A "Bolsa Casa Branca" do guru do tucanato
A "Bolsa Casa Branca" do guru do tucanato
QUEM VIVEU, VIU: Lawrence Summers, o prepotente ex-secretário do Tesouro Americano, propôs a criação de uma "Bolsa Casa Branca" para que os Estados Unidos se livrem da ameaça de uma recessão. Sua idéia é simples. Deve-se distribuir incentivos (leia-se dinheiro) para as empresas e, sobretudo, para a patuléia que preservou seu nível de consumo endividando-se no cartão de crédito ou jogando na roleta do mercado imobiliário. Ele propõe uma ação seletiva, buscando favorecer temporariamente a população de baixa renda. A "Bolsa Casa Branca", pode chegar a US$ 500 por pessoa, sob a forma de rebate no Imposto de Renda, aumento do salário-desemprego ou mesmo em cheque. O ex-secretário do Tesouro acredita que o custo do programa fique entre US$ 50 bilhões e US$ 75 bilhões. Para se ter uma idéia do tamanho desse ervanário, sem que se possa comparar uma coisa com a outra, em 2008 todos os programas sociais brasileiros custarão US$ 15,8 bilhões.
A idéia é simples, mas vai na direção oposta a tudo o que Summers pregou aos apóstolos que dirigiram as economias do Terceiro Mundo nos anos 90. No caso brasileiro, se alguém fizesse uma proposta parecida como essa aos seus discípulos da ekipenômica tucana, seria chamado de populista, dinossauro e perdulário. Eles sustentavam que, fosse qual fosse a crise, o mercado seria capaz de resolver o problema. Afinal, não existe almoço grátis.
Também não existe jejum sem custo. Quando ele ameaçou a economia dos Estados Unidos, foram às favas os escrúpulos de consciência monetária.
Summers e seus discípulos chamaram os tailandeses de irresponsáveis porque deflagraram a crise asiática de 1997, com a explosão de uma falcatrua imobiliária irresponsável. Tinham razão, mas a bolha americana foi maior. Quando milhões de pessoas foram para o desemprego, preservando a prosperidade dos Estados Unidos, era o jogo jogado. Agora que o calor da crise está na economia do seu país, Summers converteu-se à heresia. Deixou mal, muito mal, seus apóstolos.
Texto da coluna de Elio Gaspari, na Folha de São Paulo, dia 13 de janeiro de 2008 (para assinantes).
Agora que a crise está na economia do país dele, Larry Summers converteu-se à heresia |
A idéia é simples, mas vai na direção oposta a tudo o que Summers pregou aos apóstolos que dirigiram as economias do Terceiro Mundo nos anos 90. No caso brasileiro, se alguém fizesse uma proposta parecida como essa aos seus discípulos da ekipenômica tucana, seria chamado de populista, dinossauro e perdulário. Eles sustentavam que, fosse qual fosse a crise, o mercado seria capaz de resolver o problema. Afinal, não existe almoço grátis.
Também não existe jejum sem custo. Quando ele ameaçou a economia dos Estados Unidos, foram às favas os escrúpulos de consciência monetária.
Summers e seus discípulos chamaram os tailandeses de irresponsáveis porque deflagraram a crise asiática de 1997, com a explosão de uma falcatrua imobiliária irresponsável. Tinham razão, mas a bolha americana foi maior. Quando milhões de pessoas foram para o desemprego, preservando a prosperidade dos Estados Unidos, era o jogo jogado. Agora que o calor da crise está na economia do seu país, Summers converteu-se à heresia. Deixou mal, muito mal, seus apóstolos.
Texto da coluna de Elio Gaspari, na Folha de São Paulo, dia 13 de janeiro de 2008 (para assinantes).
Marcadores: Estados Unidos, EUA, Larry Summers, politica
1 Comments:
Que matéria interessante. Gracias!
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