Colômbia II
DE CARACAS
Em meio ao movimento político para que Álvaro Uribe possa se candidatar a seu terceiro mandato consecutivo, uma ex-parlamentar admitiu que uma negociação com o governo a levou a mudar o seu voto para aprovar a emenda que permitiu a reeleição do presidente colombiano, em 2004.
Atualmente sem mandato e dizendo-se abandonada, Yidis Medina promete revelar sua versão por meio de um livro e de um vídeo gravado na época.
O apoio de Medina, na época integrante da Primeira Comissão do Congresso, foi considerado decisivo para que a reeleição fosse aprovada. Um levantamento da revista "Semana" mostrava que, a dois dias da votação, havia nessa comissão 16 a favor da proposta, outros 16 contra e 3 indecisos.
Medina estava no grupo de indecisos, mas havia se comprometido a votar contra a reeleição presidencial com um grupo de parlamentares.
No dia da votação, 4 de junho de 2004, porém, ela foi um dos 18 parlamentares que apoiaram a reeleição, aprovada por apenas dois votos de diferença -outro parlamentar, Teodolindo Avendaño, sumiu da sessão na hora de dar o seu voto.
A atuação de Avendaño e Medina criou polêmica na época, mas foi logo esquecida. Dois anos depois, Uribe conseguiu facilmente seu segundo mandato, com 62% dos votos.
O assunto só voltou à tona na semana passada, quando, em entrevista ao jornal "Espectador", Medina disse que os dois foram convencidos a atuar em favor da reeleição por altos funcionários do governo, mas que depois ela foi "bastante esquecida" pelo governo. "Nunca conheci alguém mais ingrato."
No fim de semana, o jornalista Daniel Coronell, da "Semana,", revelou que tem em seu poder um vídeo no qual Medina relata como mudou o seu voto. Na época, ela disse que só autorizaria sua publicação "se falharem comigo". Agora, a ex-congressista deu sinal verde.
Para o senador oposicionista Gustavo Petro, do esquerdista Pólo Democrático, o caso Medina revela que "negociações fisiológicas" foram determinantes para mudar a Constituição e permitir a reeleição. (FM)
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