segunda-feira, abril 27, 2009

Israel rejeita pressão dos EUA por Estado palestino

Israel rejeita pressão dos EUA por Estado palestino

Posição israelense foi detalhada a enviado da Casa Branca para Oriente Médio

Premiê Netanyahu diz a americano que palestinos devem reconhecer "caráter judaico" de Israel; chanceler defende "novas ideias"

DA REDAÇÃO

O novo governo israelense reiterou ontem ao enviado especial dos EUA para o Oriente Médio, George Mitchell, que é contra a solução de dois Estados e condicionou a retomada das conversas com os palestinos ao reconhecimento do "caráter judaico" de Israel.
Mitchell foi enviado a Jerusalém para pressionar o premiê Binyamin Netanyahu a aceitar a criação de um Estado palestino, norte das negociações desde os Acordos de Oslo (1993).
A resposta israelense evidenciou as divergências frontais entre Netanyahu e a Casa Branca de Barack Obama.
"Israel espera que os palestinos primeiro reconheçam Israel como um Estado judaico antes de dialogar sobre dois Estados para dois povos", disse Netanyahu a Mitchell.
A exigência é rejeitada pelos palestinos. Eles consideram que o reconhecimento equivaleria a abrir mão dos territórios anexados por Israel na Guerra dos Seis Dias, em 1967, e do direito de retorno de quatro milhões de palestinos.
Segundo diplomatas presentes no encontro, Netanyahu também disse a Mitchell que é contra um Estado palestino independente por causa do risco de o grupo radical Hamas expandir seu controle, hoje restrito a Gaza, à Cisjordânia.
O premiê qualificou de "erro" a retirada israelense da faixa de Gaza, em 2005.

Paz econômica
Netanyahu, que deve visitar Obama em maio, ainda não especificou publicamente sua posição sobre o conflito com os palestinos.
Mas, na campanha para as eleições legislativas israelenses, ocorridas em fevereiro, ele se declarou favorável a uma "paz econômica", com a criação de pequenas áreas comerciais palestinas.
Após a posse do novo governo, no mês passado, o chanceler de Netanyahu, o ultranacionalista Avigdor Liberman, desqualificou os acordos previamente assinados com a Autoridade Nacional Palestina (ANP).
Ontem Liberman disse a Mitchell que o processo de paz até agora não resultou em "nenhuma solução" e afirmou que seu governo está buscando "novas ideias" e uma "nova abordagem". O chanceler não deu detalhes sobre eventuais planos.
Mitchell deixou claro que o governo Obama continuará pressionando o governo do linha-dura Netanyahu.
"Os EUA favorecem uma solução de dois Estados, que supõe um Estado palestino vivendo em paz junto ao Estado de Israel. É um objetivo que seguiremos buscando com vigor nos próximos meses."
O emissário americano, que está em seu terceiro giro pelo Oriente Médio desde a posse de Obama, em janeiro, seguiu para a Cisjordânia, onde será recebido hoje pelo presidente da ANP, Mahmoud Abbas.


Com agências internacionais

O texto é da Folha de São Paulo, de 17 de abril de 2009.

Não tomar nenhuma iniciativa no “processo de paz” é a política do atual governo de Israel. Provavelmente, a seguir eles tentarão aumentar os assentamentos ilegais na Cisjordânia ocupada. Pegando terra e recursos naturais ali. Devagar e aos poucos para tentar fazer com que ninguém note. Depois vão querer criar cidades-estados, como os bantustões da África do Sul do apartheid, teremos Jeriquestão, Nablustão, Ramallastão, Belenstão, ...

Enquanto isso a bomba demográfica vai crescendo...Há 20% de árabes entre a população israelense (1,2 milhão na população total de 7,2 milhões). 400 mil palestinos na Faixa de Gaza, e 2,4 milhões na Cisjordânia. E o texto fala de outros 4 milhões de palestinos espalhados em campos de refugiados pelos países árabes, supostamente à espera do direito de retornar à sua pátria (tempos atrás o Brasil recebeu algumas famílias de refugiados palestinos que viviam no Iraque por três ou quatro gerações, desde que foram expulsos ou fugiram da Palestina na Guerra de 1948).

O atual governo de Israel afirma que os palestinos devem reconhecer o “caráter judaico” do estado de Israel. Se continuarem agindo no sentido de sufocarem as aspirações nacionais dos palestinos, logo o estado de Israel perderá seu “caráter judaico”. Foi por ter percebido isso que o pessoal que fundou o partido Kadima, abandonou o Likud.


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