domingo, abril 30, 2006

Charge da Folha de São Paulo de 28 de Abril de 2006

sexta-feira, abril 28, 2006

Presidencialismo Francês para o Brasil

Em 2002, o presidente Lula chegou lá. Presidente do Brasil. Como se disse na época, "a esperança venceu o medo".
Junto com ele, o seu partido, Partido dos Trabalhadores - PT, elegeu a maior bancada na Câmara dos Deputados. Uma maioria de uns 20% das cadeiras. Quatro anos depois, com algumas dissidências, o PT já não é mais o maior partido da Câmara. Boa parte das pessoas que acompanharam Lula na chegada à presidência já o abandonaram (ou ele as abandonou, sabe lá).
Agora, em 2006, Lula é candidatíssimo à reeleição, com a maioria das opções de voto nas pesquisas deste primeiro trimestre. Mas duvido que nessas eleições, o PT consiga uma bancada igual ou maior à que foi eleita em 2002. Se for eleito, Lula provavelmente vai ter um congresso ainda mais oposicionista a ele.
É por isso que eu acho que o Brasil deveria adotar o presidencialismo conforme o modelo francês. O presidente é eleito, e pode convocar eleições parlamentares, onde possa esperar a eleição de uma bancada que lhe seja favorável, e entre os quais ele poderá escolher um primeiro-ministro que cuidará do dia a dia do governo. Se o primeiro-ministro se tornar muito impopular, é possível substituí-lo. Além disso, no meio do mandato, há novas eleições parlamentares. Se a maré virar, e a oposição conseguir uma maioria, o presidente deverá nomear um primeiro-ministro entre os oposicionistas, que as pessoas chamam de "coabitação", como aconteceu durante o governo de François Mitterrand.
Desde que acabou o ciclo de presidentes militares no Brasil, os presidentes têm que cooptar uma maioria parlamentar. Houve a questão da distribuição de repetidoras de televisão e rádio no governo Sarney. Houve a dificuldade de articulação parlamentar de Collor de Mello, que ajudou no impeachment que ele sofreu. Houve o governo de união, no mandato tampão de Itamar Franco. Houve a articulação de Sergio Motta e Eduardo Jorge Caldas Pereira, que com controle de nomeações para estatais, e, segundo fofocas, compra de parlamentares, conseguiu uma maioria parlamentar durante os oito anos de governo de FHC. Contudo, a crise cambial de 1999, transformou o segundo mandato de FHC, que deveria ser uma mandato de consolidação de conquistas em um arremedo do primeiro, com direito até a apagão. A tal "crise do mensalão" acabou com a bancada do governo Lula no Congresso.
Se Lula for eleito com uma bancada minoritária, teremos anos mais tumultuados a frente, do que os dois últimos que vivemos.
P.S. Um problema que poderia advir de um presidencialismo com forte tempero parlamentarista, seria uma alienação ainda maior da população com relação ao Congresso. Se isso acontecer, que Deus nos proteja! O que mais nos restará?

Passivo Ambiental

FRASES

"O passivo de criminalidade ambiental nunca foi apurado. A Justiça, principalmente do Estado do Pará, não tem compromisso em investigar, apurar e julgar esse passivo criminoso."

Tarcísio Feitosa da Silva, que atua com a Comissão Pastoral da Terra, ajudou a denunciar, em 2000, a exploração ilegal de mogno na Terra do Meio (Pará) e recebeu, anteontem, nos EUA, o Prêmio Goldman, considerado o Nobel do ambientalismo, ontem na Folha.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz2604200608.htm , publicado na Folha de São Paulo, em 26 de abril de 2006.

quarta-feira, abril 26, 2006

CPI's

O presidente do Senado, Renan Calheiros, deve mandar arquivar o pedido de abertura da "CPI do Lula". Ainda bem. Nada de novo havia para ser investigado entre os motivos alegados para a convocação da CPI.

domingo, abril 23, 2006

Direita Troglodita ou Classe Média Reacionária? (Ou Ambas as Coisas?)

Desde o início do governo Lula têm circulado mensagens eletrônicas destratando a pessoa dele.
Primeiro era um vagabundo, que vivia às custas do partido (como se todos, ou quase todos os políticos profissionais não agissem de forma semelhante). Depois que o governo dele traria o caos ao país. Depois era um total incompetente (como se os governantes antes dele fossem exemplos de eficiência). Há ainda a ignorância e, ou, a falta de estudos do presidente e seu pouco apego aos livros (num país em que a "elite", ou os melhor aquinhoados estudam em média pouco mais de 10 anos, e em que a média dos cidadãos lê menos de 8 livros por ano). Por fim, como o correspondente do New York Times, enfatizam sua, por assim dizer, queda pelas bebidas alcóolicas. Não se tem muitas notícias de flagrantes do presidente bêbado por aí. Em compensação, o Brasil já teve um presidente, Jânio Quadros, por sinal um erudito, que após renunciar foi fotografado "trocando as pernas". E se fofocava muito que o ex-governador do Rio, Marcelo Alencar, ou o ex-governador de Minas Gerais, Hélio Garcia, eram chegados em bebidas, mas não havia esta ojeriza de certas mensagens que eu recebo vez por outra.

Comparação de Índices Econômicos Governo FHC x Governo Lula


O Senador Aloísio Mercadante está publicando um livro, em que retrata o presidente Lula como verdadeiro estadista. Faz parte, o presidente é representante do partido de Aloísio Mercadante.
O interessante é que o livro traz um quadro comparativo de índices econômicos entre os governos FHC e Lula.
Obviamente o Senador apresenta os números como favoráveis ao governo Lula. Mas são números. Vamos ver o que dirá a oposição.

O quadro comparativo está disponível em:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/20060420-brasil_primeiro_tempo-anexo_1.pdf

segunda-feira, abril 17, 2006

A MOSCA AZUL - Machado de Assis

A MOSCA AZUL - Machado de Assis

Era uma mosca azul, asas de ouro e granada,
Filha da China ou do Indostão,
Que entre as folhas brotou de uma rosa encarnada,
Em certa noite de verão.

E zumbia, e voava, e voava, e zumbia,
Refulgindo ao clarão do sol
E da lua, - melhor do que refulgiria
Um brilhante do Grão-Mogol.

Um poleá que a viu, espantado e tristonho,
Uma poleá lhe perguntou:
"Mosca, esse refulgir, que mais parece um sonho,
Dize, quem foi que to ensinou?"

Então ela, voando, e revoando, disse:
- "Eu sou a vida, eu sou a flor
"Das graças, o padrão da eterna meninice,
"E mais a glória, e mais o amor."

E ele deixou-se estar a contemplá-la, mudo,
E tranqüilo, como um faquir,
Como alguém que ficou deslembrado de tudo,
Sem comparar, nem refletir.

Entre as asas do inseto, a voltear no espaço,
Uma cousa lhe pareceu
Que surdia, com todo o resplendor de um paço
E viu um rosto, que era o seu.

Era ele, era um rei, o rei de Cachemira,
Que tinha sobre o colo nu,
Um imenso colar de opala, e uma safira
Tirada ao corpo de Vichnu.

Cem mulheres em flor, cem nairas superfinas,
Aos pés dele, no liso chão,
Espreguiçam sorrindo, as suas graças finas,
E todo o amor que têm lhe dão.

Mudos, graves, de pé, cem etíopes feios,
Com grandes leques de avestruz,
Refrescam-lhes de manso os aromados seios,
Voluptuosamente nus.

Vinha a glória depois; - quatorze reis vencidos,
E enfim as páreas triunfais
De trezentas nações, e o parabéns unidos
Das coroas ocidentais.

Mas o melhor de tudo é que no rosto aberto
Das mulheres e dos varões,
Como em água que deixa o fundo descoberto,
Via limpo os corações.

Então ele, estendendo a mão calosa e tosca,
Afeita a só carpintejar,
Como um gesto pegou na fulgurante mosca,
Curioso de a examinar.

Quis vê-la, quis saber a causa do mistério.
E, fechando-a na mão, sorriu
De contente, ao pensar que ali tinha um império,
E para casa se partiu.

Alvoroçado chega, examina, e parece
Que se houve nessa ocupação
Miudamente, como um homem que quisesse
Dissecar a sua ilusão.

Dissecou-a, a tal ponto, e com tal arte, que ela,
Rota, baça, nojenta, vil,
Sucumbiu; e com isto esvaiu-se-lhe aquela
Visão fantástica e sutil.

Hoje, quando ele aí vai, de áloe e cardamomo
Na cabeça, com ar taful,
Dizem que ensandeceu, e que não sabe como
Perdeu a sua mosca azul.

(Ocidentais, in Poesias completas, 1901.)

Fonte: http://www.bccafe.com.br/literatura.htm

quinta-feira, abril 13, 2006

Videversus

Videversus (www.videversus.com.br) é uma newsletter que dá algumas notícias interessantes sobre a província do Rio Grande do Sul, e possui um forte ranço antipetista.

O Presidente do Banco Central Está Sendo Investigado Por Evasão de Divisas

Como fez a newsletter Videversus (www.videversus.com.br) , nº 439, não custa lembrar que esta investigação sobre evasão de divisas do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, continua sendo conduzida pelo Ministério Público, embora ninguém fale nela.

Agilidade do Ministério Público

Uma coisa é certa.
Quando foi colocado aqui neste blog que "vamos aguardar o que o Ministério Público fará", não se esperava que houvesse uma resposta tão rápida!

Procurador Geral da República Oferece Denúncia Contra 40 Pessoas

O Procurador Geral da República ofereceu denúncia contra 40 pessoas implicadas no chamado escândalo do "mensalão". A denúncia foi oferecida ao Supremo Tribunal Federal. Entre os denunciados José Dirceu, José Genoíno, Delúbio Soares, Marcos Valério, Duda Mendonça, e 35 pessoas.
Agora veremos o veredicto da Justiça.

segunda-feira, abril 10, 2006

O Relatório da CPMI dos Correios

No fim o relatório do deputado Osmar Serraglio foi aprovado. Ele reafirma a mensalão, ou seja, distribuição de quantias periódicas em dinheiro para deputados, quando da proximidade de votações de projetos importantes para o Executivo Federal no plenário da Câmara. Mas fica a pergunta, como o deputado Roberto Brant foi indiciado junto, se ele é do PFL, e sempre votou contra o governo? Por que os senhores Luiz Gushiken e José Dirceu são acusados de corrupção ativa, e não há ninguém acusado de corrupção passiva? Entre os indiciados há vários deputados do PT. Os deputados do PT precisavam de gorjeta para votarem junto com o governo, conhecida como é disciplinada a bancada petista?
Vamos aguardar o que o Ministério Público fará.

A Deputada Ângela e o Deputado Osmar

A mídia em geral caiu de pau em cima da deputada federal Ângela Guadagnin quando ela dançou no plenário da Câmara Federal, comemorando a absolvição de um seu colega de bancada. Segundo a reação histérica da imprensa era a "dança da pizza", ou o "samba da pizza", comemorando a absolvição de um corrupto pelo plenário. Segundo estes críticos a deputada perdeu a compostura, e segundo o presidente da comissão de ética da Câmara, ela perdeu a capacidade para permanecer naquele comitê. Não adiantou a deputada pedir desculpas às suscetibilidades ofendidas, nem explicar que na comissão de ética ela havia pedido uma punição menos branda para o colega, e espontaneamente bailou, por assim dizer. Como a versão, ou a repercussão da imprensa, é mais afiada que o fato, ficou-se com a versão.
Dias depois, com a conclusão dos trabalhos da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos Correios, houve um grande barulho no relatório do deputado Osmar Serraglio, com a bancada governista achando o relatório excessivo em suas acusações, e a bancada oposicionista achando que o relatório pecava por acusações de menos. Como a bancada governista levantou a hipótese de divulgar um relatório paralelo, na hora da votação do relatório do deputado Osmar Serraglio foi feita houve confusão, mas o relatório foi, afinal, aprovado. E o deputado Osmar Serraglio foi levantado por seus colegas, tal qual técnico de seleção campeã de Copa do Mundo, todos da oposição. Não faltou compostura ali?

sábado, abril 08, 2006

Males e Malefícios da Democracia

O texto abaixo é de Carlos Heitor Cony, e foi publicado na Folha de São Paulo, de 07 de abril de 2006:

CARLOS HEITOR CONY

Males e malefícios da democracia

Alguns leitores, e até mesmo um senhor que me abordou na rua, estranham que eu venha declarando, com insistência, que não acredito e até me recuso a participar da chamada "democracia representativa", tida como o pior dos regimes, com a exceção dos outros. Na velha mania de ignorar o óbvio (a afirmação de uma coisa não implica a negação de outra ou vice-versa), perguntam se eu me converti ao totalitarismo, aos regimes fortes em que o povo não é ouvido nem cheirado.
Duvido de tudo o que penso e faço, mas, nesta questão, estou fechado, não abro. Se tivesse alguma dúvida a respeito de minha posição, quando entramos para valer em mais uma campanha eleitoral majoritária, teria motivos para derrubar qualquer vacilação sobre o malefício, a inutilidade e a hipocrisia da democracia dita representativa.
Pelo contrário: é justamente neste momento que fica evidente a não-representação do povo, do eleitorado mais precisamente, na escolha não apenas dos candidatos mas dos programas, se é que se pode falar em programas dentro da realidade político-partidária em que vivemos.
Meia dúzia de sobas, com apoios explícitos ou disfarçados da mídia e do empresariado, decidem entre si, em jantares e reuniões catimbadas, quem será o quê, desde que satisfaça os apetites de poder ou de dinheiro dos grupos que se ajustam ou se desajustam na hora de engabelar o eleitorado.
Não se trata de um julgamento de valor. Em geral, são homens probos, experimentados na vida pública, que decidem os rumos da vida nacional com duas ou três alternativas de fachada, mas, na realidade, seja qual for a preponderante, o que vigora nas negociações, alianças, perspectivas disso e daquilo, atende apenas ao interesse de uma cúpula da sociedade. O povo funciona como caudatário de decisões que não tomou, consolando-se em votar ou não votar no fulano ou no beltrano que lhe foram impostos de cima para baixo.
Outro dia comentei, na página 2, a foto de um jantar em que os caciques do PSDB começavam a escolher o candidato do partido. O eleitorado tucano seria obrigado a absorver, por bem ou por mal, as decisões daqueles quatro, que só se tornaram públicas quando foi escolhido o candidato que fará o glorioso papel de boi de piranha para ser devorado pela avassaladora campanha eleitoral do presidente -que está em campanha há mais de três anos.
Este sim, apesar do péssimo governo que realizou, apesar das traições mais acintosas de um político em relação a seu passado, continua com o grosso do eleitorado a seu favor, o mesmo eleitorado que terá duas opções: submeter-se à cangalha dos caciques ou votar naquele que considera não o melhor, mas o mais próximo, mais povo, no que há de folclórico quando se fala ou se pensa em povo.
Povo que se recusa, em linhas gerais, a se partidarizar por muitos motivos, sendo o mais importante a não-existência de partidos, substituídos por grupos voláteis de opinião e ação, todos com cartas marcadas para os diversos cenários que se formarão até a data limite para o registro das candidaturas.
Existem grupos mais ou menos definidos por um passado que não garante um futuro. Aliás, para um político profissional, o futuro é a soma de conveniências que se formarão a cada dia, a cada lance da conjuntura nacional. Chamam a isso de pragmatismo. O sujeito assina um documento garantindo que ficará no cargo para o qual pretende ser eleito: haja o que houver ele cumprirá o mandato até o fim. A mosca nem precisa ser azul, basta ser mosca e ele evolui de opinião em nome de sua capacidade de ser o melhor seja lá para o que for.
Outro sujeito garante que dará um cheque em branco para um eventual aliado e depois se declara traído, apunhalado pelas costas, quando toda a jogada -a do mensalão, com todas as suas seqüelas- foi feita escancaradamente à sua frente.
Todos esses elementos derrubam, no meu entender, o conceito e a prática da democracia representativa. Não entendo muito do assunto, mas acho que uma forma de eliminar ou atenuar essa aberração política seria o voto setorial ou distrital. Não entendo como um eleitor do Alto (ou do baixo) Purus possa avaliar conscientemente a vantagem de votar num candidato presidencial saído das entranhas do Piantella ou do Massimo.
O mesmo candidato que será empurrado pela goela de um eleitor da fronteira com o Uruguai ou com a Argentina, do interior baiano, de regiões onde será consumida apenas a campanha em sua fase de televisão, quando todo o jogo já estiver plantado no cenário político e econômico da nação.
Não estou insinuando -nem tenho autoridade para isso- a abstenção ou o voto nulo. Honestamente, sou integrante único e bastante do partido que me convém, o do Eu-Sozinho. Não tenho dado certo, mas os outros partidos também não deram certo.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq0704200630.htm


sexta-feira, abril 07, 2006

Política é Chato Mas é Fundamental

Este é o motivo deste blog. Política é um assunto chato mas é inescapável.