segunda-feira, fevereiro 02, 2009

Atentado contra ex-ministro da defesa (agora oposicionista) na Venezuela

Dissidente chavista, ex-ministro é alvo de atentado na Venezuela

Carro de Baduel foi atacado; ataques contra atos oposicionistas se tornaram frequentes

FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS

O ex-ministro da Defesa e dissidente chavista Raúl Isaías Baduel foi atacado ontem por bombas de gás lacrimogêneo e teve o seu carro atingido por vários disparos enquanto participava de evento contra a proposta de reeleição presidencial indefinida, que será submetida a referendo em 15 de fevereiro.
O atentado ocorreu no campus da Universidade de Carabobo, na cidade de Valencia (160 km a oeste de Caracas). Baduel, que rompeu com o presidente Hugo Chávez em 2007, havia sido convidado ao campus pelo grêmio universitário. Ninguém ficou ferido.
À TV Globovisión, Baduel disse que não pode identificar os autores do ataque. Segundo ele, uma maleta com documentos pessoais e um talão de cheque foi roubada do veículo.
Nas últimas semanas, foram registrados ataques quase diários a eventos de estudantes oposicionistas contra a reeleição indefinida. Os ataques têm sido atribuídos a organizações paramilitares chavistas, como o grupo "La Piedrita", que assumiu a autoria de alguns ataques com bomba contra o que chamam de "alvos militares".
Chávez tem chamado os estudantes de "pitiyanquitos" e chegou a ordenar a polícia a "lançar gás do bom" contra manifestações não autorizadas pelo seu governo. O venezuelano, que na segunda-feira completará dez anos no poder, quer reformar a Constituição para concorrer novamente à Presidência no final de 2012.
Chávez também ordenou a vigilância de alguns campi universitários por militares. Em Caracas, por exemplo, a entrada da Universidade Central da Venezuela (UCV), a mais importante do país, está sob a vigilância de dezenas de homens da Guarda Nacional.
O ex-ministro da Educação Aristóbulo Istúriz, um dos principais nomes da campanha do "sim", acusou a CIA de estar por trás dos ataques. "É fácil fazer autoatentados, isso é um conhecido plano da CIA, preparam situações para jogar a culpa em alguém", afirmou ao jornal "Ultimas Notícias".
Pesquisa divulgada nesta semana pelo respeitado instituto Datanálisis mostra empate técnico entre o "sim" e o "não", com ligeira vantagem para a aprovação da emenda: 51,5% a favor da proposta de Chávez, e 48,1% contrários à reeleição indefinida. A margem de erro é de 2,7 pontos percentuais.

Texto da Folha de São Paulo, de 30 de janeiro de 2009.


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