quinta-feira, outubro 22, 2009

Os novos tempos do "velho MDB"

Por Saulo Bartini

Na crise da política gaúcha, que parece não ter fim, uma questão parece cada vez mais intrigante: qual será o papel do PMDB – ou, como diz Pedro o Sonolento – o “velho MDB”? Verdade seja dita: diante de tamanhas façanhas que servem de chacota à toda terra, centristas ilustrados e conservadores como Ulisses Guimarães fazem, de fato, muita falta ao “MDB” gaúcho. O destino desta legenda aqui no Estado pode ser amargo ou generoso.

Certo é que o “velho MDB” tem contribuído decisivamente para as cenas vergonhosas que assistimos cotidianamente. Sem pudor, a bancada outrora tão zelosa de suas diferenças éticas com o PMDB nacional, ajudou a enterrar a CPI da Corrupção na Assembléia. Afinal, em tempos de Operação Solidária, onde o dirigente Eliseu Padilha parece estar enrolado até o pescoço, quem é que vai falar de uma governadora acusada de envolvimento com uma quadrilha de assaltantes dos cofres públicos, não é mesmo?

O “velho MDB” podia ao menos nos dispensar do cinismo de reeleger o Pardal Faturador Záchia para presidente da sigla em Porto Alegre. Aliás a campanha do ex-vereador, que se notabilizou pela figura do Pardal Faturador, parece que não era marketing eleitoral e sim um possível ato falho prévio a respeito do apetite do agora deputado em relação ao poder público. Certo é que o PP não leva o Pardal muito a sério como demonstram as gravações entre os “capos” Dorneu Maciel e ZO. Mas isto também, convenhamos, é um detalhe.

Enquanto argumenta que “não há fatos novos” – aliás desculpem, o que queriam mesmo? Uma confissão admitindo ser ladra, assinada e com reconhecimento de firma em cartório? – o PMDB vai resistindo com Pedro o Cansado desferindo pérolas: “O que estão fazendo com ela (Yeda) é uma barbaridade”. Imagino que o significado disso seja o horror do Senador ao mau gosto da escolha de “pufs” verde limão que o Estado porventura tenha adquirido com o seu e o meu dinheiro para prover necessidades básicas dos netos da governadora. Ou algo assim.

Enquanto isto o Prefeito da capital sumiu. Deve haver uma profunda convicção que “em tempos de paz” no Rio Grande o melhor mesmo é não ter posição sobre nada, não falar nada, não aparecer em nada e, evidentemente, não fazer nada.

Não duvidem, entretanto, que no ano que vem o “velho MDB” apareça como o extremo centro entre os radicais perigosos de Tarso e os Tucanos tacanhos de Yeda e o eleitor gaúcho os brinde com mais quatro anos de governo. Quem duvida?

Texto originário do RS Urgente.


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