quinta-feira, setembro 13, 2007

O Senado e Renan Calheiros

Agora que o presidente do Senado, senador Renan Calheiros, foi absolvido por seus pares em processo por Renan ter ferido o decoro parlamentar ao ter pensão alimentícia devida a uma filha fora do casamento supostamente paga pelo lobista de uma empreiteira, eu tive que perguntar aos meus botões o que está acontecendo. Como disse o Paulo Henrique Amorim, há um ex-senador da república que tem até hoje a pensão alimentícia de um filho fora do casamento paga por uma empresa privada, e esta empresa privada também precisa de regulamentações do governo para funcionar. É uma coisa da década passada e até hoje a grande mídia não comenta nada.
O senador Calheiros se enrolou nas suas explicações, em que se mostrou um pecuarista com alto grau de produtividade. Apareceram denúncias sobre o uso de "laranjas" para compra de emissora de rádio no estado de Alagoas. Certo. Mas ele é o único parlamentar que tem negócios com produtividade acima da média, ou que tem emissoras de rádio ou TV, em seu nome ou de parentes ou conhecidos (os "laranjas")? Acho que não. Se for possível corrigir a questão de Calheiros, creio que deveria haver uma investigação, com apresentação de processo pelo Ministério Público, e julgamento pelo STF. Se ele foi o primeiro, e depois for feita uma investigação geral, com todos os parlamentares que têm negócios irregulares, ótimo. Mas não creio que isso venha a acontecer.
Conhecemos o senador Renan Calheiros. Ele esteve nas articulações da candidatura a presidência do atual senador Fernando Collor, em 1989. Foi um dos líderes deste ex-presidente no Congresso, entre 1989 e 1992. Também serviu ao governo Fernando Henrique, no qual foi inclusive ministro da justiça. E agora é presidente do Senado, e faz parte da base de apoio ao presidente Lula.
Quero crer que todo o carnaval feito em torno destas questões sobre o senador não sejam apenas uma maneira de atingir o governo Lula, que, caso o senador Renan Calheiros tivesse seu mandado cassado, teria que se sujeitar às imprevisibilidades da eleição de um novo presidente do Senado. Quero crer que o clamor da grande mídia por moralização é sincero, mas como não vejo a mesma intensidade nas críticas à vida privada de outros parlamentares, tenho dúvidas.

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