Queda do dólar reforça 'clamor' por outras moedas, diz jornal
Jornais estrangeiros destacam nesta quarta-feira a acentuada queda do dólar nesta semana e, na mão oposta, a valorização de moedas de países emergentes, como o Brasil, que se tornam cada vez mais atraentes para os investidores.
O jornal americano The Washington Post observa que a depreciação da moeda americana "reforça o clamor" para a utilização de outras moedas no sistema de reservas internacionais.
Em meio à abundância de liquidez da moeda, resultado da política monetária anticrise do Banco Central dos EUA, e desequilíbrios nas contas nacionais daquele país, o dólar está "sob ataque externo", afirma a reportagem.
"Além disso, as grandes economias emergentes – como China, Rússia, Brasil e Índia – estão cansadas de reverenciar o dinheiro americano e percebem uma oportunidade de tirar o enfraquecido dólar de sua posição imperial."
As especulações sobre o futuro do dólar e a maior atratividade de moedas de outros países vêm à tona um dia depois de a moeda americana recuar nos mercados internacionais. No Brasil, a cotação chegou a R$ 1,75 – a menor em mais de um ano.
Fim da supremacia
Como pano de fundo deste fenômeno está uma discussão em torno do que o diário britânico The Independent definiu como "temores de que a velha ordem econômica baseada na supremacia do dólar americano esteja se desfazendo".
Na terça-feira, uma reportagem publicada pelo jornal noticiava um plano de países do Golfo Árabe e outras economias importantes, como França, Japão, China, Rússia e mesmo o Brasil, de substituir o dólar nas transações de petróleo.
A notícia das negociações, em caráter secreto – razão pela qual o francês La Tribune fala de uma "conspiração internacional contra o dólar" – levaram investidores a correr para commodities, em especial para o ouro, cujo valor bateu um recorde histórico ao ser negociado em Londres.
Entretanto, em alguns jornais, os rumores contra o dólar foram encarados com mais parcimônia. O britânico The Guardian observou que uma substituição da moeda americana se daria de forma gradual, inclusive porque muitos países que defendem essa troca possuem centenas de bilhões em reservas nessa moeda.
No chinês South China Morning Post, uma reportagem afirma que as especulações sobre o "plano secreto" contra o dólar "não tem sentido". O jornal lembra que há diversas negociações para eliminar o dólar das relações bilaterais entre determinados países – como na relação China-Brasil, por exemplo –, mas que na maioria dos casos os planos ainda são incipientes e o avanço é pouco.
Texto da BBC Brasil.
Marcadores: dólar, economia mundial, Estados Unidos
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