Uma dose de otimismo na veia
UMA DOSE DE OTIMISMO NA VEIA
Saiu nos Estados Unidos um daqueles livros que confundem as controvérsias convencionais e colocam novas ideias, ou novas dúvidas, na cabeça das pessoas. É "O Otimista Racional" ("The Rational Optimist"), de Matt Ridley, um biólogo/ jornalista que já chefiou o escritório da revista "The Economist" em Washington.
Seu recado, parafraseando Joãozinho Trinta, seria o seguinte: intelectual gosta de fim do mundo, quem gosta de progresso é o trabalhador. Flerta-se com o pessimismo durante um esplêndido momento da espécie. Cadê o bug do milênio? E a gripe aviária? E o apocalipse da falta de alimentos? A bomba da superpopulação? O desastre da vez seria a catástrofe ambiental.
Ridley fez um coquetel de Adam Smith ("A Riqueza das Nações") com Charles Darwin ("A Origem das Espécies"), sustentando que o nosso macaco transformou-se no que é sobretudo pela capacidade de trocar coisas e serviços.
Luís 14 tinha 498 criados trabalhando na sua cozinha, mas uma dona de casa parisiense come melhor do que ele. Tomando como referência o ano de 1955, Ridley informa: a renda das pessoas triplicou, a pobreza absoluta caiu de 50% da humanidade para 18%, comem-se 30% mais calorias, a mortalidade infantil foi reduzida em dois terços e um cidadão do Botswana tem hoje a renda de um finlandês em 1955.
Transplantando-se as comparações de Ridley e tomando-se duas estatísticas vitais de Pindorama de hoje, coletadas no banco de dados da ONU, toma-se uma injeção de "otimismo racional". A expectativa de vida do brasileiro de hoje (73,5 anos) está no patamar sueco de 1960, acima do inglês (70,8), americano (70) e do suíço (71,7) da mesma época. A mortalidade infantil (23 crianças mortas para 1.000 nascidas vivas) equivale à de 1960 na Inglaterra (22) e é melhor que a da França e dos Estados Unidos (25) há 50 anos.
Trecho da coluna de Elio Gaspari, na Folha de São Paulo, de 29 de agosto de 2010.
Saiu nos Estados Unidos um daqueles livros que confundem as controvérsias convencionais e colocam novas ideias, ou novas dúvidas, na cabeça das pessoas. É "O Otimista Racional" ("The Rational Optimist"), de Matt Ridley, um biólogo/ jornalista que já chefiou o escritório da revista "The Economist" em Washington.
Seu recado, parafraseando Joãozinho Trinta, seria o seguinte: intelectual gosta de fim do mundo, quem gosta de progresso é o trabalhador. Flerta-se com o pessimismo durante um esplêndido momento da espécie. Cadê o bug do milênio? E a gripe aviária? E o apocalipse da falta de alimentos? A bomba da superpopulação? O desastre da vez seria a catástrofe ambiental.
Ridley fez um coquetel de Adam Smith ("A Riqueza das Nações") com Charles Darwin ("A Origem das Espécies"), sustentando que o nosso macaco transformou-se no que é sobretudo pela capacidade de trocar coisas e serviços.
Luís 14 tinha 498 criados trabalhando na sua cozinha, mas uma dona de casa parisiense come melhor do que ele. Tomando como referência o ano de 1955, Ridley informa: a renda das pessoas triplicou, a pobreza absoluta caiu de 50% da humanidade para 18%, comem-se 30% mais calorias, a mortalidade infantil foi reduzida em dois terços e um cidadão do Botswana tem hoje a renda de um finlandês em 1955.
Transplantando-se as comparações de Ridley e tomando-se duas estatísticas vitais de Pindorama de hoje, coletadas no banco de dados da ONU, toma-se uma injeção de "otimismo racional". A expectativa de vida do brasileiro de hoje (73,5 anos) está no patamar sueco de 1960, acima do inglês (70,8), americano (70) e do suíço (71,7) da mesma época. A mortalidade infantil (23 crianças mortas para 1.000 nascidas vivas) equivale à de 1960 na Inglaterra (22) e é melhor que a da França e dos Estados Unidos (25) há 50 anos.
Trecho da coluna de Elio Gaspari, na Folha de São Paulo, de 29 de agosto de 2010.
Marcadores: Brasil, desenvolvimento humano, desenvolvimento social, Elio Gaspari
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