sexta-feira, julho 30, 2010

China se torna o maior consumidor de energia do mundo

China passa EUA e já é o maior país consumidor de energia

THAÍS MARZOLA ZARA
ESPECIAL PARA A FOLHA

Recentemente, os temores de uma desaceleração mais acentuada da economia chinesa fizeram-se sentir sobre os preços do petróleo.
E não é para menos: segundo a Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês), em 2009 a China ultrapassou os Estados Unidos no consumo (incluindo, numa medida equivalente em toneladas de petróleo, todo o consumo de petróleo, carvão, gás natural, energia nuclear e de fontes renováveis), tornando-se o maior país consumidor de energia do mundo.
No ano passado, a China consumiu energia equivalente a 2,252 bilhões de toneladas de óleo, enquanto os EUA consumiram 2,170 bilhões. Comparando o consumo de energia dos dois países nos últimos dez anos, verifica-se que, enquanto o norte-americano recuou 4,5%, o chinês aumentou impressionantes 103,4%.
É certo que os Estados Unidos passaram por um ano difícil; contudo, como as perspectivas são que a China continue a crescer num ritmo muito maior que o dos Estados Unidos, mesmo considerando alguma desaceleração, o quadro não deve voltar a se inverter.
Considerando-se apenas o petróleo, os Estados Unidos ainda continuam sendo o maior consumidor -de acordo com a British Petroleum, os norte-americanos consumiram 843 milhões de toneladas em 2009, contra apenas 405 milhões da China. Mas não é difícil prever que, em 10 ou 15 anos, a China alcance a primeira posição.

PAPEL DA CHINA
Assim, a matriz energética chinesa ganhará cada vez mais importância.
Uma alteração que privilegie carros movidos a energia elétrica ou etanol, por exemplo, teria grande impacto sobre a demanda mundial de energia (não só pela própria demanda chinesa como também, num impacto secundário, pela importância como fornecedor de manufaturados do país na economia mundial).
Não só isso; mesmo que mudanças reduzindo a participação do petróleo venham a ocorrer, a demanda pelo produto deve continuar pressionada pelo crescimento chinês nos próximos anos, já que se espera que ela mantenha um ritmo de crescimento elevado, ainda que inferior ao registrado na primeira década deste século.
A boa notícia para os brasileiros é que a demanda deverá continuar crescendo, justamente no período em que a produção de petróleo extraído da camada pré-sal deverá começar a ocorrer de forma mais intensa, lembrando que deve levar de cinco a dez anos para se iniciar a produção à plena capacidade.


THAÍS MARZOLA ZARA é economista-chefe da Rosenberg Consultores Associados e mestre em economia pela USP.

Internet: www.rosenberg.com.br

Publicado na Folha de São Paulo, de 28 de julho de 2010.


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