quarta-feira, janeiro 02, 2008

Think Tanks e a Política Externa dos Estados Unidos

Como você muda o mundo? Bem, existem os caminhos óbvios, como tomar o poder, ser absurdamente rico ou trabalhar pesado por meio do processo eleitoral. E existem os atalhos, como o terrorismo ou formar um think tank.
Steve Waters


Minha amiga Tatiana Teixeira acaba de lançar o livro “Os Think Tanks e sua influência na política externa dos EUA” (Editora Revan). O texto recebeu o Prêmio Franklin Roosevelt 2007 da embaixada americana no Brasil como melhor dissertação de mestrado brasileira (defendida no program de Relações Internacionais da UFF) sobre Estados Unidos. Não é para menos: o excelente estudo da Tatiana examina de maneira brilhante a interlocução entre meio acadêmico, consultorias e a política externa americana, concentrando-se na ação dos neoconservadores no governo George W. Bush.

Os thinks tanks são instituições muito importantes em qualquer debate sobre políticas públicas nos Estados Unidos. Contudo, o termo não tem definição clara. Tatiana nos ensina que a expressão nasceu das salas onde se discutiam planos de guerra e foram utilizadas para denominar organizações que se dedicam à pesquisa, estudo e consultoria, visando a influenciar a opinião pública e os líderes políticos americanos. São cerca de 1.500, só nos Estados Unidos. Produzem análises e informações, realizam debates e procuram pautar a imprensa. Empregam acadêmicos, jornalistas, políticos que deixam o governo e funcionam como rede de contatos pessoais entre as elites de determinados setores políticos.

Os primeiros think tanks surgiram após a I Guerra Mundial e Tatiana conta a história de sua expansão, examinando os momentos principais de crescimento e transformação, como a Grande Depressão e os anos 1970. Ela ressalta o papel que as crises políticas tiveram nessas mudanças e mostra os diversos tipos de think tanks e sua vinculação com as principais correntes de opinião dos EUA – conservadores, liberais, centristas - tais como Council on Foreign Relations, Brookings Institution, RAND Corporation.

O governo Bush é um estudo de caso particularmente interessante pela grande influência desempenhada pelos think tanks dos neoconservadores, como Project for the New American Century, Heritage e American Enterprise Institute. Sua influência pode ser medida pelo discurso do presidente num jantar desta última organização: “Vocês fazem um trabalho tão bom que minha administração pegou emprestadas 20 destas mentes.” Na foto do post - Bush cumprimenta membros da organização.

Tatiana analisa as distinções entre os necons e a direita tradicional dos EUA – aprendi muito com seu estudo, ignorava vários dos pontos que ela destaca, sobretudo na área de política econômica. Ela examina com brilhantismo o casamento de conveniência entre neocons e setores como a direita cristã, do governo Reagan em diante e como os necons conquistaram poder após os atentados de 11 de setembro, ao oferecer uma agenda pronta para a diplomacia americana no Oriente Médio.

A autora é uma jornalista experiente com passagens pelo Globo, Agência Efe e atualmente na France Presse. Isso significa, além do texto claro e objetivo, muitas observações pertinentes sobre as relações entre imprensa e think tanks. Como repórteres apressados por prazos curtos freqüentemente recorrem aos “suspeitos de sempre” como entrevistados e como a obsessão de muitos think tanks com presença na mídia os leva a simplificações perigosas, transformando análises em slogans políticos facilmente memorizáveis e empobrecendo o debate democrático. Alerta importante que merece consideração de jornalistas e de acadêmicos.

Do blog Todos os Fogos o Fogo.

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2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Prezados Senhores:

Venho por meio desta fazer uma denúncia de preconceito e discriminação contras os Tecnólogos, por parte da Petrobrás. Em seu último edital de concurso público, o processo PETROBRAS/PSP- RH-2/2008 - EDITAL N° 1, além de nunca disponibilizar vagas para esta categoria, colocou o seguinte parágrafo no edital:

 3.9 - Para todos os cargos, não serão aceitos cursos de Tecnólogo ou Licenciatura, com exceção do cargo Profissional de Ciências Humanas e Sociais Júnior – Pedagogia, onde é prevista a formação em Licenciatura Plena.

Segundo pesquisas, os alunos matriculados nos cursos tecnológicos representam apenas 4% do total de alunos de cursos superiores. Esta porcentagem é extremamente baixa, se comparada aos números encontrados nos países desenvolvidos, nos quais o total de alunos de cursos tecnológicos chega a 50%. A baixa quantidade de alunos deve-se principalmente ao fato dos cursos tecnológicos terem sido regulamentados há poucos anos. Criados em 1996, os primeiros cursos somente foram lançados pelas Instituições de Ensino Superior no início da década atual. O crescimento acelerado das vagas disponíveis e do total de alunos matriculados, porém, parecem indicar que rapidamente a porcentagem de alunos de cursos tecnológicos alcançara os patamares encontrados nos países de primeiro mundo.
A Petrobrás recentemente lançou o Prominp (Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural), a empresa oferece vagas para cursos gratuitos de capacitação em níveis básico, médio, técnico, superior e inspetores. Candidatos que ingressem no curso e estejam desempregados têm direito, inclusive, a bolsas-auxílio que variam de R$ 300 a R$ 900.
Diante dos fatos apresentados, como se explica a recusa desta empresa de alunos egressos dos cursos superiores de tecnologia? Por que o governo federal mantém os cursos de tecnologia nas universidades públicas, se ele é o primeiro a negar emprego para a categoria? Se a Petrobrás necessita de mão de obra especializada, porque não contratar tecnólogos, profissionais capacitados em cursos superiores?
É vergonhosa a situação imposta pelos burocratas da Petrobrás, demonstra sua falta de visão, acomodação e necessidade urgente de reciclagem. O fato ocorrido no último concurso desta empresa é caso de polícia, talvez até de prisão dos responsáveis pelo edital, pois ele demonstra claramente que eles têm preconceitos contra uma determinada categoria profissional.
Espero que as autoridades do país tomem as medidas legais cabíveis.

11:55 PM  
Blogger José Elesbán said...

Está dado o recado. Só não estou certo que este seja o meio mais efetivo.

3:18 AM  

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