segunda-feira, maio 07, 2007

Mais Sarkozy

Sophie Delcenserie, advogada e professora universitária de 35 anos, está acostumada a votar nos ecologistas no primeiro turno, mas, no domingo 22, optou pela candidata socialista. Com 25,83% dos votos, Ségolène Royal, de 53 anos, disputará a Presidência no segundo turno, dia 6, contra o líder da conservadora União por um Movimento Popular (UMP), Nicolas Sarkozy, de 52 anos. Sarko, como é conhecido, obteve 31,11% dos votos. Uma recente pesquisa da TNS-Sofres prevê 51% dos votos para ele, no segundo turno, e 49% para Ségo.

“Foi um voto útil”, observa Sophie. “Em 2002, ao votar em partidos menores, no primeiro turno, acabamos deixando Jean-Marie Le Pen (o candidato da extrema-direita) passar ao segundo turno.” Ela toma mais um gole de café num bar do Cinquième Arrondissement, bairro central de Paris que abriga a Sorbonne e é habitado por uma classe média alta, intelectuais, professores universitários e alunos.

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Sentada em um bar em Montparnasse, Katia A., mãe solteira de 33 anos, diz que ainda não escolheu. “Estou desiludida. A França que vemos na superfície é o paraíso, mas o dia-a-dia é um inferno”, diz. Formada em filosofia, Katia está desempregada e recebe auxílio social do governo chamado de RMI (Revenue Minimum d’Insertion), de 500 euros mensais, mais 100 euros para cada uma das duas filhas. O apartamento de 30 metros quadrados é pago pelo governo. “O certo seria acabar com todas as ajudas e incentivar o trabalho, dar um pouco mais de flexibilidade à economia num contexto onde o Estado fornece educação e saúde gratuitas, como agora”, pondera. “Mas não acho emprego, e se eu fizer pesquisa ganharei uma ninharia.”

De fato, a França vai de mal a pior. Tem o crescimento mais lento da Europa, de 2%. O nível de desemprego é de 9%, e o de jovens de menos de 25 anos atinge 22%. Katia diz que talvez vote em Sarkozy. “Não gosto da pessoa, sei que ele não vai fazer nada, mas ao menos espero que ele crie um movimento, provavelmente negativo. Os filhos e netos de imigrantes que ele chamou de ‘escória’ em 2005 durante as manifestações nos subúrbios que varreram a França vão começar uma guerra civil. Infelizmente, é somente quando se destrói algo que se pode reconstruir”, reflete a desempregada. Sophie, a advogada, concorda: “Com Sarko teremos uma guerra civil. Eu jamais votaria nele”.

Os dois parágrafos acima são parte do texto que Gianni Carta escreveu na revista CartaCapital, da semana passada, edição nº 442. São algo mais sobre as eleições francesas, cujo segundo turno ocorreu neste domingo.

O texto original está aberto no sítio da revista CartaCapital.

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