quinta-feira, agosto 31, 2006

O Sumiço da Militância

Quem acompanha as eleições brasileiras após o fim do ciclo de presidentes-generais deve estar achando muito estranhas estas eleições. De maneira geral a militância, aquele pessoal que agita bandeiras, distribui "santinhos" dos candidatos desapareceu. Para não dizer que desapareceu completamente, tem demonstrado uma presença bastante discreta. De maneira especial a militância do Partido dos Trabalhadores sumiu, pois esta era a mais arrojada, engajada militância.
A militância do PT sumiu, me parece, por dois motivos fundamentais. Uma, o partido chegou a presidência da república com o presidente Lula e fez uma transição para a governabilidade. Não deixou de pagar a dívida pública, não reduziu drasticamente a taxa básica de juros da economia, não reestatizou nem estatizou nenhuma empresa. Esta "adequação" ao poder frustrou muitos simpatizantes.
Por outro lado, já nas eleições municipais de 2004, o mesmo partido "profissionalizou" o marketing eleitoral, e montou um sistema para possuir uma bancada de parlamentares aliados no Congresso. Quando este sistema foi exposto, e chamado de "mensalão", muito mais gente ficou frustrada.
Além disso, este "mensalão" fez minguar os recursos para mover as máquinas eleitorais dos partidos.
Por isso, a discrição dos cabos eleitorais.

segunda-feira, agosto 28, 2006

Presidente-Candidato - Folha de São Paulo, 26/08/2006

quinta-feira, agosto 24, 2006

Intenção de Votos entre Jornalistas


Segundo a colunista Mônica Bérgamo, da Folha de São Paulo, em pesquisa feita entre jornalistas pela revista Imprensa, pela Aberje e MaxPress, o candidato Geraldo Alckmin iria em primeiro lugar para um virtual segundo turno com 31,7% dos votos, o presidente Lula ficaria em segundo lugar, com 20,6%, e a senadora heloísa Helena, teria 16,2% das preferências. A pesquisa ouviu 307 profissionais.


Mais informações: http://www.maxpressnet.com.br/noticia.asp?TIPO=PA&SQINF=235861

Ética, por José Simão


Texto da coluna do José Simão, na Folha de São Paulo, de hoje, 24/08/2006:
"E vou lançar um apelo: Mais ética na demagogia! Rarará!"

Representantes - Folha de São Paulo, 22/08/2006


RUBEM ALVES


Privilégios


Representantes têm de ser iguais ao povo. Não têm privilégios. Não se valem de foros especiais para se safar




O BRASIL É bom porque aqui todo mundo é religioso. Uma pesquisa revelou que 99% dos brasileiros acreditam em Deus. Isso é garantia da integridade ética do nosso povo. Quem acredita em Deus é mais confiável do que quem não acredita. Quem acredita em Deus anda na linha por medo do castigo. Dando-se crédito às Sagradas Escrituras os nossos 99% só são batidos pela população do inferno pois, segundo o apóstolo Tiago, 100% dos demônios não só acreditam em Deus como estremecem ao ouvir o seu nome. Ah! Como minha alma fica tranqüila ao ver os crucifixos nas paredes dos gabinetes dos deputados e senadores e as Bíblias nas mãos dos pastores evangélicos...
Movido pelo mais sincero sentimento religioso e certo de que 99% dos congressistas não só acreditam em Deus como também estremecem ao ouvir o seu nome, achei adequado fazer algumas considerações teológicas apropriadas ao momento que estamos vivendo, qual seja, o de escolher os nossos representantes.
Vereadores, deputados, senadores e o presidente são nossos "representantes". Um "representante" é uma pessoa que toma o lugar de uma outra. Ela age como se fosse a outra. Pois essa palavra "representante" tem uma gravidade teológica: todo o drama da salvação que nos livra do fogo do inferno gira em torno dela. Para que nossas dívidas pecaminosas fossem pagas a N.S., Jesus Cristo teve de se "esvaziar" de todos os seus atributos divinos a fim de tomar o nosso lugar e nos "representar" perante Deus Pai. Se tal não tivesse acontecido todos estaríamos condenados ao sofrimento eterno.
A essência da "representatividade" é a "igualdade" entre o "representado" e o seu "representante". Uma raposa não pode representar as galinhas. Um heterossexual não pode representar os "gays". O dono da fábrica não pode representar os operários. O representante, assim, não pode ser "mais" que o representado. Esse "mais" é um privilégio, "lei privada" que vale apenas para um grupinho.
Na democracia não há privilégios. Todos são iguais perante a lei. Quando um Brasilino qualquer rouba um pacote de manteiga ou um boné ele vai para a cadeia. Vai pra cadeia porque a lei não sabe que ele é um Brasilino qualquer. E não sabe por ser cega. Se é cega para o Brasilino, é cega também para vereadores, deputados e senadores. Essa é a razão porque esses senhores, quando pegos com as mãos cheias de dinheiro público, vão também para a cadeia. Como é bem sabido as cadeias estão cheias deles... Representantes têm de ser iguais ao povo. Não têm privilégios. Não têm aposentadoria em condições especiais, não se valem de foros especiais para se safar. E nem votam os seus próprios salários porque os Brasilinos não votam os seus salários.
Estou certo de que, a fim de derrotar o 1% que não acredita em Deus e que, por isso mesmo se candidata para ter privilégios, os restantes 99% de legítimos representantes do povo, no início do seu mandato, haverão de votar uma lei que declare extintos todos e quaisquer privilégios que os tornam diferentes dos Brasilinos.
Por isso o momento de eleição é um momento de alegria teológica e democrática. Nossos candidatos não só acreditam em Deus como estremecem ao ouvir o seu nome...

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff2208200605.htm

quarta-feira, agosto 23, 2006

Polícia

A televisão noticiou o início do julgamento de um policial militar do Rio de Janeiro, acusado de uma matança na Baixada Fluminense, em março de 2005. Na época, 29 pessoas morreram e uma ficou ferida.
- Mas o policial está sendo julgado por ter matado bandidos?...
- Não é certo que eram bandidos. Algumas destas pessoas não tinham antecedentes criminais. Além disso, o Brasil não tem pena de morte. Mesmo que tivesse, os "condenados" precisariam passar por um julgamento.

Presidente-Candidato - Amorim - Correio do Povo 12/08/2006

segunda-feira, agosto 21, 2006

A PROPAGANDA ELEITORAL GRATUITA

A PROPAGANDA ELEITORAL GRATUITA



Laerte Braga



O primeiro projeto de lei sobre o assunto, definindo regras e contendo um espectro político que permitia um amplo debate, foi do deputado carioca Adauto Lúcio Cardoso. Era da antiga UDN e um dos raros políticos naquele partido com caráter e preocupações para além do moralismo cínico que transformou o termo udenismo em sinônimo de hipocrisia. Udenismo hoje tem o nome PSDB, ou tucanismo.

O projeto de Adauto, aprovado e transformado em lei, permitiu de 1962 a 1974, que a propaganda eleitoral gratuita se caracterizasse como exercício de debate democrático, livre, sem censura e num importante aspecto privilegiou o debate regional. Essa história de propaganda unificada, num só horário, a entrada de marqueteiros, foi conseqüência dos limites impostos pela ditadura militar com a derrota eleitoral em 1974.

Atendeu aos seus interesses de amordaçar e impedir o debate e favoreceu às grandes redes de rádio e tevê.

O projeto de Adauto era simples. Os partidos dispunham de tempo nas emissoras de rádio e tevê, tempo distribuído pelos diretórios municipais, em horários diferentes e o uso era ao vivo. O candidato era credenciado, obedecido o critério de direitos iguais.

O mesmo peso para candidatos a deputado, a vereador, a prefeito, a governador, ou representantes do próprio partido. Não havia a exigência que só os candidatos usassem o horário. Os partidos podiam e frequentemente veiculavam programas. Era de baixo para cima e não como hoje, um marqueteiro político ditando comportamento para o Zé, candidato a vereador do bloco coisa e tal.

A história de retratinho e currículo veio com o general Geisel. Ao perceber que a ARENA perderia a maioria no Congresso nas eleições de 1978 criou o senador biônico, uma série de restrições e mudou o feitio da propaganda eleitoral gratuita.

Para se ter uma idéia de como esse projeto do deputado Adauto Lúcio Cardoso contribuiu para o início da derrocada da ditadura, em 1974 Saturnino Braga ganhou as eleições para o Senado no antigo Estado do Rio, só com televisão e em 15 dias. O candidato original do partido tinha falecido em plena campanha.

Marcos Freire, eleito senador pelo Estado de Pernambuco, foi votado em todo o Nordeste pelo simples fato que aparecia na tevê em toda a Região. Ao vivo, sem maquiagem, sem marqueteiro.

Quando era senador Mário Covas retirou o projeto da gaveta onde estava e reapresentou-o. Desnecessário dizer que nem seu partido apoiou. As grandes redes de tevê e rádio, as grandes agências de publicidade, voaram em cima e cortaram as intenções do senador.

A propaganda gratuita desde então é apenas um exercício de vender um determinado tipo de sabão em pó que lava mais branco, tira manchas e ainda passa automaticamente. A roupa sai limpinha.

José Maria de Alckimin, nada a ver com o que foi governador de São Paulo, costumava dizer que o que vale é a versão e não o fato.

Foi possível à parte da mídia fabricar um Collor como salvador da pátria. Foi possível transformar um vaidosocomo FHC em alguém sério e sinônimo de modernismo (o Brasil andou duzentos anos para trás, o JK às avessas). E é possível agora que os dois principais candidatos, Lula e Alckmin, façam discursos diferentes na forma, mas quase iguais no conteúdo.

É a farsa democrática se manifestando de forma total e absoluta.

O sujeito liga a tevê, ou o rádio e tem a sensação que vive noutro mundo.

O mundo do tudo é possível pela via do marketing. Até Severino Cavalcanti sair pelo seu Estado em campanha, se dizendo vítima de injustiça, de perseguições contra um nordestino pobre e lutador.

A propaganda gratuita não contribui em nada para o debate político. Exceção feita à senadora Heloisa Helena.

Um outro detalhe: o projeto do deputado Adauto Lúcio Cardoso assegurava um tempo mínimo de cinco minutos a cada partida e depois então traçava as normas para a chamada proporcionalidade. O peso de cada partido.

Foi por isso que quando Golbery do Couto e Silva falou em sístole e diástole, afirmando que ora fecha, obra abre, queria no duro dizer que nada muda, só o jeito de conduzir e segundo os interesses dos donos.

Neste momento é a tal democracia que atende aos interesses dos donos.

sexta-feira, agosto 18, 2006

País

De acordo com pesquisa entre os leitores do Millôr Fernandes (http://www2.uol.com.br/millor/), mudando a perspectiva do que dizia Stephan Zweig, no século passado, o Brasil já não é mais o país do futuro. Os leitores apontaram que, no momento, o Brasil é o país do faturo!

A Revolução Bolivariana no Brasil - da Agência Carta Maior





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CARTAS ALCALINAS (Flávio Aguiar)


A Revolução Bolivariana no Brasil


Venha pro sul você também! Revolução Bolivariana chega ao Brasil através do Rio Grande do Sul! Nem podia dar outra!


Flávio Aguiar

Data: 18/08/2006

Inacreditável! A manchete de um tradicionalmente conservador jornal gaúcho, de Porto Alegre, dizia, em letras garrafais: “A América é Vermelha!”. Consta que a direção do conhecido periódico gaúcho, em processo súbito de conversão, após fazer uma radical autocrítica, decidiu mudar o nome do jornal para Zero Granma, um jornal a serviço das causas populares.

É que a capital do século XXI, berço do Fórum Social Mundial, tornou-se desde ontem o berço também da Revolução Bolivariana no Brasil. Mas não podia dar outra: que outra equipe que venceu a Libertadores (vejam o nome da taça!) ostenta a palavra Internacional no nome, tem a camisa da cor que distingue todas as revoluções, da Farroupilha à Federalista, da de 23 à de 30, e outras secundárias, como a soviética, a russa e a chinesa, e ainda, de quebra, tem um zagueiro central chamado Bolívar? Hein? Que outro time? E mais: o quarto zagueiro de ontem tem o nome de Índio!
Expondo as raízes de nossa revolução com os pequenos produtores da agricultura familiar, lá está o incansável Elder Granja! Com a industriosa indústria nacional, Perdigão! E o imprevisível Tinga, cujo nome, em dialeto restinguês, que dizer, justamente, o Libertador!

O setor especulativo do capital deu-se mal, justamente quando o goleiro adversário, Rogério Ceni, especulou: pego ou não pego (a bola), eis a questão! Resultado: pegou-a sim, mas só depois da redonda beijar o véu da noiva, num petardo de Fernandón, el Magnífico! E depois Tinga, o soberbo, acabou de vez com o superávit primário a que almejava o Athletic Club, vulgarmente conhecido pelo codinome de São Paulo, ao fazer baixar os juros de uma vez por todas dentro do gol adversário. Mais uma vez as forças da reação morderam a grama de uma derrota histórica diante das invencíveis forças populares em ascensão.

As bolsas, ao que parece, assimilaram o golpe. Ao contrário do que forças obscuras previam, não houve uma fuga de empresários para o exterior. Ao contrário, acorreram todos e mais alguns ao território pátrio, desejosos de investir nos valores nacionais, quero dizer, Internacionais. Em Nova Iorque, o risco Brasil caiu de vez, depois de estar numa alta desenfreada desde que a seleção canariosa absorveu investimentos portentosos para perder tudo no mar de lama em que pareciam correr, ou melhor, se arrastar, aqueles nossos jogadores sem brio nem pundonor.

O presidente Hugo Chávez lançou uma proclamação dizendo que nada, nem o Barcelona, nem o Ronaldinho, seguram a revolução vermelha que empolga as Américas e o mundo desde o Palácio de Inverno em que se transformou o majestoso Beira-Rio. O adversário chegou orgulhoso ao sagrado solo riograndense, acoitado inclusive pela quinta-coluna local, reconhecendo-se através da senha e contra-senha “tricolor”, disposto a humilhar o povo ribeirinho com os milhões de seus contratos opíparos. Mas viram os ribeirinhos virarem um ribeirão, um riozão, um Guaibaço intransponível que inundou a área adversária com suas vagas arrasadoras, numa tsunami de futebol arte, futebol espetáculo, futebol eivado de insumos motivadores, que os fez ir catar milho em outra freguesia.

O povo ergueu a cabeça, disposto a fazer história! TODOS AO JAPÃO!TOYOTA O MUERTE,
VENCEREMOS!


http://agenciacartamaior.uol.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=12016&boletim_id=99&componente_id=1787

Ferramenta para o voto...

Mensagem recebida por correio eletrônico, para quem se interesse e queira investir tempo em conhecer melhor os candidatos a cargos eletivos.

-----Mensagem original-----
Enviada em: quarta-feira, 16 de agosto de 2006 16:38
Assunto: Ferramenta para o voto...



Finalmente no meio de tanta porcaria política que se recebe, um e-mail bom que pode nos auxiliar no voto e acompanhar a trajetória se nossos candidatos (para quem lembra em quem votou, é claro).

-----Mensagem original-----
Enviada em: quarta-feira, 16 de agosto de 2006 08:27
Assunto: Bela ferramenta para o voto...



Espalhando coisa boa pela internet...

Abraço a todos.


Basta clicar no partido e no Estado do candidato à reeleição. Sairá se o cara é processado, se há vínculos com o mensalão ou com o sanguessuga, dá o patrimônio do cidadão, relata projetos que apresentou e a forma com que votou. Ou seja, a ficha (ou o prontuário, dependendo do caso) completa. Um belo instrumento para se decidir em quem se irá votar.
http://perfil.transparencia.org.br

Conservadorismo Brasileiro

O texto abaixo é opinativo e foi publicado na Folha de São Paulo, em 16/08/2006.
Marcos Nobre

As caras dos conservadores


O CONSERVADORISMO tem muitas caras. O cinismo dos bem-postos na vida é só uma dessas caras. Em geral, é máscara que se exige em situações sociais. Nessas situações, o cinismo bem informado lamenta a pobreza brasileira e explica, com a máscara mal colocada da consternação, que, infelizmente, a relação dívida/PIB ainda vai exigir por muitas décadas que tenhamos pobres. E passa ao próximo assunto. Porque, nesses ambientes, não falar da pobreza seria não ter coração. Mas continuar nesse assunto, francamente, não seria de bom-tom. Com suas diversas caras, o conservadorismo brasileiro deixou há já algum tempo os salões e se espalhou pelas páginas dos jornais, das revistas, da internet. O ex-ministro Pedro Malan adota tom triunfalista sobre seus críticos e pontifica que a chamada "questão social" (falando claro: 90 milhões de brasileiros, por baixo) é assunto para ser resolvido em décadas. É autor da profecia que ele mesmo realizou: foi Malan quem aumentou alucinadamente o endividamento público e engessou o orçamento por décadas. O cientista político Leôncio Martins Rodrigues insiste em que não se poderia mesmo esperar muito do governo Lula: sendo pouco sofisticados e não tendo nunca chegado ao governo federal, foram com muita sede ao pote do poder. Falta classe a esse governo. Ou tem "classe" demais, talvez. E o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso o secunda nesse preconceito de classe desbragado sempre que lhe convém. Claro e direto foi Olavo Setúbal. Tendo servido à ditadura militar sempre que pôde e foi chamado, Setúbal diz que tanto faz Lula como Alckmin porque os dois são conservadores. A lição implícita é: o conservadorismo venceu, a política já não tem nenhuma importância, é um espetáculo irrelevante. Difícil mesmo de entender é o que está acontecendo do lado oposto do espectro político. Que não paire qualquer dúvida: as análises de Francisco de Oliveira em nada e nem de longe podem ser aproximadas desse novo conservadorismo. O espanto provocado por sua posição é político: diante dessa vitória esmagadora de uma direita brasileira de nova cara, como é possível defender que, para a esquerda, a política se tornou irrelevante? Porque a autêntica vitória do conservadorismo é sempre essa: tornar a política irrelevante, tornar a própria democracia irrelevante e decorativa. Não se trata de ignorar os estreitos limites impostos pela vitória conservadora atual. Trata-se de agir dentro desses limites para alargá-los, para mostrar que não são naturais, que são limites estabelecidos na e pela luta política. É sim de política que se trata, mesmo que esse debate crucial ainda esteja ausente desta eleição.



MARCOS NOBRE é professor de filosofia política da Unicamp e pesquisador do Cebrap




http://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc1608200607.htm

quinta-feira, agosto 17, 2006

O Internacional de Porto Alegre é Campeão da América

Este blog, focado em política, excepcionalmente hoje, interrompe notícias e comentários sobre política, para anunaciar que o Sport Club Internacional de Porto Alegre é Campeão da Taça Libertadores da América, em 2006.
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Horário Eleitoral Gratuito

Cidade Limpa


Este ano, justiça eleitoral proibiu os candidatos aos diversos cargos eletivos do país de afixar plaquetas, bandeirinhas, estandartes, badulaques outros em postes, de maneira que a cidade não ficou emporcalhada, com o devido respeito aos porcos, no caso Porto Alegre, mas imagino que as demais cidades do Brasil também.
Se bastava uma simples ordem da justiça eleitoral para isso, é de se pensar, por quê ninguém pensou nisso antes?


segunda-feira, agosto 14, 2006

Tratamento de Candidatos


Neste blog, já se avaliou que o candidato do PSDB à presidência, Geraldo Alckmin, era mais bem tratado nas manchetes da Folha Online (ver: http://aindaamoscaazul.blogspot.com/2006/08/na-mais-recente-pesquisa-do-ibope-lula.html). Agora, pelo texto abaixo, o próprio ouvidor - o "ombudsman" - da Folha de São Paulo, diz que o jornal tem favorecido o candidato:

Dois pesos



A campanha eleitoral segue pobre, tanto sob o ponto de vista político como jornalístico. A melhor contribuição até agora foi a série de entrevistas feita pelo "Jornal Nacional" ao longo da semana com os principais candidatos à Presidência da República.
O desempenho claudicante de todos os candidatos mostrou que os jornalistas William Bonner e Fátima Bernardes estavam mais bem preparados do que os presidenciáveis.
A Folha foi mal nesta cobertura. A diferença de tratamento dado aos candidatos ficou evidenciada nos títulos e nos espaços que reservou para o noticiário de cada entrevista. O jornal começou com uma cobertura pífia e benevolente na Edição São Paulo de terça-feira e terminou com uma cobertura extensa e bastante crítica na sexta. Na terça, o candidato beneficiado pela falta de vigor do jornal foi Geraldo Alckmin, do PSDB; na sexta, o candidato submetido ao rigor do jornalismo foi Lula.
Vou reproduzir os títulos da Folha e de "O Globo" para os relatos das entrevistas de Alckmin e Lula para mostrar duas coisas: como o jornal deu um tratamento diferente para cada candidato, o que resulta na falta de equilíbrio; e como o jornal do Rio acabou sendo mais crítico do que a Folha na avaliação dos candidatos.
Terça-feira: "No "JN", Alckmin defende política de segurança e promete baixar IR" (Folha) e "Alckmin erra nos números da educação" ("O Globo"). Duas observações em relação ao título da Folha: Alckmin não prometeu baixar o Imposto de Renda no "JN", mas em outro jornal; e o jornal destacou a promessa sem os necessários questionamentos.
Quarta-feira: "Lula ensaia temas polêmicos para entrevista na TV Globo", "Após confusão no "Jornal Nacional", tucano "cola" números sobre a educação" (todos na Folha) e "Alckmin insiste no erro sobre Saeb" ("O Globo"). Na Folha, portanto, o erro de Alckmin virou "confusão".
Sexta-feira: ""Eu afastei Dirceu e Palocci", diz Lula, sob pressão no "JN'" e "Em gafe, petista diz que, no país, só o salário cai" (Folha) e "Nervoso, Lula erra em entrevista" ("O Globo").
O erro, evidentemente, não está na edição de sexta-feira, que mostrou que a Folha sabe fazer jornalismo político crítico quando quer. O problema esteve nos outros dias.
A maior parte das reclamações que recebo é de que o jornal trata melhor os candidatos do PSDB do que os do PT. A cobertura das entrevistas ao "JN" dá razão às queixas.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ombudsma/om1308200603.htm

sábado, agosto 12, 2006

Aquele Um

Texto de Nelson Motta comentando o único deputado não envolvido em problema de corrupção na Assembléia Legislativa de Rondônia

Aquele Um



NELSON MOTTA

RIO DE JANEIRO - Já que 23 dos 24 deputados da Assembléia Legislativa de Rondônia estão sendo acusados pela Polícia Federal de formação de quadrilha, não seria mais prático tirar de lá esta solitária exceção que confirma a regra e simplesmente trocar o nome do edifício para Penitenciária Legislativa de Rondônia? Seria mais econômico, evitaria deslocamentos, eles seriam mantidos em cativeiro, em seu habitat natural, andando em bandos e alimentando-se de verbas públicas.
Mas o mais intrigante de tudo é "aquele um" -o único deputado que não entrou no esquema. Que bizarra criatura será essa? Como e onde vive? Ainda viverá muito se continuar assim? Esse homem precisa ser investigado, é urgente saber o que ele come, a água -ou outra coisa- que bebe, analisar seu DNA, revirar seu passado e informar à população o que o levou a ser tão diferente de seus, digamos, pares.
Que bicho o mordeu? Que chá ele tomou? Que santo baixou nele?
Os mais cínicos devem imaginar que "aquele um" também deve ter a sua "bocada", só que foi mais discreto e cuidadoso ou simplesmente teve mais sorte do que os outros.
Não acredito, esse homem deve estar doente, deve ser isolado, pode contaminar o ambiente político e as instituições. Não faltam rumores em Porto Velho de que ele teria sido abduzido por extraterrestres e voltado com idéias estranhas, depois de passar por uma lavagem cerebral. Pode ser, pode ser.
Quem esse homem pensa que é? O país precisa saber. A Polícia Federal já cumpriu boa parte da sua missão, afinal, são os mesmos de sempre, só vão mudando de nome e de partido e agora foram pilhados com a mão na massa, logo eles, que têm as massas na mão. Mas "aquele um"...
O nome do homem é Neri Firigolo.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz1108200605.htm

quinta-feira, agosto 10, 2006

Honesto Desconhecido - Folha de São Paulo, 10/08/2006



Réquiem para HD



Clóvis Rossi


SÃO PAULO - Há um Honesto Desconhecido, doravante tratado por HD, à solta por aí. Mais exatamente, em Rondônia. É o único dos 24 deputados estaduais não acusado de trambiques. É tamanha a podridão no país tropical que conseguiu violentar uma das regras fundadoras do jornalismo. Jornalismo é, na essência, o relato da anomalia. Notícia é avião que cai ou atrasa muito, não aviões que decolam e pousam mais ou menos no horário, aliás a avassaladora maioria. Em Rondônia, a avassaladora maioria dos deputados é trambiqueira, mas, mesmo assim, os nomes dos 23 saíram no jornal. O da anomalia, o honesto desconhecido, ficou no anonimato. Consta até que está cadastrado no Ibama, como espécime ameaçada de extinção. Receberá, quando seu nome for conhecido, pulseirinha com a inscrição "político honesto 0001". O fabricante das pulseiras avisa que descontinuou a produção. Falta demanda. O anonimato protege as crianças de HD. Já imaginou a reação dos coleguinhas ao verem chegar os filhos da anomalia? "Ói, lá, o filho do honesto", dirão, escandindo as palavras como antigamente se fazia com "filho da puta". Protege também a mulher do indigitado. Poupa-a do vexame de, ao entrar no cabeleireiro, ser recebida com olhares irônicos das mulheres dos 23 trambiqueiros e com a dúvida da dona do salão: "Mulher de honesto tem dinheiro para pagar pelo menos a unha?". HD disfarça-se para freqüentar seu local de trabalho, a Assembléia Legislativa. Um colega, outro dia, disse-lhe que não poderia mais tratá-lo como "excelência". Emendou: "Sua honestidade é uma vergonha para a categoria". HD pensa em pedir asilo. De cara, descartou Brasília. Mas está difícil encontrar-se em qualquer ponto do Brasil. É um aleijão. Agride a "normalidade" da pátria.

crossi@uol.com.br

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz1008200603.htm

quarta-feira, agosto 09, 2006

Governador Rigotto


O governador Germano Rigotto tem mantido uma postura bastante discreta durante a campanha eleitoral, em que ele é candidato à reeleição. Este blogueiro não tem certeza se esta postura é real, ou se é uma percepção produzida pelos veículos de comunicação aqui do Rio Grande do Sul. Mas é uma postura bem diferente, por exemplo, do presidente Lula, que parece que passou seus quatro anos de governo em disputa à reeleição, e que agora, mais que nunca, é candidatíssimo.
Um candidato pode ser mais ou menos estridente. O problema real é a reeleição.

Enquanto Isso na Província...


O Centro de Pesquisas Correio do Povo liberou sábado pesquisa sobre os candidatos ao governo do estado. O governador Germano Rigotto continua na frente, com 28% das opções dos eleitores, e em segundo lugar está o ex-governador Olívio Dutra, com 23,1%, sendo que no momento, estes seriam os candidatos que iriam para um segundo turno. Certamente haverá segundo turno na disputa estadual no Rio GRande do Sul, pois a deputada Yeda Crusius possui 12,8% de opções de votos, e o ex-governador e atual deputado federal Alceu Collares 8,3%.

Manchete do UOL Sobre a Mais Recente Pesquisa CNT/Sensus


Alckmin despenca 7,5 pontos e Lula amplia vantagem em pesquisa eleitoral CNT/ Sensus de agosto

http://noticias.uol.com.br/economia/ultnot/valor/2006/08/08/ult1913u55076.jhtm

sexta-feira, agosto 04, 2006

E Se Ela Ganhar?


Trecho da coluna do José Simão, o Macaco Simão, na Folha de São Paulo, de ontem, 03/08/2006:
"Eu estava num evento. Aliás, reparou como São Paulo tem evento? O que você está fazendo? Preparando um evento. Onde você vai? Tô indo para um evento! Pois é, eu estava num evento quando uma roda de senhores combinaram de votar na Heloísa Helena. Mas votar na Heloísa Helena tem um pequeno problema: e se ela ganhar? Esse é o problema: E SE ELA GANHAR!? "

Na Mais Recente Pesquisa do Ibope, Lula Permanece Estável, Alckmin Cai, e Heloísa Helena Sobe

A manchete do saite da Folha Online informava que por esta pesquisa, solicitada pela Confederação Nacional da Indústria, Lula venceria no primeiro turno. Lula mantém 44% das preferências do eleitorado, Alckmin caiu de 27% para 25%, e Heloísa Helena subiu de 8% para 11%.
Curiosas são as manchetes da Folha Online (http://www.folha.uol.com.br): "CNI/Ibope mostra rejeição a Lula em alta e melhora de Alckmin e Heloísa" , e "Aprovação a Lula reverte tendência e piora em julho, mostra CNI/Ibope", junto com a "Lula ainda venceria as eleições no 1º turno, diz CNI/Ibope" . Juntando as três manchetes fica me parecendo que o grupo Folha , torce por Alckmin. Se o grupo torce, é realmente um problema dele, mas deveria dizer isto claramente ao público.
Abaixo, gráfico mostrando a variação dos candidatos em duas pesquisas do Ibope. O gráfico foi feito com a OpenCalc, a planilha do OpenOffice, BrOffice no Brasil (http://www.broffice.org.br/) :
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Berro Mudo


O texto abaixo foi escrito por Paulo Heuser, cronista do cotidiano, mais de Porto Alegre, mas também de outros lugares. Esta sendo "posta" aqui porque é uma sutil crítica à nossa política partidária.
É possível acompanhá-lo em http://pauloheuser.blogspot.com .

Berro Mudo


Por Paulo Heuser

Meu amigo Raimundo engajou-se nas campanhas políticas de três partidos. O que poderia ser entendido como incoerência ideológica na verdade explicava-se como oportunidade mercadológica. Foram dois os aspectos fundamentais considerados. Primeiro: não havia ideologia partidária. Segundo: candidatos, partidos e governos consumiam bens e serviços, sendo portanto alvos da política mercadológica. E o Raimundo era um homem de mercado.

Como Raimundo foi o nono de oito filhos, cedo descobriu que tinha de chorar muito para mamar. E tinha de chorar o choro certo para a teta certa. Sociologicamente falando, assumiu as múltiplas facetas necessárias à manutenção da sua clientela.

Dividiu sua agenda em três partes desiguais. Reservou fatias proporcionais à cotação dos partidos na Bolsa de Apostas de Eirunepé, AM. Não é uma rádio AM, é o Amazonas mesmo. Não a conhece? Bem, trata-se de uma mirror-wallet (bolsa-espelho) da Bolsa de Apostas de Londres. Assim, a fatia de 54% da agenda foi reservada para os Progressistas, 34% para os Construtores e 12% para os Vingadores.

A maioria progressista abrigava um amplo espectro ideológico, desde os " Viva La Revolución" até os intelectuais que lêem os livros carregados pelos operários que não lêem livros. Autênticos arroz-de-festa ideológicos, espalharam-se em todos os segmentos da sociedade.

Os Construtores faziam discursos realmente empolgantes, como bem mostra este trecho que transcrevo: "O País é um prédio que precisa ser construído com solidez e confiança. Para tanto, devemos tomar dois blocos cúbicos e colocá-los um sobre o outro, com cuidado e firmeza. Blocos cúbicos têm lados iguais, portanto devemos colocar primeiro o inferior, depois o superior. Assim, resolveremos o problema da saúde...". Dava vontade de aplaudir freneticamente. Colocava fogo na campanha. Incêndio em Banho-Maria!

Os Vingadores têm a honestidade como lema. Como tema, a vingança contra os Progressistas. Deles foram expulsos por apresentarem coerência entre a prática e o discurso, algo imperdoável na política.

Raimundo treinou bem as falas e o comportamento. Dividiu seu guarda-roupa em três partes desiguais. Os 54% do meio ficaram tomados pelos ternos pretos bem cortados. Os 34% da direita foram ocupados com ternos mais leves, em cinza e azul. Os 12% da esquerda receberam as calças jeans, moletons e camisetas. Havia algo errado com aquele guarda-roupa. Por mais que arrumasse as roupas na ordem correta, ao abri-lo pela manhã encontrava as roupas do centro e da direita misturadas, todas amassadas contra as roupas do lado esquerdo.

Raimundo não saia mais das festas, praticamente diárias. Os ingressos para as festas dos Progressistas eram muito caros. Em compensação, ouviam-se discursos para qualquer gosto e desgosto. Coisa realmente eclética. A dupla neocaipira Penosa e Franga Louca fez uma releitura da Ave Maria. Ficou interessante. " Ave Maria, gratia plena", da versão original, passou a ser cantada como "Ave Caipira, graxa plena". Enquanto serviam a galinhada. Tocou mais no coração e no estômago do povo.

As festas dos Construtores eram um porre. Não no sentido etílico. Nos discursos, falavam horas a fio sobre o empilhamento dos dois cubos. O preço da bebida era proibitivo. Cobravam 10 reais por uma mistura de vinho barato com capilé. Davam a isso um nome chique.

Raimundo gostava mesmo das festas dos Vingadores. Ali a bebida e a comida eram autênticas, populares e a preço mais justo. Os discursos eram realmente inflamados. Nada de álcool gel 42. Ali a coisa pegava fogo com o 96 GL.

Quando visitava os parentes alinhados com alguma corrente política, Raimundo também agia de acordo. Na reunião de planejamento do almoço na casa dos progressistas, recolhia as demandas, efetuava as deliberações e dava os encaminhamentos. Traduzindo, cada um garantia o seu. Tudo muito pontual.

No almoço dos parentes construtores chamava uma tele-entrega-show e repartia a conta. Chuchu à beça. O Homem-Chuchu preparava chuchu à Grand Marnier, ao vivo, on demand (na hora em que o estômago roncava). O chuchu era flambado com água enquanto o Homem-Chuchu bebia o licor.

O almoço dos parentes vingadores era mais à vontade. O pessoal ia chegando e trazendo o que tinha na geladeira. Aí faziam uma combinação de tudo e repartiam nas mesas. O famoso déjà vu – já te vi - ou releitura da geladeira.

Chegado o dia da eleição, Raimundo estava em pandarecos. Foi muita festa! Entrou na seção eleitoral, dirigiu-se à urna, abriu um amplo sorriso e votou nulo. É isto, nulo.

Ninguém ouviu quando ele deu aquele imenso e sonoro berro mudo.





E-mail: prheuser@gmail.com

quinta-feira, agosto 03, 2006

Bravatas


Editorial da Folha de São Paulo, de 03/08/2006, sobre o comportamento da classe política brasileira.

Dialética da bravata


DO PT no governo federal já se assistiu a todo o negativo do filme estrelado pelo partido quando esteve na oposição. O paradoxo foi tamanho que levou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a enunciar a curiosa dialética da bravata: "Quando a gente é de oposição, pode fazer bravata porque não vai poder executar nada mesmo. Quando você é governo, tem de fazer, e aí não cabe a bravata".
Curioso também tem sido assistir ao processo inverso, afetando a oposição que esteve no governo até 31 de dezembro de 2002. É de autoria do PFL e recebe apoio do PSDB uma emenda que pretende dar aumento de 16,7% a todos os aposentados, e não apenas aos que ganham salário mínimo. Tucanos e pefelistas, que compõem chapa para disputar a Presidência em outubro, decerto não têm nenhuma pretensão de que a sua proposta seja levada a sério, nem a termo.
Seria aumentar as despesas da Previdência em R$ 7 bilhões neste ano e mais R$ 10 bilhões no ano que vem, pouco importando aos defensores festivos da emenda qual seria o seu impacto no gasto público. Levada a sério, a proposta exigiria do candidato Geraldo Alckmin a explicitação do que pretende fazer no ano que vem, caso eleito, para dar conta desses custos extras.
O ex-governador paulista acusa Lula de promover uma "farra fiscal"; promete um "choque de gestão" para economizar dinheiro público e a redução da carga de tributos. Estará em maus lençóis se tiver de endossar o que a base parlamentar de sua candidatura propõe no Congresso.
De onde se extraem duas conclusões. A primeira é que tucanos, pefelistas e petistas, todos praticam a dialética da bravata. A segunda é que o Brasil carece de responsabilidade na política, seja no governo, seja na oposição.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz0308200602.htm

quarta-feira, agosto 02, 2006

Comissão do Senado Aprova Fim da Reeleição


Conforme foi amplamente noticiado hoje, a Comissão de Constituição e Justiça do Senado aprovou emenda constitucional para extinguir a reeleição. A emenda contempla presidente, governadores e prefeitos. Ótimo. Como já foi comentado aqui, nas circunstâncias atuais é muito difícil distinguir o governante do candidato, o que acaba gerando ampla vantagem para quem está no cargo.

México Fraturado


AMÉRICA LATINA

México fraturado

A ‘comunidade internacional’ e as habituais organizações em defesa das liberdades’, que conhecemos tão ativas na Sérvia, na Geórgia, na Ucrânia e na Bielorrússia, permanecem mudas diante do golpe de Estado Eleitoral que se comete diante de nossos olhos, no México.




Uma fraude massiva. E indiscutível. José Manuel Barroso, presidente da Comissão Européia, assim o admitiu. Os 25 ministros de assuntos exteriores da União Européia expressaram sua ‘grave preocupação’. É importante que transmitamos da forma mais clara possível a inquietude da União Européia e a de todos os estados membros sobre o resultado da eleição presidencial”, declarou o ministro holandês de Assuntos Exteriores, Hans van Mierlo.



A organização “Repórteres sem Fronteiras” recorda que “esta eleição ocorre depois
de quatro anos de uma degradação contínua e sem precedente da imprensa, no país”. Em Washington, personalidades como Colin Powell, Henry Kissinger e Zbigniew Brzezinski afirmaram que os Estados Unidos não deveriam admitir os resultados oficialmente. O National Democratic Institute (NDI), presidido por Madeleine Albrighth, antiga secretária de Estado; a Freedom House, dirigida por James Woolsey, ex-chefe da Cia; o American Entreprise Institute, impulsionado pelo ex-presidente Gerald Ford e até a Open Society Institute, dirigida por George Soros, denunciaram ‘manipulações massivas’ e reclamaram ‘sanções econômicas’. O senador Richard Lugar, presidente da comissão de Assuntos Exteriores do Senado dos EUA e enviado especial do
presidente George W. Bush, não vacilou em falar abertamente de ‘fraude’: Está claro que houve um vasto e concertado programa de fraudes no dia da eleição, seja sob a direção das autoridades, seja com sua cumplicidade.



Esfregam-se os olhos? Como puderam escapar tais declarações a respeito da recente eleição presidencial no México? Têm toda a razão para estar perplexos. Nenhuma das personalidades ou instituições citadas anteriormente denunciaram o que acaba de acontecer no México. Todos os comentários anteriores – autênticos – concernem à eleição presidencial de 23 de novembro de 2004...Na Ucrânia (1).

A ‘comunidade internacional’ e as habituais ‘organizações em defesa das liberdades’, que havíamos conhecido tão ativas na Sérvia, na Geórgia, na Ucrânia e mais recentemente na Bielorrússia, permanecem mudas, por assim dizer, diante do ‘golpe de Estado eleitoral’ que se comete diante de nossos olhos, no México (2).

Dá para imaginar o clamor planetário se, ao contrário, esta mesma eleição tivesse acontecido, por exemplo, na Venezuela e se o vencedor – por uma diferença de apenas 0,56% dos votos – tivesse sido...o presidente Hugo Chávez? O escrutínio do 2 de julho opôs dois candidatos principais: Felipe Calderón, do Partido da Ação Nacional (PAN, de direita e católico, no poder), declarado vencedor (provisoriamente) do escrutínio pelo Instituto Federal Eleitoral (IFE), e Andrés Manuel López Obrador, do Partido da Revolução Democrática (PRD, de esquerda moderada).

Muito antes do início da campanha estava claro para o presidente Vicente Fox (PAN) e para as autoridades no poder, que López Obrador, com seu programa de luta contra a pobreza, era o candidato a combater. Por todos os meios. Desde 2004, uma manobra, com base em fitas de vídeo clandestinas difundidas pelas cadeias Televisa e TV Azteca, adquiridas pelo poder, tratava de desacreditar López Obrador. Essa manobra foi em vão.
No ano seguinte, com o extravagante pretexto de não respeitar as normas legais de construção de uma via de acesso a um hospital, foi condenado, tentou-se encarcerá-lo e privá-lo do direito de disputar as eleições. Manifestações massivas de apoio acabaram por obrigar às autoridades a descartar o processo."

Esfregam-se os olhos? Como puderam escapar tais declarações a respeito da recente eleição presidencial no México? Têm toda a razão para estar perplexos. Nenhuma das personalidades ou instituições citadas anteriormente denunciaram o que acaba de acontecer no México. Todos os comentários anteriores – autênticos – concernem à eleição presidencial de 23 de novembro de 2004...Na Ucrânia (1).

A ‘comunidade internacional’ e as habituais ‘organizações em defesa das liberdades’, que havíamos conhecido tão ativas na Sérvia, na Geórgia, na Ucrânia e mais recentemente na Bielorrússia, permanecem mudas, por assim dizer, diante do ‘golpe de Estado eleitoral’ que se comete diante de nossos olhos, no México (2).

Dá para imaginar o clamor planetário se, ao contrário, esta mesma eleição tivesse acontecido, por exemplo, na Venezuela e se o vencedor – por uma diferença de apenas 0,56% dos votos – tivesse sido...o presidente Hugo Chávez? O escrutínio do 2 de julho opôs dois candidatos principais: Felipe Calderón, do Partido da Ação Nacional (PAN, de direita e católico, no poder), declarado vencedor (provisoriamente) do escrutínio pelo Instituto Federal Eleitoral (IFE), e Andrés Manuel López Obrador, do Partido da Revolução Democrática (PRD, de esquerda moderada).

Muito antes do início da campanha estava claro para o presidente Vicente Fox (PAN) e para as autoridades no poder, que López Obrador, com seu programa de luta contra a pobreza, era o candidato a combater. Por todos os meios. Desde 2004, uma manobra, com base em fitas de vídeo clandestinas difundidas pelas cadeias Televisa e TV Azteca, adquiridas pelo poder, tratava de desacreditar López Obrador. Essa manobra foi em vão.

No ano seguinte, com o extravagante pretexto de não respeitar as normas legais de construção de uma via de acesso a um hospital, foi condenado, tentou-se encarcerá-lo e privá-lo do direito de disputar as eleições. Manifestações massivas de apoio acabaram por obrigar às autoridades a descartar o processo.

A operação de acosso e demolição prosseguiu. E alcançou um grau delirante no curso da campanha eleitoral (3). E ainda mais à medida que um vento de pânico sopra sobre as oligarquias latino-americanas (e sobre a administração dos Estados Unidos) desde que a esquerda triunfou (quase) por todas as partes: na Venezuela, no Brasil, no Uruguai, na Argentina, no Chile, na Bolívia ...E que as novas alianças não excluem Cuba(4).

Em tal contexto, a vitória de López Obrador (o tribunal eleitoral resolverá no próximo 6 de setembro) teria conseqüências geopolíticas demasiado importantes. E nem a classe patronal, nem os grandes meios de comunicação mexicanos querem isso. Nem Washington. A nenhum preço. Ao risco de sacrificar a democracia. Mas López Obrador e o povo mexicano ainda não disseram sua última palavra.

NOTAS:

1. A idéia de comparar as reações entre as eleições do México e as da Ucrância é de James K. Galbraith, em “Doing Maths in México”, The Guardian, Londres, 17 de julho de 2006.

2. Quanto à realidade e à magnitude das fraudes, ler, por exemplo, o informe de 17 de julho de 2006 do Centro dos Direitos Humanos Fray Bartolomé de Las Casas.

3. Sobre a violência dos ataques, ler John Ross, “All Against López Obrador”, Counterpunch, 6 de abril de 2006.

4. Ler Bernard Cassen, “Una nueva América Latina se expresa en Viena”, Le Monde diplomatique , edición española, junio 2006.

Tradução: Katarina Peixoto


Ignacio Ramonet é jornalista do Le Monde Diplomatique.



http://agenciacartamaior.uol.com.br/templates/colunaMostrar.cfm?coluna_id=3268&boletim_id=87&componente_id=1564


terça-feira, agosto 01, 2006

Platitudes

Da Folha de São Paulo, 01/08/2006:

PLÍNIO FRAGA

Platitudes no Planalto

RIO DE JANEIRO - Estou convencido de que pode haver neste país alguém tão repetidor de chavões como o presidente Lula, mas nenhum é mais repetidor de obviedades do que o petista. Por exemplo, na página da Presidência com discursos de Lula neste ano, a expressão "estou convencido de que..." aparece em 37 ocasiões.
Mas o que dizer das platitudes do tucano Geraldo Alckmin? Na semana passada, perguntaram para o candidato do PSDB se, ao dizer que baixará a taxa de juros, significa que em seu eventual governo o Banco Central perderá a autonomia que na prática goza.
A pergunta continha evidentemente uma armadilha, mas era bem construída e pertinente. A resposta não poderia ter sido mais tucana: "O que vou fazer é colocar de novo o país na rota do crescimento". Mas que companhia faz a rota do crescimento? Que não seja a Varig, porque essa não leva mais ninguém a lugar nenhum.
Entre na página da internet do candidato tucano e está lá no blog do Geraldo: "Precisamos melhorar as condições de vida nas cidades". Qual a fórmula para isso? "Precisamos reunir os esforços da iniciativa privada e de todos os níveis da administração pública". Ah, bom, agora vai. Votar num candidato que dissesse que não melhorará as condições de vida nas cidades talvez fosse melhor. Pelo menos estará mais próximo da sinceridade, sem colocar os outros no papel de bobo.
Também perguntaram a Alckmin se ele iria manter a política de superávit primário, com a conseqüente redução de investimentos públicos. "O que vamos ter é uma política fiscal melhor, com qualidade do gasto público", respondeu o Conselheiro Acácio tucano. Poderia ter dito que terá um gasto público melhor, com qualidade na política fiscal. Dá no mesmo. O jogo das platitudes é de soma zero.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz0108200605.htm

Irmãos de Celso Daniel Fazem Acordo com José Dirceu


Esta deu na newsletter Videversus, nº 511:

JOSÉ DIRCEU FECHA ACORDO COM IRMÃO DE CELSO DANIEL E ENCERRA PROCESSO

Os advogados de José Dirceu, ex-ministro chefe da Casa Civil, e deputado
federal petista cassado por corrupção (denunciado pelo Procurador Geral
da República como chefe da Quadrilha dos 40), e o médico João Francisco
Daniel, assinaram nesta terça-feira um acordo, pondo fim a um processo
por calúnia, m a um processo por calúnia movido por José Dirceu contra o
irmão do ex-prefeito de Santo André, Celso Daniel, assassinado em 2002.
O processo se referia a declarações dadas por João Francisco, em que
acusava José Dirceu de receber propi na da prefeitura de Santo André em
um esquema que estaria relacionado à morte de seu irmão. Em uma
audiência realizada hoje no Fórum de Santo André, João Francisco afirmou
que nunca teve a intenção de ofender José Dirceu, o que satisfez a
defesa do ex-ministro. "Eu nunca tive a intenção de ofendê-lo. Minha
intenção sempre foi de fazer com que o assassinato de meu irmão seja
esclarecido", afirmou João Francisco, logo após a audiência.