Governadores recusam-se a submeter seu cargo ao referendo de Morales
Governadores recusam-se a submeter seu cargo ao referendo de Morales
Mandatários de quatro regiões desafiam a cartada do presidente boliviano
Jorge Marirrodriga
Em Tarija
Os governadores da "meia lua" boliviana - as quatro regiões que aprovaram de forma unilateral suas autonomias - não estão dispostos a aceitar o grande desafio convocado por Evo Morales para o próximo dia 10 de agosto na forma de um referendo revogatório. Reunidos na segunda-feira em Tarija, com o governador de Cochabamba, os líderes de Santa Cruz, Beni, Pando e Tarija colocaram em dúvida a participação de seus territórios na consulta sobre a qual se ampara Morales, para demonstrar que continua tendo o apoio das urnas e tem legitimidade para levar a cabo a profunda reforma institucional proposta na nova Constituição, ainda não ratificada.
Morales respondeu fazendo um apelo às bases do Movimento ao Socialismo (MaS) para que garantam a realização da votação em todo território nacional. O presidente boliviano até agora optou por aceitar o inevitável e não se opor, na prática, à realização dos quatro referendos consecutivos por autonomia, apesar de considerá-los ilegais e separatistas, já que o governo central é o único com legitimidade para convocar os cidadãos às urnas. Mas não pode permitir que a consulta crucial de agosto não seja realizada em mais da metade do território boliviano. Na prática, o novo desafio dos defensores da autonomia e a resposta do governo elevam em mais um grau a tensão entre duas visões do país totalmente contrárias e sem perspectivas até o momento, de que se chegue a um acordo.
Mandatários de quatro regiões desafiam a cartada do presidente boliviano
Jorge Marirrodriga
Em Tarija
Os governadores da "meia lua" boliviana - as quatro regiões que aprovaram de forma unilateral suas autonomias - não estão dispostos a aceitar o grande desafio convocado por Evo Morales para o próximo dia 10 de agosto na forma de um referendo revogatório. Reunidos na segunda-feira em Tarija, com o governador de Cochabamba, os líderes de Santa Cruz, Beni, Pando e Tarija colocaram em dúvida a participação de seus territórios na consulta sobre a qual se ampara Morales, para demonstrar que continua tendo o apoio das urnas e tem legitimidade para levar a cabo a profunda reforma institucional proposta na nova Constituição, ainda não ratificada.
Morales respondeu fazendo um apelo às bases do Movimento ao Socialismo (MaS) para que garantam a realização da votação em todo território nacional. O presidente boliviano até agora optou por aceitar o inevitável e não se opor, na prática, à realização dos quatro referendos consecutivos por autonomia, apesar de considerá-los ilegais e separatistas, já que o governo central é o único com legitimidade para convocar os cidadãos às urnas. Mas não pode permitir que a consulta crucial de agosto não seja realizada em mais da metade do território boliviano. Na prática, o novo desafio dos defensores da autonomia e a resposta do governo elevam em mais um grau a tensão entre duas visões do país totalmente contrárias e sem perspectivas até o momento, de que se chegue a um acordo.
As províncias rebeldes criaram um novo órgão: o Conselho Nacional de Defesa da Democracia e querem que Morales abra mão da consulta para firmar em troca um acordo de reconciliação nacional que reconheça os textos aprovados unilateralmente em seus respectivos territórios. O conselho de reuniu na segunda-feira em Tarija onde menos de 24 horas antes se aprovou por 80% um estatuto de autonomia embora com elevada abstenção, que oscila em torno dos 30%, segundo as autoridades locais e os 60%, defendidos pelo governo central. O presidente boliviano considera os governadores que formam o Conselho como representantes das oligarquias locais e ameaçou recorrer à "pressão social" contra eles. Pela primeira vez, desde que se desencadeou o conflito pela autonomia que tem marcado seu mandato, Morales joga com vantagem. Para ser derrotado,o presidente precisaria ter contra si uma quantidade de votos maior do que a que o elegeu. Dado que ele alcança 54% - uma das maiores percentagens jamais registradas - é improvável que venha a perder na consulta. Além disso, ele obrigou a participar do jogo os governadores das nove províncias do país, que deverão submeter-se ao veredicto popular em um referendo que promete ter participação maciça. "A votação foi pedida por pessoas que nada têm a ver com a minha administração", explicava o governador de Tarija, Mario Cossío, que também declarou "não ter medo" da convocação. De sua parte, Leopoldo Fernández, governador de Pando, disse que o referendo revogatório "não convém a ninguém porque não soluciona nada". Para o governo, essas alegações são um inequívoco sinal de medo de derrota, da parte dos governadores rebeldes. "Eles já sabem que perderão no dia 10 de agosto", ressaltou o vice-ministro da Justiça, Wilfredo Chávez.
Com uma vitória nas mãos, Morales terá luz verde para retomar a aprovação da controvertida Constituição acatada em dezembro passado no interior de um quartel e com a presença apenas dos deputados do Movimento ao Socialismo (MaS), o grupo do presidente. Para que entre em vigor, o texto - que consagra a revolução indigenista projetada por Morales - ainda precisa do apoio de um referendo popular e o mandatário quer chegar a essa outra consulta depois de uma vitória e não depois de uma série de votações que o desafiaram.
Tradução: Claudia Dall'Antonia
Com uma vitória nas mãos, Morales terá luz verde para retomar a aprovação da controvertida Constituição acatada em dezembro passado no interior de um quartel e com a presença apenas dos deputados do Movimento ao Socialismo (MaS), o grupo do presidente. Para que entre em vigor, o texto - que consagra a revolução indigenista projetada por Morales - ainda precisa do apoio de um referendo popular e o mandatário quer chegar a essa outra consulta depois de uma vitória e não depois de uma série de votações que o desafiaram.
Tradução: Claudia Dall'Antonia
Texto do El País, no UOL.
Marcadores: Bolívia, constituinte boliviana, Governo Evo, secessão boliviana
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