segunda-feira, maio 11, 2009

Educação, matérias e dinheiro

Educação, matérias e dinheiro

SÃO PAULO - Pode ser uma boa ideia trocar as 12 matérias curriculares do ensino médio por quatro áreas temáticas, conforme planeja o MEC, de acordo com a bela reportagem de Fábio Takahashi.
Mas pode ser também trocar seis por meia dúzia se o Brasil não tomar a decisão de investir mais em educação. Sei que há uma corrente importante que diz que o gasto social brasileiro é elevado. O problema seria o mau uso dos recursos empregados em, por exemplo, educação e saúde, os dois nós históricos do subdesenvolvimento.
Mas duas pesquisadoras resolveram comparar o gasto educacional do Brasil com o de três países mais bem colocados no exame Pisa, promovido pela OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico, clubão dos 30 países mais ricos do mundo, do qual o Brasil só não participa porque não quer).
As moças chamam-se Celia Lessa Kerstenetzky, professora da Faculdade de Economia da Universidade Federal Fluminense e diretora do Centro de Estudos sobre Desigualdade e Desenvolvimento, e Livia Vilas Boas, doutoranda em economia.
Conclusão: o Brasil precisa, sim, aumentar o gasto em educação mesmo na comparação com o Chile, o de pior desempenho no Pisa entre os três países usados para comparação. O Chile é o 40º colocado, ainda assim 14 posições acima da brasileira.
Para empatar com o Chile, o Brasil teria que dobrar o seu investimento na área, ou seja, gastar o equivalente a mais 5,6% de seu PIB (medida da produção de bens e serviços). Para se equiparar à Coreia do Sul, 11ª colocada, o acréscimo no gasto teria de ser de 12,2%. Nem vale a pena falar da Finlândia, campeã mundial de qualidade na educação, porque é covardia.
Resumo: ou fazemos uma revolução educacional ou continuaremos a passar vergonha.

Texto de Clóvis Rossi, na Folha de São Paulo, de 5 de maio de 2009.

Comentário rápido: vamos continuar passando vergonha. Pelo menos 5 governadores pleiteiam a inconstitucionalidade do piso nacional de R$ 950,00 para professores. Não consigo imaginar como melhorar a qualidade de nossa educação sem salários dignos para os professores (e R$ 950,00 não é um salário digno para um professor).

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