sexta-feira, maio 04, 2007

Luis Inácio

Esta é meio velha, mas ficou reverberando na minha cabeça, por isso estou comentando.
O jornalista Elio Gaspari, na sua coluna de 28 de abril, se revolta com manifestações promovidas pela CUT e pela Força Sindical, que causaram transtornos nos transportes em algumas capitais na manhã do dia 23 anterior, uma segunda-feira. Ele reclama que as centrais sindicais testaram a sua força para, nas palavras dele, "emparedar as instituições", em nome de um protesto contra a "emenda 3", que foi vetada pelo presidente Lula, e que deve voltar agora ao Congresso para análise do veto.
O jornalista diz que o Legislativo deve ser respeitado e que a emenda foi aprovada por 64 senadores e 306 deputados.
A emenda 6 é aquela que tira de fiscais do Ministério do Trabalho e da Receita Federal poderes de desmascarar fraudes e acabar com contratos de trabalho que levam trabalhadores à situação análoga à de escravos.
O jornalista tem todo o direito de se manifestar contra o que ele julga uma coerção contra o Congresso. Mas numa democracia as centrais sindicais também têm o direito de fazer manifestações contra projetos de lei que achem injustos. Se estão atrapalhando o trânsito, e dificultando o acesso de trabalhadores ao local de trabalho, paciência. Se alguma autoridade quiser, provavelmente poderá processar os responsáveis pelas manifestações, ou as lideranças das centrais sindicais, e claro, agüentar as reclamações de quem se sentir atingido pela eventual repressão.
No jornal Correio do Povo de hoje, dia 3 de maio, há uma pequena nota, em que entidades empresariais se movimentam para derrubar o veto do presidente à emenda 3. Possivelmente não haja empresários em número suficiente para fazer manifestações para parar o trânsito em grandes capitais, mas eles estarão lá em Brasília fazendo "lobby" pelos seus interesses. Eles podem pressionar os congressistas de maneira muito mais sutil que os trabalhadores das centrais sindicais.
E o número de deputados, 306, me lembrou muito uma citação feita por um então candidato a presidente, que foi "sampleada" em uma música dos Paralamas do Sucesso, cujo nome, se não me engano era "Luís Inácio" (o nome da música), cujo refrão era este "sampler" com o candidato dizendo "são 300 picaretas com anel de doutor"...


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3 Comments:

Blogger Daniel Pearl Bezerra said...

“O jornalista Diogo Mainardi é um sujeito estranho. Vive reclamando dos processos que toma, inclusive de outros colegas, pelas barbarides que fala na televisão ou escreve na revista Veja.” Esse cara-de-pau Mainardi pensa que é dono do jornalismo no Brasil. Humildade e ética são ingredientes para um bom profissional. Já a “O Globo” reclama de CENSURA. Que moral tem O Globo para reclamar de uma suposta censura à mídia hoje se na época da Ditadura/64 que seqüestrou, torturou e assassinou milhares de brasileiros, o jornal foi conivente com a repressão? Segundo o jornalista Mino Carta, “o Brasil tem a pior mídia do mundo”. Sobre a Folha, ela nunca foi censurada, gosta de posar de democrata e transparente, e tenta esconder esse período macabro (64) que revela todo o seu caráter de classe e a sua postura direitista. Protegida pela ditadura, a Folha cresceu, e durante os oito anos de FHC, ela nada falou contra as suspeitas privatizações. Acesse DESABAFO: http://desabafopais.blogspot.com

2:52 PM  
Anonymous Anônimo said...

Zé, me corrige se eu estiver errada, não é manutenção da emenda 3? Bom, acho muito estranho um jornalista comentando a atitude da força sindical e CUT. Mais ainda quando este assunto vem sendo debatido com frequencia e ninguém está se "ligando", bem pensado Zé, publicar esta matéria. A pouco tempo políticos que já utilizaram greves como palanques eleitorais e aparelhos para os seus partidos estavam questionando a necessidade e o resultado da greve. Somente agora, estão percebendo que as greves atrapalham a vida da população, o que muito me espanta. Depois da ditadura movimentos e sindicatos ganharam o direito de se manifestar quando se sentem lesados de alguma maneira. O direito a greve é um direito, e a forma como ela é feita nunca foi problema, para quem utilizou as massas de manobras e os conhecidos "pelegos" para eleições. O jornalista Diogo Mainardi não foi o primeiro a se manifestar contra greves e formas de greves, e fica mais complicado ainda quando politicos que outra hora eram greveistas "ferrenhos" decidem questionar o "mau necessário" que eles praticamente inventaram

10:11 PM  
Blogger José Elesbán said...

Cara Letícia,
Não sei se entendi bem o teu comentário. O que posso dizer é que a greve é um recurso do trabalhador, e é um recurso extremo porque desgasta o relacionamento com o patrão, e deixa o trabalhador sob muita tensão.
O que houve no dia 23 de abril foram manifestações promovidas pela CUT e pela Força Sindical contra a emenda que impede fiscais de fiscalizar na prática. Estas manifestações atrapalharam a vida de muita gente, mas isto é do jogo, da democracia. É só lembrar o que acontece quando agricultores na França fazem manifestações para manter seus subsídios.
E o meu texto foi para criticar a maioria parlamentar que aprovou a tal emenda 3. Bem como o posicionamento super-legalista do Elio Gaspari. Não sei se fui claro a este respeito.
Agora realmente é estranho que o presidente Lula fale em regulamentar direito de greve, quando a Constituição já faz esta regulagem. E eu nunca vi alguma greve em UTI's hospitalares...
E aquela greve dos controladores foi um caso único até agora, que eu não imagino que possa se repetir.

Obrigado pela visita.

[]

1:28 AM  

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