdade que o lobista da empreiteira, Cláudio Gontijo, confessou que repassava todos os meses o dinheiro para a mãe da filha do senador, a administradora da pensão alimentícia.

Eu fiquei com pena do senador Renan Calheiros porque ele tinha de prestar a pena perpétua da pensão alimentícia, mensalmente, mandando dinheiro para uma empreiteira.

As empreiteiras que fazem obras para o governo, freqüentemente superfaturam essas obras. E não raro dotam de propinas os políticos que facilitam esse superfaturamento e a entrega incompleta e defeituosa das obras.

Pois no caso do senador Renan Calheiros, foi o contrário: ele teve um azar homérico, o amigo dele, a única pessoa em que ele confiava para entregar o dinheiro de forma discreta para a pensionista era, por acaso, lobista de uma empreiteira.

***

Por isso me penalizou o senador. Um senador mandando dinheiro todos os meses para uma empreiteira, realmente, é um ato surpreendente.

Mas que azar do senador, o dinheiro era repassado todos os meses para a pensionista, num envelope, no recinto da empreiteira, conforme confessou o lobista da empreiteira. E justamente a acusação contra o senador surgiu na revista Veja no auge da empreiteira Gautama sendo flagrada na propinagem a políticos.

Que azar do senador.

Estou para dizer que o único dinheiro que entrou no recinto daquela empreiteira em todos os tempos, que não era proveniente de obras, foi esse dinheiro por dezenas de meses enviado pelo senador.

É muito azar do senador. E embora todo o país tivesse acreditado ontem no senador, me restou uma pena pelo azar dele.

Logo nesta hora grave, mandar dinheiro vivo para empreiteira, em vez de enviá-lo por cheque pelo banco, foi muito azar do senador.

E o cúmulo do azar do senador: nem a revista Veja nem a Polícia Federal monitoraram a entrega em dezenas de meses do dinheiro pelo senador ao lobista da empreiteira.

É muito azar do senador.

http://www.clicrbs.com.br/jornais/zerohora/jsp/default2.jsp?uf=1&local=1&edition=7838&template=&start=1§ion=Colunas+e+Charges&source=a1515829.xml&channel=9&id=&titanterior=&content=&menu=23&themeid=§ionid=&suppid=&fromdate=&todate=&modovisual=

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Tucanos e Privatização

Pois o Blog Entrelinhas informa que o governador José Serra está se preparando para privatizar mais quatro rodovias estaduais de São Paulo. Então, relembra o Luís Magalhães, editor do blog, não fazia sentido os tucanos reclamarem que Lula mentia, quando dizia que Alckmin, se eleito, privatizaria Banco do Brasil, Caixa Econômica e Petrobrás.

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quarta-feira, maio 30, 2007

Do RS Urgente: ZH Explica o Fechamento da RCTV

“Imagine se, de uma hora para a outra, você não pudesse mais ver os desenhos e as novelas de que gosta. Ou se sua mãe e seu pai não pudessem mais assistir ao jornal que curtem. Foi o que aconteceu na Venezuela. O presidente do país, Hugo Chávez, mandou desligar o maior canal de TV deles – chamado RCTV. Na noite de domingo, o programa que estava passando parou de aparecer na TV e entrou no lugar um novo programa, de um canal do governo. A empresa que comanda a RCTV diz que Chávez fez isso porque não gosta que falem mal dele. Por causa disso, Chávez acabou com um direito de todas as pessoas – de saber o que está acontecendo no seu país e no mundo. Agora, as outras TVs, os jornalistas, as rádios e os jornais da Venezuela estão com medo de que aconteça a mesma coisa com eles”.

Isto me faz lembrar Jabor citando Nelson Rodrigues, "eu só conheço duas coisas infinitas, o universo, e a estupidez humana, se bem que do universo eu tenho as minhas dúvidas".
No caso da Zero Hora explicando o caso da RCTV para crianças é difícil acreditar em tanta má fé. Deve ser muita estupidez mesmo.

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terça-feira, maio 29, 2007

Réu Confesso Recebe Habeas Corpus do Supremo

A notícia saiu no saite Última Instância, o cirurgião plástico Farah Jorge Farah recebeu habeas corpus do Supremo Tribunal Federal, após ficar quatro anos em prisão preventiva, devido a ser réu confesso no assassinato e esquartejamento de sua ex-namorada Maria do Carmo Alves, ocorrido em janeiro de 2003. Segundo a notícia, Farah e Maria do Carmo viviam um relacionamento conturbado, e ele decidiu por fim a este relacionamento. Atraiu Maria do Carmo para uma armadilha, matou-a, e esquartejou o corpo, numa tentativa de ocultar o crime.
É de se perguntar algumas coisas: como um crime com réu confesso, ocorrido há quatro anos ainda não foi a julgamento?
Apesar disso, como podem os ministros do STF liberar um réu confesso de um crime desse nível de hediondez?
Como o criminoso é um médico, reforça-se aquele velho adágio, que, no Brasil, só pobre criminoso fica preso...

Para saber mais, veja o Última Instância: http://ultimainstancia.uol.com.br/noticia/38432.shtml

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Campanha do Agasalho

Deu no blog Geografia em Tudo, na sexta-feira passada, e está no jornal Correio do Povo de hoje, dia 29. Começou a Campanha do Agasalho, no Rio Grande do Sul. Com um certo atraso, é certo. O Mário Rangel, editor do Geografia em Tudo, sintetiza bem. Já havia comentários na blogosfera sobre a Campanha do Agasalho que não dava o ar de sua graça. E como ele disse, vai ver que no Palácio Piratini alguém anda lendo estas mídias alternativas, e achou que a coisa estava pegando mal. Ou talvez os tradicionais copatrocinadores, como o Grupo Zaffari, e as empresas de ônibus tenham ido perguntar se este ano não haveria Campanha do Agasalho.
E penso que o Dr. Carlos Crusius é que deveria estar liderando a Campanha, obviamente.

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segunda-feira, maio 28, 2007

Renan Calheiros

O senador Renan Calheiros está aí, jogado às feras.
A revista Veja, ao investir contra o senador, coloca a questão se o senador não estaria utilizando dinheiro ilícito para sustentar uma filha que gerou fora de seu casamento. Pela reportagem, é uma menina, atualmente com 3 anos de idade. E a reportagem indica o nome da mãe: Mônica Veloso, pelo que foi dito, ex-apresentadora da emissora local (de Brasília) da TV Globo.
Seria o caso de perguntar por quê a revista não fez uma reportagem parecida com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Talvez no caso do ex-presidente, a redação da revista tenha chegado à conclusão que este era uma assunto da vida privada do ex-presidente. E que ele tinha recursos para sustentar o menino. É curioso, este blogueiro teve condições de perguntar a pelo menos cinco pessoas se elas sabiam que o ex-presidente tinha um filho fora do casamento com Dona Ruth. Nenhuma sabia. Pois é. O ex-presidente, então senador da república, gerou um filho em 1991, com a também jornalista Miriam Dutra. Quem publicou algo sobre este menino (sim, é um menino) foi a revista Caros Amigos, uma revista que não faz parte da nossa imprensa grande, e com posições políticas contrárias às do ex-presidente. Também o ator e produtor Juca de Oliveira levantou a lebre, em uma das peças que ele produziu e em que atuou nos anos 1990. Lá pelas tantas, a personagem de Juca, um senador da república corrupto, levanta a voz para dizer algo como "eles não falam nada do filho do Fernando Henrique...".
Com o rolo todo em volta do senador Renan Calheiros, sabemos que ele assumiu a paternidade desta sua filha. Sobre Fernando Henrique, não sabemos.

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Estado Policial - 2

No Conversa Afiada:

Sandro Torres Avelar – Os fundamentos são muito simples. Todas as nossas ações são acompanhadas pelo Ministério Público, que opina e dá parecer fundamentado aos nossos pedidos e são autorizados pela autoridade judicial, que determina e expede os mandados de prisão que nós cumprimos. Então, esse trabalho é feito de uma forma conjugada por instituições de grande respeitabilidade por parte de toda a sociedade, são instituições sérias, a Polícia Federal, o Ministério Público Federal e a magistratura tem trabalhado juntos e com um só intuito. Com o intuito de fazer com que ricos e pobres se tornem cada vez mais iguais perante a lei. Então, é normal que nesse momento, nessa fase que nós estamos vivendo, onde pessoas de grande poder aquisitivo, de grande influencia política viveram muitas vezes colocadas nessa situação de responderem a inquéritos, a processos, tudo é novo no nosso país. E como tudo o que é novo assusta.

Sandro Avelar é presidente da Associação dos Delegados da Polícia Federal. Os grifos são do blog.
Esta declaração é parte de uma entrevista dada pelo delegado Sandro Avelar ao saite Conversa Afiada, do jornalista Paulo Henrique Amorim.

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Estado Policial

Agora que a chapa tem esquentado no lado chique da sociedade, tem gente falando em "estado policial". Gostaria de saber em que o estado brasileiro atual se parece com o Haiti de Papadoc, ou a União Soviética de Stalin.
Mas desde a Operação Furacão, que prendeu juízes e um procurador do estado, e esta Navalha, que prendeu um ex-governador, já reclamaram dos camburões, das algemas, ...

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Ele Vem de Novo

O Senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) tentou emplacar um projeto de lei para "regulamentar" a Internet, em meados do ano passado. A repercussão foi tão ruim que ele acabou voltando atrás na sua proposição. Muitos chegamos a pensar que ele havia desistido completamente do seu projeto.
Pois eis que o senador vem com a sua versão "2.0" do seu projeto de lei. O projeto já passou pelo Senado, e está atualmente na Câmara.
A Sandra Carvalho, diretora de redação da revista Info Exame é contra.
Para um melhor posicionamento, há textos no saite WNews, no IDGNow!, e no saite da própria Info Exame. A mesma Info Exame possui um resumo do projeto proposto.
Vale lembrar que na época do primeiro projeto, houve quem dissesse que o Senador queria mesmo era criar mecanismos para facilitar aos bancos terem menos prejuízos por via de fraude eletrônica. E agora?

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70% Desaprovam Retirada do Ar da RCTV na Venezuela

A grande mídia brasileira tem dito que 70% dos venezuelanos são contra a retirada do ar da RCTV. Pois um despacho da Reuters , publicados no UOL, qualifica esta maioria de venezuelanos a favor da continuação da televisão no ar. A maioria das pessoas que gostaria que a RCTV permanecesse no ar, gostaria que ela permanecesse no ar, por causa de suas novelas, e não por riscos à liberdade de expressão.
É mais ou menos, se o caso fosse aqui, e a concessão cassada fosse da Rede Globo, que o pessoal reclamasse porque ia ficar sem o Fábio Assunção e a Camila Pitanga na novela das 8, que passa às 9, e não porque ia ficar sem William Bonner e a Fátima Bernardes no Jornal Nacional. Como talvez dissesse o Tutty Vasques, faz sentido.
Mas se o problema é só este, o pessoal da RCTV pode continuar produzindo novelas e vender para um dos outros três canais privados que continuam existindo na Venezuela, ou para os dois canais estatais.

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domingo, maio 27, 2007

O Fim da RCTV

Hoje, à meia-noite, ou, se preferirem, a partir do primeiro minuto desta segunda-feira, será extinta a concessão da RCTV, a Rádio Caracas Television, uma das mais populares emissoras de televisão da Venezuela. A concessão venceu e o governo venezuelano não teve interesse em renovar a concessão.
Muitos falarão sobre liberdade de expressão, liberdade de imprensa, no limite vão falar até das centenas de profissionais desempregados. Mas a concessão é dada ou retirada pelo governo do país. O fato de comumente a concessão ser tomada como um bem privado, sujeito a todo tipo de negociação, não a torna um bem privado, é um bem do povo, gerenciado pelo governo, concedido para uso da iniciativa privada.
A RCTV ainda poderá existir, criar programas, transmitir sua programação via cabo, mas não poderá emitir sua programação pelo sinal de televisão aberto como fazia antes. Este espectro de ondas será utilizado por um novo canal estatal.

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sábado, maio 26, 2007

Passeata dos Municipários

Nesta sexta-feira houve mais uma passeata dos municipários de Porto Alegre, que estão em busca de reajuste salarial. As fotos abaixo foram tiradas quando a passeata passava pela Av. Siqueira Campos.

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Tabus, Censura, Auto-Censura, ...

Deu no blog Periferia do Império -> Deu no The New York Times: primeira capa com foto de soldados norte-americanos feridos no Iraque. Como diz o Periferia do Império, parece surrealismo, mas é a realidade, só em 23 de maio passado, após três do primeiro ataque, três anos de ocupação, mais de 3.000 soldados americanos mortos, mais de 64.000 iraquianos mortos entre civis e militares, segundo o saite Iraq Body Count, um dos grandes jornais norte-americanos coloca em sua capa uma foto de um resultado de um ataque de resistentes iraquianos.
O que será que a Sociedade Interamericana de Imprensa, a SIP, que sempre está tão preocupada com a liberdade de imprensa na Venezuela, por exemplo, diria sobre isso?


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Piratas

E falando em rádio pirata, não dá para esquecer que há cerca de um mês atrás, o blog Dialógico, informou que algumas as concessões de algumas emissoras estavam vencidas. Entre elas a Rádio Gaúcha de ondas médias, desde 2003; a rádio Guaíba de ondas médias, também desde 2003; a Rádio Atlântida FM de Porto Alegre, desde 2005, entre outras. Confira no Dialógico.


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Teia...

E de acordo com o "post" anterior, dá para lembrar que aqueles três dobrevês (que alguns gostam de chamar de dábliu) - "WWW", significam, em inglês (talvez seja por isso que gostam tanto de chamar tanto de dábliu) "world wide web", literalmente "mundo todo rede", numa tradução livre algo como teia global total. E eu imagino uma teia como as produzidas pelas aranhas viúva-negra, que é tridimensional e assimétrica, ou seja, aparentemente bagunçada, diferente das teias planas e harmônicas que normalmente associamos a uma teia de aranha.
Este blog, Ainda a Mosca Azul aponta para o RS Urgente, que por sua vez aponta para o Alma da Geral, que pescou uma informação na Rede Abraço.
É isso aí.

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Rádio Pirata

Vez por outra, a Rede Globo, através de sua emissora de TV, nos seus jornais nacionais, isto é, o jornal Hoje, o próprio Jornal Nacional, e o Jornal da Globo denuncia "rádios piratas", que, além de ocuparem indevidamente o espectro de ondas de rádio regulamentado pelo Ministério das Comunicações e pela Agência Nacional de Telecomunicações, podem interferir no controle de vôos realizado pelos aeroportos Brasil afora. A Rede Brasil Sul de Telecomunicações - RBS, afiliada da Rede Globo, aqui em Porto Alegre costuma repetir as denúncias sobre as "rádios piratas".
Pois o blog RS Urgente informa, via blog Alma da Geral, que por sua vez viu no saite Rede Abraço, que há um memorando do Cindacta I, de Brasília, informando a interferência no controle aéreo de um sinal da Rede Globo, talvez uma repetidora regional. O memorando se encerra com um pedido de providências urgente à ANATEL para que seja solucionado o problema.
Por vezes, estas rádios que são acusadas de piratas são apenas rádios comunitárias que, por um motivo ou outro, possuem um transmissor mais potente enviando seu sinal além do regulamentado, eventualmente sem saber que estão irregulares. O Alma da Geral questiona, ironicamente, "seria a Globo uma simples rádio comunitária, então?".
A propósito, acredito que esta notícia não será veiculada em nenhum telejornal da Rede Globo. Normalmente os editores de meios de comunicação dizem que o que acontece nos meios de comunicação não é notícia, nem é de interesse público.

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Alckmin, Serra, ...

O "post" anterior falou do ex-governador Geraldo "Choque de Gestão" Alckmin. E se fala que talvez os aliados de José Serra estejam interessados em minar a imagem do governo anterior.
Alguns dos comentaristas políticos simpáticos a Serra, quando ele se candidatou, e posteriormente se elegeu governador, que ele teria condições, como governador do estado mais desenvolvido economicamente no país, de mostrar ao restante do país do que ele seria capaz como administrador, e de chegar como um candidato imbatível nas eleições presidenciais de 2010. Está certo que só se passaram cinco meses desde a posse, mas ainda não foi possível ver a eficácia do potencial administrador que o governador José Serra pode ser. A propósito, vale lembrar que José Serra se elegeu prefeito em 2004, dizendo que governaria a prefeitura de São Paulo pelo mandato completo, e rompeu a palavra empenhada para se eleger governador. Talvez agora, o governador José Serra não pareça ser o administrador que seus aliados esperavam que fosse, porque imagina, como gosta de brincar o jornalista Paulo Henrique Amorim, que José Serra já é o presidente eleito, faltando apenas acontecer a posse, em 2010.
O Paulo Henrique Amorim espinafra o governador José Serra, em alguns textos, no seu saite, como "Cadê o Governador?" , ou "O Jeito Serra de Governar" . Vale a pena conferir.

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Do que Nos Livramos Elegendo Lula

Esta é mais uma notícia meio velhinha, de 18 de maio passado, mais que continua repicando em minha cabeça, então vamos comentá-la.
No blog Entrelinhas, o jornalista Luiz Antônio Magalhães comenta editoriais nos dois maiores jornais de São Paulo, a Folha e o Estadão, em que ambos comentam que o investimento feito durante 15 anos, no valor de R$ 1,5 bilhão de reais, com ajuda de bancos internacionais para despoluição do rio Tietê, de nada adiantou, e que o nível de poluição atual é semelhante ao do início dos anos 1990. Magalhães comenta também duas coisas interessantes. O governo de José Serra não contestou os editoriais. Os jornais culpam a população, e não o governo estadual pela poluição do rio.
O "post" comenta ainda como o Governo José Serra está lidando com a herança de seu antecessor, do mesmo partido, e ex-candidato à presidência Geraldo "Choque de Gestão" Alckmin. "Na segurança, os dados eram falsos e hoje sabe-se que havia muito mais assalto a banco do que o antigo governo registrava; a linha 4 do Metrô vinha sendo feita na base das gambiarras, em uma irresponsabilidade que culminou na tragédia da rua Capri; na Educação, a "aprovação continuada" já foi logo descontinuada pela equipe de Serra. Na verdade, difícil mesmo é achar um setor em que houve continuidade em relação ao que vinha sendo feito no governo anterior.", escreve ele, finalizando com "essa estranha relação entre Serra e Alckmin ainda vai dar muito o que falar..." .

Para ver o texto completo, visite o Blog Entrelinhas.

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A Polícia Federal Prende, o Ministro Gilmar Mendes Solta - 2

Só para constar. O saite Consultor Jurídico informava na noite desta quinta-feira, dia 24, que o Ministro Gilmar Mendes do STF, havia mandado soltar mais três acusados presos pela Polícia Federal na Operação Navalha.

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sexta-feira, maio 25, 2007

Diário Oficial do PSDB

Para conferir porque o jornal Folha de São Paulo é o diário oficial dos tucanos, confira o sítio do Luiz Carlos Azenha.

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A Polícia Federal Prende, O Ministro Gilmar Mendes Solta

Vale a pena conferir um texto didático de Paulo Henrique Amorim mostrando vários "habeas corpus" concedidos pelo Ministro Gilmar Mendes do Supremo Tribunal Federal. Há inclusive linques para as sentenças publicadas no saite do Supremo Tribunal Federal.

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quinta-feira, maio 24, 2007

Laerte Braga: USP - UMA LIÇÃO DE LUTA QUE TEM O TAMANHO DO BRASIL

Um aluno do segundo ano do curso de História da USP levou a mãe para visitar a reitoria ocupada da Universidade. Mostrou que os banheiros estavam limpos, que não havia drogas, que os jardins de tão bem cuidados receberam elogios do jardineiro responsável. A mãe de Luís, nome do estudante gostou do que viu.



Um antigo militantes dos tempos que José Serra foi presidente da UNE espantou-se com a ausência de rock and roll , drogas e sexo. O movimento não tem a cara de nenhum partido, acusa as lideranças estudantis de negociarem por baixo dos panos com a reitora e se volta contra o decreto do governador José Serra que retira a autonomia das universidades estaduais no manejo de verbas consignadas no orçamento estadual.



É a mão direita do tucanato. Está visível.



O movimento acabou por estender-se para além dos limites da reitoria. Hoje desperta atenção de todo o País. Numa certa medida tem impedido que as distorções do que de fato acontece sejam corriqueiras na mídia. Nem mesmo a GLOBO, apesar de tentar de todas as maneiras, tem conseguido rotular os estudantes com o velho epíteto de “baderneiros”.



José Serra está numa encruzilhada. O governador acha que é Deus, confunde truculência com eficiência, e neste momento percebe que em sua arrogância insensível comprou uma grande confusão.



Vários campi de universidades estaduais já estão em greve, o movimento se alastra entre servidores e professores e os ultimatos têm sido renovados desde segunda-feira. A reitoria já perdeu o controle e a autoridade sobre o que quer que seja, tamanha a subserviência ao governador e a Polícia aguarda a tal hora de invadir e cumprir um mandado judicial de reintegração de posse.



Os estudantes que ocupam a sede da reitoria da USP conseguiram varar a fronteira da desinformação. Numa certa medida e guardadas as devidas proporções o movimento traz algumas lembranças de 1968 na Europa, sobretudo na França. Há grupos de limpeza, de alimentação, de segurança e até o cigarro é proibido em áreas internas. Quem quiser fumar tem que fazê-lo em áreas abertas.



A estrutura de resistência guarda semelhanças, também respeitadas as proporções, com a organização da guerra do general de campo Nguyen von Giap (Ago), o grande comandante militar do Vietnã contra os então norte-americanos.



Essa forma de luta ano passado surpreendeu o exército de Israel. Em julho quando anunciaram um ataque em massa contra o Hezbollah acabaram tendo que recuar e a única massa foi o recuo.



Não existem caras visíveis entre os estudantes, as lideranças se manifestam em assembléias o que faz com que as decisões sejam sempre coletivas.



O resultado disso? Uma bananosa sem tamanho para José Serra. Acostumado a não ser contestado, agindo de modo presunçoso, arrogante e autoritário, Serra mostra a sua mão direita, fascista e tucana.



Não sabe como fazer para justificar o decreto fascista em que o seu governo se apropria dos recursos das universidades estaduais e começa o arremate do caminho para a privatização dessas instituições.



O mercado como dizem.



De repente seres humanos reagem e recusam a se deixar transformar em seres/consumidores, pior, instrumentos do grande capital internacional. A educação voltada para as vitrines dos caras que acham que o mundo se resume a robôs e a viver e trabalhar, cada um se virando e reagindo de um jeito num contexto de farsa, corrupção e violência, de aceitação. Existe o que faz, existe o que deixa.



Serra não contava com isso. O antigo líder estudantil deixa visível a imensa contradição que existe entre um passado trocado pelas benesses do poder e a luta pela sobrevivência de valores que nem Serra e nem a reitora da USP sabem mais o que é.



A reitoria da USP ocupada é um instante de extraordinário vigor do movimento estudantil e se estende como lição e exemplo a todo o conjunto de forças que lutam contra o modelo falido e corrupto de gente como Serra.



Ao lado da questão política, a existencial, que também é política e não se curva a essa conversa de pesquisa para desenvolver um papel higiênico ideal. Ou uma caçapa que absorva todas as bolas da corrupção na sinuca podre do bom mocismo que apenas esconde a verdadeira face dessa gente.



Hoje, 23 de maio, o País assiste a manifestações pela reforma agrária. Protestos contra a política econômica do governo Lula. A mostra viva que lutar é possível e que o modelo não deixa alternativa que não a mostrada pelos estudantes que ocupam a reitoria da USP. Ou pelos trabalhadores e camponeses que ocupam ruas em várias cidades do Brasil.



É uma reação ao projeto Roça de Cana que joga o Brasil de volta ao século XIX, e consagra o mundo de plástico nas chuvas de pastas da hipocrisia dita institucional. Transcende aos limites da reitoria da USP. Ou das praças, avenidas e estradas onde acontecem as manifestações.



Na USP os estudantes tocam músicas de Raul Seixas, o “Apesar de Você” de Chico Buarque de Holanda, e o hino da resistência em 1968 – “para não dizer que não falei de flores – de Geraldo Vandré. Ecoam por todo o País, onde ainda existam corações e almas dispostos a sobreviver à avalanche da violência e da barbárie capitalista.



Os estudantes que ocupam a reitoria da USP são a mão da liberdade e da característica humana que, pelo menos em tese, existe em cada um de nós. Foi por isso que o estudante Luís levou a mãe até lá. Para mostrar que saída existe.



Se a Polícia invadir, é possível, esses caras raciocinam com a borduna, haja visto o que está acontecendo no Rio e foi denunciado pela Anistia Internacional (935 mortos pela violência desde 1º de fevereiro), o movimento permanece.



O que se vê é apenas a mão direita de José Serra. Do tucanato. E ainda quer ser presidente. A verdade é que presidente, governadores, prefeitos, executivos de empresa, diretores de arapucas, hoje, são apenas domadores que pela via do chicote tentam intimidar e calar pessoas e suas consciências. A grande jaula do mercado.



O movimento dos estudantes é maior que eles e a própria USP. Tem o tamanho do Brasil.



Acho que nem eles imaginavam que chegariam a tanto. Chegaram.

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Manifestações de 23 de Maio de 2007

Por acaso, calhou da televisão estar sintonizada no Jornal da Globo, no momento do noticiário nacional. E lá vem o Sr. William Waack com a velha cantilena: "baderneiros", "violentos", "defensores de privilégios".
Nestas manifestações de 23 de maio, no Pará, a Via Campesina e o Movimento dos Atingidos por Barragens ocuparam a usina hidrelétrica de Tucuruí, inclusive a sala principal de controle, e o Sr. Waack informa que os manifestantes inclusive brincavam com a série de botões que controlam a usina. Mas curiosamente, a usina não parou de funcionar e fornecer energia. O Jornal da Globo relembrou que a Via Campesina foi responsável pela depredação da fazenda da Aracruz Celulose usada para pesquisas.
Todo aquele papinho de, com pouca sutileza, criminalizar movimentos sociais e reivindicatórios.

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Manifestação Pára o Centro de Porto Alegre

Hoje, quarta-feira, 23 de maio, o Centro de Porto Alegre foi parado por uma ampla manifestação, que juntou alunos da UFRGS, com uma série de reivindicações junto a Reitoria da universidade, tais como prorrogação do horário de atendimento dos restaurantes universitários, contratação de mais professores, melhor infra-estrutura no campus do Vale, etc (para uma lista completa das reivindicações dos estudantes da UFRGS, confira o blog do DCE); funcionários do município de Porto Alegre, que estão em busca de reajuste salarial; funcionários públicos estaduais e federais, e empregados de empresas privadas, em jornada nacional contra a emenda 3 do projeto de lei da criação da Super Receita (a Super Receita pretende unificar a fiscalização de impostos e das contribuições previdenciárias). A emenda 3 impede que fiscais da previdência, ou do trabalho possam agir em caso de irregularidades em locais de trabalho, tais como ambiente de trabalho em situação análoga à escravidão, como tem sido encontrado em alguns estados, ou empregados que cumprem jornada dentro de empresas, mas estão constituídos em pessoa jurídica, como microempresas, para que o empregador não necessite pagar encargos sociais, tais como 13º salário, férias com acréscimo de 1/3 do salário, FGTS, etc.



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As Algemas São Para...

A frase do Dr. Toron escancara aquela velha frase que é repetida à boca pequena. Na democracia todos os homens (e mulheres também!) são iguais perante a lei... mas alguns são mais iguais que os outros.

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Do Conversa Afiada: Algema é para...

TORON: “ALGEMA É PARA PRETO, POBRE E P...”

23/05/2007 16:03h

Paulo Henrique Amorim

Máximas e Mínimas 413

. A frase do dia: “Decreta-se a prisão temporária, a Polícia Federal exibe o preso como um troféu, algema-o desnecessariamente e o exibe em horário nacional. É um ‘escracho’. O que se fazia, antes, contra preto, pobre e puta é feito com outros presos. E há quem aplauda”.

. O autor da frase é o advogado Alberto Zacharias Toron, diretor do Conselho Federal da OAB, que defende o ex-procurador geral do Maranhão, Ulisses Cesar, suspeito de participar de esquema de fraude em licitação para beneficiar a construtora Gautama.

. O Ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, concedeu um habeas corpus a Ulisses César.

. Toron subiu as escadas da fama por defender o juiz Nicolau dos Santos Neto, também conhecido como “juiz Lalau”.

. Voltou à planície na condição de advogado de Daniel Dantas, que não chega a ser juiz, mas é como se fosse.


http://conversa-afiada.ig.com.br/materias/433501-434000

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quarta-feira, maio 23, 2007

Manchetes Que Nunca Veremos(3): "Assentados do MST Exportam Arroz Orgânico"

Agricultores assentados, em regiões da Grande Porto Alegre, como Nova Santa Rita, Viamão, Eldorado do Sul e Guaíba, entre outros, originários do MST, estão exportando 40 toneladas de arroz orgânico para Estados Unidos e Europa. São 20 toneladas de arroz branco e outras 20 de arroz integral. O arroz é exportado em sacas de 25 Kg, com a marca "Arroz Ecológico".
Certamente esta quantidade de arroz, 40 toneladas, é um grão de areia na praia que é a produção de grãos brasileira, estimada em mais de 120 milhões de toneladas. Mas se pensarmos em consumo familiar, é uma quantidade razoável.
Além disso, esta produção entra em conflito com os rótulos que algumas pessoas gostam de aplicar aos movimentos sociais, como "vagabundos", "desocupados", "baderneiros", e outros que tais.

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Clóvis Rossi Comenta a Previdência Chilena

Na Folha de São Paulo de 3 de janeiro passado, o jornalista Clóvis Rossi comenta em sua coluna, entre outras coisas, a previdência chilena:
Já um editorial do "New York Times", que não é tão liberal mas tampouco chega a ser esquerdista, critica a reforma previdenciária chilena, feita pela ditadura Pinochet, e objeto de desejo de 11 de cada 10 liberais tupiniquins.
O jornal lembra que metade da força de trabalho chilena ou não participa do sistema privado ou não acumulou o suficiente para ter direito à aposentadoria mínima (equivalente a US$ 140).
Conclusão do jornal: "A primeira medida de sucesso de um sistema de aposentadoria não é quanto certos indivíduos conseguem acumular, mas se o sistema como um todo provê dignidade básica para todos. Por essa medida, o sistema privatizado chileno fracassou e a Seguridade Social foi bem-sucedida".

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segunda-feira, maio 21, 2007

Da Agência Carta Maior: O Fim dos Kibutzim




Colunista:
Bernardo Kucinski


O socialismo privatizado

No começo deste mês, a assembléia do kibutz Gaash, em Israel, deliberou por ampla margem de votos extinguir a igualdade de pagamentos, principal traço da vida coletiva do kibutz. É o ocaso da mais radical forma coletiva de organização social.

Data: 15/05/2007

Gaash é uma colônia coletiva situada na região mais rica de Israel, entre Telavive e Haifa, às margens do Mediterrâneo. Ali moram cerca de 300 pessoas, inclusive brasileiros que emigraram nos anos 50, atraídos não só pela idéia de um Estado Nacional judeu, depois do holocausto, mas principalmente pela idéia de uma vida totalmente coletiva, uma sociedade socialista. Na forma kibutz, todos ganham o mesmo pagamento, uma espécie de mesada base, que varia apenas com o número de filhos. Não pagam aluguel e nem serviços de saúde. Há um rodízio entre todos na execução dos serviços, como cozinha e limpeza. As crianças recebem educação em tempo integral, e nos primórdios do kibutz moravam em coletivos próprios, as “casas das crianças”. Não há propriedade privada, exceto para os objetos pessoais.

No começo deste mês, a assembléia do kibutz Gaash, que se reúne todas as sextas-feiras, deliberou por ampla margem de votos extinguir a igualdade de pagamentos, principal traço da vida coletiva do kibutz, instituindo valores diferentes conforme os ganhos de cada indivíduo no mercado (para os que trabalham fora) ou o equivalente aos que trabalham internamente (nota 1). Algumas semanas antes, o mais emblemático de todos os kibutzim (plural de kibutz), Degânia, havia também abolido a igualdade de ganhos e as ordens de serviço, permitindo aos seus membros procurar empregos que quiserem, e lhes dando a propriedade das casas em que moram. Em todo o país, um kibutz após o outro está abandonando o princípio da igualdade de ganhos a adotando o que vem sendo chamado de “privatização”. Mas foi a decisão de Degânia que causou o maior impacto.

Porque Degânia criou a forma kibutz. Foi o primeiro kibutz fundado em Israel, ainda em 1910, por imigrantes russos fugidos da revolução fracassada de 1905 e imbuídos de idéias socialistas. A decisão de Degânia é um marco na história do movimento kibutziano, que, apesar de crise que atravessou, conta com 280 colônias coletivas em todo o país, algumas de grande importância social e econômica. Uma nova demonstração da dificuldade de sobrevivência de uma formação socialista num meio predominantemente capitalista. A mesma maldição que acabou com os sonhos dos socialistas utópicos e manietou o movimento cooperativista.

É o fim do socialismo kibutziano, reclamam os veteranos. “O encanto do Kibutz acabou. A tendência é que virem comunidades de residentes, cada um levando sua própria vida”, diz um brasileiro veterano do Kibutz Gat, que fica mais ao Sul, perto do deserto do Neguev. Ele é favorável às mudanças, que vê como inevitáveis. “É a única forma de mantermos dentro do kibutz os jovens, fascinados pelos altos salários e benfeitorias que o capitalismo israeli oferece, e com isso garantirmos a sobrevivência do próprio Kibutz”, diz outro brasileiro, o ‘Negro’, como é apelidado Isaac Rubinstein, que vive em Gaash. Com esse argumento, Negro conseguiu convencer alguns veteranos a apoiarem a mudança, o que foi decisivo na assembléia.

Além de alguns poucos que se opõem às mudanças por motivos ideológicos, votaram contra apenas famílias que nem eram suficientemente antigas para já terem ganhado suas casas definitivas, e já não tão jovens para iniciarem uma nova vida fora do kibutz. Em geral, famílias na faixa dos 40 anos, com dois ou três filhos. São os que saem perdendo com a abolição da igualdade de renda.

As privatizações começaram timidamente há alguns anos, depois do movimento kibutziano mergulhar numa profunda crise econômica, e agora estão se acelerando. Muitos kibutzim haviam assumido dívidas com bancos que não puderam pagar quando os juros saltaram para a estratosfera, fenômeno coincidente com o da crise da dívida externa do Brasil e provocado pelos mesmos fatores. Quando a direita assumiu o poder em Israel e decidiu acabar com o apoio à agricultura, tudo piorou, já que o Kibutz havia se formado essencialmente como uma unidade de produção agrícola. Alguns kibutzim foram virtualmente à ruína. Entre eles, Bror Chail, fundado por brasileiros, que hoje não passa de um condomínio residencial.

Paradoxalmente, foi a superação da crise da dívida que permitiu a aceleração desse processo de privatização do movimento kibutziano. Gaash, por exemplo, conseguiu pagar suas dívidas e instituir um fundo de pensão, para garantir uma velhice mais tranqüila a seus membros mais velhos. Era a inexistência desse fundo de pensão, já que o kibutz, em tese, sempre asseguraria a qualidade de vida de seus membros, que emperrava a mudança. Os mais velhos votavam contra. Também foi assegurado aos mais velhos a cobertura quase plena dos serviços médicos eventualmente não cobertos pelo Serviço Nacional de Saúde.

Permanece como grande empecilho à privatização a questão da propriedade das casas, e com isso, o direito de herança. Já está decidido que o patrimônio do kibutz será divido em cota e cada membro terá uma cota, ou meia cota ou um quarto de cota, se tiver menos anos de kibutz. Mas como fazer com as casas de cada família, se elas tem valores diferentes, mesmo dentro de cada kibutz? Além disso, as terras do kibutz em sua maioria são terras nacionais cedidas em comodato, e não propriedade do kibutz. Nem o governo, favorável às privatizações, sabe como resolver esse imbróglio. Em Gaash, o terreno de uma casa pode valer no mercado um quarto de milhão de dólares. Isso dá uma idéia da tensão em torno do tema, uma vez introduzida na cabeça das pessoas a idéia da cada um por si e Deus por todos.

Alguns membros de Gaash que se opuseram à mudança alegam que há um processo de corrupção inerente às formas capitalistas de produção, gerência e propriedade. Dizem que, no fim, os gerentes vão abocanhar todos os ganhos e pouco vai sobrar dos lucros do patrimônio para ser dividido entre os cotistas (nota 2). Dizem que há anos a nova geração de dirigentes promoveu a separação entre o kibutz, como um coletivo social, e as diferentes unidades de produção a ele pertencentes. Assim, uma fábrica de um Kibutz é gerida por uma diretoria própria, o hotel que o kibutz ergueu para gerar renda por outra diretoria, e assim por diante. São sempre as mesmas pessoas, cerca de 20 ou 30, que comparecem a todas as assembléias, se interessam por tudo. Acabam controlando todas as decisões, assumindo todos os cargos de direção, e com eles algumas mordomias. Esses dirigentes passaram a ter carros e verbas de representação. E passaram a se comparar também com os gerentes do mundo exterior que recebem salários altíssimos e com os quais tinham que negociar. Assim nasceu a idéia da privatização do kibutz.

Para convencer os mais velhos e os mais necessitados, esses dirigentes fizeram as concessões, dos fundos de pensão e outorga de moradias. Também estabeleceram limites para as diferença salariais. Em Gaash, por exemplo, o maior salário só pode ser duas vezes o valor do menor. A proposta inicial era de que poderia ser três vezes. Os mudancistas cederam para poder aprovar. O excedente irá para um fundo de compensação dos salários menores.

O brasileiro Negro divide as mudanças no movimento kibutziano em três grandes grupos. O grupo mais numeroso está fazendo como Gaash, promovendo a privatização em graus diferentes. Alguns deles, como Ruhama e Nir Am, sem mesmo providenciar fundos de pensão para os seus velhinhos. Outros, como Gat, onde também há brasileiros, instituíram um fundo de pensão e um sistema misto de renda familiar, metade igual para todos e a outra metade proporcional ao que o sujeito ganha ou ganharia no mercado capitalista de trabalho. Gat tem uma grande fábrica de sucos, a maior do país, o que lhe deu uma folga para promover as mudanças.

E há um segundo grupo de colônias coletivas tão fortes economicamente que não precisam aderir à privatização, porque cada membro e cada família já vivem vida de milionários. É o caso de Ramat Iochanan, que além de excelentes terras agriculturáveis, possui três fabricas de plásticos, duas delas no exterior em aparceira com uma multinacional. Mesmo assim, a assembléia geral de Ramat Iochanan aprovou uma proposta pela qual o coletivo se compromete a dividir o patrimônio da fábrica entre os veteranos, se eventualmente forem introduzidos salários diferenciados. “É uma espécie de garantia dada pelos jovens, que poderiam auferir salários maiores, aos velhos, que constituíram historicamente o patrimônio do kibutz”, explica Negro. Entre os que se recusam a privatizar, estão também alguns dos mais antigos, quase tão velhos quanto Degânia, como Mishmar Haemek e Gan Shmuel.

Um grupo menor que se recusou a fazer as mudanças, por inércia ou teimosia, acabou caindo numa situação de anomia social. Negro os chama de “caóticos”. Dá como exemplo Haoguen, kibutz de imigrantes húngaros, no qual cada um faz o que quer. É a pior forma abandonar essa extraordinária experiência social que foi o kibutz. Não deixa nada. Só amargura e desencanto.

Notas
(1) A votação foi secreta. Votaram 285 membros, 80% a favor da privatização.
(2) Fato corriqueiro no mundo das grandes empresas.

http://www.agenciacartamaior.com.br/templates/colunaMostrar.cfm?coluna_id=3586&boletim_id=288&componente_id=5537


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sábado, maio 19, 2007

Negócios

"generally speaking, the business of the American people is business" ("geralmente falando, o negócio do povo americano são os negócios")

Frase atribuída ao presidente norte-americano Calvin Coolidge (governou entre 1923 e 1929).

O jornal Correio do Povo publicou domingo passado, 13 de maio de 2007, uma notícia a respeito de projeto de lei do deputado Carlos Eduardo Cadoca (PMDB-PE), com intuito de dispensar de visto de entrada no Brasil os cidadãos dos Estados Unidos. O projeto estaria sob análise das Comissões de Relações Exteriores e de Defesa nacional, e de Constituição e Justiça, com proposta de exame para terça-feira, dia 15. Esta proposta tem apoio das empresas de turismo e de órgãos públicos ligados ao turismo, segundo o jornal.
Há também uma declaração do presidente da Associação da Indústria de Hotéis do RS - ABIH, José Reinaldo Ritter, que a "liberação deste entrave burocrático facilitará o ingresso de turistas americanos no país, gerando mais recursos para o turismo e a hotelaria". E o jornal continua dizendo que o dirigente empresarial afirma que a reciprocidade existente poderia ser dispensada em favor de causas maiores (crescimento do turismo neste caso, com geração de empregos e entrada de divisas). A notícia afirma ainda que a liberação de vistos para brasileiros que vão aos Estados Unidos poderia vir numa etapa posterior.
Este blogueiro pesquisou o portal da Câmera dos Deputados, à procura do tal projeto e sua votação, mas não obteve sucesso. Não encontrou nenhum projeto de lei em análise que isentasse cidadãos dos Estados Unidos da necessidade de vistos para entrar no Brasil.
Contudo também é opinião deste blogueiro que o Congresso brasileiro não deveria passar projetos de lei que contrariem o princípio de reciprocidade que há muito tempo orienta a entrada de estrangeiros no Brasil. É uma maneira também de defender os interesses dos cidadãos brasileiros interessados em viajar ou migrar, de maneira que haja respeito no trato com estes viajantes. Ou seja, o interesse de uma pequena quantidade de empresários não pode prevalecer sobre o dos cidadãos em geral.
Quanto ao argumento que "a liberação de vistos para brasileiros que vão aos Estados Unidos poderia vir numa etapa posterior" é pura falácia. Os Estados Unidos estão procurando dificultar cada vez mais o acesso de estrangeiros ao seu território, incluindo o acesso de cidadãos dos países tidos como desenvolvidos. Ou seja, a menos que mude muito a política dos Estados Unidos para o acesso ao seu território, coisa que não parece visível no horizonte, ou mesmo além do horizonte, DE MANEIRA NENHUMA SERÁ FACILITADA A ENTRADA DE BRASILEIROS NOS ESTADOS UNIDOS!

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Serra

Foto de Diego Padgurschi na Folha de São Paulo.



Charge do Agê, no blog Entrelinhas.

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E o Brasil, Quem Diria, Produz Bombas de Fragmentação

A notícia saiu em uma breve nota no jornal Correio do Povo. Pesquisando na Rede, sobre o assunto, pude saber um pouco mais.
Brasil, Argentina e Chile são os países da América do Sul que possuem bombas de fragmentação ("cluster bombs", em inglês), informou o representante da Coalizão Contra as Munições de Fragmentação, ou "Cluster Munition Coalition" - CMC, em inglês, Thomas Nash, quando se prepara para uma reunião contra este tipo de arma, que será realizada no Peru, na semana que vem, entre os dias 25 e 27. Com essa reunião, patrocinada pelo governo do Peru, se quer erradicar o uso deste tipo de armamento desta parte do mundo.
As bombas de fragmentação têm sido amplamente condenadas por entidades pacifistas e de direitos humanos porque, além de ampliar a área atingida quando do bombardeio, estas armas nem sempre explodem quando são lançadas, fazendo vítimas tempos após o fim de batalhas, e mesmo de guerras, tal qual minas terrestres (por sinal, outra arma conta a qual se luta, por seu potencial de destruição após o fim das guerras).
Bombas de fragmentação foram amplamente usadas pelos Estados Unidos, nos primeiros ataques durante a invasão do Iraque, em 2003, e por Israel durante a invasão ao sul do Líbano no ano passado.

A notícia no BOL - Brasil On Line: http://noticias.bol.uol.com.br/internacional/2007/05/17/ult34u181091.jhtm
Como funciona uma bomba de fragmentação, em esquema da Folha Online: http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/2001-terrorismo_nos_eua-info-bomba_de_fragmentacao.shtml
Como funciona uma bomba de fragmentação (e também minas), em inglês: http://www.fas.org/man/dod-101/sys/dumb/cluster.htm
Coalizão Contra as Munições de Fragmentação, em inglês: http://www.stopclustermunitions.org/

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sexta-feira, maio 18, 2007

Manifestação do Movimento dos Pequenos Agricultores

Porto Alegre recebeu hoje uma manifestação do Movimento dos Pequenos Agricultores - MPA. O Movimento veio reivindicar junto ao Governo do Estado incentivos para a produção familiar agro-pecuária. No caminhão a voz de uma liderança do grupo dizia que o Governo do Estado não deve incentivar apenas a silvicultura que serve de base à celulose. Claro, ela não usou este palavreado todo empolado. A palavra da manifestante é que o Governo do Estado não deve ficar pensando apenas em incentivar a cultura de eucalipto.




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Jornalistas Processam Político

Nota rápida publicada hoje, 17 de maio, no jornal Correio do Povo: o ex-governador e ex-candidato a presidente da república Anthony Garotinho foi condenado pela Justiça a indenizar os jornalistas Paulo Motta e Maia Menezes, do jornal O Globo. Os jornalistas acionaram o ex-governador acusando-o de perseguidor, ofensivo e calunioso, quando ele lançou acusações contra os jornalistas, por meio de programas que rádio, quando os jornalistas lançaram reportagens denunciando problemas nos programas sociais do governo do Estado do Rio de Janeiro, quando Garotinho era governador. Segundo a nota do Correio do Povo, o ex-governador deve pagar uma indenização de 35 mil reais para cada jornalista, mais correções.
Ou seja, jornalistas podem processar políticos.

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Manchetes Que Nunca Veremos (2): "83% da População Aprova o Governo Lula"

Esta seria uma manchete velha. São conclusões possíveis a partir daquela pesquisa CNT/Sensus divulgada há um mês atrás. Estou aproveitando o gancho do "post" anterior.
Neste caso, 83,8% é total dos entrevistados que consideram o governo Lula ótimo, bom ou regular. Como muitas escolas aprovam alunos com conceitos semelhantes a estes, está feita a associação.
Esta é muitas outras manchetes possíveis a partir daquela pesquisa são alvo de especulação do Luiz Carlos Azenha, em seu sítio, o Vi o Mundo.

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Manchetes Que Nunca Veremos (1): "Governo Yeda Expulsa Dell do Rio Grande"

Até porque para anunciar uma manchete assim, seria necessário distorcer bastante a verdade. Mas silenciosamente a montadora de computadores Dell implantou uma fábrica no estado de São Paulo, e deve transferir para lá a maior parte da sua operação brasileira. Segundo a empresa, lá ela estará próxima do principal mercado brasileiro, no próprio estado de São Paulo, e logisticamente bem posicionada, próxima ao aeroporto internacional de Viracopos, em Campinas.
Mas qual seria a manchete se tal evento acontecesse em um governo dirigido pelo PT?


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quarta-feira, maio 16, 2007

Mudança nas Viaturas da Polícia Federal

Como o gabarito das pessoas presas pela Polícia Federal aumentou, o ministro da justiça pediu que fosse alterado o desenho das viaturas que levam os detidos, de maneira a oferecer mais conforto para os detidos. Se a Justiça conseguir o prodígio de condenar algum desses suspeitos de alto nível, talvez até nossos presídios deixem de ser o inferno que são.

Via Sítio do Sérgio Leo, sobre notícia do G1.

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Lá Como Cá - O Caso de Delara Darabi

Na área de tecnologia do portal Terra há uma notícia sobre a jovem iraniana Delara Darabi. Ela tem 20 anos e está no corredor da morte no Irã, acusada do assassinato de uma prima do seu pai, quando ela tinha 17 anos. Segundo a notícia, ela assumiu a culpa convencida pelo seu namorado, que seria o verdadeiro autor do assassinato, porque ela era menor de idade quando do incidente. Se ele fosse julgado culpado, certamente seria condenado à morte, e eles imaginaram que tal sentença não a atingiria, pois o Irã é signatário de acordo na ONU, que impede que menores de 18 anos sejam condenados à morte. Mas segundo a notícia, o que acontece é que os menores são sentenciados, e aguardam na prisão até completar a maioridade, quando então podem ser executados, sem que o tratado seja quebrado.
A notícia no Terra, é uma reprodução da BBC . E creio que esteja na área de tecnologia porque foram abertas no Flickr, e no MySpace, área de apoio a Delara. As figuras feitas por Delara Darabi, reproduzidas no Flickr, são imagens perturbadoras. Segundo a notícia ainda, Delara é constantemente torturada, já tentou o suicídio, e no momento está com 35 Kg.

Este blogueiro acredita que Delara Darabi não deveria ser executada, pois o assassinato, quando praticado pelo estado não deixa de ser assassinato, embora aplaque um pouco o desejo de vingança dos parentes e amigos das vítimas, mas ainda assim não trará a vítima de volta.
E este caso mostra que no Irã, como no Brasil, adultos podem convencer menores de idade a assumir culpas, devido a um estatuto que procura proteger o menor. E se protege o menor porque é mais fácil recuperar um adolescente infrator, que um adulto.

Neste link, notícias em inglês, da Anistia Internacional, sobre execuções no Irã: http://web.amnesty.org/library/Index/ENGMDE130052006?open&of=ENG-IRN .

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João Sayad: Previdência Sustentável - Folha de São Paulo, 04/11/2006

Previdência: a sustentabilidade

DIZ-SE QUE ALGO é sustentável quando o que entra é exatamente igual ao que sai. Come, não engorda, nem emagrece; corta árvores e planta tantas quanto cortou; pesca tantos peixes quantos nascem.
Vivemos cada vez mais, por mais tempo. Nossos tetranetos poderão ser advogados até os cinqüenta anos; médicos nos quarenta anos seguintes; e morrer cercados pelo carinho dos próprios tetranetos.
Muito bom, ou muito ruim se ficarem sozinhos, ranzinzas, surdos ou esquecidos na mesma idade em que ficamos hoje.
Até quando tantos velhos cada vez mais velhos podem ser sustentados pelos jovens e adultos que estão trabalhando? A resposta é trivial: a Previdência é sustentável sempre que a renda per capita estiver crescendo. Ou seja, sempre que o trabalho dos aposentados não fizer falta. Se a condição não for atendida, o problema é falta de crescimento e não a Previdência.
Muitas coisas não são sustentáveis. A dívida pública com juro real de 10%, maior do que o crescimento do produto (3%), não é sustentável. A cada ano que se passa nessa situação, transferimos 7% do produto de quem trabalha para quem recebe juros sem trabalhar, os capitalistas aposentados. Em 10 anos, precisaríamos usar todo o PIB para pagar juros. Já passaram quatro anos.
A Previdência é um problema no mundo inteiro porque:
1) O número de aposentados cresce mais do que o número de trabalhadores.
2) Os salários dos ativos que financiam os inativos não crescem tanto quanto a produtividade (o ganho de produtividade gera mais lucros do que salário real).
3) O emprego aumenta pouco por causa das novas tecnologias.
4) A massa salarial (emprego vezes salários) não cresce tanto quanto a despesa com os aposentados. E os lucros não querem financiar aposentadorias.
5) Não adianta aumentar a idade da aposentadoria, pois faltam empregos. Se a idade de aposentadoria for atrasada, aumenta o número de trabalhadores no mercado, cai o salário e o problema se agrava.
No longo prazo, a solução é trabalhar menos e ganhar mais, ou seja, redistribuir os frutos de tantos sucessos. Uma idéia para o futuro, precisa tempo para vingar, se vingar. Enquanto isso, o mundo sofre de fartura.
No Brasil, a Previdência não é sustentável porque a renda per capita não cresce. O caso dos marajás não explica o crescimento das despesas com a Previdência. Mas atrapalha, pois atrai populistas que confundem a discussão. Para o Brasil, a maior parte da solução virá do crescimento, uma idéia do passado que não sabemos se vai vingar.

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segunda-feira, maio 14, 2007

Mediação

Boa parte daquilo que apreendemos da realidade, boa parte do conhecimento que chega a nós e acrescenta à nossa experiência é intermediado pelos meios de comunicação de massa, a mídia. Mas esta intermediação usualmente não é neutra, como estes meios de comunicação gostariam de nos fazer acreditar. E muitas vezes quer ostensivamente dirigir nossa apreensão. A charge abaixo ilustra isto.

É possível ler um desenvolvimento maior do tema, no Diário Gauche.



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Campanha Contra o Racismo

sábado, maio 12, 2007

13 de Maio

Não sei como era anos atrás. Pela minha memória (que pode estar selecionando fatos e lembranças), o racismo só passou a se tornar incômodo a partir dos anos FHC, lá por 1994. Parece que foi só a partir daí que se começou a ver claramente a nódoa que o racismo gerou no país, e a se pensar em ações afirmativas para etnias prejudicadas, e, obviamente, as reações reafirmando que no nosso país não há racismo.
Pode não haver racismo ostensivo, de proibição aberta de freqüentar lugares, de espaços separados em transporte público, e coisas assim. Mas há muito tempo, a revista Veja fez uma pesquisa informal e mandou três repórteres num restaurante, um branco, um negro, e um asiático. O negro foi o que foi pior atendido. Quando ele foi embora, um dos outros, não me lembro qual, ouviu o comentário entre alguns dos garçons - "o negrão foi embora". Vez por outra, na mesma Veja, o jornalista Roberto Pompeu de Toledo, na última página, comentava e se perguntava porque no Brasil, nos restaurantes mais sofisticados, não se via, não só clientes negros, mas também garçons negros. Também há poucos generais negros, e poucos embaixadores brasileiros negros, se é que há algum. E estes dias, no blog do professor Luiz Felipe de Alencastro, o Seqüências Parisienses, ele questionava a quase ausência de bispos negros no clero católico brasileiro.
119 anos da Lei Áurea.

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sexta-feira, maio 11, 2007

Cerâmicas Decorite

A empresa de cerâmicas Decorite, sediada em Eldorado do Sul, decretou auto-falência.
Nos seus áureos tempos, a empresa chegou a ter mais de 800 funcionários. Agora os cerca de 200 remanescentes, muitos com anos de empresa, e certamente com dificuldades de encontrar novas colocações (afinal o tal mercado diz que quem tem mais de 35 anos é velho, embora a previdência oficial estabeleça que só é velho quem tenha mais de 65), querem a retomada das instalações para produzirem cerâmicas organizados em cooperativa de trabalhadores.


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quinta-feira, maio 10, 2007

Seja Legal com os Estados Unidos...



"Seja legal com os Estados Unidos, ou levaremos a democracia para seu país."

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Que Apagão?

Apagão é o escambau

Avião do papa chegou meia hora adiantado a Cumbica. Essas coisas a oposição não vê!

Do
Tutty Vasques, no No Mínimo.

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terça-feira, maio 08, 2007

Esta do Governo Estadual não é Piada!...

Leio no blog Animot, que a governadora Yeda Crusius instalou um Grupo de Trabalho (GT) sobre Meio Ambiente SEM ecologistas!
Como diz o César no blog, em breve talvez vejamos um Grupo de Trabalho sobre Educação SEM professores, e eu também acrescentaria, quem sabe, um Grupo de Trabalho para melhorar a Arrecadação SEM fiscais da fazenda estadual...

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Quando a Barbárie Sai do Gueto - Folha de São Paulo, 10/04/2007

Quando a barbárie sai do gueto

PAULO SÉRGIO PINHEIRO e MARCELO DAHER

É nos guetos que ocorre a maior parte dos crimes violentos. Quase sempre encontram o silêncio e a indiferença como respostas

A BALBÚRDIA em torno da necessidade do rebaixamento da idade de responsabilidade penal e da revisão do tratamento dado aos adolescentes infratores não é novidade no Brasil.
A busca da solução mágica na forma da lei e do discurso duro pedindo justiça tem sido a regra dos debates que sucedem crimes bárbaros, especialmente se cometidos fora dos guetos.
Basta ver o Datafolha do último domingo, que mostra crescimento do apoio à pena de morte: 55% da população é a favor da medida. O maior percentual de apoio (64%) está entre os que têm rendimento familiar superior a dez salários mínimos mensais.
E, no entanto, é nos guetos -favelas e bairros das periferias das metrópoles onde estão segregados os afrodescedentes e os pobres- que ocorre a maior parte dos crimes violentos e neles prevalecem as maiores taxas de homicídios de adolescentes e de jovens no mundo. Quase sempre essa violência encontra o silêncio e a indiferença como respostas.
Quando uma barbaridade se abate sobre uma vítima fora dos guetos, porém, o choque de realidade segue implacável rotina. Após uma cacofonia de repúdio ao crime, governantes ostentam sua indignação e solidariedade com as famílias das vítimas, legisladores ameaçam votar projetos de lei a toque de caixa, passeatas clamam pela paz etc. Tanto barulho para nada.
Com o tempo, o tema da segurança volta para baixo do tapete. Nas semanas após o crime bárbaro, muitas chacinas, algumas balas perdidas de revólver de policiais acertam casualmente uma moradora no gueto. Mal são notadas: compaixão e clamor só para vítimas de fora dos guetos.
O debate aprofundado sobre a prevenção da violência é entediante demais, frio diante da tragédia. Já a retórica do sangue é ágil, combina docemente com a sede de vingança. No Carnaval das respostas fáceis, a escola da mão pesada ganha novos adeptos entre intelectuais que também babam sangue. Pregam penas de internação mais longas para crianças e adolescentes em conflito com a lei, condenando-os alegremente às sevícias e aos estupros que prevalecem nas instituições fechadas.
Esquecem que o direito penal é a vertente mais discriminatória do direito, pois se abate quase que unicamente sobre os habitantes dos guetos. A pregação furiosa pelo endurecimento penal agrava a discriminação racial e social sem sequer arranhar a escalada da criminalidade.
As mais de duas décadas de consolidação da democracia no Brasil foram acompanhadas de uma explosão sem precedentes da violência. A perversa associação entre o aumento da insegurança e o estabelecimento de um Estado democrático de Direito é utilizada no ataque aos supostos defensores dos "direitos dos bandidos".
Falar de prevenção da violência e reforma da polícia (estrutura intocada desde a ditadura), apurar adequadamente crimes cometidos por agentes do Estado, assegurar plenamente o acesso à Justiça, mencionar eficiência e transparência ao divulgar informações sobre criminalidade e ação policial, proteção das vítimas etc. dá trabalho e rende pouquíssimo ibope.
Por que lembrar (como fazem as 500 páginas, Estado por Estado, do 3º Relatório Nacional de Direitos Humanos, publicado pelo Núcleo de Estudos da Violência da USP) que a maioria dos homicídios no Brasil não é apurada e que a fácil obtenção de armas de fogo (referendada com apoio da escola da mão pesada) tem papel determinante na carnificina?
Para que reconhecer que a larga maioria dos crimes cometidos por adolescentes não é violenta, que a maioria dos adolescentes e adultos detidos não tem processos julgados em prazos razoáveis? Por que lembrar que as prisões mesclam criminosos perigosos e primários?
No ritmo contagiante do endurecimento penal, compensamos o sempre adiado espetáculo do crescimento econômico com o incomparável e espetacular crescimento na população carcerária. Entre 2000 e 2006, aumentamos em 72% o número total de presos. Temos em números absolutos e proporcionais a maior quantidade de presos da América Latina. Sem que a criminalidade diminua.
Reduzir a idade da responsabilidade penal e garantir estadas mais prolongadas no sistema de detenção de crianças e adolescentes contribuirá para aprofundar ainda mais o ciclo de comprovada incompetência para proteger a população.
Ocupar "manu militari" os guetos, deixando livres os chefes do crime, saciar a sede de vingança, torturando suspeitos, e encarcerar mais não trará paz. Ao contrário, alargará ainda mais a insegurança, engabelando a população até a próxima temporada de guerra (frouxa e incompetente) ao crime.


PAULO SÉRGIO PINHEIRO, 63, é expert independente do secretário-geral da ONU para a violência contra a criança. Publicou em 2006 o Relatório Mundial sobre Violência contra a Criança. Foi secretário de Estado dos Direitos Humanos do governo FHC. MARCELO DAHER, 29, é especialista em direitos humanos do Alto Comissariado para os Direitos Humanos da ONU (Genebra).

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