quinta-feira, maio 06, 2010

28/04/1965: Os Estados Unidos invadem a República Dominicana

Hoje na História: Tropas dos EUA invadem a República Dominicana

Numa ação para prevenir o que o presidente dos Estados Unidos Lyndon B. Johnson chamou de “implantação de uma ditadura comunista”, Washington decide invadir a República Dominicana em 28 de abril de 1965, enviando 22 mil soldados e pesado armamento para restaurar a ordem. A decisão de Johnson provocou ásperos protestos na América Latina e ceticismo em alguns setores dos EUA.

A instabilidade na República Dominicana teve início em 1961, quando o ditador Rafael Trujillo, que estava no poder há tempos, foi assassinado. Trujillo havia sido um tirano brutal, mas sua fanática postura anti-comunista ajudou-o a garantir o respaldo de Washington.

Sua morte levou à ascensão de um governo reformista chefiado por Juan Bosch, eleito presidente em 1962. A hierarquia militar dominicana, porém, abominava Bosch e suas políticas liberais. Bosch foi derrocado em 1963. O caos político decorrente dominou a cena no país quando vários grupos, inclusive o estamento militar em crescente cisão, lutavam acirradamente pelo poder.

Em 1965, forças populares que exigiam a reinstalação de Bosch no poder passaram a se manifestar nas ruas contra o governo controlado pelos militares. Enquanto isso, em Washington, temia-se por uma “outra Cuba”, supostamente em gestação naquele país. Com efeito, muitos funcionários do governo estadunidense, especialmente no Departamento de Estado e na CIA, suspeitavam que Fidel Castro estivesse por trás das manifestações populares.

Ação prática

Finalmente, em 28 de abril, mais de 22 mil fuzileiros navais, apoiados por forças militares cedidas por alguns dos Estados-membros da OEA (Organização dos Estados Americanos), entre eles o Brasil do regime ditatorial militar comandado então por Castello Branco, desembarcaram na República Dominicana. No curso das semanas que se seguiram, as tropas estrangeiras dominaram a situação e ajudaram a instalar um governo não militar, conservador, fortemente ligado aos EUA.

O presidente Johnson saiu a campo para declarar que foi obrigado a tomar aquelas medidas para evitar a instauração de outra “ditadura comunista” na região. Como evidência de suas acusações, tornou público relatórios que apontavam suspeitos de comunismo de vários ocupantes de cargos-chaves na República Dominicana. Até mesmo revisões superficiais da lista de pessoas revelaram que a evidência era extremamente frágil – algumas pessoas daquela lista haviam morrido há tempos e outras não poderiam ser acusadas de comunismo.

Críticas

Alguns governos latino-americanos e diversas organizações sociais condenaram a invasão, denunciando-a como um retorno à “diplomacia das canhoneiras” do começo do século 20, quando os ‘marines’ dos EUA, ao mais leve pretexto, invadiam e ocupavam nações latino-americanas.

Nos EUA, setores políticos liberais, céticos e desconfiados em relação à política de Washington no Vietnã, desdenharam das declarações de Johnson acerca do “perigo comunista” na República Dominicana. Tal crítica tornou-se cada vez mais frequente contra o governo Johnson à medida que os EUA se envolviam mais profundamente na Guerra do Vietnã.


Texto do Operamundi.

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