segunda-feira, março 01, 2010

Os Jogos Olímpicos de Inverno e os malefícios da monopolização


Terminaram ontem os Jogos Olímpicos de Inverno, que foram realizados na cidade de Vancouver, no Canadá. Foram duas semanas em que pudemos acompanhar pela televisão uma série de atividades realizadas na neve, ou no gelo do inverno do hemisfério norte, enquanto aqui no Brasil, derretíamos de calor (no Rio de Janeiro, no período, foram registradas temperaturas acima de 40ºC, e sensação térmica ao redor de 50!).


Nós só pudemos acompanhar os Jogos Olímpicos de Inverno porque a TV Globo perdeu os direitos de transmissão dos Jogos Olímpicos de Verão de Londres, em 2012, para a TV Record. Como a transmissão dos Jogos de Inverno fazia parte do pacote, a Record também os transmitiu.


Os Jogos Olímpicos de Inverno se realizam desde a década de 1920, e desde 1994 (em Lillehammer, Noruega) não ocorrem mais no mesmo ano dos Jogos Olímpicos de Verão. O Brasil envia delegação aos Jogos Olímpicos de Inverno desde 1992 (Albertville, França). Por enquanto, nossos atletas estão fazendo figuração, não tendo trazido nenhuma medalha dos Jogos de Inverno, o que faz algum sentido, uma vez que, como diz a canção de Jorge Ben, somos um país tropical. A neve que eventualmente cai em algum rincão isolado do sul do país não chega a se acumular, e ser suficiente para a prática das modalidades esportivas que tivemos oportunidade de assistir. Mas há atletas esforçados que se dirigem à Argentina e ao Chile, ou mesmo que se radicam em países frios do hemisfério norte, para a prática de esportes de inverno. E sobre países tropicais e Jogos Olímpicos de Inverno, quem não assistiu àquele simpático filme da Disney, “Jamaica Abaixo de Zero” (“Cool Runnings”, 1993)? O filme foi sobre a participação da heróica delegação jamaicana nos Jogos de 1988, em Calgary, no Canadá. Nestes Jogos de 2010, a cerimônia de abertura testemunhou a participação de delegações do Brasil, Peru, Colômbia, Portugal, México, e África do Sul, entre outros. E, claro, da Jamaica.


O fato de nossos atletas não serem competitivos o suficiente para trazerem medalhas não nos impede de apreciarmos os jogos. Muita gente gosta de assistir, por exemplo, à competição de patinação artística, mesmo sem ter um atleta em especial para torcer. Meu filho gosta de assistir jogos de hóquei no gelo, tanto pela rapidez das jogadas, quanto pela violência admitida nos jogos. E as descidas de esqui pelas montanhas são bem impressionantes.


Mas tudo isso estaria fora de nosso alcance se a TV Globo tivesse mantido seus direitos de transmissão. A TV Globo já foi praticamente um monopólio na televisão brasileira. Hoje sua parcela de mercado é menor, mas ela ainda age como se fosse um monopólio. No momento ela tem menos parcela de mercado do que tinha a vinte anos atrás, e a televisão aberta ocupa menor parcela relativa em nossos interesses. Sofre a competição da Internet e da televisão por assinatura entre outras coisas (DVD, videogame, …). E a TV Globo obviamente não teria interesse em transmitir os Jogos Olímpicos de Inverno, pois estes possivelmente lhe trariam menos audiência que os “produtos” que ela oferece em seu chamado horário nobre, que são as novelas e o Jornal Nacional. Assim tivemos transmissões pela TV Record, e pela sua subsidiária, a Record News. E pudemos acompanhar os Jogos de Inverno. Mas me pareceu que a melhor transmissão foi da SportTV, subsidiária da Rede Globo. Mas só para quem tivesse TV por assinatura.


Como este virtual monopólio foi quebrado, pudemos acompanhar os Jogos de Inverno. Para quem gosta, foram muito bons.


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