quarta-feira, setembro 30, 2009

"Só uma minoria é feliz no trabalho"

Só uma minoria é feliz no trabalho, descobre filósofo

Alain de Botton diz ser impossível não haver insatisfações na vida profissional

Escritor suíço explora os significados de vários ofícios em obra que gerou troca de ofensas on-line com crítico do "The New York Times"

MARIANNE PIEMONTE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE LONDRES

Nem Proust, nem Sêneca. O tema do novo livro do filósofo e escritor suíço Alain de Botton, 40, é mais mundano: o trabalho. E "Os Prazeres e Desprazeres do Trabalho" chega ao Brasil nesta semana após uma discussão nada filosófica.
Uma crítica pouco elogiosa no "The New York Times" levou de Botton a escrever no blog do jornalista Caleb Crain uma resposta que terminava com a frase: "Odiarei você até minha morte. Observarei você com interesse e "schadenfreude" (felicidade com a desgraça alheia, em alemão)".
Em entrevista à Folha, na sua casa-escritório em Londres, De Botton riu do episódio. "Não me arrependo das palavras, mas sim de ter respondido pela internet; ficou público. Em outro tempo, o encontraria numa festa e diria "você é um idiota". Ninguém saberia." Fechado esse capítulo, nos dez que compõem "Os Prazeres e Desprazeres do Trabalho" De Botton busca os significados de vários ofícios. Em um episódio, segue a trajetória de um atum do oceano Índico até a mesa de uma família em Bristol (norte da Inglaterra).
Um trecho descreve o desespero de um pescador que golpeia com um porrete a cabeça de um peixe de 50 kg. "Cretino, você já viveu o bastante", diz. Era o primeiro atum que ele pegava em oito dias e seis crianças o esperavam em casa.
Mal lançara o livro, já estava, a convite da British Airways, no aeroporto de Heathrow, em Londres, onde morou por sete dias como "escritor-residente" para criar sua próxima obra, "A Week at the Airport: A Heathrow Diary" (uma semana no aeroporto - o diário de Heathrow). A seguir, a entrevista.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/images/ep.gif

FOLHA - Que importância tem o dinheiro na felicidade no trabalho?
ALAIN DE BOTTON
- Dinheiro é uma forma de amor. Não adianta alguém dizer "gosto muito de você". Apenas quando você ouve "ok, vou lhe pagar 1 milhão de libras" você sente que é necessário. É difícil compreender que você é importante quando é mal pago, mesmo se disserem que você é ótimo.

FOLHA - Felicidade e trabalho podem conviver?
DE BOTTON
- A pergunta é se amor e trabalho podem estar juntos. Minha resposta é: sim, na teoria. Existem pessoas que são felizes no emprego, mas são uma minoria. Não há razão, em tese, para que você seja infeliz no trabalho, mas há várias, na prática, para que a vida no escritório seja difícil. Se o cara que senta ao seu lado é um idiota, você vai odiar o trabalho, por melhor que ele seja. É impossível passar pela vida profissional sem pelo menos uma série de insatisfações, questionamentos e crises.

FOLHA - Desde o começo de 2008, 23 funcionários da France Telecon (empresa de telefonia francesa) se suicidaram. O que pensa disso?
DE BOTTON
- O capitalismo moderno sugere que os seres humanos são apenas commodities, mercadorias que se pega e pelas quais se paga um preço. Mas há uma grande diferença entre pessoas e algodão ou petróleo. As pessoas podem cometer suicídio. Você contrata uma pessoa inteira, não apenas um cérebro ou um braço. Isso precisa ser reconhecido pelos capitalistas.

FOLHA - Como foi sua experiência como escritor-residente no aeroporto de Heathrow?
DE BOTTON
- Aeroportos me interessam porque é neles que melhor está representado o mundo moderno. Lemos sobre o mundo globalizado, conectado e high-tech, e ali isso está em ação. Foi um prazer sentar e observar como tudo funciona. As pessoas vinham falar comigo sobre seus medos e pensamentos. Me senti como um padre no confessionário. "Não suporto mais; quero abraçar uma árvore, preciso de um pedaço de natureza", disse um cara que viajava há cinco dias.


OS PRAZERES E DESPRAZERES DO TRABALHO

Autor: Alain de Botton
Tradução: Hugo Langone
Editora: Rocco
Quanto: R$ 42,50 (328 págs.)

Da Folha de São Paulo, de 22 de setembro de 2009.

Marcadores:

29/09/2009: Continua a greve dos bancários 2009

Com várias agências fechadas aqui em Porto Alegre.

Também aqui hoje houve a paralisação dos funcionários do Banrisul, o banco do estado. E, por volta de uma da tarde, houve nova passeata dos bancários, pelas ruas do Centro da cidade.

Segundo o saite do sindicato dos bancários de Porto Alegre, deve haver negociação na próxima quinta-feira entre o Comando Nacional dos Bancários e a Fenaban.


Marcadores: , , , ,

2009: A Greve nos Correios acabou

Acabou discretamente.

No final os trabalhadores dos Correios acabaram voltando ao trabalho com a proposta de 9% para dois anos, mais os R$ 100,00 lineares.

Agora é torcer para que a inflação nos próximos dois anos seja baixa, porque parece que ficou acordado que negociação salarial novamente só em 2011, sabe-se lá com que governo.


Marcadores: , , ,

Nova lei de família divide o Marrocos

Nova lei de família divide o Marrocos

Por STEVEN ERLANGER e SOUAD MEKHENNET

TÂNGER, Marrocos — Apesar de uma reforma importante do código de família do Marrocos feita em 2004, o sexo fora do casamento não é reconhecido no país, nem a homossexualidade.
A nova lei, conhecida como Moudawana, foi imposta a um Parlamento relutante pelo jovem rei Mohamed 6°. Ela não oferece proteção a mulheres como Latifa al Amrani, 21, que está prestes a se tornar mãe solteira. Ela conheceu um homem, Ali, que disse ser policial. Um dia, ele a levou supostamente para conhecer sua tia. Era um apartamento vazio, e eles fizeram amor.
“Ele me disse que queria casar comigo”, contou Amrani. “Mas então ele trocou seu número de telefone, e não consegui mais encontrá-lo.” Ela deu queixa à polícia, mas não teve retorno. Seus pais lhe bateram, ela disse, por isso fugiu.
Mas Amrani pretende ficar com seu bebê. Um dos motivos de sua confiança é o trabalho de um grupo beneficente chamado 100%Mamans, criado em 2006 por Claire Trichot, 33. Com a ajuda de uma organização não governamental espanhola e de doadores privados, ela oferece alimentação, abrigo e educação para mães solteiras, leva-as a hospitais para o parto e depois as ajuda a cuidar dos bebês e a encontrar trabalho.
A maioria das jovens foi rejeitada por suas famílias e abandonada pelos pais de seus filhos, disse Trichot. As mesquitas as ignoram; as famílias às vezes as expulsam; a polícia geralmente acha que até as vítimas de estupro estão mentindo.
“Queremos garantir que essas mulheres sejam tratadas com justiça”, disse Trichot.
A lei Moudawana foi muito elogiada, porque deu às mulheres direitos iguais aos dos homens no casamento, incluindo o direito de pedir divórcio; aumentou a idade legal para o casamento de 15 para 18 anos; e deu às primeiras mulheres o direito de recusar se seus maridos quiserem ter uma segunda cônjuge. A lei tornou o divórcio um procedimento legal, eliminando a tradição de o marido se divorciar da mulher simplesmente entregando-lhe uma carta.
Mesmo cinco anos depois, a lei é bastante polêmica, e muitos juízes de família são suscetíveis à corrupção, segundo grupos que promovem os direitos femininos, como a Associação para o Desenvolvimento das Mulheres, de Casablanca. “Você não pode esperar uma mudança rápida de mentalidade e de hábitos em apenas cinco anos”, disse Touria Eloumri, presidente da associação.
Há casos em que o consentimento da primeira mulher a um segundo casamento é forjado, ou uma mulher aparece diante do juiz fingindo ser a esposa de um homem, disse Eloumri. Há longas demoras, e o sistema de tribunais familiares começa a ser instituído. Muitas mulheres querem mais mudanças.
Em uma recente pesquisa feita pela revista marroquina “TelQuel” e pelo jornal francês “Le Monde”, 91% tinham opiniões favoráveis sobre o rei. Mas a mesma pesquisa, que foi proibida pelo governo, revelou que 49% disseram que a Moudawana dá “direitos demais às mulheres”, enquanto 30% disseram que dá “direitos suficientes às mulheres” e não deveria ir além.
Hinde Taarji, 52, escritora e jornalista divorciada, recentemente adotou um filho. “É evidente que a nova lei não pode ser implementada da maneira como deveria, por enquanto”, ela disse. “Mas é um sinal importante.”
Ela falou sobre uma amiga que dirigia um hotel e estava separada há 15 anos, mas não podia obter o divórcio porque seu marido o recusava. Sob a nova lei, ela finalmente se divorciou.
“Mesmo com a melhor lei do mundo, a corrupção do sistema judiciário ainda é um problema muito grande aqui”, disse Taarji. “Mas muitas coisas mudaram para melhor no Marrocos.”
Ainda assim, o maior problema para as jovens é a falta de educação; há pouca educação sexual, mesmo em casa, e quase 70% das mulheres que procuram a 100%Mamans são analfabetas. “Elas saem de casa, vão para as cidades trabalhar e ganham liberdade”, disse Trichot. “Depois, conhecem rapazes, mas ainda não estão prontas.”

Notícia do The New York Times, republicada na Folha de São Paulo, de 14 de setembro de 2009.


Marcadores: , , ,

segunda-feira, setembro 28, 2009

Bancários 2009: 28/09/2009 - A greve continua

No caso dos bancários em Porto Alegre, parece não haver muitas mudanças com relação à sexta-feira passada.

Agências no centro da cidade continuavam paradas, ou funcionando parcial ou precariamente.

Nenhuma notícia de negociação.


Marcadores: , , , ,

O mal pela raiz

O mal pela raiz

RIO DE JANEIRO - Ouvi dizer -ou li em qualquer canto- que circula ou já foi aprovado, na Comissão de Justiça de uma das Casas do Congresso Nacional, projeto que cuida da pedofilia e de crimes afins, que são muitos e envolvem sedução, suborno, violência e patologias diversas.
Na Antiguidade, em países islâmicos, parece que cortavam a mão dos ladrões. Não sei se castravam os pedófilos, mas parece que a onda tanto cresceu que já tem gente pensando nisso. Uma coisa é tratar clinicamente o portador de uma tara abominável, prendê-lo se for o caso, usar todo o rigor da lei para punir o culpado de crime tão nefando.
Outra é mutilá-lo fisicamente. Na farmacologia universal já existem remédios e tratamentos para certos desvios de comportamento, inclusive de comportamento sexual. Sempre ouvi dizer que, nos navios onde a tripulação passa muitos meses ao mar, era ministrada a dose diária de uma substância que inibia a libido -os comandantes não queriam confusão a bordo.
O mesmo ouvi dizer dos conventos e clausuras religiosas. Vivi dez anos num seminário e, pelo que me concerne, só tive exacerbada minha crise de adolescente saudável. Meu inibidor era são Luiz Gonzaga, padroeiro da castidade dos jovens, inclusive dos seminaristas, como ele. Visitei sua cela, no "Gesú", em Roma, havia um crucifixo esquálido, nenhuma foto da Sophia Loren ou da Gina Lollobrigida.
Bem verdade que depois recuperei o tempo perdido, mas isso já cheira a sacanagem. Voltemos aos pedófilos e aos projetos de curá-los por lei ou por fármacos específicos. Sou contra. Para o crime em si já existe uma legislação a qual deve ser mais severa. Nada de mutilação física, como a castração, ou clínica. Criminoso deve ser penalizado, severamente, conforme o caso.

Texto de Carlos Heitor Cony, na Folha de São Paulo, de 17 de setembro de 2009.


Marcadores: , , , , , ,

sexta-feira, setembro 25, 2009

Segundo dia da Greve dos Bancários em 2009

No seu segundo dia, a greve dos bancários parece forte.

O G1 fala em 23 mil bancários parados em São Paulo, também parece forte no Rio de Janeiro, e no Paraná.

Aqui em Porto Alegre, foi possível ver a principal agência da Caixa Federal, na Rua dos Andradas, número 1000, completamente parada. Logo em frente o Banco Safra também estava fechado. A agência do HSBC da rua General Câmara também estava fechada. Bradesco e ABN Real nesta mesma rua funcionavam parcialmente.

A nota interessante do noticiário é uma publicada no G1, onde “a Febraban, entidade patronal nacional, diz que os bancários não apresentaram contraproposta e que entraram em greve sem negociar”. É muito curioso. Quem acompanha este blog, sabe que a proposta dos bancários para o dissídio de 2009 existe desde julho, e foi entregue à Fenaban em agosto.


Marcadores: , , , ,

Greve nos Correios 2009: Situação complicada

Os funcionários dos Correios tiveram uma audiência de conciliação junto à justiça do trabalho ontem.

Contudo a proposta de conciliação feita pelo juiz, 4,5% de reajuste mais os R$ 100,00 lineares, e nova negociação apenas em 2011, parece aquém daquela que havia sido feita pela administração dos Correios anteriormente, 9% de reajuste mais R$ 100,00 a partir de janeiro, e nova negociação em 2011. O dissídio deve ir a julgamento na próxima semana.

Além disso, dez sindicatos de trabalhadores já aceitaram a proposta patronal e voltaram ao trabalho, entre eles sindicatos importantes como os do Rio de Janeiro e da região metropolitana de São Paulo.

A situação parece bem complicada.


Marcadores: , , ,

Estados Unidos envolvidos no golpe na Venezuela em 2002

Carter cita papel dos EUA em golpe frustrado de 2002

DA FRANCE PRESSE

O ex-presidente dos EUA Jimmy Carter (1977-81) afirmou ontem que seu país pode ter se envolvido ou ter tido pleno conhecimento do fracassado golpe de Estado de 2002 contra o presidente venezuelano Hugo Chávez.
"Dessa maneira, ele [Chávez] tem uma reclamação legítima contra os EUA", disse em entrevista publicada pelo jornal colombiano "El Tiempo".
Carter afirmou estar seguro de que Barack Obama quer ter relações amistosas com a Venezuela". "Cometemos erros no passado, assim como os funcionários venezuelanos."

Notícia da Folha de São Paulo, de 21 de setembro de 2009.


Marcadores: , , , ,

quinta-feira, setembro 24, 2009

2009: Começou a Greve dos Bancários

Assembléias por todo o país decretaram início de greve nacional dos bancários a partir de hoje, dia 24 de setembro.

Em Porto Alegre houve duas assembléias, uma para os funcionários do banco estadual, o Banrisul, cujo número constitui cerca de um terço da categoria no estado, e a outra para funcionários do Banco do Brasil, Caixa Federal e bancos privados.

A assembléia dos funcionários do Banrisul não deflagrou greve, preferindo marcar uma paralisação de 24 horas para a próxima terça-feira, dia 29. A assembléia dos demais bancários confirmou a greve.

Mais informações podem ser buscadas nos saites dos bancários, tanto de Porto Alegre, quanto de São Paulo.


Marcadores: , , ,

quarta-feira, setembro 23, 2009

Ainda sobre o Dia Mundial sem Carro - 22/09/2009

Sobre o Dia Mundial sem Carro, que foi ontem, resolvi perguntar a respeito a quatro colegas meus que normalmente vão trabalhar de automóvel.

Dos quatro, um não sabia que ontem era o Dia Mundial sem Carro. Em todo caso, informou que, mesmo que soubesse, iria trabalhar de carro.

Os outros três estavam cientes que ontem era o Dia Mundial sem Carro, mas utilizaram o carro para ir trabalhar igualmente.

Como é possível constatar, esta pesquisa informal não tem absolutamente nenhum caráter científico.

As minhas conclusões, totalmente subjetivas:

1) O trânsito de Porto Alegre não está saturado a ponto de fazer as pessoas pensarem que poderia ser melhor para elas irem trabalhar com o transporte coletivo, ou de bicicleta;

2) O ar de Porto Alegre não está suficientemente poluído para as pessoas pensarem que deixar o carro em casa melhoraria a qualidade do ar que elas respiram;

3) O transporte coletivo não aparece como uma alternativa rápida e confortável ao automóvel individual;

4) Algumas pessoas saem de casa com uma gama de tarefas a serem realizadas que para elas seria um desperdício de tempo se não estivessem usando o automóvel.

Assim, o Dia Mundial sem Carro não foi capaz de mobilizar nenhum destes meus colegas, cientes ou não da iniciativa.

Aguardemos os próximos anos.


Marcadores: , , ,

A Edição Digital da Folha de São Paulo e um Susto

A Edição Digital da Folha de São Paulo e um Susto


Quem quer que acompanhe este blog, e acredito que não sejam muitos, sabe que ele é um tremendo tributário da Folha de São Paulo, pois aqui são copiados muitos textos que fazem sentido para o blogueiro oriundos de lá.

O Dr. Luiz Carlos Bresser-Pereira, por exemplo, é figurinha fácil por aqui. O escritor e jornalista Carlos Heitor Cony também.

Sou assinante do portal da Folha, o Universo Online – UOL, há alguns anos já. E, portanto, tenho acesso aos conteúdos do jornal. Desta forma, acabo usando parte do conteúdo para preencher os vazios aqui do blog.

Na semana passada a Folha de São Paulo iniciou a chamada edição digital do jornal. Seguindo o exemplo de outros jornais, como O Globo, ou o Zero Hora aqui de Porto Alegre, a edição digital mimetiza o formato de uma página de jornal na Internet. Assim temos reproduzida integralmente a edição. Antes só havia o formato em html1 .

Pois o surgimento da edição digital me deu um susto. Pensei que não haveria mais o formato tradicional. E o formato digital tornava muito mais difícil copiar conteúdo. Explica-se: com o formato em html, para que a cópia de um conteúdo seja feita, basta que se selecione o conteúdo desejado, se copie da origem, e se cole no destino (“copy and paste”, ou “editar: copiar – editar: colar” é um procedimento muito comum em tempos de computação ubíqua). Já a edição digital é feita com uma formatação especial, com software da Adobe®. Não há a facilidade de selecionar, copiar e colar conteúdo. Haveria uns passos extras, tipo “fotografar” todo o conteúdo da tela na notícia de interesse, copiar esta imagem da tela em algum programa de edição de imagem, e consequentemente ter a notícia arquivada como uma imagem, para, em seguida, utilizar algum outro programa de reconhecimento de escrita em imagem, para extrair o texto. Como nem sempre, estes softwares de reconhecimento de escrita funcionam com precisão de 100%, mais uma correção ortográfica seria necessária. Entendido? A edição digital torna muito mais difícil a cópia de conteúdo. Pessoalmente, soa impossível, impraticável. Eu mesmo já ia desistindo, até descobrir que a versão antiga continua existindo.

Ou seja, por enquanto vai continuar havendo textos dos senhores Bresser-Pereira e Cony por aqui. Mas no futuro, quem sabe?

Este blog corre o risco de passar a ter muito menos conteúdo.

E, talvez, este blogueiro tenha que se tornar mais operoso.



1HTML, ou “Hyper Text Markup Language”, ou ainda “linguagem de marcação de hiper texto” é, como diz o nome, uma linguagem que serve para dar às paginas na Internet a formatação com que elas se apresentam nos navegadores.

Marcadores: , , ,

Prisão de Bagram: a Guantánamo esquecida no Afeganistão

Prisão de Bagram: a Guantánamo esquecida no Afeganistão



Matthias Gebauer, John Goetz e Britta Sandberg


O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, manifestou-se contra o abuso de prisioneiros por parte da Agência Central de Inteligência (CIA) e quer fechar a prisão de Guantánamo. Mas ele tolera a existência da prisão militar de Bagram, no Afeganistão, onde mais de 600 pessoas estão encarceradas sem nenhuma acusação formal. Segundo um dos promotores militares, comparada a Bagram, Guantánamo parece "um bom hotel".

Raymond Azar foi levado a força para Bagram em um dia tranquilo em Cabul. Não houve nenhum ataque e o sol brilhava.

Azar, que nasceu no Líbano, é gerente de uma companhia de construção. Ele seguia para Camp Eggers, a base militar norte-americana próxima ao palácio presidencial, quando dez agentes armados do Birô Federal de Investigação (FBI) subitamente o cercaram.


Os homens, todos usando coletes a prova de balas, algemaram-no, amarraram-no e o empurraram para dentro de um automóvel utilitário esportivo (SUV). Duas horas depois, eles deixaram Azar na prisão militar de Bagram, que fica 50 quilômetros a nordeste de Cabul.

Conforme Azar contou mais tarde, ele foi obrigado a permanecer sentado durante sete horas com as mãos e os pés amarrados a uma cadeira. Ele passou a noite em um contêiner de metal frio, e ficou 30 horas sem receber nenhum alimento. Azar alegou que militares norte-americanos lhe mostraram fotos da sua mulher e dos quatro filhos, e lhe disseram que, se ele não cooperasse, jamais tornaria a ver a família. Ele disse ainda que foi fotografado nu e que depois lhe deram um macacão para vestir.

"Necessidade desse tipo de lugar"
Naquela data, 7 de abril de 2009, o presidente Barack Obama estava no cargo havia exatamente 77 dias. Pouco após a cerimônia de posse, Obama ordenou o fechamento do centro de detenção da Baía de Guantánamo e mandou a CIA abandonar as suas prisões secretas clandestinas, os chamados "black sites" ("locais negros"). Ele desejava acabar com o legado sombrio dos anos Bush - não deveria haver mais torturas, operações secretas para sequestros de suspeitos de terrorismo e as chamadas "renditions" (transferência de presos para prisões clandestinas em outros países, nos quais os detentos são frequentemente torturados).

Pelo menos essa foi a promessa de Obama. Ele não mencionou Bagram nos seus discursos.

Azar estava em Cabul a negócios. A sua companhia assinara contratos com o Pentágono no valor de US$ 50 milhões (34 milhões de euros, R$ 90,8 milhões) para obras de reconstrução no Afeganistão. Em 8 de abril, Azar foi colocado em um jato Gulfstream e mandado para o Estado de Virgínia, nos Estados Unidos, para ouvir acusações formais. Ele foi acusado de ter fornecido propinas ao seu contato no exército dos Estados Unidos a fim de garantir que os contratos militares seriam concedidos à sua companhia, que mais tarde foi considerada culpada de praticar corrupção.

Foi um caso clássico de corrupção, e não aquele tipo de crime devido ao qual um suspeito costuma ser enviado para uma prisão militar. Ninguém é capaz de explicar por que Azar foi levado para Bagram, onde as forças armadas dos Estados Unidos o trataram como um suspeito de terrorismo e, ao fazerem isso, proporcionaram a ele o vislumbre de um mundo que elas normalmente preferem manter secreto.

"Bagram é uma segunda Guantánamo que foi esquecida", afirma o especialista em direito militar norte-americano Eugene Fidell, professor da Faculdade de Direito da Universidade Yale. "Mas, aparentemente, continua havendo a necessidade desse tipo de lugar, mesmo durante o governo Obama".

"Desde o início Bagram já era pior do que Guantánamo", afirma Tina Foster, advogada de Nova York, que trabalhou em vários casos defendendo os direitos de detentos em tribunais dos Estados Unidos. "Bagram sempre foi uma câmara de torturas".

E o que diz Obama? Nada. Ele nunca menciona Bagram nos seus discursos. Quando fala sobre os maus tratos dispensados pelos Estados Unidos a detentos, ele só se refere a Guantánamo.

Localização sigilosa
O centro de detenção de Bagram, atualmente a maior prisão militar norte-americana fora dos Estados Unidos, não está assinalada em nenhum mapa. Na verdade, a sua localização precisa, em algum lugar na periferia da enorme base aérea a nordeste da capital afegão, é sigilosa. Ela consiste de dois prédios cor de areia que lembram hangares de aeronaves, rodeados por altos muros de concreto e por lonas com pintura verde de camuflagem. A instalação foi construída em 2002 como uma prisão temporária em uma antiga base aérea soviética.

Atualmente, os dois prédios contêm grandes celas, cada uma com espaço para 25 a 30 prisioneiros. A prisão tem capacidade para até mil detentos. Os presos dormem em colchonetes, e há um vaso sanitário atrás de uma cortina branca em cada cela. Uma obra de ampliação das instalações no valor de US$ 60 milhões (R$ 109 milhões) deverá ser concluída até o final do ano.

Ao contrário de Guantánamo, Bagram fica no meio da zona de guerra afegã. Mas nem todos os detentos foram capturados em áreas de combate. Muitos suspeitos de terrorismo vieram de outros países e foram transportados para Bagram para serem interrogados após a captura. Desde que a prisão militar entrou em operação, todos os detentos que lá estiveram foram
classificados de "combatentes inimigos", e não de prisioneiros de guerra, uma classificação que permitiria que ficassem sujeitos às normas da Convenção de Genebra


O mais famoso prisioneiro temporário de Bagram foi Khalid Sheikh Mohammed, o auto-proclamado arquiteto dos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001. Após ter sido detido no Paquistão, Mohammed foi levado inicialmente para Bagram, onde ficou três dias, e a seguir foi enviado para uma prisão secreta na Polônia antes de ser mandado para Guantánamo. Ele disse a membros da Cruz Vermelha que, no Afeganistão, foi espancado, dependurado por correntes presas às suas mãos e sexualmente humilhado. "Me obrigaram a deitar no chão. Introduziram um tubo no meu ânus e injetaram água dentro de mim".

"Tendo visitado Guantánamo várias vezes, acredito que, comparada a Bagram, Guantánamo parece um 'bom hotel'", diz o promotor militar Stuart Couch, que teve acesso ao interior de ambas as instalações. "Em Bagram os homens não parecem ter permissão para se locomoverem. Eles sentam-se em filas no chão. O lugar tem o odor da 'gaiola dos macacos' de um jardim zoológico".

Privação de sono e humilhação sexual
Desde o início, Bagram ficou famosa pelas formas brutais de tortura lá empregadas. Indivíduos que lá estiveram detidos contam ter sido submetidos a privação de sono, espancamentos e várias modalidades de humilhação sexual. Em alguns casos, um interrogador colocava o pênis na face do detento enquanto este era questionado. Outros presos foram estuprados com pedaços de madeira e sofreram ameaças de serem submetidos a sexo anal.

Omar Khadr, um detento canadense que à época tinha 15 anos de idade, afirma que os militares o usaram como um 'esfregão vivo'. "A polícia militar jogava óleo de pinho no chão e em mim. E, a seguir, me colocavam deitado de bruços, com as mãos e os pés algemados juntos para trás, e me arrastavam para frente e para trás sobre uma mistura de urina e óleo de pinho no chão".

Pelo menos dois homens morreram durante a prisão. Um deles, um motorista de táxi de 22 anos chamado Dilawar, ficou suspenso no teto pelos pulsos durante quatro dias, tendo sido espancado repetidamente nas pernas, durante o período, por militares norte-americanos. No relatório da autópsia, um médico militar escreveu que os tecidos da perna do rapaz haviam se transformado basicamente em "uma pasta". Os interrogadores já sabiam - e mais tarde disseram isso em um depoimento - que não havia nenhuma prova contra Dilawar.

Segundo uma investigação militar interna dos casos de abusos cometidos contra prisioneiros na prisão Abu Ghraib, no Iraque, que geraram uma indignação internacional quando vieram a público em 2004, as práticas na instalação iraquiana foram inspiradas no tratamento recebido pelos detentos de Bagram.

Centenas de detentos inocentes
Até hoje, praticamente não há fotos do interior de Bagram, e os jornalistas jamais tiveram acesso ao centro de detenção. Embora os números exatos sejam desconhecidos, acredita-se que haja cerca de 600 detentos em Bagram, ou quase o triplo do número de prisioneiros que encontram-se atualmente em Guantánamo. Segundo um relatório do Pentágono de 2009, que ainda não foi oficialmente publicado, 400 dos detentos de Bagram são inocentes que poderiam ser libertados imediatamente.

Os detentos de Bagram ainda não têm direito a um advogado, o que significa que não contam com recursos legais contra a detenção e tampouco com a oportunidade de prestar depoimentos sobre os seus casos. Alguns estão lá há anos, sem saber por que.

Obama anunciou novas diretrizes para o tratamento dos detentos de Bagram, que exigiriam que um militar norte-americano fornecesse assistência a cada detento - não como advogado, mas como uma espécie de conselheiro individual. A seguir, esse militar poderia revisar as evidências e prestar um depoimento sobre o caso pela primeira vez. Ele poderia ainda solicitar que um comitê revisor examinasse o caso.

Os piores abusos
No entanto, a advogada Tina Foster acha que a nova iniciativa é apenas uma medida cosmética. "Não existe absolutamente nenhuma diferença entre as posições do governo Bush e as do governo Obama em relação aos direitos dos detentos de Bagram", disse ela durante uma entrevista a "Der Spiegel" no seu escritório no bairro novaiorquino de Queens.

Foster, uma mulher pequena de 34 anos, com olhos escuros e cabelos negros, trabalhou em casos de detentos de Guantánamo como advogada do Centro de Direitos Constitucionais, uma instituição de Nova York. Isso foi antes de ela descobrir que o piores abusos contra prisioneiros haviam ocorrido em Bagram, muito antes de os detentos terem chegado a Guantánamo.

Desde 2005, Foster trabalha exclusivamente com casos de Bagram. Ela já atuou em tribunais para solicitar habeas corpus para três detentos de Bagram. Normalmente, todo prisioneiro tem direito a habeas corpus, o que proporcionaria ao indivíduo a oportunidade de pedir a um tribunal dos Estados Unidos que investigasse as razões pelas quais foi preso.

"Esse capítulo feio da história norte-americana"
No início de abril deste ano um juiz deu parecer favorável à petição de Foster, argumentando que, como os três clientes dela, dois iemenitas e um tunisiano, não haviam sido "capturados em uma situação de campo de batalha" no Afeganistão, tendo sido, em vez disso, trazidos de um outro país para Bagram, eles também tinham direitos garantidos pela constituição dos Estados Unidos. "Foi um enorme sucesso", diz Foster.

Na segunda-feira (21), o Departamento de Justiça dos Estados Unidos submeteu um memorando de 64 páginas ao tribunal de apelação, recorrendo da decisão. Os advogados do Departamento de Justiça argumentam que, como prisão militar em uma zona de combate, Bagram constitui-se em um caso especial.

Foster, que apoiou Obama durante a campanha e voltou nele, está desapontada com o seu antigo ídolo. "Quando ouvi a declaração dele no sentido de fechar Guantánamo, dei um suspiro de alívio achando que talvez esse capítulo extremamente feio da história norte-americana fosse finalmente chegar ao fim", conta a advogada. "Infelizmente, desde então o governo Obama fracassou completamente no que se refere a implementar a mudança que prometeu".

Deixado de pé na neve
Foster pretende continuar lutando por essa causa, ainda que um dos seus clientes, cujo depoimento tem um papel proeminente no seu caso, esteja morto. Jawed Ahmad, conhecido como Jojo Yazemi, era um jornalista que trabalhava no Afeganistão para uma estação de televisão canadense. Ele tinha 22 anos quando foi preso em outubro de 2007.

Os norte-americanos acusaram-no de manter contato com o Taleban. Eles encarceraram Yazemi em Bagram, onde ele tornou-se simplesmente mais um "combatente inimigo" - o detento número 3.370. Eles o deixaram de pé na neve por seis horas, espancaram-no, ameaçaram-no e o submeteram a privação de sono durante semanas. Foi só quando colegas jornalistas de Nova York deram início a uma campanha na mídia em apoio a Yazemi que ele foi libertado - após 11 meses de prisão e sem nenhuma explicação sobre o motivo para a sua detenção.

Apenas seis meses após a sua libertação, homens armados dirigindo uma picape Toyota, o tipo de veículo preferido por vários talebans, mataram Yazemi a tiros em Kandahar. "Aquele foi um dos momentos mais terríveis da minha vida", diz Tina Foster. "Ele era uma grande pessoa e um amigo". Ele era também uma testemunha importante de Foster no seu processo contra Bagram.

Tradução: UOL


Texto da Der Spiegel, no UOL.

Marcadores: , , ,

Lição de nacionalismo e política (e, diríamos ainda, economia)

Lição de nacionalismo e política

O PRESIDENTE Lula, em entrevista ao "Valor Econômico", deu uma lição de nacionalismo e do que significa a política em uma sociedade democrática. Em relação ao primeiro ponto, Lula declarou-se nacionalista, cobrou dos empresários que também o sejam, e disse que há tempos vem demandando que a Vale construa usinas siderúrgicas no Brasil em vez de exportar apenas minério de ferro. Suas palavras: "Tenho cobrado sistematicamente da Vale a construção de usinas siderúrgicas no país. Todo mundo sabe o que a Vale representa para o Brasil. É uma empresa excepcional, mas não pode se dar ao luxo de exportar apenas minério de ferro (...). Os empresários têm tanta obrigação de ser brasileiros e nacionalistas quanto eu!". Acrescentaria, e com mais ênfase, que os economistas também deveriam ser tão patrióticos ou nacionalistas quanto reclama o presidente.
A política de não exportar bens primários, mas bens manufaturados com mais elevado valor adicionado per capita, é mais antiga do que a Sé de Braga. Os grandes reis mercantilistas ingleses, no final do século 15 (sic), já adotavam a política industrial de proibir a exportação de lã para que fosse exportado apenas o tecido fabricado com a lã. Os chineses, recentemente, impuseram imposto à exportação de aço porque querem exportar os bens acabados produzidos com o aço. Dessa forma, além de criarem empregos, criam empregos com maior conteúdo tecnológico, que pagam maiores salários, e assim seu desenvolvimento econômico se acelera. Enquanto isso, nossos economistas nos dizem que o problema deve ser deixado por conta do mercado. Dessa forma, mesmo quando exportamos aço, exportamos principalmente o aço bruto, e estamos concordando em exportar soja em grãos para os chineses que não querem comprar o óleo de soja!
E a lição de política? Em primeiro lugar, Lula revelou, em vários momentos, respeito por FHC, Marina Silva e José Serra. Segundo, defendeu de forma oportuna o Congresso: "O Congresso é a única instituição julgada coletivamente. Mas se não houve sessão você fala: "Deputado vagabundo que não trabalha". E nunca cita os que estiveram lá, de plantão, o tempo inteiro. Quando era constituinte, eu ficava doido porque ficava trabalhando até as duas, três horas da manhã (...). Se vocês não gostam de política, acham que todo político é ladrão, que não presta, não renunciem à política. Entrem vocês na política porque, quem sabe, o perfeito que vocês querem está dentro de vocês".
O presidente tem razão. A política é muito importante, afeta nossas vidas, e deve ser prestigiada e ser adotada como profissão pelos melhores dentre nós. O Brasil precisa dramaticamente de bons políticos, e, felizmente, conta com um bom número deles. De homens e de mulheres dotados de espírito público, de compromisso com a nação, que, sem deixar de defender seus interesses legítimos, defendam também os do Brasil. Mas quando lemos os jornais, quando conversamos com os amigos, parece que ninguém presta. Definitivamente, não é verdade. É verdade que nosso país não conta com um Estado e com uma política como aqueles que existem nos países escandinavos, mas é também verdade que, considerado o grau de desenvolvimento econômico e cultural do Brasil, temos um nível de organização do Estado, de qualidade das instituições, e de compromisso de muitos políticos com a cidadania e o bem público que considero acima da média. Precisamos, sem dúvida, da crítica, mas não à custa de desmoralizarmos o que já conquistamos.

Texto de Luis Carlos Bresser-Pereira, na Folha de São Paulo, de 21 de setembro de 2009.


Marcadores: , , , ,

Por que a impunidade é tão frequente no Brasil?

Por que a impunidade é tão frequente no Brasil?

ANDRÉ FRANCO MONTORO FILHO

É COMUM associar a corrupção na esfera pública e a impunidade a regimes autoritários, sem eleições ou com eleições fraudadas, sem Parlamento ou com Parlamentos fictícios, onde não exista liberdade de expressão, com imprensa censurada e o Judiciário submisso ao Executivo. E onde as leis só valham enquanto for do interesse dos poderosos.
A explicação para a coexistência de corrupção, impunidade e regimes autoritários é que não existem freios ou contrapesos para controlar os abusos dos governantes, que, assim, exercem um poder absoluto. Já se afirmou que o poder corrompe, mas o poder absoluto corrompe absolutamente.
O remédio utilizado para combater a corrupção foi a democracia e a liberdade. Em regimes democráticos, o poder político é controlado por leis e instituições e, mais importante, sujeito a cobranças populares. Com isso, o espaço para malversação do patrimônio público foi reduzido e culpados puderam ser punidos, Mas e o Brasil? A Constituição, em seu artigo 1º, dispõe que o Brasil é um Estado democrático de Direito e, a seguir, arrola os direitos e as garantias individuais, coletivas e sociais.
Ora, esses preceitos têm sido observados. Realizamos eleições livres e periódicas, existe independência do Poder Judiciário, liberdade de imprensa, de opinião e de organização política. Com as limitações impostas pelas mazelas da natureza humana, é certo que no Brasil existe liberdade e democracia.
No entanto, frustrando a esperança de tantos que lutamos pela redemocratização, a percepção de corrupção e a sensação de impunidade no setor público perduram, se é que não aumentaram. O que deu errado?
O parágrafo único do artigo 1º da Constituição Federal determina: "Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição".
Formalmente, esse comando é observado. A população que elege seus representantes. Em relação ao Executivo, não apenas formalmente mas também efetivamente, a sensação popular é a de que é o povo que escolhe o presidente, governador ou prefeito. Assim como escolhe, o eleitor acompanha, cobra e pune ou recompensa por meio do voto.
Levando em conta as inevitáveis imperfeições de processos sociais de massa e o estágio de desenvolvimento do Brasil, acredito que, para o Poder Executivo, o referido parágrafo único de fato reflete nossa realidade. Esperamos que a continuidade da prática eleitoral aperfeiçoe o processo de escolha dos governantes.
Entretanto, no caso do Legislativo a realidade é bem diferente. Via de regra não existe, para a maioria da população, a sensação de que o Parlamentar federal, estadual ou mesmo o municipal seja seu representante político, ou seja, aquele que exerce o poder em seu nome e deveria ter sua atividade acompanhada e ser cobrado, punido ou recompensado pelo voto.
A maioria dos eleitores nem se lembra em quem votou. A relação de representação política é quase inexistente. O que vigora é uma relação clientelista entre o eleitor e o candidato. O parlamentar é visto como se fosse um despachante que resolve problemas e atende a reivindicações particulares, nem sempre legítimas.
É nessa perspectiva que devem ser entendidas manifestações de parlamentares que afirmaram não se importar com a opinião pública. Eles acreditam que não serão julgados por seus eleitores pelas atitudes éticas ou políticas, mas por sua capacidade de atender às demandas particulares ou locais, como vaga em creche, apoio ao clube de futebol, emprego público, estradas vicinais, postos de saúde etc.
Enquanto essa realidade perdurar, será muito difícil reduzir a impunidade que grassa no Brasil. Para mudar, são necessárias alterações no sistema de votação das eleições proporcionais que estimulem uma relação de representatividade política entre o eleitor e o eleito, como a adoção do voto distrital, pois esse mecanismo promove uma aproximação do candidato com a população.

Mas não devemos ficar parados esperando que os políticos resolvam o problema. Essas mudanças podem ser apressadas com a conscientização de cada cidadão de sua responsabilidade ética e política. A culpa não é só dos políticos. Rogério Ceni tem razão.
É tarefa de todos nós.


ANDRÉ FRANCO MONTORO FILHO , 65, doutor em economia pela Universidade Yale (EUA), é professor titular da FEA-USP e presidente do Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial-ETCO. Foi secretário de Economia e Planejamento do Estado de São Paulo (governo Mário Covas) e presidente do BNDES (1985 a 1988).

Este texto foi publicado na Folha de São Paulo, de 10 de setembro de 2009. Destaques do blogueiro.


Marcadores: , , , , , ,

terça-feira, setembro 22, 2009

Campanhas Salariais 2009: Metalúrgicos do ABC voltam ao trabalho, maior parte dos Correios continua em greve, bancários têm assembléia na próxima quar

Então ficou assim por enquanto: os metalúrgicos do ABC e grande São Paulo estão, por assim dizer, em estado de greve. Segundo o saite da CUT, há empresas que estão concedendo o reajuste pleiteado (6,53%), enquanto outras estão endurecendo a negociação. Assim, parte da categoria volta ao trabalho, parte permanece em greve.

De acordo com o UOL, dos 35 sindicatos filiados à Federação Nacional dos Trabalhadores nos Correios, 26 permanecem em greve, e 9 decidiram pela volta ao trabalho. Deve haver uma tentativa de conciliação nesta quinta-feira na Justiça do Trabalho. Amanhã a greve completa uma semana.

O saite do sindicato dos bancários de Porto Alegre informa que haverá assembléias para decidir a direção das lutas da categoria nesta quarta-feira, no início da noite. Bancários do Banco do Brasil, Caixa Federal e bancos privados realizam assembléia no Clube do Comércio. O pessoal do Banrisul terá assembléia na Casa dos Bancários.

os bancários de São Paulo têm assembléia nesta mesma quarta-feira para deliberar greve a partir de quinta-feira, dia 23.


Marcadores: , , , , , ,

22 de setembro de 2009: Dia Mundial sem Carro

Ou, talvez, simplesmente, 22 de setembro, Dia Mundial sem Carro.

Não pude perceber que o trânsito de Porto Alegre tenha estado mais tranquilo nesta terça-feira, que deveria ser o Dia Mundial sem Carro. Há pelo menos dois dilemas aqui. Um é que nem sempre as pessoas estão alertas quanto a este tipo de iniciativa. O segundo é que a adesão é voluntária.

Eu até diria que o trânsito de Porto Alegre parecia mais tranquilo no Centro. Mas pode ser só impressão...


Marcadores: , , , ,

Previsibilidade Democrática

Previsibilidade democrática

BRASÍLIA - Uma das características mais relevantes de um país democrático é a estabilidade das regras. O ambiente fica previsível.
Os três Poderes são responsáveis por um ambiente assim. Durante anos, Congresso e Executivo fizeram o oposto na política. A partir de 1994, houve uma decantação. O Brasil passou a ter uma eleição regular a cada quatro anos para presidente e governadores de Estado.
Nos últimos tempos, o Poder Judiciário assumiu a linha de frente da imprevisibilidade. No recente caso de Antonio Palocci, o Supremo Tribunal Federal rejeitou a denúncia contra o ex-ministro por considerar não haver indícios sólidos de sua participação num episódio de quebra de sigilo bancário.
Mas semanas antes de absolver Palocci o STF decidiu de maneira inversa ao aceitar a abertura de processo contra o deputado federal Lira Maia (DEM-PA). Só havia indícios inconclusivos contra o político paraense (como no episódio de Palocci), e o caso foi avante.
Hoje, o Supremo novamente pode emitir um sinal trocado ao julgar o italiano Cesare Battisti. Acusado de terrorismo na Itália, ele recebeu refúgio do governo brasileiro. Os ministros do STF ensaiam anular essa condição e ordenar a extradição. Se esse for o desfecho, haverá um conflito com julgamento sobre tema similar em 2007.
Há menos de três anos, o STF rejeitou o pedido de extradição para Olivério Medina, acusado de ter conexão com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia. Tal como Battisti, o colombiano havia obtido refúgio do governo brasileiro.
É direito líquido e certo do Poder Judiciário decidir de maneira livre e soberana. Também é comum e aceitável uma corte evoluir de uma posição para outra. Essas mudanças só não combinam com a previsibilidade jurídica da democracia quando ocorrem de maneira brusca, ilógica e frequente. Aí, é necessário refletir. Algo não anda bem.

Texto de Fernando Rodrigues, na Folha de São Paulo, de 9 de setembro de 2009.


Marcadores: , , , , ,

Uribe conspirou para depor Chávez?

Ex-agente confirma que Colômbia planejou derrubar Chávez

De acordo com o ex-chefe de informática do serviço de Inteligência da Colômbia Rafael García, o governo do presidente Álvaro Uribe elaborou "uma conspiração" contra o líder venezuelano, Hugo Chávez, que incluiu o envio de paramilitares e planejava o assassinato de personalidades.

O procurador-geral interino da Colômbia, Guillermo Mendoza, disse nesta segunda-feira à emissora de rádio "RCN" que as declarações de García "conduziram a diversas investigações, acusações e até sentenças condenatórias", mas que em "outras ocasiões nada foi encontrado".

Em entrevista ao "Canal Uno" de televisão, García alegou que faziam parte do plano para derrubar e assassinar Chávez o ex-diretor do Departamento Administrativo de Segurança (DAS) Jorge Noguera, preso por supostas conexões com paramilitares, e o Bloco Norte das Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC).

"Houve toda uma conspiração contra o governo venezuelano, no qual até onde sei, participaram facções do Bloco Norte e do DAS, também estimuladas pelo ex-ministro (do Interior) Fernando Londoño", disse.

O ex-funcionário do DAS acrescentou que houve a participação, além disso, de alguns venezuelanos, como criadores de gado da fronteira entre os países.

Dentro do plano também estava a "sabotagem das cadeias de produção da Venezuela", que "provocaram uma greve em 2002 que causou ao país um enorme dano", disse.

Entre os planos, segundo García, havia o de "assassinar personalidades, com o objetivo de causar alvoroço na sociedade venezuelana".

"Muitos explosivos foram passados por funcionários do próprio DAS no posto de fronteira de Paraguachón na minha frente, eu os vi quando passaram", acrescentou.

Os principais alvos do grupo, de acordo com García, eram o presidente Chávez, o ex-vice-presidente José Vicente Rangel, o ex-ministro do Interior Jessi Rodríguez Chacón, e o procurador-geral, Isaias Rodríguez.

O ex-chefe de informática já tinha feito denúncias sobre um suposto complô do DAS e dos paramilitares contra o Governo venezuelano, mas os detalhes e nomes dos envolvidos só eram conhecidos pela Promotoria.

Mendoza explicou que apenas um testemunho não pode, por si só, ser o suficiente para que o caso seja considerado como verdadeiro, e outras fontes deverão ser ouvidas.

A versão de García coincide com a dada por Hugo Chávez na cúpula da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) em agosto, na Argentina, sobre um plano elaborado na Colômbia contra ele.

Fonte: EFE


Origem: Vermelho via Blogoleone.

Marcadores: , , , , ,

Na base da desconfiança - Obama e a América Latina

Na base da desconfiança

A RELAÇÃO entre Barack Obama e a América Latina começou de forma promissora. Antes de mais nada, pelo simples fato de ele não se chamar George W. Bush. Mas também pelos seus primeiros passos relativos à região, notadamente a abordagem da questão cubana, com uma abertura ao diálogo, o levantamento de algumas restrições e, ainda que relutantemente, a adesão ao consenso que garantiu a revogação da suspensão da ilha da OEA.
Mas, nesse caso, a primeira impressão não foi a que ficou. Um outro pequeno país centro-americano, Honduras, foi a primeira pedra no sapato da relação EUA-América Latina. É verdade que Obama não hesitou em dar apoio retórico ao derrocado Manuel Zelaya. Mas é verdade também que não passou muito disso. Duras sanções econômicas, que poderiam dobrar o regime golpista, não vieram e, com a campanha eleitoral para eleger o sucessor de Zelaya já iniciada, se vierem agora, já não devem vingar.
Já abalada pelo imbróglio hondurenho, a imagem de Obama entre seus pares sul-americanos sofreu outro baque com a negociação para ampliar a presença militar americana na Colômbia. A tática de Obama de simplesmente dizer que as bases não serão americanas, mas sim bases colombianas para uso americano, e que servirão só para o combate ao narcotráfico exclusivamente dentro da Colômbia não bastou para acalmar a desconfiança regional. Como disse Hugo Chávez, "os EUA podem até jurar ao Vaticano", mas a América do Sul não tem motivos para acreditar.
Enquanto isso, Lula, que sob Bush ocupou o vácuo deixado pelos EUA na região, pode até ser "o cara" para Obama, mas não conseguiu do americano as garantias jurídicas que pede para assegurar o "bom uso" das bases ou mesmo a aceitação do convite para que ele discutisse o tema com seus colegas sul-americanos durante a próxima Assembleia Geral da ONU. Tampouco conseguiu, por ora, que os EUA apertem o cerco a Honduras.
Assim, o efeito da lua de mel com Obama e sua história de vida única, como já acontece dentro dos EUA, também vai pouco a pouco se diluindo na vizinhança. Por enquanto, o democrata ainda recebe uma espécie de habeas corpus: Chávez e seus aliados dizem que o "império" continua fazendo e acontecendo na região, mas à revelia de Obama, e não por causa dele. Mas o legado de Bush não servirá de álibi eterno.
Obama, desnecessário dizer, tem problemas muito mais urgentes do que a América Latina, como as guerras, a economia e a reforma de saúde, que consome sua popularidade. Mas terá de lidar com o tema se quiser que continue existindo a família feliz das Américas que celebrou a cúpula de abril, em Trinidad e Tobago, como um "ponto de inflexão" nas relações regionais.

Texto de Rodrigo Rötzsch, na Folha de São Paulo de 2 de setembro de 2009.


Marcadores: , , ,

segunda-feira, setembro 21, 2009

O Pré-sal é deles?

Oposição "clona" emenda de petrolíferas

Três deputados apresentam propostas idênticas contra monopólio da Petrobras na extração de poços novos no pré-sal

Teor das propostas coincide com posição de grandes petrolíferas; deputados admitem que seguiram orientação do setor


RANIER BRAGON
FERNANDA ODILLA
VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Três deputados federais de oposição apresentaram separadamente emendas aos projetos do pré-sal que, além de coincidirem com os interesses das grandes empresas do setor petrolífero, têm redação idêntica.
José Carlos Aleluia (DEM-BA), Eduardo Gomes (PSDB-TO) e Eduardo Sciarra (DEM-PR) sugeriram em suas emendas diversas modificações às propostas do governo, entre elas uma das bandeiras das gigantes do petróleo: a de que a Petrobras não seja a operadora exclusiva dos campos.
"A previsão legal de um monopólio ou reserva de mercado para a Petrobras não se justifica em hipótese alguma", diz trecho nas emendas dos três.
O IBP (Instituto Brasileiro de Petróleo), que reúne as principais empresas do setor, confirmou que procurou em Brasília lideranças de oito partidos, entre quarta e ontem, mas negou a autoria das emendas "clonadas", embora o teor coincida com o que o setor defende.
"Trabalhamos durante todos esses dias. Começamos a nos movimentar no Congresso, e de maneira institucional, porque o IBP é apartidário. Queremos tornar públicas nossas emendas para todos os partidos. Tinham partidos dispostos a acatá-las integralmente, outros estavam analisando", disse o presidente do IBP, João Carlos França de Luca, da espanhola Repsol, uma das multinacionais do petróleo.
Termina hoje o prazo para apresentação de emendas. Até ontem, 738 emendas já haviam sido apresentadas.
Eduardo Gomes admitiu que a emenda foi entregue a ele pelo setor. "Tenho contato com todas as associações, todas, o IBP, Sindicom [distribuidoras de combustível e lubrificantes], não tenho nenhum constrangimento em relação a esse tipo de auxílio", afirmou, acrescentando que os textos idênticos podem ter sido fruto de um "assessor preguiçoso". "Não tenho doação de campanha dessas empresas. Sempre tive doação no setor elétrico, voltado à área de regulação, de fortalecimento das agências reguladoras, defendendo investimento em parceria com o mercado. As emendas estão coerentes com a minha atuação".
Sciarra também diz que acatou as sugestões dos consultores do setor petrolífero. "Eu e o Aleluia fizemos o debate e pedimos para a assessoria do DEM formular as propostas. No caso do Eduardo Gomes, não sei o que aconteceu."
Aleluia afirmou que redigiu suas emendas com auxílio da assessoria do DEM e de consultores externos. "Não conversei com empresas, contei com a ajuda de consultores independentes", afirmou ele.
Segundo a Folha apurou, as emendas clonadas eram parte de versões preliminares preparadas por petrolíferas e repassadas aos deputados por consultores e representantes de empresas. As emendas entregues oficialmente aos parlamentares pelo IBP têm redação diferente, mas teor idêntico nas propostas de mudanças.
Além dos três deputados, outras emendas que coincidem com os interesses das grandes empresas foram apresentadas por outros parlamentares, como Ronaldo Caiado (GO), líder do DEM, e Arnaldo Jardim (PPS-SP), que presidirá uma das comissões dos projetos de um novo marco regulatório para o setor petrolífero enviados pelo governo ao Congresso.
Caiado disse que todas as suas emendas foram redigidas por sua assessoria, embora tenha dito que debateu o assunto com os setores afins. Jardim afirmou não ter tido tempo de analisar as emendas do IBP e que seguiu suas convicções.
"Acho legítimo que qualquer pessoa interessada nos procure para sugerir melhorias", disse Caiado. Ele apresentou emenda para permitir que a Petrobras ceda a operação de alguns campos para outras empresas petrolíferas, ideia que agrada também à própria estatal.
Além do fim do monopólio da Petrobras na operação dos novos campos, o setor privado defende, entre outros pontos, a redução do poder da Petro-Sal (a estatal que gerenciaria o novo modelo) nos comitês de exploração e o fim da exigência de que a Petrobras tenha no mínimo 30% de participação em todos os novos campos.

Texto da Folha de São Paulo, de 18 de setembro de 2009 (I).

Empresas interessadas no pré-sal doaram R$ 28,5 mi

No Senado, 30% dos senadores receberam financiamento do setor em 2006

Na Câmara, 65 dos 513 deputados receberam doações do setor, inclusive congressistas que integram comissão do pré-sal


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O grupo de empresas diretamente afetado pelos quatro projetos de lei que tratam das regras para a exploração do pré-sal doaram a candidatos, nas eleições de 2006, um total de R$ 28,5 milhões, com destaque para o Senado, onde 30% de sua atual composição recebeu financiamento do setor.
Para efeito de comparação, o valor das doações, legais e registradas no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), representa 27% do que a campanha presidencial de Lula arrecadou naquele ano, mas não inclui as doações que as empresas fizeram de forma oculta. Isso ocorre quando as empresas aproveitam brechas na legislação para doar aos candidatos via comitê único ou partido, o que praticamente impossibilita a ligação doador-candidato.
Além disso, a legislação eleitoral proíbe que empresas estrangeiras, que têm forte atuação no setor petrolífero nacional, façam doações.
No Congresso, o principal beneficiado foi o senador Delcídio Amaral (PT-MS), que já trabalhou no grupo Shell e foi diretor da Petrobras.
Delcídio recebeu R$ 800 mil da UTC Engenharia. Na lista dos dez senadores com maior financiamento do setor (nas eleições de 2006 e 2002, já que o Senado não coloca todas as cadeiras em disputa a cada eleição), há cinco de partidos governistas e cinco da oposição.
Na Câmara, 65 dos atuais 513 deputados federais receberam recursos do setor, entre eles parlamentares hoje titulares da comissão que tratará do principal projeto do pré-sal, o que define o marco regulatório da exploração, e o ex-ministro Antonio Palocci (PT-SP), relator do projeto do Fundo Social que será abastecido com os recursos da exploração.
O deputado que mais recebeu do setor foi Antonio Carlos Magalhães Neto (DEM-BA), com R$ 300 mil da Unipar (União de Indústrias Petroquímicas). Na lista dos dez mais beneficiados, há oito integrantes de partidos governistas e quatro de oposicionistas.
As empresas que mais doaram foram a Ipiranga, adquirida em 2007 por um grupo de empresas, entre elas a Petrobras, a Egesa Engenharia, a Unipar, a UTC Engenharia e a Braskem.
A Folha tomou como base três fontes para reunir o grupo de empresas diretamente afetado pelos projetos: 1) a lista de empresas qualificadas para a décima rodada de licitações da ANP (Agência Nacional do Petróleo) para exploração, desenvolvimento e produção de petróleo e gás natural; 2) a lista de concessionárias para exploração, desenvolvimento e produção de petróleo e gás natural; e 3) a lista de associados do IBP (Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis).
(RANIER BRAGON E FERNANDA ODILLA)

Texto da Folha de São Paulo, de 18 de setembro de 2009 (II).

Empresas agiram com transparência, afirma associação

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A associação das empresas do setor petrolífero afirma que elas agiram com transparência e respeitaram a legislação ao procurar congressistas para alterar os projetos do pré-sal. Também diz que seguiram à risca as regras para financiar campanhas em 2006.
João Carlos França de Luca, presidente do IBP (Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis), associação que reúne as principais empresas do setor, afirmou que a entidade está atuando de forma apartidária e negou relação com as emendas "clonadas".
"O IBP é uma instituição apartidária, tem 230 empresas associadas e defendemos o que é comum para o setor. Não podemos responder por eventuais ações isoladas de nossos sócios", disse ele, afirmando ainda que vai averiguar o que pode ter ocorrido em relação às emendas.
O empresário afirmou que conversou e entregou as emendas do instituto a lideranças de oito partidos, governistas e de oposição, e também ao líder do governo na Câmara, Henrique Fontana (PT-RS). Além disso, afirma, procurou nesta semana o senador Delcídio Amaral (PT-MS), ex-diretor da Petrobras e o congressista que mais recebeu recursos do setor em 2006.
"Não há constrangimento porque as empresas que colaboraram com minha campanha não atuam apenas na área do petróleo. Além disso, independentemente do modelo a ser adotado, elas estarão no jogo porque são empresas consolidadas", disse o senador, afirmando ter recebido sugestões de empresários. Amaral prometeu analisá-las a partir de amanhã.
Na Câmara, ACM Neto (DEM-BA), o deputado que ganhou o maior montante do setor nas últimas eleições, disse não estar participando diretamente da discussão do pré-sal. Ele afirma que não vai apresentar emendas e ressaltou que, por integrar a Mesa da Câmara, não pode integrar as comissões especiais que tratam do pré-sal.
A Folha procurou as principais doadoras nas eleições de 2006. As empresas que se dispuseram a falar afirmaram que as transferências de recursos estão registradas no Tribunal Superior Eleitoral e não têm relação com novas regras do pré-sal.
"Todas as doações da empresa são feitas com total transparência, seguindo os parâmetros legais, e diretamente a candidatos e partidos", disse a assessoria da UTC. "É provável que a empresa continue a contribuir financeiramente para a campanha de candidatos oriundos das regiões em que ela tem presença. A escolha recai sobre aqueles que incluam em suas plataformas eleitorais e em sua prática política compromissos alinhados aos princípios do desenvolvimento sustentável, compartilhados pela Braskem", afirmou a assessoria da empresa.

Texto da Folha de São Paulo, de 18 de setembro de 2009 (III).

É o jogo pesado das empresas exploradoras de petróleo. Mas neste caso a informação está aberta. É uma rara muito boa reportagem da Folha de São Paulo.


Marcadores: , , , ,

O mercado da desconfiança

O mercado da desconfiança

Consumidores que baixam arquivos legalmente na internet têm que abdicar da própria privacidade e são maltratados por empresas que parecem acreditar que a honestidade não compensa, diz antropólogo



HERMANO VIANNA
ESPECIAL PARA A FOLHA


Governos de vários países estão criando leis para que suas alfândegas possam apreender computadores com softwares, músicas e filmes "piratas". Estou tranquilo: não há nada não autorizado em meus "hard disks". Mesmo canções: escuto aquelas que seus autores disponibilizaram livremente na rede. Ou pago por imagens, sons, textos, códigos quando avalio que o preço é justo. Caso contrário, parto para outra: há uma abundância de material interessante para se baixar legalmente e de graça por aí.
O problema é que, cada vez mais, tenho me sentido punido -ou tratado como otário- justamente ao agir dentro da lei, e mesmo depois de pagar para ter acesso a determinados bens protegidos por leis que dizem defender criadores/autores/ artistas.
Para entender o patético do meu empenho na honestidade, vale a pena narrar um episódio recente, cheio de lições morais bem contemporâneas.

Indignação
Vladimir Jankélévitch foi filósofo e também pianista. Numa de suas melhores entrevistas, as respostas eram dadas tanto pela fala quanto por interpretações de obras de seus compositores favoritos: Debussy, Fauré, Ravel. Tenho uma transcrição de suas palavras, interrompidas por trechos de partituras, publicada em livro nos anos 80 ["Vladimir Jankélévitch", em francês, ed. La Manufacture, 1986].
Meu exemplar está com páginas soltas de tanto que foi relido. Volto sempre a momentos como aquele em que Jankélévitch declara que gosta mais da luminosidade de Tolstói do que dos subsolos de Dostoiévski: "Estar em plena luz, na evidência, na presença total, quando as coisas estão imóveis no ar do meio-dia, é lá que o mistério é mais perturbador".
Ou a resposta sobre a nostalgia: "O tempo revela o charme das coisas sem charme. É por isso que o tempo é poeta. Só os poetas e pintores são capazes de conhecer de imediato o charme do presente. [...] Utrillo [1883-1955] pintava um poste ou um muro num subúrbio sórdido... e isso fazia sonhar. O que os poetas e pintores sabem traduzir no presente, o tempo o traduz para nós que não somos nem pintores nem poetas. É o tempo que é poeta para nós".
Queria comprar uma nova edição do livro. Procurei nas lojas da internet: acho que está esgotado. Lembrei que a entrevista tinha sido gravada originalmente para o rádio. Conseguir uma cópia do arquivo sonoro seria fenomenal. A conversa começa com Jankélévitch afirmando que seu meio de expressão é o oral ("meu negócio não é a escritura"). O áudio apresentaria também seu piano. Fui então parar no site do Instituto do Audiovisual (INA) francês, que anda digitalizando e vendendo o acervo das TVs e rádios públicas como a France Culture. Só havia trechos da entrevista que procurava. Descobri que o que foi publicado no meu livro era um remix de várias entrevistas.
Como resultado da busca, encontrei o vídeo da edição de "Apostrophes", com Jankélévitch (não) respondendo à pergunta "para que servem os filósofos?". Resolvi baixar para ver o programa completo. Custava 5 (R$ 13). Caro para algo que, se não me engano, foi pago pelo dinheiro público francês há décadas. Mas sei que o trabalho de digitalização e disponibilização desse tipo de acervo não é barato, nem simples.
Resolvi colaborar. Fiz meu cadastro e a compra. Sempre receamos passar dados para novos sites, que não sabemos se são realmente seguros. É questão de confiança: esperamos que seus administradores vão ter cuidado com as informações. Mas mesmo tendo fornecido até o número do cartão de crédito, logo descobrimos que o INA não confia no comprador.
Não tinha sido informado (ok, não li com atenção os termos de uso) de que precisaria baixar outro programa para ver o vídeo já pago. Resultado: novo cadastro em outro site desconhecido e a obrigação de instalar um programa no qual também precisamos confiar (temos mesmo a certeza de que o programa não vai transmitir informações de nosso computador para sua empresa?). E, depois disso tudo, antes de ver o vídeo ainda somos obrigados a ultrapassar uma mensagem policial nos ameaçando com o aviso de que o arquivo contém uma marca d'água digital que nos identificaria caso seja utilizado ilegalmente. Somos tratados todos como potenciais bandidos, como piratas de vídeos filosóficos.

Negócio furado
Não vi a entrevista, indignado. A mesma indignação moral que me causou outra compra também motivada por Jankélévitch. Na entrevista-remix de meu livro despedaçado, ele conta que chora ouvindo música, e que as lágrimas sempre acompanham qualquer audição de "L'Enfant et les Sortilèges" [A Criança e os Sortilégios], de Ravel.
Outro dia, numa das poucas lojas de discos que nos restam, deparei com uma nova gravação dessa obra, com a Filarmônica de Berlim conduzida por Simon Rattle. Comprei, apesar do preço extorsivo (três vezes mais do que no exterior). Estou virando quase uma central de filantropia para modelos de negócios artísticos decadentes.
Na capa, dizia ser um OpenDisc: "Insira este CD no seu computador para acessar o EMI Classics Club. Acesse material bônus, sessões de escuta exclusivas e mais". Claro: o acesso não é imediato, apesar do preço que pago pelo CD físico. É preciso fazer o cadastro, é preciso concordar com a política de privacidade e termos de uso sinistros. O "disc" não tem nada de "open". Como ninguém lê esses contratos, vou transcrever aqui algumas passagens. Tudo começa aparentemente "do bem": "O OpenDisc respeita sua privacidade. Para atendê-lo(a), precisamos coletar algumas informações pessoais. Nós nos preocupamos em proteger essas informações.
Veja abaixo nossos compromissos em seu favor". Para ver os compromissos -"em nosso favor"-, precisamos clicar em vários links. Com que finalidade as informações são coletadas? "Essas informações são essenciais para nós, bem como para o artista e para a gravadora, para que forneçamos para você serviços com qualidade e que o conheçamos melhor." E ainda: "Ocasionalmente, usaremos suas informações pessoais para convidá-lo(a) a participar de pesquisas e concursos para medir a sua satisfação".
Papo furado. Quem disse que eu quero ser conhecido melhor ou convidado para qualquer coisa? CEP e data de nascimento não são necessários para o serviço de ver vídeos e ouvir música. Eles me obrigam a me tornar conhecido, arquivando meus dados. É o preço que pago para ter acesso ao material que me foi propagandeado como "bônus" ou "aberto".
A política de privacidade, que na realidade impõe a abdicação da minha privacidade, diz também que minhas informações não serão fornecidas para terceiros, mas podem ser enviadas às subsidiárias da gravadora em todo o mundo. Eu tenho que confiar nessas subsidiárias todas, que nem sei quais são. E a recíproca não é exatamente verdadeira. Sou tratado com extrema desconfiança: tanto que não posso reproduzir, "em qualquer meio", o conteúdo a que tiver acesso.
Desisti de ter acesso. Como desconfiam de mim, vou desconfiar também. Não sou ingrato. Pelo contrário: tenho enorme gratidão pelos momentos de intensa alegria e iluminação cultural que me foram proporcionados pelo trabalho das grandes gravadoras. Acho que as gravadoras também deveriam me agradecer: fui consumidor ideal, comprei milhares de discos (e comprei o mesmo disco várias vezes: em vinil, em CD...), ajudei a divulgar a carreira de muitos artistas etc. Mas tudo tem limite.

A falta e o vício
É pena ver uma história de criação tão rica terminando de modo tão mesquinho, com o público sendo tratado tão mal, até por políticas de privacidade tapeadoras. Quem paga é feito de bobo. Essas políticas parecem querer nos ensinar que a honestidade "não compensa".
Será muito difícil perceber que tudo isso é suicídio comercial, é perda de credibilidade total? Volto à filosofia moral de Vladimir Jankélévitch. No seu livro "O Mal", ele identifica uma gradação da malvadeza. A falta é um acidente, uma negligência: pode acontecer com todo mundo. Já o vício "é o movimento da falta, continuado e tornado crônico" -o vício está para a falta assim como a paixão para a emoção momentânea. Mas ainda pode ter cura.
Já a "méchanceté" (maldade, ruindade...) é o baixo absoluto, o zênite do mal, uma "qualificação do caráter", algo que toma conta da totalidade da pessoa. Aí não tem mais jeito... Diante da cultura digital, muitas empresas já cometeram muitas faltas, se tornaram viciadas nessas faltas e por isso estão se transformando em marcas ("brands", encarnações etc.) da maldade, afastando mesmo quem se empenha em seguir todas as regras.
Ler Jankélévitch deveria ser obrigatório para seus diretores e advogados. Começando com os livros "A Má Consciência" e "A Mentira" até chegar, quem sabe, no "Tratado das Virtudes", que está completando 60 anos de sua primeira publicação.


HERMANO VIANNA é antropólogo e pesquisador musical, autor de "O Mistério do Samba" (ed. Jorge Zahar), entre outros livros.

Texto publicado no caderno Mais! da Folha de São Paulo, de 6 de setembro de 2009.

Marcadores: , , ,

Comparação com transições dos anos 90 é falaciosa - sobre o golpe em Honduras e as velhas ditaduras militares latino americanas

Comparação com transições dos anos 90 é falaciosa

CLAUDIA ANTUNES
DA SUCURSAL DO RIO

É imperfeita, no mínimo, a comparação feita à Folha pelo presidente da Costa Rica, Óscar Arias, entre processos de pacificação e/ou democratização na América Latina no final dos anos 80 e início dos 90 e o debate atual sobre o reconhecimento ou não de um futuro governo hondurenho, caso não haja acordo até as eleições para a volta do presidente deposto.
A frase de Arias para defender que não se boicote o governo eleito -"Foi com Pinochet que se realizaram eleições e foi com regimes de força na América Central que houve eleições"- não corresponde de fato ao que houve naquela época.
Em nenhum dos exemplos um "regime tirânico" convocou votação, ditando regras, e seu resultado foi considerado legítimo não apenas por outros países, mas principalmente por todas ou a maioria das correntes políticas domésticas.
Ao contrário. Se for possível, no futuro, traçar paralelo com o caso hondurenho, ele virá do fato de que as eleições que fizeram parte da pacificação da América Central e da democratização do Chile resultaram de acordos entre forças internas, com concessões mútuas e sob pressão ou mediação externa.
Em segundo lugar, o contexto é diferente, já que os regimes citados por Arias vieram de conflitos inscritos na lógica da Guerra Fria. O que estava em questão na época era a superação das marcas desse período.
A ideia de que eleições livres e limpas devem ser referência para reconhecimento de governos só foi sacramentada neste hemisfério em 2001, com a Carta Democrática da Organização dos Estados Americanos.
Finalmente, há diferenças entre os processos citados de paz, mesmo dentro da própria América Central, que tornam generalizações arriscadas.
Em El Salvador, um governo eleito em pleito contestado e apoiado pelos militares assinou acordo mediado pela ONU que, em 1992, determinou a reintegração dos ex-rebeldes, expurgos nas Forças Armadas e uma Comissão Verdade. As primeiras eleições pós-conflito ocorreram em 1994.
Na Guatemala, o acordo entre governo e guerrilheiros só veio em 1996, também com mediação da ONU e Comissão Verdade. Nos quase 40 anos de guerra civil, o país teve governos eleitos em votações irregulares e ditaduras militares. Nenhum teve problema duradouro de reconhecimento formal.
Na Nicarágua, eleições realizadas pelos sandinistas em 1984 foram reconhecidas por observadores internacionais, mas não pelos EUA nem pela oposição conservadora, que boicotou o pleito. Acordo entre o governo e os contra, em 1987, levou à formação da União Nacional Opositora, vitoriosa nas eleições de 1990.
O caso chileno foi o único em que eleições foram divisor de águas nas transições citadas por Arias. Elas ocorreram depois de pressão dos EUA para que o general Augusto Pinochet realizasse, em 1988, referendo sobre seu mandato previsto na Carta outorgada por ele, e no qual foi derrotado.
O pleito de 1989 foi precedido de acordo político: Pinochet reteve parte do poder, mas os exilados voltaram e houve reformas constitucionais, incluindo o fim do banimento de partidos marxistas.
Como mediador da crise hondurenha, Arias trouxe à luz um debate que é intenso nos bastidores. Mas argumentos mais convincentes devem partir do contexto de hoje e do caso específico de Honduras.

Texto publicado na Folha de São Paulo, de 4 de setembro de 2009.

Marcadores: , , , , ,

Tudo por um terceiro mandato?

Inteligência mapeou votos, afirma revista

DA REDAÇÃO

A aprovação do referendo para autorizar a segunda reeleição consecutiva do presidente Álvaro Uribe foi precedida de nova revelação de espionagem, no fim de semana, supostamente ligada ao trâmite de aprovação do projeto.
Em sua edição mais recente, a revista "Semana" trouxe revelação de que o DAS, agência de Inteligência do país, mantém esquema de grampos de magistrados, congressistas e candidatos presidenciais.
Segundo funcionários do próprio DAS ouvidos pela revista sob anonimato, o esquema visava mapear os votos dos grampeados sobre o projeto de convocação da consulta.
Em fevereiro, a agência já havia sido envolvida em escândalo do tipo. Tanto à época como agora, um dos grampeados é o ministro da Corte Suprema de Justiça Iván Velásquez, responsável por julgar envolvimentos de aliados de Uribe com paramilitares.
Ontem, o diretor do DAS, Felipe Muñoz, disse estar colaborando com a Promotoria na investigação das novas denúncias e afirmou que existem empresas que atuam paralelamente ao Estado em esquemas de escutas ilegais.
Muñoz exortou todos os funcionários do DAS a fazerem denúncias caso recebam ordens à margem da cúpula do organismo.
No domingo, o ex-presidente da Colômbia César Gaviria (1990-94) acusou o governo de fazer do DAS uma "máquina de delinquência" a seu serviço.

Texto da Folha de São Paulo, de 2 de setembro de 2009.


Marcadores: , , , ,

sábado, setembro 19, 2009

Campanhas salariais 2009: Correios continuam em greve, metalúrgicos do ABC paulista iniciam a sua, bancários marcam para próxima quinta

Setembro é um mês de dissídio de algumas categorias importantes de trabalhadores. Neste momento os funcionários dos Correios, os metalúrgicos da região do ABC no estado de São Paulo, e os bancários negociam reajustes salariais com os patrões.

Nos Correios, a greve já entra pelo terceiro dia. A mais recente proposta da empresa contemplava um reajuste salarial de 9% impondo que os funcionários dos Correios não buscassem reposição salarial no ano que vem. Além disso foi proposto um aumento linear (igual para todos os funcionários) de R$ 100,00 a partir de janeiro do ano que vem. Este valor quer contemplar o pedido de reajuste linear de R$ 300,00 solicitado pelos representantes dos funcionários. Ainda não foi o suficiente para determinar a volta ao trabalho.

Segundo a Folha Online, os metalúrgicos do ABC resolveram iniciar greve ao rejeitar a proposta patronal de 5,2% . Os metalúrgicos querem reajuste de 4,4% mais 2% de aumento real e um abono de 40% em média sobre os salários.

E segundo o Sindicato dos Bancários de Porto Alegre, o Comando Nacional dos Bancários rejeitou a proposta da FENABAN de reajuste de 4,5%. Os bancários querem um reajuste de 10%, incluindo reposição da inflação e aumento real. Segundo o presidente do Sindicato em Porto Alegre, os bancos lucraram 14 bilhões de reais no primeiro semestre deste ano.

Marcadores: , , , , , ,

quarta-feira, setembro 16, 2009

Dissídios 2009: Greve nos Correios

E começou a greve dos trabalhadores dos Correios, que estão na campanha salarial deste ano de 2009.

Notícias do G1, O Globo, e UOL davam conta da paralisação nas diversas capitais do país.

Aqui em Porto Alegre, houve uma manifestação de funcionários em frente à sede da agência Central dos Correios.

Os funcionários dos Correios pedem a manutenção do monopólio estatal dos Correios para o envio de correspondência; fim das terceirizações; auxílio-creche; auxílio-educação; fim dos assédios sexuais e morais; contratação de novos funcionários; reintegração de demitidos. Nas cláusulas econômicas pedem um reajuste linear de R$ 300,00; reajuste salarial de 41,03%; e participação nos lucros da empresa.

Pelas notícias, até agora os Correios ofereceram 4,5% de reajuste.


Marcadores: , , , ,