Brasil e Rússia assinam acordos
Brasil compra 12 helicópteros russos de combate para a FAB
Contrato assinado por Lula e Medvedev é estimado entre US$ 250 mi e US$ 300 mi
Em reunião no Itamaraty, no Rio, presidentes firmam acordo para isentar turistas dos dois países de vistos para visitas de até 90 dias
RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO
O Brasil anunciou ontem a compra de 12 helicópteros de ataque e transporte de tropas Mi-35M para a Força Aérea Brasileira, durante o último dia da visita do presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, ao país.
O contrato, estimado entre US$ 250 milhões e US$ 300 milhões, prevê ainda o fornecimento de peças para as aeronaves. A FAB não falou sobre detalhes do contrato, que vinha sendo negociado há dois anos.
O Mi-35M é um dos mais modernos helicópteros do mundo, podendo transportar oito soldados, e deverá ser empregado na Amazônia -por sinal um dos teatros de operações do mesmo aparelho na vizinha Venezuela. Hoje o Brasil não tem helicópteros de ataque, improvisando armamentos em aparelhos de transporte.
Foi assinado também um protocolo de intenção de cooperação militar de amplo espectro, mas de pouca substância. De todo modo, é um passo para Moscou tentar reposicionar-se na disputa com a França pelo papel de parceiro estratégico do país no campo de defesa -embora o acordo a ser assinado com Paris na visita do presidente Nicolas Sarkozy em dezembro deverá ser bem mais detalhado e aprofundado.
Ele deverá incluir a compra de 50 helicópteros de transporte, de tecnologia menos avançada, da França. Eles seriam montados em Minas Gerais pela Helibrás, que é subsidiária da francesa Eurocopter.
A aquisição das aeronaves foi informada durante o encontro do presidente Lula com Medvedev, no Palácio do Itamaraty, no centro do Rio. O ministro da Defesa, Nelson Jobim, estava presente no encontro ontem.
A Agência Espacial Brasileira e a Agência Federal Espacial da Federação da Rússia firmaram programa de cooperação para usar e desenvolver o Sistema Global de Navegação por Satélite russo, o Glonass -que pretende ser uma alternativa ao consagrado GPS, controlado pelos Estados Unidos.
Pelo combinado no acordo, as partes não podem vender ou transferir a terceiros produtos de destinação militar ou informações obtidas nesse intercâmbio, sem autorização prévia, por escrito, da outra parte.
Outro fruto das reuniões dos presidentes do Brasil e da Rússia foi a isenção de vistos de curta duração para turistas brasileiros e russos. Nacionais dos dois países poderão entrar, sair e transitar pelo outro Estado por até 90 dias, a cada período de 180 dias, a partir da primeira entrada, sem visto.
A decisão vale apenas para as visitas de turismo; para exercer alguma atividade profissional, missionária, trabalho voluntário, estudo, estágio ou pesquisa, continua a ser necessário ter o visto correspondente.
O presidente do Brasil afirmou que o comércio com a Rússia deve ir além das commodities e incluir produtos de maior valor agregado. Lula citou as áreas de tecnologia e militar, e disse que o PAC oferece uma oportunidade de empregar a experiência russa em ferrovias e infra-estrutura, bem como a Rússia pode se beneficiar do know-how brasileiro em biocombustíveis.
Medvedev foi ontem para a Venezuela, onde navios russos chegaram para polêmicos exercícios conjuntos no Caribe, e depois segue para Cuba.
Colaborou a Sucursal de Brasília
Texto da Folha de São Paulo, de 27 de novembro de 2008.
Marcadores: armamentos, armas, Brasil, Rússia
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