quarta-feira, fevereiro 28, 2007

Punições

O Correio do Povo de hoje, 27 de fevereiro, informa que o desembargador José Eugênio Tedesco manteve condenação a 5 anos em regime semi-aberto a um réu acusado de roubar um boné, no valor aproximado de dez reais. Segundo o parecer do desembargador, a condenação é devida ao fato que o boné foi roubado sob ameaça de violência, e não ao valor do bem roubado em si.
O descuidista, ou o trombadinha nos parecem mais perigosos e ameaçadores que o funcionário público que frauda uma licitação para ganho pessoal, ou o empresário que manipula sua contabilidade para pagar menos impostos, ou defraudar os demais acionistas, embora tantos estes quanto aqueles sejam criminosos. Como o crime de colarinho branco é muito mais abstrato ao senso comum, o clamor maior é pela punição de quem nos parece mais perigoso, embora o prejuízo que nos possa causar muitas vezes seja menor.

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Um Congresso Fundamental

Não que eu particularmente goste de políticos. Talvez até pelo contrário. Mas analogamente a famosa frase de Churchill, que disse que "a democracia é o pior regime do mundo, exceto por todos os outros conhecidos" (ou algo assim), o pior Congresso é melhor que Congresso nenhum. Vi em alguns jornais que a legislatura recém finda foi a pior legislatura do Brasil (se bem que muitos dos jornalistas que disseram isto foram os mesmos que disseram que o tal "mensalão" era o maior escândalo de corrupção do Brasil. Não sei não...), mas ainda dá para lembrar, que quando o Regime estabelecido pelo Golpe de 1964 dissolveu o sistema partidário do ciclo de 1946 a 1964 e criou a ARENA e o MDB, estes partidos foram chamados de "partido do sim" e "partido do sim, senhor". Assim a legislatura recém finda foi melhor que a de 1969, por exemplo, pois esta nem podia discordar do executivo. E se recuarmos ainda mais no tempo, as eleições do Império até a chamada Revolução de 1930 eram flagrantemente fraudadas, sendo ainda que quem votava era uma fração ínfima da população.
Passado o longo prólogo quero expressar minha satisfação com as notícias da coluna política do Correio do Povo de hoje, 27 de fevereiro. Num dos textos, somos informados que a Comissão de Constituição e Justiça do Senado está analisando a melhor maneira de punir menores infratores culpados de crimes chamados de hediondos, como estupro, tráfico de drogas, e assassinato. Foram cogitados desde a simples redução de maioridade penal, aumento de períodos de detenção para menores punidos por estes crimes, e outras opções. Sendo que o senador Pedro Simon sugeriu uma subcomissão específica para análise do tema.
Noutro texto, bem pequeno, o jornal noticia que o deputado Fernando Gabeira pediu que réus condenados em primeira instância sejam impedidos de se tornarem candidatos. Por um lado, seria uma solução para os inumeráveis recursos a que recorrem os que dispõem de bons advogados. Caso um projeto como esse fosse aprovado, talvez o deputado Paulo Maluf não pudesse ter sido candidato, e, obviamente, muito menos ser eleito. Por outro lado, um projeto assim não poderia barrar quem já tivesse condenado, e cumprido os encargos impostos pela justiça. Senão, um ex-presidiário nunca mais poderia representar ninguém no Congresso, ou seja, estaria pagando pelo crime até morrer.
São para estas discussões que existe o Congresso. Se é que você ainda não havia percebido isto...

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Do Observatório da Imprensa: Silêncio sobre as Comissões de Comunicação

Edição 421 de 20/2/2007
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MÍDIA & CONGRESSO NACIONAL
O silêncio sobre as Comissões de Comunicação

Venício A. de Lima

O Correio Braziliense de quinta-feira (15/2) deu manchete de capa de quase meia página para a nova composição das Comissões Temáticas Permanentes da Câmara dos Deputados. O título era "Doadores emplacam seus deputados nas comissões da Câmara" e o subtítulo anunciava que "Políticos que tiveram campanha financiada por empreiteiras, mineradoras e outras empresas garantiram vaga nas seções que definirão projetos de lei a serem votados. Nomeações atendem aos interesses de grupos econômicos".

As matérias internas nas páginas 2 e 3 detalhavam a relação dos nomes de alguns integrantes de comissões, o valor das contribuições de campanha e os respectivos doadores cujos interesses privados estão vinculados aos temas nelas tratados. São relacionados nominalmente deputados de seis comissões: Agricultura, Seguridade Social e Família, Finanças e Tributação, Minas e Energia, Viação e Transportes e Desenvolvimento Urbano.

Figurinhas carimbadas

As graves acusações do Correio Braziliense provocaram protestos veementes de alguns deputados e o novo presidente da Câmara declarou que a Procuradoria Parlamentar iria verificar se cabe alguma medida judicial contra os jornalistas que assinam a matéria. "Um jornalista não tem autoridade para fazer insinuações sem prova", disse ele.

Ao ter entre seus financiadores legais um determinado grupo empresarial, o deputado estaria necessariamente submetendo sua ação parlamentar aos interesses desse grupo? A questão do financiamento das campanhas eleitorais é um dos objetos de discussão da inadiável reforma política que certamente o Congresso Nacional retomará na atual legislatura.

Vale registrar, no entanto, que estranhamente não constou da reportagem do Correio Braziliense a relação dos deputados e seus respectivos doadores da Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática (CCTCI). No caso dessa Comissão podem, de fato, existir situações de conflito de interesse. Tem sido assim ao longo dos anos. E não só em relação aos doadores de campanha, mas sobretudo em relação aos membros titulares e suplentes da CCTCI que são, eles próprios, concessionários dos serviços públicos de radiodifusão.

Essa condição, inclusive, diferencia os membros concessionários da CCTCI de outros parlamentares que eventualmente tenham recebido doações de campanha de grupos empresariais com interesse direto em sua atuação parlamentar. Na CCTCI, o interesse é também do próprio deputado concessionário.

Uma rápida leitura da relação dos membros da nova CCTCI revelará que lá estão figurinhas carimbadas como, por exemplo, Eunício de Oliveira (PMDB-CE), Jader Barbalho (PMDB-PA), José Rocha (PFL-BA), Vic Pires Franco (PFL-PA) e Paulo Bornhausen (PFL-SC), com sabidas ligações com a radiodifusão.

Um leque impressionante

Não seria de interesse público que o levantamento do Correio Braziliense tivesse também incluído a CCTCI?

É ainda interessante registrar que passou praticamente despercebido da grande mídia a criação pelo plenário do Senado Federal, em 7/2, da nova Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCTICI), desmembrada da antiga Comissão de Educação, onde existia uma Subcomissão Permanente de Cinema, Teatro, Música e Comunicação Social.

Compete à nova Comissão opinar, dentre outros temas, sobre proposições pertinentes à política nacional de ciência, tecnologia, inovação, comunicação e informática; organização institucional do setor; propriedade intelectual; comunicação, imprensa, radiodifusão e televisão; outorga e renovação de concessão, permissão e autorização para serviços de radiodifusão sonora e de sons e imagens; regulamentação, controle e questões éticas referentes à pesquisa e desenvolvimento científico e tecnológico, inovação tecnológica, comunicação e informática, além de outros assuntos correlatos. Sem dúvida, um leque impressionante de temas do setor.

Vínculos com a radiodifusão

Houve protestos contra a criação da CCTICI. O senador Flávio Arns - que acabou sendo membro da comissão - chegou a afirmar que a iniciativa "fazia parte da negociação de cargos ocorrida no início desta legislatura". Entidades como a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, a Associação Nacional de Biossegurança e a Associação Brasileira de Propriedade Industrial também protestaram. Temem que o desmembramento provoque "o esvaziamento e a desarticulação dos temas que estão em andamento na atual Comissão de Educação".

O novo presidente dessa comissão é o senador Wellington Salgado (PMDB-MG), suplente do atual ministro das Comunicações, Hélio Costa. E o vice-presidente é o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), de conhecidas ligações com a Rede Record de televisão. Entre seus membros estão também senadores sabidamente vinculados à radiodifusão como Sérgio Zambiasi (PTB-RS), Maria do Carmo Alves (PFL-SE), José Agripino (PFL-RN), João Tenório (PSDB-AL), Flávio Arns (PT-SC), Eduardo Azeredo (PSDB-MG), Romero Jucá (PMDB-RR), Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN) e Mão Santa (PMDB-PI).

O compromisso da mídia

É sempre interessante constatar como a grande mídia evita falar sobre si mesma ou tratar de questões a ela diretamente relacionadas. Neste caso, comportamento ainda mais curioso, de vez que o Congresso Nacional, desde a Constituição de 1988, é co-responsável com o Poder Executivo pelas concessões e renovações de concessões de radiodifusão, além de formular e decidir diretamente sobre as políticas públicas do setor de comunicações.

O primeiro compromisso da mídia e de seus jornalistas é com o interesse público. É isso mesmo, não é? Ou não é?



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terça-feira, fevereiro 27, 2007

A Charge da Folha de São Paulo, de 26 de fevereiro de 2007



http://www1.folha.uol.com.br/fsp/dbch26022007.htm

sábado, fevereiro 24, 2007

Do Observatório da Imprensa: Um Silêncio Constrangedor no Mato Grosso

Edição 419 de 6/2/2007
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COBERTURA DE CORRUPÇÃO
Um silêncio constrangedor

Ademar Adams

Cuiabá, 24 de janeiro de 2007, quarta-feira. Na sede da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Seção de Mato Grosso, as entidades que convocaram uma entrevista coletiva - para informar que iriam distribuir aos deputados da Assembléia Legislativa de Mato Grosso um CD com todas as ações propostas pelo Ministério Público contra três deputados estaduais -, recebem os repórteres de diversos veículos.

Explicam que o motivo da denúncia era tentar sensibilizar os deputados para não eleger para a Mesa Diretora aqueles acusados de desvios de verba pública.

Estavam presentes jornalistas e fotógrafos dos três jornais diários da capital: Diário de Cuiabá, A Gazeta e Folha do Estado. Também presentes um canal de TV, a Record, uma emissora de rádio, a Cultura de Cuiabá, e um site de notícias, Olhar Direto. Todos formularam perguntas e fizeram entrevistas.

Presentes também dois indivíduos estranhos que se apresentaram como acadêmicos de Direito. Um deles, identificado como guarda-costas do deputado José Riva, um dos acusados, bateu boca se dizendo cidadão e provocou os membros das entidades a também se candidatarem. Desmascarado, saiu esbravejando impropérios.

Como é possível?

As entidades que estavam representadas e assinaram o documento encaminhando as cópias das ações são o Movimento de Combate a Corrupção Eleitoral (MCCE), a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MT), o Fórum de Controle Social (FOCOS) e o Movimento Organizado pela Moralidade Pública e Cidadania (MORAL-MT).

No dia seguinte, uma grave constatação: com exceção do site Olhar Direto e da Rádio Cultura, nenhum dos outros veículos presentes à coletiva noticiou o fato. Ou seja, a influência do deputado Riva calou quase toda a mídia mato-grossense. Até a Rede Globo se omitiu e sequer cobriu a coletiva.

Como é possível que deputados acusados de desviar dinheiro do erário, continuem impunes e mandando na imprensa do estado?

É necessário que as autoridades e a sociedade civil deste país se manifestem, pois, em Mato Grosso, como diria a música, "tá tudo dominado".


Do Observatório da Imprensa: Regulamentação de Produção de Conteúdo

Edição 420 de 13/2/2007
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MÍDIA ELETRÔNICA
A regulamentação da oferta de conteúdo em debate

Ana Rita Marini

A proteção ao conteúdo nacional pode ser o fiel da balança na corrida pelos novos negócios que envolvem a digitalização dos meios de comunicação. O seminário Políticas de (Tele) Comunicações, ocorrido na quinta-feira (8/2), na Universidade de Brasília, colocou frente a frente, em debate, dois setores que caminham para o mesmo desígnio, através da convergência digital. Radiodifusores e empresários de telecomunicações expuseram suas expectativas para 2007, ano em que o governo federal sinaliza que colocará em pauta a agenda regulatória para os setores.

A fatalidade do encontro de propósitos entre as diferentes tecnologias de comunicação já é admitida pelos empresários da radiodifusão, porém sempre com reservas, pois ainda não definiram um novo modelo de negócios para o setor e por isso estão em desvantagem frente às concorrentes gigantes da telefonia. A reflexão sempre adiada sobre a questão do conteúdo nacional surge agora oportunamente. Evandro Guimarães, vice-presidente das organizações Globo, em sua fala no seminário em Brasília, externou sua preocupação com a regulamentação que não abrange todas as mídias em relação à oferta de conteúdo. "Temos um modelo que garante uma modesta reserva de mercado para o conteúdo nacional. Tem que ser para todas as mídias", defendeu Guimarães, afirmando que sua luta é pelos empregos e pelo interesse nacional.

O socorro ao conteúdo nacional que surge neste momento no discurso dos radiodifusores pode funcionar como um último respiro ao modelo atual no caminho da convergência. De qualquer forma, é um discurso que vem ao encontro dos interesses da sociedade e da nação, argumento sustentado pelo Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) reiteradamente. Nesta semana, dois projetos relativos à exploração de conteúdos foram apresentados na Câmara dos Deputados. Um deles alinhado ao interesse das teles, outro alinhado ao interesse das emissoras de televisão (leia aqui). O Planalto esteve representado no seminário, através do ministro das Comunicações, Hélio Costa, que não aprofundou muito seu discurso, mas sinalizou para a necessidade de uma Lei Geral atualizada.

Identidade nacional

Segundo o coordenador-geral do FNDC, Celso Schröder, que assistiu ao seminário Políticas de (Tele) Comunicações, a fala do empresário da Globo apontou para a busca de uma identidade nacional. Assim, a maior rede nacional de mídia passa agora a se interessar pela questão que vem "pipocando" há alguns anos. Em 2003, o FNDC lançou o manifesto "Controle estrangeiro da mídia brasileira ameaça a soberania popular, a democracia e a nacionalidade" [leia aqui], onde expunha seu posicionamento em relação à abertura do capital das empresas de mídia do Brasil ao capital estrangeiro, quando o país decidia sobre a questão.

O documento apontava os aspectos econômicos, políticos e culturais em jogo. "A ameaça da entrada do capital estrangeiro na mídia coloca o Brasil diante de duas opções: de um lado, a submissão dos principais meios de formação de consciência nacional a perspectivas estranhas ao interesse público e, de outro, a busca da afirmação da soberania popular, da democracia e da nacionalidade", diz o texto. Naquela época, não interessava aos empresários esses argumentos.

Imposição tecnológica

Da parte das teles, segundo Schröder, houve uma voz uníssona pela liberação de conteúdos. O argumento é que se as TVs a cabo já podem prestar serviços de telefonia, então a telefonia também pode transmitir conteúdo. Mas para o presidente da Embratel, Carlos Henrique Moreira, o debate de conteúdo é, sim, muito importante. Conforme Schröder, Moreira defendeu a construção de leis apropriadas para a defesa do conteúdo nacional, insistindo que o debate sobre o assunto deve respeitar à Constituição Federal.

O Fórum vem defendendo o papel inclusivo da convergência, alavancadora da economia e da soberania nacional. Mas avalia que a digitalização ainda é tímida e precisa de suporte na regulamentação. Na opinião de Schröder, nenhuma manifestação no seminário abordou a convergência. Todos trataram do apenas do seu setor. "Isso mostra que a convergência acontecerá pela imposição das tecnologias. Precisamos fazer esta mediação. A digitalização acaba com fronteiras, não com conceitos", avaliou o coordenador do FNDC.


sexta-feira, fevereiro 23, 2007

Cratera de 20 Metros de Diâmetro se Abre na Cidade da Guatemala

Pois o Universo Online informa que uma cratera de 20 metros de diâmetro se abriu na Cidade da Guatemala, capital do país centro americano de mesmo nome. A notícia informa que a cratera pode ter mais de 150 metros de profundidade, e que surgiu possivelmente por problemas de drenagem do terreno.
Isto indica que o ex-governador Geraldo Alckmin, e o governador José Serra, já podem ficar mais tranqüilos. O buraco decorrente das obras do metrô de São Paulo não foi falta de fiscalização do governo do estado. Como surgiu um buraco bem parecido em um lugar tão distante, e fora do Brasil, presumivelmente ambos sejam decorrentes de um ataque coordenado de extra-terrestres.
Aguarda-se para breve o surgimento de novas crateras em outros continentes.

A matéria do UOL: http://noticias.uol.com.br/ultnot/efe/2007/02/23/ult1807u35034.jhtm

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quinta-feira, fevereiro 22, 2007

Ainda Cuba

Entre as declarações de cidadãos cubanos sobre o momento atual pelo qual passa a ilha, na reportagem citada no "post" anterior, há uma de uma menina de 9 anos. Ela informa que é filha de uma funcionária do museu do rum, e muitas vezes se mistura aos turistas que visitam o museu enquanto aguarda a mãe. Lá pela metade da declaração, ela diz "Eles (os turistas) me dão chicletes, tiram fotos comigo em suas câmeras bonitas, me mostram seus tocadores de MP3. Eu queria que tivesse mais dessas coisas bacanas aqui em Havana. Ia ser bem mais legal."
Pois é, a Cuba revolucionária alcança níveis invejáveis em acesso à saúde e à educação para seus cidadãos, tem desempenho superior à média nos esportes, mas lhe faltam as quinquilharias que fazem a alegria de nossa burguesia, e de nós pequenos burgueses. Este blog só existe porque o blogueiro tem acesso a um computador pessoal, com acesso à uma rede de computadores que surgiu a partir de um projeto de pesquisa militar dos Estados Unidos, e, eventualmente, têm textos ilustrados por fotos batidas por uma câmera digital.
Assim como o Paulo Henrique Amorim disse que provavelmente, um dos desejos do presidente Lula era que todo cidadão brasileiro pudesse comer o frango com polenta do Laerte Demarchi, em São Bernardo do Campo , o desafio de Cuba é conseguir acesso de seus cidadãos a todas essas bugigangas, para que eles não se sintam menos cidadãos do mundo que os turistas que os visitam.

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"Nuestra Cuba"

A revista Aventuras na História, da editora Abril, do mês de fevereiro de 2007 (MIRANDA, Celso. Cuba sem Fidel. In: Aventuras na História, Edição 42, Fevereiro 2007) , traz uma interessante reportagem sobre Cuba. O texto traz alentadas informações sobre a ilha. Contudo possui uma falha, e passa ao largo de um posicionamento crítico.
A grande falha do livro é falar da independência de Cuba, e não haver uma citação sequer a respeito de José Martí, o herói da independência cubana. José Martí foi poeta e escritor, e participou ativamente da luta pela independência da ilha. Além disso, a guerrilha pela libertação de Cuba continuou existindo após sua morte, e só foi desmobilizada depois que os Estados Unidos declararam guerra à Espanha, e esta perdeu para os Estados Unidos suas últimas colônias americanas, bem como os arquipélagos das Filipinas e de Guam, no Pacífico. Ao fim da guerra, os Estados Unidos ficaram com Porto Rico como colônia (embora Porto Rico seja eufemisticamente chamado pelos Estados Unidos de "estado soberano associado"), e Cuba como protetorado. Isto significa que os Estados Unidos ocuparam a ilha de 1898 a 1902, e só saíram quando foi aprovado um artigo na constituição cubana que permitia a intervenção das forças armadas estadunidenses em Cuba, sempre que os Estados Unidos achassem que os interesses estadunidenses estivessem em risco. Foi a chamada "emenda Platt".
E aqui vem a questão da falta de posicionamento crítico. Logo após o título principal, há um texto em destaque que diz o seguinte: "Antes de ele chegar ao poder em 1959, Cuba parecia destinada a ser uma ilha perdida no meio do Caribe. Com ele, o país se tornou socialista, dividindo opiniões mundo afora. (...)." Também há citações de um professor universitário estadunidense, Richard Pells, a respeito do processo de independência cubano e da intervenção norte-americana: "Quando estourou a guerra pela independência, os Estados Unidos já eram a grande potência do continente. Haviam expulsado os ingleses, e negociado a retirada de franceses e russos da América e não admitiriam mais a intervenção de um império europeu tão perto de seu território." Das duas uma. Ou o redator não percebeu o papel imperial dos Estados Unidos na América Central e Caribe ao longo do século XX, e embora cite o papel dos Estados Unidos em Cuba e em Porto Rico, se esquece das ocupações feitas no Haiti (1915-1934), na República Dominicana (1916-1924), ou o envolvimento da CIA nos golpe de estado contra Jacobo Arbenz, em 1954. Ou adaptando a frase do professor Pells, talvez pudéssemos dizer que os Estados Unidos já eram a grande potência do continente, e não admitiriam a intervenção de um império europeu tão perto do seu território, pois já atuava como um império na América Central.
Ou simplesmente o redator teve uma atitude etnocêntrica, pois afinal vive em um país continental (o Brasil), e normalmente cidadãos de países de dimensões continentais tendem a ver a sua realidade nacional como a mais importante do mundo. Acho que foi isso que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso quis dizer quando disse que o "brasileiro é caipira". Esta é uma explicação possível para Cuba ser taxa de "uma ilha perdida no meio do Caribe".
Mas o texto vale a pena. Comenta como Cuba serviu de depósito para o contrabando de bebidas alcoólicas durante a lei seca nos Estados Unidos, nos anos 1920. Cita a fortuna gerada pelos cassinos dominados pela máfia antes da revolução castrista. E mostra como a Revolução "comeu" alguns de seus protagonistas mais importantes durante a sua consolidação. Além disso, entre o texto principal da reportagem há alguns pequenos testemunhos de cidadãos cubanos atuais, e suas perspectivas diante do momento de transição por que passa a ilha, desde a enfermidade de Fidel.
A propósito, acredito que seja por isto que o texto esqueceu de Martí, ou do imperialismo norte-americano. o texto está muito centrado no papel de Fidel, e da Revolução de 1959. Chega às minúcias de falar do pai de Fidel, e de sua chegada à ilha, no final do século XIX.
Os comentários aqui feito não são para desmerecer o texto. O artigo é bom, e traz ao seu leitor mais conhecimento da realidade de Cuba, tentando conectar o passado ao presente.

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Por Que a TV por Assinatura é Cara?

É o que eu sempre me pergunto. Pessoalmente eu demorei muito para aderir, e relutava em assinar um plano, pois achava o preço um contra-senso. Acabei assinando alguns meses atrás devido às despesas que estava tendo com acesso dsl, o que acabou quase equivalendo ao preço da assinatura da TV mais conexão à Internet.
Mas por que o plano mais básico de TV por assinatura é de cerca de 65 reais por mês? Um palpite pode ser que não interesse à operadora uma ampla popularização da TV por assinatura, afinal, assim, a maioria da população fica restrita aos canais da TV "aberta", onde uma emissora tem total hegemonia, sendo que muitos chamam esta hegemonia de monopólio. E com esta hegemonia, esta emissora fica com um grande poder político, tanto assim que eu não conheço político que queira se indispor abertamente com esta emissora (provavelmente a única exceção a esta regra foi Leonel Brizola). E esta emissora hegemônica é a principal operadora de TV por assinatura no Brasil.
E agora, com a futura digitalização das emissões televisivas, o Governo Federal já sinalizou que deverá manter as coisas como estão atualmente, com os atuais radio-difusores mantendo o poder que têm no momento com a nova tecnologia.
Será que o palpite deste blog é correto?

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Do Observatório da Imprensa: Está na Hora de Criar o Bolsa TV

Edição 417 de 22/1/2007
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CARTA ABERTA

Está na hora de criar o Bolsa TV

Wagner Bezerra

Em tempos dos tão bem-vindos Bolsa Família, Vale-gás, Cheque-cidadão, Restaurante-popular e tantas outras políticas redistributivas e compensatórias implementadas pelo governo federal, além dos estaduais e municipais, quero dar a minha singela contribuição para melhorar a vida do povo, combatendo diretamente uma das mazelas que afetam a vida de todos nós: o lixo televisivo. O propósito é auxiliar o esforço governamental para ampliar a chamada rede de proteção social e incluir no seleto público das TVs por assinatura o contingente de muito mais de cem milhões de pessoas que, entra ano sai ano, permanece alijado e distante de uma programação de TV diversificada e de qualidade.

A sugestão é criar o Bolsa TV, ou o Cheque TV a Cabo, ou quem sabe o Vale TV de Qualidade, ou ainda o Pró-Espectador, visando amparar mais 90% dos telespectadores que sobrevivem acorrentados pela TV aberta, condenados a conviver, principalmente nos finais de semana, com inomináveis programas e apresentadores que, acintosamente, perpetuam-se "no ar". Isto sem citar os pastores pidões e os filmes, na sua grande maioria, de qualidade duvidosa e que não se deixam ausentar nos domingos cada vez maiores.

Entretenimento de qualidade gratuito

Creio que chegou o momento de olharmos por esta gente excluída da possibilidade de usufruir a programação variada que, salvo cada vez mais raras exceções, é oferecida somente pela TV por assinatura. Famílias que nunca provaram do seleto cardápio de programas de receitas do Canal GNT; jamais sacudiram os esqueletos assistindo ao TVZ do Canal Multishow; nem escolheram o filme predileto nas tardes de domingo dentre as sempre quase e boas opções das redes Telecine, TNT e Universal, sem contar os oferecidos pelos HBO, ou ainda os pay-per-view. Excluídos que sequer cogitaram mergulhar pelos brasis afora adentrando novos caminhos descortinados nos documentários da rede STV, nem tampouco se atualizaram sobre a língua no Programa de Palavra.

Vamos, senhor presidente, resgatar os/as chefes de família que ainda não temperaram suas opiniões políticas após sorver as brilhantes entrevistas do William Waack com pensadores e cientistas de todos os matizes no Globo News Painel, da Globosat. Nem brindaram à cultura assistindo os saraus conduzidos pelo Chico Pinheiro com os baluartes da música brasileira.

Esta idéia me ocorreu assistindo o programa Você é o que você come, exibido pelo Canal GNT, o qual aborda a questão da nutrição de forma didática e com uma boa pitada de humor. Pensei no quanto avançaremos em direção à prática da tão pouco exercida cidadania no dia em que todos tiverem acesso à informação e entretenimento de qualidade gratuitamente na TV. Neste caso, quando assistia ao referido programa, pude refletir sobre recente pesquisa do IBGE que constatou que grande parte da população brasileira sofre de obesidade principalmente pela ausência de uma educação alimentar adequada e vítima da desinformação.

Pluralidade e diversidade

Este estado de coisas me faz pensar sobre o quanto são penalizadas as famílias que não pertencem às classes sociais favorecidas, que não têm acesso a bens culturais e de informação tão valiosos, especialmente se comparadas àquelas, mais abastadas, onde a TV por assinatura se tornou artigo de primeira necessidade.

Proponho ainda que, neste período de férias, por alguns instantes deixe de lado vossos relevantes afazeres, num dia qualquer da semana, e preste atenção nas crianças que fazem parte do seu círculo de relações, no momento exato em que estiverem assistindo TV. Neste caso, descartemos qualquer juízo de valor quanto ao conteúdo do programa a que estiverem assistindo, em si. Peço apenas que tente perceber o grau de concentração e a expressão do semblante de cada uma delas e o tempo que elas permanecem imóveis, sem desgrudar os olhos do aparelho, apreendendo e aprendendo tudo o que é oferecido pela telinha.

Quando será que as populações interioranas, ribeirinhas, dos sertões, do norte, nordeste, centro-oeste e todas as demais famílias de baixa renda conhecerão e consumirão, nas tardes de domingo, com direito a escolher o que assistir na pluralidade e diversidade contidas nas opções de educação, informação, formação e entretenimento oferecidos pelos canais infantis disponíveis pelas TV por assinatura? Dentre eles, o Canal Futura, TV Ra-Tim-bum, Canais Disney, Discovery Kids, Cartoon Network, Nickelodeon, Jetix, Bumerang, Cultura e TVE (estes, disponíveis na TV aberta) e tantos outros disponíveis apenas para poucos? Seria justo manter a imensa maioria das crianças do Brasil condenada a assistir tão-somente à decaída programação da TV aberta?

Aceitemos ou não, TV é educação

Decerto que não pretendo menosprezar a importância e dimensão social do programa Bolsa Família ao fazer esta analogia com as idéias aqui ventiladas, nem afirmar que a implantação de um Bolsa TV será a solução para demandas recorrentes, como a inclusão da educomunicação, ou educação para os meios, nos currículos escolares da educação infantil pública. Ou ainda, o avanço do marco regulatório brasileiro no setor das telecomunicações, no que tange à regulamentação do conteúdo da programação, tampouco tornar efetivo, num passe de mágica, o Conselho de Comunicação Social na defesa dos interesses públicos contra os abusos das emissoras.

A desejável efetivação do Bolsa TV também não poderá, de uma hora para outra, fazer sentar à mesa de negociações os programadores, concessionários, autores de conteúdo, roteiristas e diretores para, juntos, trabalharem na construção de um novo paradigma comum a todas as emissoras que atenda tanto aos interesses comerciais das emissoras e patrocinadores quanto ao caráter educativo da programação televisiva. Uma ação que, sem sombra de dúvida, poderá ajudar o Brasil a superar o analfabetismo e se equiparar aos países em desenvolvimento, na questão da educação de qualidade.

No entanto, que possuir um Vale TV de Qualidade, numa tarde de domingo, ajudaria muito, isso ajudaria. Não é mais aceitável dizer que o povo é quem quer e gosta de ver e consumir lixo na TV. Logo, a TV não pode ser lugar de lixo. Antes de tudo, como indica a Constituição, a TV é um lugar narrativo predisposto à educação e aos educadores. Aceitemos ou não, TV é 100% educação.

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domingo, fevereiro 18, 2007

NED e USAID

Dois textos muito interessantes sobre o NED - National Endowment for Democracy (ou "Fomento Nacional para a Democracia") e a USAID - United States Agency for International Developement (isto é, a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional), e de como estas instituições são utilizadas pelos Estados Unidos da maneira como eles entendem democracia, e que, claro, favoreçam os interesses dos Estados Unidos.

No blog do Luiz Carlos Azenha:
NED: http://viomundo.globo.com/site.php?nome=PorBaixoPano&edicao=624
USAID e NED: http://viomundo.globo.com/site.php?nome=PorBaixoPano&edicao=584
Política Externa Americana: http://viomundo.globo.com/site.php?nome=MinhaCabeca&edicao=625

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sábado, fevereiro 17, 2007

Mais AeroSerra

Na sua coluna no IG, Paulo Henrique Amorim comenta mais sobre a compra do "AeroSerra". Além de questionar a forma da aquisição do avião do governo do estado de São Paulo, ele relembra a maneira como certos jornais trataram o avião presidencial, que foi jocosamente tratado de "AeroLula", e pergunta se o avião do governo do estado de São Paulo também será apelidado e jocosamente tratado. Ele cita os artigos de O Estado de São Paulo, A Folha de São Paulo, e O Globo. Ou seja, como o velho ditado, "mata a cobra e mostra o pau".

Texto do Paulo Henrique: Como Serra "Comprou" o "AeroSerra" .

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Explicações

Como é possível ver, as entidades envolvidas na denúncia, Cemig e Organizações Globo, se explicam. Claro que algo assim queima na Internet como rastilho de pólvora. Agora cabe às autoridades fiscalizadoras confirmar se está realmente tudo correto.

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Do Observatório da Imprensa: A Globo Manda Resposta

Edição 420 de 13/2/2007
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MÍDIA & POLÍTICA
O governo mineiro e a Globo - uma resposta

Jorge Nóbrega

O Observatório da Imprensa publicou em 6/2 um artigo de Daniel Florêncio com a seguinte manchete: "Governador de Minas, Aécio Neves, paga US$269 milhões da dívida da Rede Globo de Televisão na compra da Light". [Nota do OI: A matéria em questão não ganhou manchete no Observatório e tinha o título "O governo mineiro e a Globo". O texto de Daniel Florêncio comentava matéria intitulada "Governador de Minas, Aécio Neves, paga US$269 milhões da dívida da Rede Globo de Televisão na compra da Light" publicada originalmente no site NovoJornal.]

O autor propaga a hipótese de que haveria um saldo na operação de compra da Light pela Rio Minas Energia, que teria sido destinado à amortização de dívida da Globo com credores estrangeiros.

Em respeito aos leitores deste OI, a Globo esclarece que:

1.

A Globo Comunicação e Participações nunca se envolveu em nenhuma negociação financeira ou societária com a Cemig, a Light, a Rio Minas Energia ou qualquer de suas subsidiárias.

2.

A dívida da Globo Comunicação e Participações S/A foi renegociada com seus credores em julho de 2005 e está sendo paga antes de seu prazo de vencimento. Os recursos para tal são originários da venda de alguns de seus ativos não estratégicos, da geração de caixa operacional da empresa e da emissão de bonds perpétuos.

3.

Todas essas operações de pagamento foram registradas no Banco Central, tornadas públicas em press releases e constam da contabilidade e do balanço da empresa, devidamente auditados por empresas independentes.

4.

Por último, o autor levanta a hipótese que "o povo mineiro teria financiado a Globo". Essa é a única afirmativa do delirante texto que resvala a verdade. É o povo mineiro, assim como a população brasileira em geral que, com sua audiência, sustenta a Globo (assim como os consumidores de outros países que prestigiam nossos produtos). E que permite que a Globo seja uma empresa saudável e lucrativa, em condições de gerar empregos, pagar impostos e atender suas obrigações.

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Do Observatório da Imprensa: A Cemig Manda Resposta

Edição 420 de 13/2/2007
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MÍDIA & POLÍTICA
A resposta da Cemig

Luiz Henrique Michalick

O Observatório da Imprensa, do último dia 6 de fevereiro, em artigo assinado por Daniel Florêncio, reproduz e comenta matéria do site noticioso Novo Jornal, de Belo Horizonte, onde são feitas acusações infundadas relativas à participação da Cemig na aquisição de parte do controle da Light, distribuidora de energia elétrica que atende à cidade do Rio de Janeiro.

Em primeiro lugar, gostaríamos de informar que a Cemig é uma empresa de economia mista, controlada pelo Governo de Minas, com mais de 130 mil acionistas particulares do Brasil e do exterior. As ações da Cemig são negociadas na Bovespa, Bolsa de Nova York e na Latibex, divisão da Bolsa de Madri.

Com 55 anos de existência, a Cemig é referência no setor de energia elétrica nacional e goza de prestígio internacional, não apenas por sua competência técnica, mas por suas ações de responsabilidade social e meio ambiente. A Cemig é a única empresa brasileira do setor elétrico incluída no Índice Dow Jones de Sustentabilidade.

Há dois anos, a Cemig, que originalmente sempre teve as suas ações ligadas a negócios dentro do Estado de Minas Gerais, tomou a decisão de expandir para outros estados. Dessa forma, a Empresa adquiriu o controle total da Usina de Rosal, na divisa do Rio de Janeiro com o Espírito Santo, e parte do controle da TBE, empresa que opera linhas de transmissão de grande porte no Norte e Sul do País, e da Light.

Cabe ressaltar que a participação da Cemig no capital da Rio Minas Energia-RME, consórcio formado para controlar e gerir a Ligth está fundamentada e regulamentada pelo inciso XX do artigo 37 da Constituição da República. Mesmo antes de tomar a decisão de expandir seus negócios, a Empresa já vinha participando, há mais de 10 anos, em consórcios para exploração de aproveitamentos hidrelétricos, em conjunto com a iniciativa privada como os das hidrelétricas de Igarapava, Funil, Porto Estrela e Aimorés entre outras.

A Cemig tem, ainda, esse tipo de parceria envolvendo, inclusive, estatais federais, como o caso de Furnas para a implantação e operação de linhas de transmissão e uma usina, Baguari, a ser iniciada ainda este ano.

A operação de aquisição da Light foi efetivada em 10 de agosto de 2006, quando a Rio Minas Energia S.A. - RME, empresa de participações societárias (holding), adquiriu da EDF International S.A. - EDFI, afiliada da Electricité de France - EDF, 79,39% de participação na Light S.A. A RME tem como sócios, além da Companhia Energética de Minas Gerais - CEMIG, a Andrade Gutierrez Concessões S.A., o Pactual Energia Participações S.A. e o Luce Brasil Fundo de Investimento em Participações ("Luce"), cada um com 25% do capital total. A participação equivalente da CEMIG no capital da Light é, portanto, de 19,85%.

A operação envolveu a compra de 100.719.912.442 ações ordinárias de emissão da Light, que representam 75,21% do capital total. A RME adquiriu, também, a totalidade das quotas representativas do capital social da Lidil Comercial Ltda, sociedade controlada 100% pela EDFI e que detém 5.584.685.447 ações ordinárias de emissão da Light, representativas de 4,17% do seu capital total, resultando na transferência total de 106.304.597.889 ações ordinárias de emissão da Light. Ou seja, não é verdade que a RME pagou por 79,38% e recebeu apenas 75,21% das ações, conforme informa erroneamente a matéria.

O preço total da aquisição foi de R$697.953.064,46, correspondente a US$319.809.871,91, pela compra de 106.304.597.889 ações ordinárias de emissão da Light, o que representou um preço aproximado de R$6,56, por lote de 1.000 ações. Em 10 de agosto de 2006, data da conclusão da operação, o lote de 1.000 ações da Light estava cotado na BOVESPA a R$ 15,70. Atualmente essas mesmas ações estão cotadas acima de R$ 20,00 mostrando que o mercado está acreditando na nova gestão da RME para recuperar a Light.

Portanto, o negócio envolvendo a compra do controle da Light foi feito dentro de toda a legalidade, sendo discutido e aprovado no Conselho de Administração da Cemig. Todas as informações foram divulgadas conforme a legislação em vigor e regulamentações emitidas pela CVM com o objetivo de dar a necessária transparência para o mercado.

Além disso, o contrato de compra e venda de ações, assinado em 28/03/2006 entre a RME e a EDFI, foi aprovado pela Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL, pela Comissão de Privatização Francesa (Commission des Participations et des Transferts), pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES e outros credores, o que permitiu a conclusão da operação em 10 de agosto de 2006.

Tendo em vista os problemas que este tipo de informação, partindo principalmente de um site conceituado como o Observatório de Imprensa, podem causar à sua imagem e reputação e que a Cemig, em momento algum foi procurada para dar a sua versão, solicitamos que nos seja oferecido espaço para que possamos dar aos leitores a oportunidade de ter acesso à verdade dos fatos.


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quinta-feira, fevereiro 15, 2007

Minas Preocupa?

"04.02.07 @ 10:48 O Poder Legislativo concedeu poderes especiais ao Governante, dando ampla liberdade para promover todo tipo de mudança na estrutura do Executivo. Nesses 30 dias após a posse, o Governo já decretou 60 leis delegadas e nenhuma delas está ao alcance do parlamento. Como isso aconteceu em Minas Gerais, e quem recebeu os poderes especiais foi o Aécio Neves, então não é autoritarismo nem ditadura: é democracia."

Este é um comentário do blog de Paulo Moreira Leite: http://blog.estadao.com.br/blog/paulo/?title=mandatos_longos_e_ditaduras_na_america_l&more=1&c=1&tb=1&pb=1#comments

Por tudo o que foi publicado antes, e por este comentário acima, parece que a situação em Minas Gerais preocupa.
Também preocupa o silêncio ensurdecedor a respeito de um negócio suspeito. A notícia publicada no Novo Jornal (http://www.novojornal.com.br/politica_noticia.php?codigo_noticia=1519 ), e divulgada no blog do Jean Scharlau (http://jeanscharlau.blogspot.com/2007/02/bomba-bomba-bomba-c-b-u-m.html ).

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Do Observatório da Imprensa: O Governo Mineiro e a Globo

Edição 419 de 6/2/2007
www.observatoriodaimprensa.com.br
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MÍDIA & POLÍTICA
O governo mineiro e a Globo

Daniel Florêncio

O site noticioso NovoJornal, de Belo Horizonte, trouxe em 23/1/2007 a seguinte manchete "Governador de Minas, Aécio Neves, paga US$ 269 milhões de dívidas da Rede Globo de Televisão na compra da Light". Será?

Em investigação realizada pelo site, são revelados detalhes de um negócio em que o governo mineiro, com capital da Cemig, criou uma outra empresa, a RME - Rio Minas Energia Participações S/A, a qual comprou a Light "transferindo para os fundos credores da Rede Globo (...) um crédito em ações de US$ 269 milhões, através do pagamento feito a maior que a quantidade de ações adquiridas na Bovespa pela RME - Rio Minas Energia Participações S/A, na operação de compra".

Segundo o site, quando se analisa a compra da Light pela RME com documentos da Secretaria de Acompanhamento Econômico, do Ministério da Fazenda, percebe-se que, apesar de ter pago por 79,57% das ações da Light, a RME só adquiriu 75,40%. Tal operação, de acordo com o site, é utilizada por empresas particulares para esconder ou desviar lucros, tal como quando se compra nota fria. O saldo da operação seria o destinado à amortização da dívida da Globo para com credores estrangeiros.

Toda a negociação, aparentemente, envolveu a posse do ex-presidente da holding do Grupo Globo, Ronnie Vaz Moreira, como presidente da tal RME - Rio Minas Energia Participações S/A e como diretor-financeiro da Light. Em suma, o povo mineiro, sem saber, através de sua companhia elétrica estadual, financiou o salvamento do grupo Globo, para que este agisse em favor do governador mineiro Aécio Neves.

Nesse processo, a Cemig acabou por constituir sociedade com várias empresas particulares na RME, porém sua participação é de apenas 25%. Ainda de acordo com o site, "a irregularidade na constituição da empresa é tão grande e insanável que a Junta Comercial e a Receita Federal não conseguem explicar como isto ocorreu, prometendo pronunciar-se só depois de uma profunda e detalhada investigação".

Blindagem eficiente

Como os credores da Globo nos EUA já tinham entrado com pedido de falência contra a empresa em Nova York, o pagamento da dívida teve quer ser feito dentro da contabilidade da Globo, o que acabou "deixando rastro".

O site se alonga em detalhes exaustivos da operação e cita, inclusive, dados da Justiça norte-americana, a qual, embora busque explicações da origem do dinheiro da Globo para o pagamento do seu pedido de falência, deixa um vazio justamente ao não explicar qual o mecanismo de entrada desses recursos no caixa da Globo. Não explica o X da questão.

O site dá indícios e mostra evidências fortes que devem ser apuradas pelo poder público e pela mídia. A questão é: qual mídia? Se tal operação de salvamento da Globo através de artimanhas do mercado financeiro foi realmente articulada pelo governo de Minas, por dedução explica-se a eficiente blindagem e o quase apoio institucional que o governador Aécio Neves recebe da Globo.

A Globo, por meio de seus veículos, não noticiaria ou mobilizaria a opinião pública para uma irregularidade cometida para sanear suas dívidas. Ou noticiaria? Aparentemente, também não o fariam o Grupo Abril ou o Grupo Folha, pois, segundo matéria do mesmo site ("Aécio Neves entrega Copasa às multinacionais espanholas OHL, Agbar e Capital Group, para montar campanha à Presidência", ver aqui), em operação financeira dessa vez envolvendo a Copasa, o governo de Minas acabou cedendo capital da empresa para grupos econômicos com participação nos dois grupos de comunicação.

Cabe, no entanto, aos meios de comunicação não acusados e ao poder público apurarem as denúncias de uso de capital de empresas públicas e estratégicas para o financiamento de articulações e movimentações entre políticos e grupos de comunicação.

Sugiro a este Observatório e aos profissionais de mídia investirem na apuração dessas denúncias. Seria uma nova "Sociedade dos Amigos de Plutão"? Pode ser, mas deve ser investigado para se chegar a essa conclusão. Sendo as operações irregulares ou não, e tendo realmente ocorrido, poderia tratar-se de uma manobra para obter controle sobre o que é publicado nos meios de comunicação de maior alcance no país, sobre controle dos grupos Globo, Folha e Abril. Ao financiar com dinheiro público o saneamento das dívidas do Grupo Globo, Aécio Neves se tornaria parceiro. Sócio. Ao permitir que capital da Copasa se misture com capital de grupos estrangeiros dos quais fazem parte Folha e Abril, novamente Aécio se tornaria parceiro. Sócio. Em suma, se trataria de uso de dinheiro público para fins pessoais.

Projeto de poder

A crise financeira que assolou os veículos de comunicação, associada à atual transformação no mercado de capitais e à entrada no país de novos grupos investidores em telecomunicações e tecnologia, acabou por configurar um cenário em que o grupo com maior poder de barganha, leva. Não se trata de ideologia ou projeto político, mas pura e simples lógica de mercado. Quem paga mais, leva.

Como o atual governo não o fez através de financiamento oficial do BNDES, tão discutido alguns anos atrás, Aécio, segundo o NovoJornal, o teria feito através das ferramentas que tem à mão, dispondo de capital público, pertencente aos cidadãos mineiros, para, assim, aproximar-se daqueles que divulgam idéias e para levar a si próprio e a seu grupo político à presidência da República.

Desde o início de seu primeiro mandato ouve-se falar em cerceamento da imprensa pelo governo de Minas. Em todos os veículos. Mas, se confirmadas as denúncias apresentadas pelo site, a compra da "grande mídia" no país para o benefício, impulso da imagem e conseqüente chegada à presidência de Aécio Neves se mostrará não apenas como censura ou cerceamento de idéias, mas como um profundo e bem arquitetado projeto de chegada ao poder - não só do governador, mas de todo um complexo, poderoso e influente grupo político e econômico. Será?


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Do Observatório da Imprensa: Minas, A Imprensa Sob Mão de Ferro

Edição 416 de 16/1/2007
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MÍDIA MINEIRA
A imprensa sob mão-de-ferro

Fernando Massote

Muita água vai rolar ainda, certamente, por debaixo das velhas pontes, até 2010, mas o cenário da próxima disputa para a presidência da República já começa a se esboçar nos debates sobre os grandes problemas do país. De um lado, o fato de o PT não ter um candidato natural com o impedimento de Lula para disputar mais um mandato e, de outro, o tempo que a esquerda e outras forças políticas têm ainda pela frente para discutir, articular e compor o quadro final das candidaturas deixa, por ora, em destaque, como pré-candidatos naturais, os governadores dos dois principais estados da federação, José Serra e Aécio Neves.

É esta uma situação cujos ingredientes vão certamente pressionar o processo político antecipando a campanha pela presidência. Quanto menos expectativa de mudança o governo Lula suscitar e capacidade de envolvimento ele desenvolver, mais a campanha de 2010 avançará, ocupará espaços na mídia e mesmo atropelará o governo no embalo das forças sociais e políticas desatendidas e sob a batuta de uma imprensa ávida por novidades e/ou embates com os quais entreter seus leitores.

José Serra e Aécio Neves trabalham desde longo tempo em vista da disputa presidencial. Aécio vem montando com muito afinco a sua estratégia e não dispensa nenhum recurso de marketing ou aliança política que alavanquem sua imagem e posição no xadrez da disputa. Até a imprensa internacional já começa a se interessar pelo que está ocorrendo.

No início de dezembro de 2006, fui procurado pela correspondente no Brasil do jornal Le Monde, solicitando uma entrevista sobre Aécio Neves e seu governo. A matéria - que integrou alguns pontos da conversa telefônica, muito mais ampla, que tivemos - foi publicada em 3 de janeiro, logo depois da posse dos governadores.

"Um filho do avô"

Se o jornal quis dar à matéria um perfil "equilibrado" - aquele do batido modelito da imprensa burguesa de espelhar o "direito ao contraditório", dando a parte do gato e do rato - como me diz, numa mensagem, a jornalista; e se este "equilíbrio" é ou não equilibrado, eu deixo aos leitores a tarefa de julgar. O fato é que ao responder às perguntas me pautei, como faço habitualmente, mais pela atenção às perguntas que ao (órgão) entrevistador. Alguns dos elementos mais essenciais foram, no entanto, acolhidos na matéria ainda que de forma sucinta.

Mesmo contando com uma boa compreensão da língua portuguesa, a jornalista (e/ou a redação do jornal) não conseguiu contornar completamente certas circunstâncias vocabulares, que pesaram na formulação das minhas críticas a Aécio Neves. Expliquei, com efeito, que o governador deve seu lançamento político ao respaldo da performance histórica do avô, Tancredo Neves, depois da sua morte; que ele, Aécio, à diferença de um considerável número de políticos que militaram, por exemplo, na política estudantil, não teve nenhuma experiência política própria; que ele é, assim, marcadamente, um político conservador, "um filho do avô", para usar uma expressão que a assessoria de imprensa do comitê de campanha do então candidato Aécio Neves não gostou, em 2002.

Controle da imprensa

Se a jornalista não entendeu ou não encontrou tradução direta já consolidada para esta expressão - que não existe, de fato, nem na língua portuguesa - não importa muito. O fato é que no, texto original, ela se utilizou da expressão fils à papa, que se traduz corretamente por "filhinho de papai" no nosso linguajar mais comum. Isto pode até ter melindrado os leitores mais fetichistas e/ou tradicionalistas do preceito do "devido respeito às autoridades", mas a grande maioria que não simpatiza com o lado playboy de Aécio Neves aplaudiu a designação, considerando-a uma plástica "bola na cesta", no jargão dos amantes do basquetebol. De todo modo, "filho do avô" ou "filhinho de papai" são dois epítetos de significados algo diferentes mas afins e que, a julgar pela reação dos leitores, têm, ambos, muito consenso entre os que acompanham a atuação do governador de Minas.

[Clique aqui para ler a versão original da matéria do Le Monde, em francês; e aqui para ler o texto em português.]

A jornalista queria saber por que Aécio Neves havia obtido a invejável perfomance de 73% dos votos com que venceu as eleições para governador, já no primeiro turno, em outubro de 2006. Expliquei-lhe, então, que um primeiro motivo estava no já aludido perfil conservador de Aécio, um "filho (político) do avô" que, aliado à marquetizada fachada de "jovem e bonito", poderia granjear-lhe a simpatia de setores menos politizados e mais amplos do eleitorado.

As elites mineiras mais conservadoras, com os olhos vidrados na possibilidade de voltar a participar com mais vantagem dos butins dos negócios nacionais, visando reconquistar o Palácio do Planalto - do qual está ausente desde o governo Juscelino Kubitschek, há mais de quatro décadas - viram, assim, em Aécio, o semblante ideal para a disputa, sobretudo com São Paulo, e transformaram o neto de Tancredo no seu "príncipe encantado".

A aliança de Lula - que disputa o favor da plutocracia daquele estado com o PSDB de lá e vê nas ambições de Aécio e das elites mineiras um aliado precioso com o qual contrapor-se à Serra - com Aécio, o chamado "Lulécio", constituiu outra poderosa alavanca para o bombástico 73%; o candidato a governador lançado pelo PT, Nilmário Miranda - por quaisquer razões que procurem explicar o fato - não esteve à altura do seu papel e serviu mesmo só para coonestar e alavancar a candidatura do PSDB mineiro ao governo do estado.

A terceira e decisiva leva de apoio para se reeleger em condições tão favoráveis foi o controle, com mão-de-ferro, da imprensa local. Os jornais, rádios e TVs, a chamada "grande imprensa", sofrem, desde a primeira eleição de Aécio Neves, em Minas Gerais, o controle indefectível do Palácio da Liberdade.

A rigorosa censura aeciana

Este último fato foi confirmado pela própria divulgação da matéria do Le Monde, que não foi publicada na íntegra por qualquer meio de comunicação. O Palácio da Liberdade, com sua legião de marqueteiros e assessores de imprensa sempre a postos para blindar o governador de qualquer crítica, estendeu, sobre a matéria, as finas malhas de sua censura aos órgãos de imprensa - não só mineiros, mas também nacionais. Estes últimos, displicentes e/ou coniventes, se submeteram, docilmente, publicando os releases de Aécio com os trechos selecionados da matéria do jornal francês onde, evidentemente, não apareciam as críticas que lhe foram feitas.

A matéria do Le Monde confirma, ainda, com uma ponta não dissimulada de dramatismo, a rigorosa censura aeciana, ao divulgar a opinião crítica longamente contida de um jornalista que acompanhou a trajetória de Aécio Neves na Câmara dos Deputados por 16 anos e não quis deixar que o próprio nome fosse divulgado.

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AeroSerra

Pois não é que o Serra comprou de volta o AeroAlckmin, o avião que o governo estadual havia privatizado! Vocês viram? Deu hoje na coluna da Mônica Bergamo, da Folha [só para assinantes.] O Geraldo com toda aquela onda de vender o AeroLula, aí vem o governador tucano e conclui que é bem mais barato ter um avião do que ficar alugando aeronaves.

Do Ponte Aérea SP, No Mínimo: http://ponteaereasp.nominimo.com.br/


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segunda-feira, fevereiro 12, 2007

Helicópteros Viram Alvo no Iraque

O Correio do Povo deste domingo, 11 de fevereiro, comenta a queda de seis helicópteros no Iraque nos últimos dias. Segundo a notícia, mais de 60 aparelhos já teriam sido abatidos desde o início da invasão em 2003.
Alguns dos aparelhos derrubados seriam modelos já defasados, com sistemas de defesa obsoletos. Mas alguns já eram máquinas mais modernas, com sofisticados sistemas anti-mísseis. Assim, é aventada a hipótese de que a resistência à ocupação tenha tido acesso a mísseis com tecnologia ainda mais moderna, como mísseis russos, ou iranianos.
Curiosamente a notícia não especula sobre coisas mais prosaicas, como, por exemplo, o helicóptero de uma "empresa de segurança privada" derrubado possivelmente por tiros de metralhadora de grosso calibre, como já foi divulgado neste blog.

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Farsa?...

Pequena nota no Correio do Povo deste sábado, dia 10 de fevereiro, informa que a ligação entre a Al-Qaeda e o regime de Saddam Hussein, um dos argumentos para justificar a invasão ao Iraque pelos Estados Unidos, foi arquitetada pelo escritório do então sub-secretário de defesa Douglas Feith, e nunca foi confirmada.
A notinha cita o nome do auditor do Pentágono autor da denúncia, Thomas Gimble, e termina com uma declaração do senador Carl Levin, presidente da Comissão das Forças Armadas, dizendo que "este relatório é uma condenação devastadora dos serviços de Feith".

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Imperialismo Brasileiro?

Os jornais desta semana informaram que o Brasil e os Estados Unidos assinaram parceria para desenvolvimento de biocombustíveis, inclusive prevendo a realização de projeto piloto em algum país do Caribe. E eu, com os meus botões, fiquei pensando, à la Garrincha, será que já combinaram com os caribenhos? Sim, pois uma coisa é uma parceria para desenvolvimento de alguma tecnologia, outra é dizer que a experiência será desenvolvida em um terceiro país, sem esquecer o histórico de invasões e intervenções dos Estados Unidos na América Central e Caribe. E sem esquecer que o Brasil também já tomou parte nestas intervenções. Há gente que questiona a presença de tropas brasileiras, mesmo sob a bandeira da ONU, no Haiti. E não podemos esquecer que em 1965, o governo militar brasileiro enviou tropas para estabilizar um Golpe na República Dominicana.
Parcerias podem ser boas. A integração com os outros povos da América Latina é boa. Mas todo cuidado é pouco!

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quinta-feira, fevereiro 08, 2007

Roberto Abdenur

O Blog do Mello dá um show ao comentar a recente entrevista do embaixador Roberto Abdenur nas páginas amarelas da Veja. Confira no Blog do Mello.

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Mercado

Parece que o governo da Indonésia parou de enviar amostras do vírus da gripe aviária para a Organização Mundial de Saúde, para atualização de vacinas, porque assinou um acordo com a empresa Baxter Healthcare, um laboratório farmacêutico, para fornecimento ao laboratório. Ou seja, o vírus virou um insumo para um laboratório produzir as vacinas, e este laboratório paga ao governo indonésio pelo fornecimento.

Do Animot (http://animot.blogspot.com/2007/02/gripe-aviria-o-mercado-ameaando.html) .

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quarta-feira, fevereiro 07, 2007

Entrevista com Delfim Netto

Pergunta - Como o senhor avalia a reeleição do presidente Lula?
Resposta - Para 78% da população, e aqui não se distingue ricos e pobres, esse governo foi melhor que o governo Fernando Henrique, o resto tudo é história. Lula é contra a elite? Deus meu! Os bancos ganharam alguma vez tanto? E os empresários ganharam alguma vez tanto? Quem não ganhou fomos nós. Lula privilegiou os pobres de uma forma quase de engenharia. Não é apenas a cesta básica, a cesta família. É uma política monetária oportunista que supervalorizou o câmbio e produziu uma redução da inflação extremamente importante. Que tornou possível comprar com o salário mínimo duas cestas básicas, que baixou o preço de alimentos, de imóveis, de vestuário e de um puxadinho. Ele deu para o pobre tudo o que a Bíblia diz: casai-vos e multiplicai-vos.

Pergunta - E por que a elite é contra esse modelo? Já que gera riqueza...
Resposta - A elite é míope. Considera-se portadora de uma ciência. Acredita que ajudar o pobre é besteira. (...).

O trecho acima faz parte de uma entrevista dada pelo ex-ministro e ex-deputado Delfim Netto à revista Nossa História (ARARIPE, Sônia; POMBO, Nívea. Entrevista: Delfim Netto. In: Nossa História, ano 4, número 38, dezembro/2006).

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Do Observatório da Imprensa: O Que Está em Jogo em Alagoas

Blog Verbo Solto de Luiz Weis em 21/1/2007
URL do BLOG :www.observatoriodaimprensa.com.br/blogs/blogs.asp?id_blog=3
URL do post: www.observatoriodaimprensa.com.br/blogs/blogs.asp?id_blog=3&id_ident={2FDCDBDD-435A-4CD4-B38E-226B3FA0791A}

Abaixo o texto enviado:

Verbo Solto -
O que está sob suspeita em Alagoas

Na sequência dos escândalos dos dois últimos anos - mensalão, sanguessugas e dossiê Vedoin, para ficar nos que deram mais ibope - não foram raros os leitores deste blog (e decerto de outros) a acusar a mídia de facciosismo, apostando na hipótese de que se fossem tucanos ou pefelistas os principais acusados das maracutaias a cobertura dos jornais em cada caso seria muito menos estridente.

O indício tido como definitivo desse duplo padrão foi a reticência com que a mídia tratou do listão de Furnas, segundo o qual 48 tucanos e 34 pefelistas, de um total de 156 políticos, teriam se abastecido fartamente do caixa 2 da estatal de energia.

Outro exemplo frequentemente invocado foi o farol baixo da mídia em relação à primeira operação conhecida do valerioduto, beneficiando o candidato (derrotado) do PSDB ao governo mineiro em 1998, Eduardo Azeredo, depois senador e presidente do partido, e companhia bela.

O retrospecto vem a calhar. Ontem, em reportagem do competente Diego Escosteguy, a Veja - sim, a Veja - revelou que parecem se confirmar as alegações do deputado federal João Lyra, do PTB de Alagoas, de que, apesar da urna eletrônica, teria havido fraude na recente eleição para governador do Estado, na qual Lyra foi derrotado já no primeiro turno pelo tucano Teotônio Vilela Filho.

O que antes de tudo chamou a atenção do perdedor foi ele ter sido derrotado nos seus mais seguros currais eleitorais, além do contraste entre o resultado final e as pesquisas.

Lyra levou o problema ao Tribunal Regional Eleitoral alagoano, que em princípio rejeita a hipótese de burla.

Mas o fato é que um laudo encomendado ao professor Clóvis Torres Fernandes, diretor da divisão de Ciência da Computação do renomado Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) - e aí entra o furo da Veja - apontou diversos indícios de que a eleição que deu a vitória a Teo Vilela, como é conhecido o filho do legendário senador dissidente da ditadura, Teotônio Vilela, pode não ter sido 100% limpa.

Segundo a Veja, sumiram votos em certas urnas (número de sufrágios registrados inferior ao total de votantes), apareceram votos em urnas inexistentes e desapareceram todos em urnas existentes. Teriam sido constatados "erros bizarros" em nada menos de 35% das 5.166 urnas do Estado e teriam ficado faltando 22.562 votos no total oficial de 1.513.750.

Vilela teve 55,85% dos votos válidos. Bateu Lyra com folga: diferença de 332.718 sufrágios.

É a primeira vez que surge uma suspeita convincente de vulnerabilidade do sistema eletrônico a fraudes eleitorais.

Considerando as duas coisas - a ampla vantagem do vencedor e o ineditismo das supostas evidências pondo em xeque a informatização das eleições no Brasil - se compreende que a notícia principal diga respeito às dúvidas sobre a segurança do voto eletrônico.

Mas os jornais de hoje, ecoando a matéria da Veja, não precisavam remeter a plano tão secundário a identidade do candidato que tenha sido eventualmente beneficiado pelas irregularidades apontadas.

Na matéria do Estado, "Eleição de Alagoas coloca urna eletrônica sob suspeita", o nome Teotônio Vilela Filho e a sua condição tucana só aparecem na vigésima-primeira do texto.

Na matéria da Folha, "TSE fará auditoria de urnas eletrônicas", Teotônio é mencionado apenas na última linha do sexto dos seus sete parágrafos.

O Globo ignorou o assunto.

Imagine-se agora que a fraude denunciada tenha ocorrido não em Alagoas, mas no vizinho Sergipe e em proporção ao eleitorado local. Ali o prefeito petista de Aracaju, Marcelo Deda, se elegeu governador, também no primeiro turno, com 52,46% dos votos válidos e 74.421 votos a mais do que o segundo colocado, o pefelista João Alves Filho (45,02%).

Será que, nessa hipótese, o nome Marcelo Deda e a sigla PT teriam tido tão escasso destaque, mesmo - repito - levando em conta que o essencial da notícia é a eventual insegurança do voto eletrônico?

Claro que não se deve raciocinar sobre hipóteses, como gostam de dizer os políticos. Muito menos tirar conclusões taxativas de premissas impossíveis de serem verificadas, como ensina a ciência e, nesse caso, também o mero bom senso.

Mas a julgar pelo passado recente, receio que ao episódio se aplica, sim, a teoria dos dois pesos e das duas medidas, defendida pelos críticos mais duros da mídia.

Imagino até um título: "Urna eletrônica e vitória de petista sob suspeita em Sergipe".

É nada mais do que o título que os jornais do dia deveriam ter dado, obviamente com "tucano" em vez de "petista" e "Alagoas" em vez de "Sergipe".

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sábado, fevereiro 03, 2007

Guerra no Iraque

A Guerra do Iraque entra no seu 4º ano.
A edição de 24 de janeiro passado da Folha de São Paulo informa que "um helicóptero civil que pertencia a uma empresa de segurança dos Estados Unidos foi abatido ontem no centro de Bagdá. As cinco pessoas a bordo morreram. A aeronave foi derrubada com rajadas de metralhadora PKC sobre uma região sunita densamente povoada." E chamam a atenção nesta nota duas coisas. Uma a precisão de informarem que o helicóptero foi abatido com tiros de metralhadora PKC, o que me fez ir procurar que tipo de arma era esta. E descobri. Veja na foto abaixo. (URL da foto: http://www.strategypage.com/militaryforums/480-1773.aspx )
A outra coisa é que, normalmente, quando falam em "empresa de segurança" é um eufemismo para uma companhia de mercenários que pode ser regulamentada sob a legislação dos Estados Unidos. Isto permite, por exemplo, que os "funcionários" destas empresas andem, nos territórios em que isto lhes é permitido, com fuzis automáticos. Aqui no Brasil, por exemplo, só soldados das forças armadas, e as policiais (e estes com algumas restrições) podem portar fuzis legalmente. No início da ocupação americana no Iraque, causou certa comoção quando um grupo de "civis" americanos foram emboscados, se não me engano, em Fallujah, e mortos, e seus corpos carbonizados. E ainda os restos mortais deles foram pendurados numa ponte. O grupo de "civis" eram "funcionários" de uma "empresa de segurança".

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Árabe Muçulmano é Nomeado Ministro no Gabinete de Governo de Israel

A notícia é do Correio do Povo desta segunda-feira, dia 29 de janeiro.
O deputado Ghaleb Majadleh, do Partido Trabalhista, mesmo partido do ministro da Defesa, Amir Peretz. Ghaleb Majadleh é árabe, muçulmano e cidadão isralense, e é o primeiro árabe israelense presente no ministério desde a fundação do Estado de Israel, em 1948. Ele foi nomeado para um ministério sem pasta.
Há duas lições aqui.
Uma, o Estado de Israel tenta se afastar do rótulo de racista, que seus adversários tentam lhe impor. Alguns comentaristas mais radicais chegam ao ponto de dizer que o Estado de Israel seja fascista, e mesmo nazista. Não creio que seja o caso. Embora seja necessário admitir que exista uma democracia para os territórios reconhecidos de Israel, e um estado de sítio de fato, para os territórios ocupados, como é o caso da Cisjordânia, onde existem dezenas de colônias israelenses em território que deveria ser palestino.
A verdade é que Israel enfrenta uma situação difícil devido ao seu próprio caráter judeu. Quando o jornalista judeu-suíço, Theodor Herzl, cobriu o caso Dreyfuss na França, no final do século XIX, chegou à conclusão que o anti-semitismo estava de tal maneira enraizado na Europa, que só restava aos judeus buscarem uma pátria para si próprios. E assim, o moderno movimento sionista começou a incentivar a volta dos judeus para a Palestina, primeiro província turca, depois sob protetorado britânico. Como já havia gente ali, no caso so árabes palestinos, os choques começaram a acontecer. E os judeus começaram a constituir guerrilhas e milícias para defender o que consideravam seus direitos. Foram inclusive cometidos atentados terroristas contra a autoridade britânica. E nacionalistas judeus foram enforcados. Mas, afinal, em 1948, foi constituído o Estado de Israel, e este Estado se constituiu em torno de uma certa identidade judaica, fosse isso o que pudesse significar. Pois o que significa ser judeu? Ter a religião dada por Moisés? Mas muitos dos fundadores do Estado de Israel eram socialistas ateus ou agnósticos, logo não professavam religião. Por outro lado, muitos judeus piedosos não reconhecem o Estado de Israel, que é laico (embora sua administração tenha muita influência religiosa), e, portanto, ímpio. É por causa desta identidade judaica que o ex-primeiro-ministro Ariel Sharon decidiu desmontar as colônias na Faixa de Gaza, e desocupar a região, e tendia a desmontar as colônias mais difíceis de serem defendidas na Cisjordânia, antes que dois acidentes vasculares-cerebrais o pusessem em coma. Anteriormente, diz-se que ele pretendia simplesmente anexar os territórios ocupados à Israel, mas percebeu que a taxa de natalidade dos palestinos poderia fazer com que os judeus acabassem se tornando minoria no Estado de Israel.
Mas é por causa deste caráter judeu do Estado de Israel que o país tem sido chamado de racista. Um ministro árabe no gabinete visa em parte a amenizar estas críticas. A notícia no Correio do Povo adiciona que a nomeação de Majadleh é "uma decisão histórica em favor da igualdade e da paz na região."
A segunda lição é que política é uma maneira de tentar negociar para acomodar interesses contraditórios dentro das sociedades. O senhor Majadleh é nomeado para um ministério sem pasta. Sua nomeação é uma maneira de indicar que o Estado de Israel está tentando dar mais direitos a suas próprias minorias. O que para este blogueiro, significa, que não faz sentido quando alguns comentaristas políticos dizem que o governo Lula, aqui no Brasil, tem ministérios demais. Aqui, como em Israel, os ministérios são formas de acomodar as forças políticas que apóiam o governo.

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O PFL Vai Virar PD

Veja este post, no Blog do Mello, comentando a possível mudança no nome do PFL. Ótima!

http://blogdomello.blogspot.com/2007/02/o-pfl-quem-diria-vai-virar-pd.html

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"Rio Body Count"

Anos depois do Iraq Body Count, alguns voluntários lançaram o saite Rio Body Count, para contar os mortos e feridos pela violência no Rio de Janeiro. Quem sabe com este tipo de informação exposta assim, as autoridades em todos os níveis de governo se mexam para melhorar as condições de vida da Cidade Maravilhosa, e no estado com uma das mais belas costas do Brasil.


Via Blue Bus: http://www.bluebus.com.br/show.php?p=1&id=74491

Rio Body Count: http://www.riobodycount.com.br/