quinta-feira, maio 29, 2008

Repressão a cristãos na Argélia

Rodrigo Coelho
Da BBC Brasil no Cairo

Argélia: Cristãos convertidos são julgados por pregar religião não-islâmica

Seis cristãos convertidos do islamismo podem ser condenados a até dois anos de prisão e a pagar multas de cerca de US$ 8 mil na Argélia, depois de serem acusados de pregar uma religião não-islâmica sem a aprovação do governo.

Os homens, protestantes, são acusados de distribuir material religioso considerado ilegal. O veredicto deve ser anunciado na próxima terça-feira, dia 3 de junho.

Em um caso paralelo, uma mulher, Habiba Kouider, foi processada por ter sido pega portando exemplares da Bíblia, na cidade de Tiaret, a cerca de 400 km da capital Argel.

Ela é acusada de pregar uma religião sem autorização e pode ser condenada a até três anos de cadeia. Kouider nega a acusação.

Exemplo

Alguns jornais argelinos afirmam que o caso de Kouider seria um exemplo de desrespeito à liberdade de consciência, direito garantido pela Constituição do país, que permite, pelo menos no papel, a prática de outras religiões.

Desde 2006, entretanto, as leis argelinas determinam que congregações não-islâmicas e líderes de outras religiões precisam obter licença do governo para poder pregar suas crenças.

Os advogados das vítimas estão sendo pagos pela organização não-governamental American International Christian Concern.

A porta-voz para a África da organização, Darara Gubo, disse à BBC Brasil acreditar que atualmente existe um movimento crescente de repressão à conversão ao cristianismo em vários países muçulmanos.

“Em diversas nações islâmicas os cristãos estão sendo processados quando usam sua liberdade religiosa e evangelizam muçulmanos. Isso acontece na Argélia, Irã, Arábia Saudita, Jordânia e muitos outros países”, disse ela.

Gubo afirma que a repressão aumentou na Argélia após a exibição de um documentário que mostrava um aumento do número de cristãos no país.

“Isso (o documentário) gerou muita pressão de outros países do Oriente Médio e da África. Eles consideraram vergonhoso que os muçulmanos estivessem se convertendo.”

O governo da Argélia afirma que existem cerca de 11 mil cristãos no país, cuja população é de cerca de 33 milhões. Grupos religiosos cristãos afirmam que o número de fiéis é bem maior.

Da BBC Brasil.

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2 Comments:

Blogger Carlos Eduardo da Maia said...

A história se repete. Agressões étnicas ocorrem em partes medievais do mundo. Em Angola e Moçambique as vítimas são os brancos, mas isso a grande mídia não fala nada. No Afeganistão os hazaras; em Ruanda, os Hutus e os Tutsis, depende quem está no poder. Na guerra do Iraque entre sunitas e xiitas que continuam a se matar sob os olhares dos soldados americanos. E assim caminha a humanidade....

5:20 PM  
Blogger José Elesbán said...

Mas esta é uma perseguição eligiosa, não étnica. Os cristãos argelinos não são fenotipicamente diferentes dos muçulmanos.
Não estou certo que Angola e Moçambique sejam exemplos de perseguição atual de brancos. Já foram, na época das lutas de independência, mas agora, não sei não. O Mia Couto, por exemplo, é branco.
A questão do Afeganistão eu não conheço.
E quanto a Ruanda, Burundi, ou Iraque, o que há é uma feroz luta pelo poder.

3:12 AM  

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