sábado, março 20, 2010

Sobre dirigir bêbado em Jerusalém

Sobre dirigir bêbado em Jerusalém


O título deste texto remete para artigo de Thomas Friedman, publicado no The New York Times, e reproduzido no Terra Magazine.


No tal artigo, Friedman comenta a recente humilhação imposta ao vice-presidente pelo governo de Israel, fala dos requisitos para que a paz entre Israel e os palestinos seja alcançada, e comenta que o atual primeiro-ministro Benyamin Netanyahu tem a possibilidade de entrar para a história, se tomar uma iniciativa no sentido de alcançar a paz com os palestinos e permitir a criação de um estado palestino, ou passar à história como, talvez, uma nota de rodapé.


Talvez Friedman não tenha notado, mas este governo de Israel não parece nem um pouco interessado em paz com os palestinos. E me parece que o tal ministro do interior de Israel que anunciou a construção de 1.600 casas para judeus em Jerusalém Oriental (Jerusalém Oriental deveria ser a parte de Jerusalém habitada majoritariamente por árabes) e seu partido, simplesmente acreditam que toda a antiga Palestina, da margem oriental do Mediterrâneo à margem ocidental do rio Jordão pertence a Israel, terra dada por Deus. Ponto. Assim, negociar o que com palestinos?


Então Israel se encaminha para tomar todas as terras da Palestina, e incorporar uma minoria de mais 2,5 milhões de palestinos ao seu estado. Ou talvez o pessoal do ministério do interior pense em deportar toda esta gente, uma nova limpeza étnica como a que resultou do final do conflito de independência em 1948. Aos 2,5 milhões de palestinos devem se somar os 1,6 milhão de árabes israelenses. Teríamos assim, uma minoria de 40% da população sem ascendência judia, num estado que deveria ser o lar do povo judeu. Esta minoria terá (tem) menos direitos que os judeus. Isto não deve acabar bem.


Ou bem Israel se transformará numa democracia para todos, perdendo seu caráter de “estado judeu”, ou se transformará em algo como era a África do Sul do apartheid. Ou algo como foi a Libéria, esta muito menos comentada. Ou seja, não deve acabar bem.


Israel tem um apoio incondicional dos Estados Unidos, devido em parte à importante comunidade judaica dos Estados Unidos; e também ao apoio ao Estado de Israel por parte da direita evangélica, que afinal vê o surgimento de Israel como desígnio divino e sinal de cumprimento de profecias contidas na Bíblia.


Talvez com tal apoio, o pessoal do ministério do interior de Israel acredite que não há nada que os possa deter, e que o destino de Israel é ser dono de toda a antiga Palestina mesmo. E que se o caldo engrossar, pode ser que o Messias venha e intervenha, e uma real teocracia venha a reger o mundo.


Mas nas atuais condições, os caminhos da má política de Israel não deve levar a um bom final.



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