Teologia Neoliberal ou Teologia de Mercado
Curioso! Ontem, 11 de julho, após muito tempo pude assistir ao Jornal da Globo.
Quando o jornal resolveu noticiar a crise energética na Argentina, o apresentador, William Waack, resolveu culpar o Governo Kirchner e sua política de estatizações e regulamentações de mercado como culpados pela crise energética.
Programação de TV, como vi o Juca de Oliveira falar algum dia em uma entrevista, é o intervalo entre dois comerciais, inclusive o telejornal, para manter o espectador atento. E telejornais são ótimos para mostrar um acontecimento, mas muito ruins para tentar analisá-los, e péssimos para dar opinião. Parênteses: como eu digo e repito, eu gostava de ver os comentários do falecido Paulo Francis, pela erudição e humor dele, apesar de discordar francamente das posições políticas; parece que o Francis sempre tinha algo para dizer. Fechado o parênteses, voltemos ao Waack, foi muito marcante, numa reportagem de uns três minutos (não, eu não estava medindo; três minutos é chute), vir de bate-pronto com culpa do governo Kirchner por isto e aquilo.
Em favor de Kirchner podemos dizer que ele concordou em pagar mais pelo gás boliviano, mas a Bolívia se mostrou incapaz de entregar gás na quantidade necessária, e como aconteceu por aqui no governo FHC durante o apagão elétrico de 2001, as chuvas não vieram em volume suficiente para que as hidrelétricas argentinas trabalhassem com força total. Além disso, o governo Kirchner está comprando energia elétrica brasileira, e só não compra mais, porque não há linhas de transmissão em quantidade suficiente. Ou seja, há uma série de fatores que levaram à crise, que fatalmente desabará sobre o governo Kirchner. Mas sair dizendo simplesmente que é culpa da intervenção no mercado, faça-me o favor!
Marcadores: Argentina, grande mídia, media, midia, teologia de mercado, William Waack
2 Comments:
Só uma coisa em favor do Waack, a crise energética da Argentina tem sido anunciada e noticiada há meses. Lembro de ter lido algo (acho que no Clarin) em abril.
No texto o autor (obviamente liberal) chamava a atenção para o "efeito bumerangue" das estatizações nos setores de energia e telefonia, promovidas na Argentina e na Bolívia, que acabariam reduzindo a qualidade dos serviços e prejudicando a população.
O Clarín também tá alinhado?
Pois é. Estatizações e privatizações. O Kirchner disse que reestatizou a distribuição de água em Buenos Aires, porque a empresa privatizada no governo Menem estava sucateando o serviço.
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