Do Observatório da Imprensa: Folha Comemora "Empate" entre Lula e FHC
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MÍDIA & POLÍTICA
Folha comemora "empate"
entre Lula e Fernando Henrique
Luiz Antonio Magalhães
A Folha de S. Paulo é mesmo um jornal engraçado: às vezes se esforça com denodo para esconder suas preferências políticas e mostrar "independência", especialmente em relação aos tucanos; outras vezes simplesmente rasga a fantasia e age como um jornal editado pela cúpula do PSDB. A edição de quinta-feira (1/3) é um exemplo acabado do segundo tipo de comportamento. A primeira página, reproduzida aqui, sintetiza os vários problemas que podem ser encontrados nas páginas internas.
Em primeiro lugar, o anti-lulismo do jornal fica escancarado na foto do presidente, de olhos fechados e com semblante preocupado, voltado para o gráfico que compara os números dos anos em que Fernando Henrique Cardoso governava o Brasil com os do primeiro mandato petista no governo federal. A manchete grita um absurdo lógico: o Produto Interno Bruto não é "de Lula" ou "de FHC", mas do Brasil. Os presidentes têm alguma margem de manobra para fazer a economia andar em ritmo mais ou menos acelerado, mas qualquer estudante de economia sabe que o crescimento de um país não depende apenas do desejo de seus líderes.
Ademais, a comemoração do "empate" da Folha é puro jogo de números e não reflete a realidade. Tal empate, conforme reconhece o jornal, refere-se à comparação da média da gestão Lula com a média do primeiro mandato de FHC, logo após o Plano Real e sob um dos mais reconhecidos erros de política monetária da história recente do Brasil - a paridade cambial de Gustavo Franco. Comparada à média dos oito anos de FHC com os quatro de Lula, o PIB brasileiro cresceu mais sob o governo petista (2,6% contra 2,3%). A manchete da Folha, portanto, não reflete a verdade dos fatos e é claramente favorável ao tucanato, tom que se repete nas páginas do caderno "Dinheiro", em que foi publicada a cobertura do resultado do PIB de 2006.
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