Férias 2008
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Porque política é um assunto muito chato mas é fundamental. Início: 06/04/2006.
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Jair Rattner e Edson Porto
De Lisboa e Londres para a BBC Brasil
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A coalizão que sustenta politicamente o governo Luiz Inácio Lula da Silva tem 14 partidos com representação no Congresso. Há ainda siglas nanicas, sem assento no Legislativo, que orbitam em torno da grande aliança de apoio ao segundo mandato do petista.
Na primeira etapa, de 2003 a 2006, Lula errou muito na articulação política. Viveu a sua pior crise (mensalão). Apesar dela, foi reeleito devido a realizações na economia e na área social.
No segundo governo, o presidente se rendeu à avaliação de que seria importante fazer uma composição com todas as facções do PMDB e não apenas com uma de suas alas. Avisou o PT de que o partido teria de ceder poder aos aliados.
Mesmo assim, na madrugada de 12 de dezembro de 2007, foi rejeitada a proposta de emenda constitucional que prorrogava a CPMF até 2011. Lula perdeu recursos que destinaria à saúde, a programas sociais e ao fechamento mais confortável das contas públicas. Formalmente, os partidos que apóiam o petista têm 53 dos 81 senadores.
Como foi possível ser derrotado com uma aliança desse tamanho?
Dá para listar uma série de razões. O Senado tem sido mais hostil a Lula do que a Câmara. A oposição enxergou uma oportunidade de derrotar um presidente com popularidade alta e que vive dizendo que se esforçará para eleger o sucessor em 2010. Senadores que deixaram o DEM para integrar partidos da base do governo não votaram a favor da CPMF devido ao medo de perderem os mandatos na Justiça para a antiga sigla.
Houve também insatisfação de aliados que receberam promessas de cargos e verbas _promessas que não foram cumpridas ao longo de 2007. Lula e seu articulador político, o ministro José Múcio (Relações Institucionais), começaram 2008 jurando resolver todas essas "pendências". E abriram o balcão de cargos e verbas de um jeito que não fizeram em 2007.
Alimentar o apetite fisiológico de 14 partidos é dose para leão. Alguns historiadores apontam erro de logística como uma das principais causas da derrota de Napoleão Bonaparte na campanha russa (1812). O grande general teve inédita dificuldade para manter, sobretudo durante o rigoroso inverno, um exército tão numeroso _entre 500 mil e 700 mil soldados, a depender da fonte histórica.
Na primeira reunião ministerial de 2008, na quarta-feira (24/01), Lula fez questão de fortalecer o articulador Múcio. Prometeu mundos e fundos aos aliados. Deu bronca em ministros. Ordenou atenção aos pleitos dos congressistas que apóiam o governo. Falou que a oposição já fazia "pré-disputa" da eleição de 2010. Reconheceu que a CPMF fora rejeitada por erro de articulação política. Pediu coesão à tropa para duelar com a oposição no Congresso e nas eleições deste ano e de 2010.
No presidencialismo meio parlamentarista que a Constituição de 1988 legou ao Brasil, tem sido duro para os seguidos governos combinar a necessidade de maioria no Congresso com limites éticos que evitem novas crises. No caso de Lula, não é diferente.
Sem maioria no Legislativo, ele contratará uma crise de governabilidade. Com fisiologismo escancarado, correrá risco parecido. O ideal é fornecer a logística sem deixar que ela vire a semente de novo escândalo de corrupção. Se encontrar essa fórmula, talvez ganhe um Nobel!
Texto de Kannedy Alencar, na Folha Online.
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LIUBLIANA - Stefan Salej, mais mineiro que esloveno, diz que seu coração bateu mais rápido no dia 20 de dezembro, a data em que caíram as fronteiras restantes na Europa, permitindo que um cidadão que parte de Lisboa de carro chegue a Oslo sem precisar apresentar uma única vez o passaporte, mesmo que atravesse os 24 países que já implementaram a abertura.
Quase 60 anos atrás, em 1949, o garoto Salej (pronuncia-se Salêi) foi preso com a mãe tentando ambos fugir do comunismo na então Iugoslávia, depois de o pai ter sido preso. Nada mais natural, portanto, que a lembrança daqueles anos duros fizesse acelerar o coração desse esloveno que presidiu a Federação das Indústrias de Minas Gerais, o que o leva a considerar-se brasileiro ainda hoje, mesmo sendo assessor especial da chancelaria eslovena para a América Latina.
A vida deu muitas voltas também na Europa, o continente que, no século passado, foi o palco de duas guerras mundiais e o berço de totalitarismos como o comunismo e o nazismo.
Para a geração de Salej é, pois, toda uma epopéia poder passar para a Itália (ou Áustria, ou Hungria, três dos quatro vizinhos da Eslovênia) como se se tratasse de um passeio dominical à casa de amigos.
Para quem, como eu, da mesma geração, mas nascido e criado no Brasil, é motivo também de inveja.
Afinal, nos modestos quatro países que formam o Mercosul (fora os associados), que não tiveram guerras no século passado (pelo menos não entre si), é quase incompreensível que ainda haja controles fronteiriços que, à primeira dificuldade, podem se transformar em um tormento para ultrapassar.
Já não passou da hora de os latino-americanos gastarmos menos papel com retórica e passarmos ao que interessa de uma boa vez, que é a derrubada de fronteiras que só seguram cidadãos comuns, mas não armas, drogas e dinheiro sujo?
Texto de Clóvis Rossi, na Folha de São Paulo, de 30 de janeiro de 2008 (para assinantes).
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