Os generais cripto-golpistas
Os generais cripto-golpistas
Notícia da Folha Online dá conta que o general-de-exército (e portanto o mais graduado oficial de carreira do exército) Paulo César de Castro, na cerimônia de sua passagem para a reserva resolveu enaltecer o golpe de 1964 e criticar a política de cotas implementada pelo Governo Federal.
O texto escrito por Mário Magalhães informa que o general utilizou-se de termo tais como "arautos da sarna marxista", ou que o inimigo "astuto e insidioso" segue em ação.
Além disso, declarou que foi admitido no Colégio Militar “em concurso, sem que jamais me tivesse sido exigida a cor da pele dos meus pais, avós e demais ascendentes ou me tivessem acenado para integrar qualquer tipo de cotas fossem elas quais fossem". Talvez o posicionamento claramente conservador do general explique a virtual inexistência de generais (ou almirantes, ou brigadeiros) negros, ou mulatos, entre as nossas forças armadas. Já faz cerca de 20 anos que um negro, o general Colin Powell se tornou comandante militar do exército americano. Quando será que fato semelhante acontecerá no Brasil?
O fato de um general que chama pessoas que pensam diferente dele de “sarna” ou “inimigo astuto e insidioso” ter sido até então chefe do Departamento de Educação e Cultura do Exército demonstra que em 2064 haverá militares, e, provavelmente algumas vivandeiras, celebrando a “revolução democrática de 1964”, com comandantes indo a missas de celebração do mesmo evento. O rompimento da legalidade constitucional, as cassações, os exílios, as torturas e os assassinatos continuarão a ser motivo de orgulho.
Em março o general Luiz Cesário Filho também, em sua cerimônia de passagem à reserva, exaltou o golpe.
Então parece que está assim: enquanto fazem carreira, os senhores generais ficam quietinhos, e fingem que obedecem a ordem civil e legal do país. Quando passam à reserva, exaltam o golpismo e denunciam o governo a que serviram como comunista, talvez “sarna marxista”. Tal comportamento me parece de covardes e/ou vira-casacas.
P.S. A notícia diz que “Castro foi ovacionado por centenas de pessoas, destacadamente oficiais da ativa, da reserva (podem ir a uma eventual guerra) e reformados (não podem).” Não detalha se por determinado trecho, ou pelo conjunto do discurso. Ou seja, o pessoal parece coeso. Vale repetir: em 2064 haverá militares, e, provavelmente algumas vivandeiras, celebrando a “revolução democrática de 1964”, com comandantes indo a missas de celebração do mesmo evento. O rompimento da legalidade constitucional, as cassações, os exílios, as torturas e os assassinatos continuarão a ser motivo de orgulho.
Marcadores: ditadura militar, Golpe de 1964, golpe de estado, golpismo, golpistas, jar, regime militar
1 Comments:
Um tema que merece uma análise mais aprofundada do que um simples comentário da minha parte. Vejo coisas nessas entrelinhas...
Mas, esse negócio de cotas já está extrapolando o bom-senso.
Chegará o dia, caso continue com essa voracidade, creio que oportunista e desmedida, em que o branco acará se tornando minoria...
Ou, demais minorias – que não vou nem citar aqui – vão também reivindicar o seu quinhão nesse festerê!!!
Abs, sucesso e bola pra gente.
Em tempo: estou aqui também: http://blogs.abril.com.br/andrewernner
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