Polícia reprime trabalho de jornalistas estrangeiros na província de Sichuan
Polícia ataca jornalistas que tentam ouvir pais das vítimas de Sichuan
Autoridades querem impedir imprensa internacional de produzir reportagens na Província da China devastada por terremoto às vésperas de 1º seu aniversário
RAUL JUSTE LORES
DE PEQUIM
Policiais à paisana estão atacando jornalistas estrangeiros que tentam conversar com pais das vítimas do terremoto de Sichuan, que devastou a região central da China em maio do ano passado. O governo quer impedir reportagens com familiares de crianças que morreram quando as precárias escolas da região desabaram -seus pais são coagidos por autoridades a não darem entrevistas.
Prédios comerciais e escritórios do Partido Comunista ficaram em pé, enquanto as escolas foram ao chão. Há dezenas de denúncias de corrupção e má construção, mas a mídia chinesa ignora o caso desde junho.
Dez homens arrancaram e quebraram anteontem a câmera do jornalista Jamil Anderlini, do britânico "Financial Times", quando ele entrevistava os pais de uma criança que morreu no desmoronamento de sua escola. Ele se refugiou no carro, que foi seguido pela polícia até deixar a vila de Fuxin.
Não foi o único caso. Uma equipe de TV finlandesa foi cercada e coagida ao tentar registrar um protesto. O correspondente do "Irish Times" ficou detido em uma delegacia na vila de Juyuan por uma hora.
O Departamento de Propaganda do Partido Comunista em Sichuan acusou ontem jornalistas estrangeiros de querer "incitar rebelião" dos pais das vítimas. E negou que haja interferência ou agressão a correspondentes.
Cerca de 70 mil pessoas morreram no terremoto. O número de crianças mortas calculado por organizações independentes varia entre 7.000 e 9.000.
O governo chinês divulgou ontem pela primeira vez o número de vítimas infantis: 5.335.
Em outubro de 2008, o governo renovou a vigência de uma lei, aprovada no período pré-olímpico, que permitia a jornalistas estrangeiros visitarem qualquer região do país -com exceção do Tibete- sem permissão oficial. Mas a lei já está sendo desrespeitada pelo governo de Sichuan.
Em março, o governo provincial lançou medidas que exigem pedidos e autorizações regionais e locais para visitar a região e fazer entrevistas.
As regras se aplicam apenas aos jornalistas estrangeiros. A imprensa chinesa (estatal e privada) é controlada e censurada pelo governo e só noticia projetos positivos em Sichuan.
Notícia da Folha de São Paulo, de 8 de maio de 2009.
Marcadores: censura, China, liberdade de crença, liberdade de imprensa, violência policial
0 Comments:
Postar um comentário
<< Home