terça-feira, maio 12, 2009

Os generais cripto-golpistas

Os generais cripto-golpistas


Notícia da Folha Online dá conta que o general-de-exército (e portanto o mais graduado oficial de carreira do exército) Paulo César de Castro, na cerimônia de sua passagem para a reserva resolveu enaltecer o golpe de 1964 e criticar a política de cotas implementada pelo Governo Federal.


O texto escrito por Mário Magalhães informa que o general utilizou-se de termo tais como "arautos da sarna marxista", ou que o inimigo "astuto e insidioso" segue em ação.


Além disso, declarou que foi admitido no Colégio Militar “em concurso, sem que jamais me tivesse sido exigida a cor da pele dos meus pais, avós e demais ascendentes ou me tivessem acenado para integrar qualquer tipo de cotas fossem elas quais fossem". Talvez o posicionamento claramente conservador do general explique a virtual inexistência de generais (ou almirantes, ou brigadeiros) negros, ou mulatos, entre as nossas forças armadas. Já faz cerca de 20 anos que um negro, o general Colin Powell se tornou comandante militar do exército americano. Quando será que fato semelhante acontecerá no Brasil?


O fato de um general que chama pessoas que pensam diferente dele de “sarna” ou “inimigo astuto e insidioso” ter sido até então chefe do Departamento de Educação e Cultura do Exército demonstra que em 2064 haverá militares, e, provavelmente algumas vivandeiras, celebrando a “revolução democrática de 1964”, com comandantes indo a missas de celebração do mesmo evento. O rompimento da legalidade constitucional, as cassações, os exílios, as torturas e os assassinatos continuarão a ser motivo de orgulho.


Em março o general Luiz Cesário Filho também, em sua cerimônia de passagem à reserva, exaltou o golpe.


Então parece que está assim: enquanto fazem carreira, os senhores generais ficam quietinhos, e fingem que obedecem a ordem civil e legal do país. Quando passam à reserva, exaltam o golpismo e denunciam o governo a que serviram como comunista, talvez “sarna marxista”. Tal comportamento me parece de covardes e/ou vira-casacas.


P.S. A notícia diz que “Castro foi ovacionado por centenas de pessoas, destacadamente oficiais da ativa, da reserva (podem ir a uma eventual guerra) e reformados (não podem).” Não detalha se por determinado trecho, ou pelo conjunto do discurso. Ou seja, o pessoal parece coeso. Vale repetir: em 2064 haverá militares, e, provavelmente algumas vivandeiras, celebrando a “revolução democrática de 1964”, com comandantes indo a missas de celebração do mesmo evento. O rompimento da legalidade constitucional, as cassações, os exílios, as torturas e os assassinatos continuarão a ser motivo de orgulho.

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1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Um tema que merece uma análise mais aprofundada do que um simples comentário da minha parte. Vejo coisas nessas entrelinhas...
Mas, esse negócio de cotas já está extrapolando o bom-senso.
Chegará o dia, caso continue com essa voracidade, creio que oportunista e desmedida, em que o branco acará se tornando minoria...
Ou, demais minorias – que não vou nem citar aqui – vão também reivindicar o seu quinhão nesse festerê!!!
Abs, sucesso e bola pra gente.

Em tempo: estou aqui também: http://blogs.abril.com.br/andrewernner

9:43 PM  

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