segunda-feira, fevereiro 02, 2009

Blackwater proibida de continuar operando no Iraque

Iraque veta licença, e mercenários da Blackwater têm que deixar país

TIMOTHY WILLIAMS
DO "NEW YORK TIMES", EM BAGDÁ

A Blackwater Worldwide, empresa de segurança cujos guardas mataram 17 civis em uma movimentada rua de Bagdá em 2007, não receberá licença do governo iraquiano para operar no país. Com a decisão, os diplomatas americanos no Iraque, que usam seguranças particulares, terão de buscar outras formas de proteção. Não se sabe quando a Blackwater terá de deixar o Iraque, mas é provável que ela continue em operação até pelo menos o segundo trimestre, quando um comitê conjunto dos governos de Iraque e EUA deve apresentar propostas de regras para as empresas privadas que operam em território iraquiano, informaram as autoridades. Bagdá já havia tentado expulsar a Blackwater anteriormente, mas os funcionários americanos que trabalham no país e dependem dos seguranças pesadamente armados disseram não ter alternativa a manter o contrato com a empresa.
Ao contrário de muitas das demais firmas que prestam serviços de segurança no Iraque, a Blackwater vinha operando sem licença do governo iraquiano, embora tivesse solicitado uma recentemente. "Eles apresentaram seu pedido e nós o rejeitamos", disse Alaa al Taia, funcionário do Ministério do Interior iraquiano.
"Não há mais necessidade de renovar seu contrato porque nossas forças de segurança são capazes de realizar as missões que a empresa conduzia. O retrospecto dessa empresa tem muitas máculas, especificamente o envolvimento na morte de número tão alto de civis."
Uma funcionária da Embaixada dos EUA em Bagdá disse que a decisão estava sendo estudada. As empresas de segurança que operam no Iraque perderam sua imunidade contra processos em tribunais iraquianos em 31 de dezembro, como parte de um acordo assinado por EUA e Iraque para permitir a permanência das tropas americanas no país.
A questão da imunidade era prioridade para o governo iraquiano desde o 16 de setembro de 2007, quando seguranças da Blackwater que cruzavam a praça Nisoor, em Bagdá, em um comboio de veículos, abriram fogo contra civis, aparentemente por acreditarem que tinham sido alvo de tiros. No mês passado, cinco seguranças foram acusados de homicídio culposo nos EUA e alegam inocência. Outro segurança colabora com a acusação.
Anne Tyrrell, porta-voz da Blackwater, declarou ontem que a empresa ainda não foi notificada. "Se proceder, respeitaremos as leis do Iraque e seguiremos as instruções de nossos clientes no governo americano, para cumprirmos os contratos e as regras iraquianas." Mais tarde, o presidente da Blackwater, Gary Jackson, disse à Associated Press que, assim que a empresa receber ordem para deixar o Iraque, ela removerá seus cerca de mil empregados em 72 horas.


Tradução de PAULO MIGLIACCI


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