terça-feira, junho 23, 2009

Moradores do Moinhos de Vento mobilizados contra destruição do patrimônio do bairro

Moradores do Moinhos de Vento, em Porto Alegre, denunciam que alterações propostas no Plano Diretor estão ameaçando um vasto patrimônio histórico, cultural e ambiental da cidade. “O bairro Moinhos de Vento, um dos mais tradicionais de Porto Alegre, vem passando por transformações que irão, certamente, afetar de forma adversa a sua fisionomia paisagística, histórica, cultural e ambiental, impondo implacável perda das valiosas qualidades materiais e imateriais, deste que é considerado um dos mais prezados conjuntos patrimoniais de nossa cidade”, diz a associação Moinhos Vive. Entre outras coisas, denunciam a política de destruição de antigos casarios e sua substituição por edifícios novos que desfiguram o bairro.

Na sexta-feira (19), Paulo Vencato e Raul Agostini, da associação de moradores do bairro, participaram de uma reunião com representantes da Secretaria Municipal de Cultura e da Secretaria de Planejamento, para discutir artigos e propostas que constam da revisão do Plano Diretor. A Secretaria Municipal do Meio Ambiente também foi convidada, mas não enviou representantes. Vencato e Agostini defenderam a necessidade de preservação da identidade cultural do bairro, ameaçada por projetos que destruiriam grande parte dos casarios e prédios históricos da região. Vencato citou um estudo feito na UniRitter sobre áreas de interesse cultural e o laudo assinado pelo arquiteto Carlos Fernando de Moura Delfin, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), afirmando que o bairro deveria seria tombado, pela sua peculiaridade.

A associação de moradores do Moinhos diz que já solicitou diversas audiências com o prefeito José Fogaça (PMDB) e com o vice José Fortunatti (PDT), todas sem sucesso. “Se a maior sumidade no assunto assina esse laudo e dez mil pessoas participam de um abaixo-assinado manifestando-se contra o que está sendo pleiteado e projetado para o bairro, não entendemos por que o poder público se nega a enxergar”, disse Vencato, cobrando da prefeitura a abertura de diálogo com a comunidade.

Professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Gino Gehling criticou a posição da presidente do Conselho Municipal do Patrimônio Histórico e Cultural, Rita Chang, que procurou desqualificar a pesquisa da Uniritte, por se tratar de um “trabalho acadêmico”. Além disso, criticou a postura do vereador João Antônio Dib (PP), presidente da Comissão, que teria agradecido a Rita Chang por ela “ter esclarecido a todos que o estudo da Uniritter é um trabalho acadêmico”. “Quer dizer então que o que produzimos na academia não tem valor?”, perguntou Márcio D’Ávila, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS).

O resumo da obra é bem conhecido: as construtoras salivam pelo potencial do bairro e querem “modernizá-lo” com novos edifícios. Para isso, contam com muitos aliados na prefeitura e na Câmara de Vereadores. A forma de evitar que isso que ocorra também é bem conhecida: só a mobilização dos moradores da área poderá barrar esse projeto que, aliás, já está em curso.

Texto do blog do Marco Weissheimer.

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