quarta-feira, julho 23, 2008

Governo canadense se recusa a solicitar repatriação de Khadr

DA REDAÇÃO

O Canadá, ao contrário dos outros países ocidentais que tiveram cidadãos detidos na base de Guantánamo, recusou-se a pedir a repatriação de Omar Khadr. A divulgação do vídeo não mudou a posição do país: Khadr está "em um processo legal que deve prosseguir", disse a porta-voz da Chancelaria canadense, reiterando declaração feita na semana passada pelo premiê Stephen Harper, conservador próximo aos EUA.
Ao tornar públicas imagens do interrogatório, a defesa busca comover a opinião pública canadense e pressionar o governo a interceder pelo rapaz, último ocidental remanescente em Guantánamo. "O que vemos no vídeo é um adolescente implorando por ajuda [aos agentes canadenses] e um interrogatório que viola as leis americanas e internacionais sobre os direitos das crianças", diz Well Dixon, advogado do Centro de Direitos Constitucionais, que representa dezenas de prisioneiros de Guantánamo.
"Criança-soldado" na definição da Anistia Internacional, Khadr foi capturado aos 15 anos, em 2002. "Os EUA violaram os padrões internacionais ao negarem-se a reconhecer o status de menor de Omar Khadr e a tratá-lo de acordo", diz comunicado da ONG, que pede sua repatriação imediata.
Nenhum tribunal processa criança por crimes de guerra, diz a Anistia Internacional, ressaltando que o recrutamento de Khadr para a resistência foi em si um abuso humanitário, segundo as diretrizes estabelecidas nos Princípios de Paris sobre crianças associadas a Exércitos ou grupos armados, subscrito por 66 países.
A Unicef teme que o processo contra Omar Khadr possa estabelecer "um precedente perigoso para a proteção das centenas de milhares de crianças que, contra sua vontade, se vêem envolvidas em conflitos em todo o mundo".
A defesa afirma que o rapaz foi coagido pelo pai a participar da insurgência. O envolvimento de parentes de Khadr com fundamentalistas é bastante conhecido: o pai, morto em 2003, era suspeito de financiar a Al Qaeda, e três de seus irmãos foram acusados de conspiração e terrorismo.
Em Toronto, a irmã Zaynad Khadr está pessimista. Ela conta que outro irmão, Abulallah, também foi interrogado por canadenses após ser torturado no Paquistão. "Ele ainda está preso. Não posso esperar que seja diferente em Guantánamo."


Com agências internacionais

Marcadores: , , , ,