quinta-feira, março 22, 2007

Editorial Correio do Povo, 21 de março de 2007.

O texto abaixo foi recebido via por correio eletrônico. O título da mensagem era "Editorial Correio do Povo". Quando o li, pensei com os meus botões "puxa vida!, Quem diria?". Tive que conferir. Eu assino o Correio do Povo, mas geralmente não leio os editoriais, até porque me parece que o jornal, pelo menos até agora, é muito ligado ao agronegócio.

Muitos blogueiros, simpáticos à esquerda, ou simplesmente contrários às notícias veiculas pela grande mídia, se juntaram no Coletivo Sivuca - O Sistema de Muvuca na Internet, justamente para combater o PUM, ou Pensamento Único da Mídia. A princípio, parece que o Correio do Povo, destoou do PUM.

Por outro lado, pode ser que apenas bancos estatais de fato dêem apoio ao agronegócio, e esta seja uma outra explicação possível.



Editorial - A RAZÃO DOS BANCOS PRIVADOS

Correio do Povo - ed. 21.03.2007

Defensores da privatização dos bancos públicos ressurgem, de tempos em tempos, querendo tirar a poeira da carcomida tese que o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial geraram e não conseguem impor nos países de onde emanam suas políticas. Nos Estados Unidos, há bancos públicos municipais. Na Alemanha, os bancos públicos são cooperativados. Há infindáveis exemplos de países cujos governos não abrem mão do poder decisório de estabelecer linhas de crédito específicas, sem entrar em choque com instituições privadas, que não surgiram nem estão vocacionadas para o mesmo fim.

Pode alguém hoje imaginar o desenvolvimento do país sem o Banco do Brasil? Ou aplicação de iniciativas sociais, sobretudo na área da habitação, sem a Caixa Econômica Federal? A mesma pergunta cabe em relação ao Banrisul, cuja atividade, desde 1928, tem impulsionado o crescimento do Rio Grande do Sul. Os setores da produção clamaram e o então governador Getúlio Vargas atendeu, criando o mecanismo de crédito rural e hipotecário. A partir daí, os ciclos de prosperidade tiveram no Banrisul a grande alavanca. Basta comparar o volume de créditos concedidos pelo nosso banco público com os privados em linhas emergenciais, diante de secas ou inundações, quando são dilatados prazos para o pagamento e praticados juros menores, além de incontáveis projetos nas áreas de saúde, educação e fomento industrial.

Os defensores da privatização se apegam ao argumento de quebras de bancos públicos. É de perguntar se o mesmo não ocorreu também com os privados em nosso país e no exterior? Esses fatos fizeram com que o controle se tornasse mais rígido, corrigindo distorções. O Banrisul, por exemplo, que se mantém sadio, tem fiscalização permanente do Tribunal de Contas do Estado, do Banco Central, da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), da auditoria interna, exercida por profissionais de carreira, cujo maior interesse é manter a integridade da instituição, mais a auditoria externa, escolhida conforme critérios reconhecidos internacionalmente. Não é pouco para vasculhar tudo.

Portanto, com resultados positivos que consecutivas gestões apresentam e a função insubstituível no Estado, a privatização do Banrisul só pode sensibilizar aos que se distanciam do interesse público.

O saite do Correio do Povo (para assinantes): http://www.correiodopovo.com.br .

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7 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Os Irmãos Metralha: tropas de choque revivem o integralismo e promovem o "Papa, ame-o ou deixe-o"



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Eu deixei expostas, neste espaço, por mais de 24 horas, as opiniões de leitores deste site sobre a avaliação que Reinaldo Azevedo fez de meu trabalho.

Deixei de molho, em exposição pública.

Respeito as opiniões dele. São resultado do pensamento de quem vê o mundo de outro ponto de observação - suponho que lá de cima, bem de frente para o buraco do Metrô.

Quem quiser tirar suas próprias conclusões pode andar pelos corredores deste site.

Vai ler sobre as investigações que fiz durante os governos de FHC e Lula, sobre o trabalho que levou o deputado Hildebrando Paschoal à cadeia e, mais recentemente, sobre o prêmio que recebi em 2006 pela melhor reportagem investigativa da TV brasileira - que, aliás, mereceu nota 10 da colunista de televisão de O Globo.

Vai conhecer detalhes das reportagens que fiz na União Soviética, no Iraque, na China, na Alemanha - em todo o mundo.

Cotejem isso com a qualidade argumentativa daqueles que vieram até aqui com a intenção de ofender: "bocó", "ratatulha", "petralha".



É a linguagem dos neonazistas da Alemanha, dos punks do Reino Unido - que me perdoem os punks pela comparação ofensiva.

Mas seria dar muito crédito atribuir a eles a organização dos nazistas.

Estão mais para os barnabés do integralismo.

Agem como uma tropa de choque.

Tenho muita janela para me deixar intimidar.

Mas temo pelos jornalistas mais jovens, que podem optar pela auto-censura para escapar da matilha.

Eles devem ser chamados pelo que são: extremistas, neofascistas, neointegralistas.

Acusam os movimentos sociais de "petralhas", mas se comportam como "metralhas".

É gente cega pela derrota eleitoral.

Democratas de ocasião.



Fazem parte do maior contingente de votos de cabresto remanescente no país.

Tem os "de fora" e os "de dentro".

Estes calam jornalistas com técnicas de censura muito mais insidiosas do que as usadas durante o regime militar.

Com os militares, ao menos, as coisas eram claras.

Agora, os censores são mais discretos, dissimulados, mas também contam com suas tropas de choque.

São hipócritas, tanto os "de dentro" quanto os "de fora".

Defendem as ações patrocinadas pelo governo americano - FARTAMENTE DOCUMENTADAS em vídeo e em papéis DO PRÓPRIO GOVERNO AMERICANO - contra Hugo Chávez, e inferem disso, com um maniqueísmo tosco, que quem denuncia a interferência golpista de um país na democracia alheia é antiamericano ou bolivariano.

Se os Estados Unidos fizessem o mesmo no Brasil, eles seriam pró-americanos?

Fazem da China o exemplo para o crescimento econômico do Brasil, mas sofrem de amnésia quando sonegam ao leitor/telespectador o fato de que a China é país de partido único, que censura a imprensa e a internet, que fuzila presos políticos e que tem 200 milhões de pessoas prontas para incorporar, quase de graça, à economia.

Com esses poderes, até o Reinaldo Azevedo seria capaz de fazer a China crescer 3%.



O que genuinamente me assusta não é a discordância em relação a meus pontos-de-vista.

É ver que os lulus dos tempos de FHC se converteram em pitbulls abusados.

O discurso tortuoso esconde desonestidade intelectual: focaliza nos detalhes A FAVOR, enquanto esconde os "inconvenientes".

Praga ou chaga?

Eu responderia: eurocentrismo, crença fanática na superioridade da Civilização judaico-cristã e um indisfarçavel desprezo pelo diferente.

A barbárie é atribuída a tudo o que não se encaixa na visão de um mundo parecida com um brinquedo de montar, mobiliado na IKEA.

Estado=podre
Privado=bom
Sindicato=atraso
Previdência Privada=show
Chávez=demônio
Bush=ruim no Iraque
Bush 2.0=aliado contra Chávez

É um pensamento que não admite nuances, porque as nuances complicam tudo, tornam mais difícil a tarefa de rotular e rotular é essencial para "ativar" a massa de hidrófobos.

O mesmo Papa, portanto, não pode ao mesmo tempo ser guardião das tradições mais preciosas - alguns diriam medievais - da Igreja Católica, defensor do canto gregoriano mas distante da América Latina, capaz de calar um padre "para dar exemplo" e irresponsável ao atacar as políticas públicas de distribuição de camisinha.

Viu como eles se merecem?

Tem em comum esse desejo de calar os outros, a qualquer custo.

E estão querendo inventar o Papa, ame-o ou deixe-o.

Vão se dar mal com o brasileiro comum.

Chaga ou praga, ele quer ser católico e se casar até "dar certo".

E o antiamericanismo, agora usado pelos irmãos metralha como suposta ofensa?

Sim, eu sou antiamericano se estamos falando especificamente do governo Bush, que boicotou o protocolo de Kyoto.

Sim, eu sou antiamericano se estamos falando especificamente de um governo que promoveu a invasão ilegal do Iraque.

Na lógica dos neointegralistas, ser contra a invasão do Iraque é ser a favor de Saddam Hussein.

Não há espaço para rejeitar o governo Bush e ao mesmo admirar o arcabouço institucional de uma democracia que foi um dia admirável, mas que em 2000 teve uma eleição de república bananeira, que prega o livre comércio mas bloqueia exportações brasileiras, que acusa a China de promover uma corrida armamentista ao mesmo tempo em que torra em armas mais que o orçamento militar conjunto das 30 mini-potências.

Um país que cobra da gente - corretamente - o descumprimento dos Direitos Humanos nas prisões, mas não aceita - incorretamente - discutir o fechamento de Guantânamo, onde presos são mantidos indefinidamente, sem acusação formal, sem a proteção das leis americanas.

Se dizer isso me faz antiamericano, sou antiamericano com orgulho.

Um "discurso polido" é só isso: um discurso polido.

Um discurso educado pode ser vazio.

Bom de forma, ruim de conteúdo.

Eu já vi esse filme, nos Estados Unidos.

Rupert Murdoch, montado em 9 canais via satélite, 100 canais via cabo, 175 jornais, 40 editoras, 40 emissoras de TV e um estúdio de cinema, fala para 3/4 da população mundial.

Em 1996, lançou a Fox News com o slogan de Jornalismo "justo e equilibrado".

Na direção, Roger Ailes, ex-integrante das campanhas eleitorais de Richard Nixon, Ronald Reagan e George Bush.

A emissora do Jornalismo "justo e equilibrado" promoveu o mais sofisticado ataque de propaganda já visto na História para promover a eleição de Bush filho, a invasão do Iraque e a reeleição de George W.

O leninismo dos gerentes de Jornalismo da Fox se fazia sentir nos mínimos detalhes da cobertura.

Palestino, por exemplo, sempre vinha acompanhado de "terrorista".

Mesmo que fosse vítima da demolição da casa da família.

Afinal, era "relative of a terror suspect".

Um consultor contratado, ex-agente da CIA, foi colocado na geladeira dois meses antes do vencimento do contrato por discordar, no ar, de um âncora cuja principal característica era dizer "shut up", cala a boca, para convidados que representavam "o outro lado".

E esse era o lado good cop da cobertura, porque ela veio acompanhada pela demonização de Jesse Jackson, Barbara Streisand, Harry Belafonte e do ator Martin Sheen - fazendo lembrar o tempo dos "dissidentes" da União Soviética.

Tudo de caso pensado. Jackson deveria ser desmoralizado para enfraquecer o voto dos negros nos democratas. Barbara Streisand por representar o voto judeu progressista. Belafonte e Sheen por se oporem abertamente à invasão do Iraque.

Temos casos parecidos aqui no Brasil, dentro e fora do contexto eleitoral. Fernando Gabeira foi o homem da tanguinha - vítima, neste caso, das patrulhas ideológicas da esquerda; a atriz Marília Pera, a filósofa Marilena Chauí e o jornalista Emir Sader foram vítimas mais recentes do banimento midiático.

O processo é exatamente o mesmo: primeiro desqüalifica, depois bane.

No Brasil, a diferença entre a opinião da mídia e o resultado da eleição mais recente deixou viúvas ensandecidas.

Nos Estados Unidos, foi possível medir o descompasso - no caso, entre emissoras - com pesquisas.

Quando se perguntou a telespectadores se os Estados Unidos tinham encontrado armas de destruição de massa no Iraque, 33% dos que assistiam a Fox disseram que sim, contra 11% dos telespectadores da rede pública, a PBS.

O mundo apoiou a ação americana?

Para 35% dos telespectadores da Fox, sim; no caso da PBS, só 5% concordaram.

O Iraque e a Alcáida agiram juntos nos ataques de 11 de setembro?

Dos telespectadores da PBS, só 16% disseram que sim. No caso da Fox, 67%.

O argumento do Reinaldo Azevedo é de que ele tem mais leitores do que eu.

Tem, mas comanda a versão cabocla da Fox, um estridente Geraldo Rivera tropical.

Os Estados Unidos podem ter uma PBS - uma rede nacional pública de tevê que tem independência editorial, apesar das pressões que sofreu.

O Brasil, aparentemente, não pode ter tevês públicas.

Porque elas são um cabide de empregos, porque ninguém vê.

Por quê não copiar o modelo americano, em que a iniciativa privada banca os custos da tevê pública?

Porque aí seria necessário inverter a lógica brasileira.

No Brasil o público banca o privado - o Proer e os juros estratosféricos que o digam.

Um leitor "metralha" sugeriu: eu deveria sair da TV Globo e buscar emprego na TVE.

Se for o caso, farei isso com o maior prazer.

Trabalhei no Jornal da Cidade de Bauru, no Jornal da República, na TV Globo de Bauru, na Rede Globo Oeste Paulista, na TV Globo de São Paulo, na TV Manchete, frilei para a Folha de S. Paulo e para a Rádio Jovem Pan, colaborei com a rede americana CNN e com a canadense CBC, trabalhei na Sports World (do Émerson Fittipaldi), no SBT e, mais recentemente, voltei à TV Globo.

Nunca fui cabeça de aluguel, nem fiz o serviço sujo para os outros.

Sei reconhecer falcatruas intelectuais, sofismas, hipocrisia, informação deturpada, fora de contexto, incompleta, sonegada, matérias censuradas e, principalmente, os tortuosos argumentos apresentados com ar de superioridade por jornalistas de gabinete, que nunca botaram o pé na rua.

São os gênios do que chamamos de "televisão escrita".

Testemunhei, nos Estados Unidos, a elevação de Deus a cabo eleitoral, a denúncia da injustiça das cotas raciais -como forma de semear a divisão e colher votos "brancos" no interior -, as denúncias do casamento gay para mobilizar os fundamentalistas cristãos e a promoção do criacionismo - em detrimento da teoria de Darwin - para solapar a separação entre Igreja e Estado.

Temas convenientes para encobrir a violência das gangues, o desemprego, o sistema de saúde falido e o ciclo de miséria enfim revelado pela força dos ventos do furacão Katrina.

Nossos feiticeiros da mídia têm muito o que aprender com Karl Rove, o "homem da machadinha" da Casa Branca, que tinha prazer quase sádico de organizar as campanhas do mar-de-lama tão caras aos neolacerdistas.

Isso se Rove escapar da prisão, agora que foi acusado de ter ajudado a promover a demissão de promotores "dissidentes".

Tudo a ver com os irmãos metralha.

[postado em 22 de março de 2007]

6:21 AM  
Blogger Jean Scharlau said...

É o canto do cisne do Correio.

4:22 PM  
Anonymous Anônimo said...

Poucos bagrões da politica foram tão picados pela môsca azul quanto o execrável e execrado Ciro Gomes que além de tudo me deve uma nota preta... por isso criei esse blog que te convido a conhecer...abs e sucesso

12:08 AM  
Blogger José Elesbán said...

Daniel,
Uma CPI da Mídia seria legal, mas há dois problemas: um, político gosta de aparecer na mídia. Recentemente vimos um político dizer com todas as letras que usou verba de gabinete para que fossem publicadas notícias favoráveis a ele em jornais de sua região. dois, muitos deputados e senadores são proprietários de rádios, tevês e jornais.

11:29 PM  
Blogger José Elesbán said...

Caro Jean,
Vamos aguardar um pouco. A Record começou pensando como Igreja, e depois passou a pensar como televisão de novo.
[]

11:35 PM  
Anonymous Anônimo said...

"É um pensamento que não admite nuances, porque as nuances complicam tudo, tornam mais difícil a tarefa de rotular e rotular é essencial para "ativar" a massa de hidrófobos."

Você escreveu todo esse texto, chamou todo mundo que discorda de você de neofascistas, extremistas, eurocêntricos etc. só porque querem privatizar um banco? E os outros é que têm um pensamento sem nuances? Escolha pela privatização de um banco torna alguém imediatamente fascista e integralista?

Amigão, se existe uma característica econômica do fascismo é a estatização, o Estado Total, pai de todos. Nisso o seu pensamento está muito mais próximo do fascismo.

Você se declara antiamericano em função da invasão ilegal do Iraque. Correto. Mas você deve ser também anti-MST, pois eles só invadem de forma ilegal, né? Mas imagino que não seja, pois ai o seu pensamento teria muitas nuances: ser esquerdista mas ser contra as invasões do MST...Vixe, nuances demais para uma cabeça.

Sugestão de leitura:
http://www.apostos.com/soaressilva/2008/12/toma_mais_sabedoria_antes_do_n.html

Um abração.

8:36 AM  
Blogger José Elesbán said...

Oops. Desculpe, mas não entendi. Dá pra desenhar?
:)

8:19 AM  

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