quinta-feira, março 26, 2009

Netanyahu convida Liberman a chefiar diplomacia israelense

Netanyahu convida líder radical a chefiar diplomacia

Decisão abre caminho para que Israel seja governado por coalizão de siglas direitistas contrárias à devolução de terras aos palestinos

DA REUTERS

Virtual novo premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, líder do partido direitista Likud, convidou ontem o dirigente do ultranacionalista Israel Beitenu, Avigdor Liberman, para ocupar o cargo de vice-premiê e chanceler. O Israel Beitenu ocuparia, além do Ministério das Relações Exteriores, quatro outras pastas, e se tornaria a segunda força da coalizão liderada por Netanyahu.
O convite, ainda sujeito a negociações partidárias, é fruto de um acordo firmado entre Netanyahu e Liberman que abre caminho para a formação de uma coalizão só com siglas de direita, contrárias a concessões territoriais aos palestinos e favoráveis à expansão dos assentamentos na Cisjordânia -na contramão do defendido pelos EUA, principal aliado de Israel.
A perspectiva de Liberman chefiar a diplomacia israelense causa preocupação nos meios diplomáticos. O chefe da política externa da União Europeia, Javier Solana, disse que só "trabalhará normalmente com um governo israelense disposto a continuar negociando uma solução de dois Estados". Solana se referia à ideia que norteia as negociações com os palestinos desde os Acordos de Oslo (1993) e é vista com ceticismo por Netanyahu.
Pelo pacto acordado ontem, os líderes do Likud e do Kadima(1) se comprometem a cumprir dois objetivos estratégicos com potencial explosivo: "derrubar o governo do Hamas na faixa de Gaza" e "fazer o máximo esforço, principalmente em relação à comunidade internacional, para impedir o armamento nuclear do Irã, enfatizando que um Irã nuclearizado, que representaria um perigo para Israel, é inaceitável".
A concessão de um alto cargo a Liberman mostra que o apoio do Israel Beitenu é crucial para que Netanyahu consolide a sua maioria parlamentar.
Nas eleições legislativas de 10 de fevereiro, o Likud obteve menos assentos do que o centrista Kadima, da atual chanceler Tzipi Livni (27 a 28 cadeiras). Mas, por ter promessas de apoio de 65 dos 120 membros do Parlamento unicameral, Netanyahu foi incumbido pelo presidente Shimon Peres de formar um governo.
Com os 15 votos do Israel Beitenu assegurados pelo pacto de ontem, Netanyahu agora tem até 3 de abril para selar o apoio de mais 19 parlamentares e ser oficializado como premiê, cargo que já ocupou (1996-99).
A opção de Netanyahu a um governo só da direita é montar uma coalizão que inclua Tzipi Livni, que até agora vem rejeitando seus acenos acusando-o de ser contrário à paz. Caso o Kadima de Livni aceite entrar no governo, a repartição das pastas seria revista e Liberman perderia os cargos de vice-premiê e chanceler.
O premiê interino, Ehud Olmert, tenta fechar antes de deixar o cargo um acordo com o Hamas para a libertação do cabo Gilad Shalit, sequestrado em 2006. Mas a última rodada de negociações fracassou ontem no Cairo. O grupo islâmico exige a libertação de 1.400 palestinos de prisões israelenses.


Com agências internacionais

Texto da Folha de São Paulo, de 17 de março de 2009.

1) 1) Pelo contexto, me parece que o texto queria dizer “os líderes do Likud e Israel Beitenu”.

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