quarta-feira, março 04, 2009

Telefonia no Brasil está entre as mais caras

Telefonia no Brasil está entre as mais caras

País aparece entre os 40 últimos em ranking de comprometimento da renda com serviços fixo e móvel feito com 150 países

Na banda larga, Brasil ocupa o 77º lugar no ranking de preços; país cai para o 60º posto em índice que mede desenvolvimento no setor

MARCELO NINIO
DE GENEBRA

Os serviços de telefonia e internet no Brasil estão entre os mais caros no mundo, segundo um estudo que a ONU divulga hoje. No ranking de 150 países da UIT (União Internacional de Telecomunicações), o Brasil aparece entre os 40 em que o uso de telefones fixos e celulares consome a maior fatia da renda per capita.
O acesso à telefonia foi um dos critérios usados pela organização para elaborar o Índice de Desenvolvimento em Tecnologia de Informação e Comunicação, que avalia os avanços no setor entre 2002 e 2007. O Brasil caiu seis posições em relação ao índice anterior e agora ocupa o 60º lugar.
Tomando como referência o preço de um pacote básico, a UIT chegou à conclusão de que o uso do celular no Brasil é um dos mais caros, consumindo o equivalente a 7,5% da renda média per capita do país. Numa escala crescente de custo, o país ocupa a 114ª posição. A telefonia fixa morde uma fatia menor da renda do brasileiro (5,9%), mas também coloca o país entre os últimos, no 113º lugar.
Entre os mais baratos, empatam Hong Kong (China), Dinamarca e Cingapura, onde o uso do celular é responsável por só 0,1% da renda média. O contraste para o Brasil também é notável em relação a vizinhos como Argentina, onde a conta do celular é bem menor (2,5% da renda per capita).
A internet de banda larga, considerada pela UIT importante ferramenta para o desenvolvimento econômico, tem um preço elevado no Brasil. De acordo com o estudo, seu custo mensal equivale a 9,6% da renda média per capita brasileira.
Com isso, o Brasil fica em 77º lugar na escala de preços, posição intermediária no ranking de 150 países, mas abaixo dos demais membros do Bric, o grupo dos grandes emergentes: Rússia (37º), Índia (73º) e China (75º), onde o acesso à internet de banda larga custa proporcionalmente menos.
No índice geral de desenvolvimento, a UIT justifica a queda de seis posições do Brasil observando que houve pouco avanço nos três critérios utilizados: acesso, uso e capacidade.

Celular x fixo
O estudo da UIT registra verdadeira explosão no número de celulares no planeta, que no fim de 2008 atingiu a marca de 4 bilhões, mais de três vezes o de telefones fixos (1,3 bilhão).
"No mundo em desenvolvimento, os telefones celulares revolucionaram a telecomunicação e atingiram uma penetração de 61% no fim de 2008, contra quase zero, dez anos antes", afirma o relatório.
O Brasil é parte dessa revolução. Enquanto o número de linhas fixas caiu de 21,7 para 20,5 para cada cem brasileiros entre 2002 e 2007, o de celulares mais que triplicou no mesmo período, de 19,5 para 63,1.
No setor de internet, as cifras são mais modestas. De 2002 para 2007, o percentual de lares brasileiros com computador passou de 14,2% para 20,8%. O acesso à internet, que em 2002 estava em apenas 10,3% dos lares, em 2007 chegou a 15,4%.
O número ainda está longe dos do mundo desenvolvido, onde a média de lares conectados supera 70%. Ainda assim, no Bric, o Brasil só perde para a China, que pulou de 10,2% dos lares com computador em 2002 (5% com web) para 39,1% em 2007 (16,4% conectados).

Texto da Folha de São Paulo, de 2 de março de 2009.

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