O crescente poder do exército mexicano El País
O crescente poder do exército mexicano
Pablo Ordaz
No México
Até aqui o que se vê é a primeira linha de fogo. Mas o exército também está tendo um papel principal em outros âmbitos ainda mais delicados. Diante das eleições de julho, os partidos estão polindo suas candidaturas. Uma das principais preocupações dos respectivos dirigentes é não colocar como candidato os personagens captados pelo narcotráfico. Vista a situação no México, não deve ser tarefa fácil separar o grão da palha.
Alguns dirigentes admitem em particular que nos casos de dúvida estão pedindo à Secretaria da Defesa que investigue o passado, as amizades e as propriedades dos possíveis candidatos. A situação é tão delicada que a deputada espanhola Elena Valenciano, em visita ao México na qualidade de secretária das Relações Internacionais do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE, no governo da Espanha), ouviu em algum de seus encontros com líderes políticos mexicanos: "Tememos que em algumas áreas o narcotráfico tente comprar os três candidatos para ter o poder local ganhe quem ganhar..." O exército patrulhando as ruas, o exército investigando os civis, o exército sabendo-se imprescindível...
A situação enche de orgulho os militares, mas também de preocupação. Eles sabem que o trabalho policial que estão executando por ordem do presidente da República se situa na borda da lei. Controles de estradas, detenção de civis, choques armados. Os chefes militares já pediram a Felipe Calderón uma blindagem jurídica que os ponha a salvo de possíveis denúncias. Ou, o que é o mesmo: mais poder. Por isso não são poucos os setores - sobretudo da esquerda - aos quais esta situação preocupa extremamente. Embora Calderón costume repetir que a mobilização militar terminará no mesmo dia em que deixe de ser necessária, há quem se pergunte: "E eles vão querer deixar de ter tanto destaque na vida do México; os militares vão querer voltar à vida aborrecida dos quartéis?"
Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves
Texto do El País, no UOL.
Marcadores: México, tráfico de drogas, violência
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