quarta-feira, outubro 01, 2008

Unasul na Bolívia - II

Comissão da Unasul chega 2ª à Bolívia para investigar massacre

Morales diz que, graças a apoio do bloco, oposição o trata com mais respeito

ANDREA MURTA
DE NOVA YORK

O presidente boliviano Evo Morales anunciou ontem que receberá na próxima segunda-feira uma comissão da Unasul (União de Nações Sul-Americanas) para investigar o massacre no departamento de Pando, onde ao menos 15 de seus correligionários morreram após confronto com oposicionistas, no último dia 11.
"Estamos de braços abertos. É preciso esclarecer os atos genocidas em Pando", afirmou ele. Morales e os presidentes de Brasil, Colômbia, Chile, Argentina e Paraguai fizeram uma reunião informal da Unasul às margens da 63ª Assembléia Geral da ONU, em Nova York.
Ele disse ainda que há outra comissão da Unasul prevista, de apoio logístico a operações de abastecimento alimentar e energético, mas sem previsão para ser lançada.
A reunião de ontem deu prosseguimento à cúpula da Unasul realizada em Santiago na semana passada, na qual os presidentes ofereceram respaldo a Morales na crise com governadores de oposição em cinco departamentos do país.
"O mero apoio da Unasul e sua presença na Bolívia funcionam como um freio para a oposição", disse Morales. "Com a Unasul presente, os governadores me tratam muito melhor, começam até a me chamar de "senhor presidente"."
Ele afirmou estar confiante de que será alcançado um acordo hoje com a oposição.
A atuação da Unasul, formada há cinco meses, é vista como decisiva para o avanço do diálogo na Bolívia. Segundo a presidente do Chile, Michele Bachelet, que também preside interinamente o órgão, "a Unasul demonstrou que é um instrumento poderoso de integração e resolução de problemas".
Analistas americanos têm reservas. "O órgão só é útil enquanto os presidentes estiverem concordando uns com os outros. Foi importante na Bolívia, mas a longo prazo esse tema deveria ser levado à Organização dos Estados Americanos (OEA)", disse Peter Hakim, presidente do think-tank Inter American Dialogue.

Texto da Folha de São Paulo, de 25 de setembro de 2008.


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