quinta-feira, março 25, 2010

Levantamento inédito revela 57 mil imóveis israelenses na Cisjordânia

Levantamento inédito revela 57 mil imóveis israelenses na Cisjordânia

Um levantamento inédito realizado por um instituto de pesquisa israelense revela que há pelo menos 57.309 imóveis de colonos ou do governo israelenses nos territórios palestinos ocupados na Cisjordânia.

São 32.711 apartamentos, 22.997 casas, 187 shopping centers, 127 sinagogas, 717 instalações industriais, 15 salões de festas, 344 jardins de infância e 211 escolas.

Cerca de 500 mil cidadãos israelenses moram em assentamentos nos territórios ocupados, 300 mil deles na Cisjordânia e 200 mil em Jerusalém Oriental, que não foi mapeada.

A pesquisa foi realizada pela instituto de economia política Macro, que usou imagens de satélite pra registrar todos os assentamentos.

Custos

De acordo com o instituto, o custo direto da construção dos assentamentos para o governo de Israel foi de cerca de US$ 17 bilhões – valor que não inclui os gastos com a segurança dos complexos.

De acordo com o diretor do instituto, Robi Nathanson, “a maioria dos assentamentos é atrativa para os israelenses por razões econômicas”.

Em entrevista ao site de noticias do jornal Yediot Ahronot, Nathanson afirmou que “os governos de Israel criaram condições confortáveis para a colonização na Cisjordânia”.

Nathanson explicou que os preços dos imóveis na Cisjordânia são “especialmente baixos”, e os colonos desfrutam de “vias de acesso confortáveis para as grandes cidades (de Israel) que lhes possibilitam trabalhar dentro das fronteiras do Estado de Israel”.

Um apartamento no grande bloco de assentamentos de Gush Etzion, a apenas 15 minutos de Jerusalém, pode custar menos de um quarto de preço de um apartamento semelhante na cidade.

A razão para o custo bem mais baixo dos imóveis nesses locais é o valor do terreno - que é considerado o componente mais caro no custo dos imóveis em Israel, pela alta densidade populacional.

Outra razão para o preço baixo são os amplos subsídios dados pelo governo israelense à construção na Cisjordânia, como parte de uma política de estímulo para que os cidadãos israelenses se mudem para lá.

As estradas asfaltadas que servem os colonos cobrem uma área de 1,02 milhão de metros quadrados.

Barreira

Os pesquisadores também afirmam que, desde 2004, o governo de Israel passou a dar preferência à construção de assentamentos que ficam do lado oeste da barreira israelense na Cisjordânia, de acordo com o plano, já manifestado desde o governo do ex-primeiro ministro Ariel Sharon, de anexar esses territórios a Israel.

Nos últimos seis anos, assentamentos do lado leste da barreira receberam menos investimentos por parte do governo, pois de acordo com a avaliação das lideranças israelenses, esses territórios provavelmente serão devolvidos aos palestinos quando houver um acordo de paz.

A barreira construída por Israel na Cisjordânia, formada por muros e cercas, tem um traçado que atravessa o território palestino, anexando, na prática, cerca de 15% das terras ao lado israelense.

De acordo com o governo israelense a barreira não foi construída para anexar terras mas sim por razões de segurança e para impedir a entrada de homens-bomba palestinos no território israelense.

O Conselho da Judeia e Samaria, principal organização que representa os colonos, acusou o instituto Macro de ser “um grupo de esquerda não-confiável”.

De acordo com porta-vozes do Macro, “trata-se de um instituto acadêmico, apolítico e independente”.


Esta notícia é da BBC Brasil.


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