sexta-feira, janeiro 16, 2009

Obama terá de reduzir danos causados por Bush aos direitos humanos, aponta Human Rights Watch

Após oito anos de negligência do governo de George W. Bush em relação aos direitos humanos, os Estados Unidos poderão se redimir se Barack Obama colocar o assunto como prioridade, afirma a ONG Human Rights Watch em seu Relatório Mundial, divulgado nesta quarta-feira.

Segundo escreveu o diretor da Human Rights Watch, Kenneth Roth, na introdução ao documento, a decisão de Bush de combater o terrorismo usando a tortura, a detenção sem julgamento e sem se preocupar com os direitos humanos fez com que os esforços diplomáticos na área fossem transferidos para outros países.

"Argélia, Egito e Paquistão, com a ajuda da China e da Rússia, vêm conduzindo a diplomacia na área dos direitos humanos de forma mais enérgica. O problema é que esses países estão tomando a direção errada", afirma Roth no documento. "Eles dizem que seus governos podem tomar qualquer atitude pelo povo e se escondem sob os princípios de soberania, não-interferência e solidariedade ao Sul, mas o real objetivo é combater as críticas sobre seus abusos e de seus aliados", completa.

Se a postura de Bush era "música para os ouvidos dos governos da China, Rússia e Índia", a administração Obama terá de abandonar a política de hiper-soberania. Para a Human Rights Watch, o novo governo, que tomará posse no próximo dia 20, precisará "desfazer o enorme dano causado por Bush e restaurar a reputação e a efetividade dos Estados Unidos como defensor dos direitos humanos".

A ONG dá algumas sugestões a Obama, como fechar centros secretos de detenção da CIA, proibir interrogatórios coercivos e fechar a prisão de Guantánamo, entre outras.

Na terça-feira, o jornal "The New York Times" informou que Barack Obama planeja ordenar o fechamento da prisão de Guantánamo em seu primeiro dia de governo.

União Europeia
A União Europeia (UE) também é criticada no relatório da Human Rights Watch. Segundo a ONG, a UE fez um mau trabalho em Mianmar, Somália e na República Democrática do Congo.

Além disso, a UE também falhou, segundo a Human Rights Watch, ao diminuir as sanções no Uzbequistão, ao ser permissiva com o presidente do Sudão, Omar al-Bashir, e ao melhorar as relações com Belarus, o único país da Europa a ter uma ditadura.

A Human Rights Watch também critica a ação dos países ocidentais na Arábia Saudita, na Líbia e na faixa de Gaza. Quanto à questão palestina, a ONG diz que Israel bloqueou a importação de combustível, comida, remédios e suprimentos básicos à Gaza, punindo a população civil pelos ataques feitos pelo Hamas.

América Latina
Os governos de Argentina, Chile, Costa Rica e Uruguai são citados pela Human Rights Watch como bons exemplos de países latino-americanos que apoiam iniciativas pelos direitos humanos.

O México também recebe elogios pelo papel importante no Conselho de Direitos Humanos na Assembleia Geral da ONU. Entretanto, o país é criticado por falhar no combate ao tráfico de drogas e à violência gerada pelas quadrilhas.

Botsuana, Gana, Libéria e Zâmbia, na África, e Japão e Coréia do Sul, na Ásia, também receberam elogios da ONG. No entanto, o documento frisa que é papel das principais democracias ocidentais apoiar os países que exercem menor peso nas resoluções internacionais sobre direitos humanos.

Brasil
O Brasil também foi duramente criticado. A ONG apontou problemas sérios de violência policial, situação carcerária desumana, impunidade, tortura e trabalho forçado. Além disso, as populações indígena e sem-terra sofrem com a violência dos conflitos agrários.

As 564 páginas do Relatório Mundial da Human Rights Watch revisam a prática dos direitos humanos em mais de 90 países e reporta ataques a civis no Afeganistão, Colômbia, Congo, Geórgia, Israel, Palestina, Somália, Sri Lanka e Sudão. Critica também a repressão política em Mianmar, China, Cuba, Irã, Coréia do Norte, Arábia Saudita, Uzbequistão e Zimbábue, além de violações pontuais em diversos outros países.

Texto do UOL Notícias.

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