A primeira década do século XXI
Véspera de Natal
HOJE É VÉSPERA de Natal.
Estamos também quase no final da primeira década do século 21. Um bom momento para refletir sobre o que ocorreu e o que pode vir a ocorrer, especialmente para o Brasil.
Se recuarmos dez anos, ao final de 1999, é surpreendente recordar o quanto as perspectivas pareciam otimistas: a Guerra Fria estava encerrada, a União Soviética havia entrado em colapso, a internet estava apagando triunfalmente as poucas fronteiras remanescentes. Os Estados Unidos eram a única superpotência.
No entanto, apenas três meses mais tarde, em março de 2000, a bolha da internet explodiu e trilhões de dólares em patrimônio foram destruídos. Em seguida, em 11 de setembro de 2001, as torres gêmeas do World Trade Center, um ícone do centro financeiro de Manhattan, foram atacadas por dois jatos de passageiros sequestrados.
Quando elas desabaram, ficou imediatamente evidente que um novo mundo, de vulnerabilidade muito maior, havia surgido, e que novos e ariscos inimigos haviam emergido, determinados a causar o máximo de danos, mesmo que isso lhes custasse a vida, e independentemente do número de vítimas.
Como consequência direta desses ataques, os EUA se envolveram em duas feias guerras. A década está se aproximando do final e os norte-americanos continuam a manter mais de 135 mil soldados estacionados no Iraque e, no ano que vem, o número de tropas presentes no Afeganistão superará a marca dos 100 mil.
A última década presenciou mudanças importantes na distribuição de poder e riqueza. A China hoje responde por 4 das 25 maiores empresas mundiais, ante zero uma década atrás. O Brasil, com a Petrobras, tem 1 das 25 maiores empresas do planeta. Em termos gerais, apenas 8 das 25 companhias que formavam o ranking em 1999 continuam nele agora.
O Brasil encerra a década bem posicionado para o futuro. A recessão mundial demorou mais a começar e acabou mais rápido no Brasil do que em outros países.
Uma gestão prudente da política fiscal, nascida de amargas experiências passadas, propiciou bons resultados quando a crise econômica eclodiu.
O Brasil continua a desenvolver novas parcerias no comércio mundial. O país sustenta uma economia vibrante e uma classe média em expansão. Sua posição como sede da Copa do Mundo de 2014 e da Olimpíada de 2016, no Rio de Janeiro, só faz reforçar a autoconfiança que o Brasil desenvolveu recentemente.
Na véspera do Natal de 2009, os brasileiros deveriam comemorar o fato de que tenham avançado tanto e de que um futuro promissor esteja ao seu alcance.
KENNETH MAXWELL escreve às quintas-feiras nesta coluna.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
Texto de Kenneth Maxwell, para a Folha de São Paulo, de 24 de dezembro de 2009.
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