Yes, você pode. Quer?
Yes, você pode. Quer?
SÃO PAULO - O jornal espanhol "El País" revisitou ontem Rahaf Harfoush, a moça canadense que foi uma das estrategistas da campanha na internet de Barack Obama, tida como a razão do sucesso.
Suas observações são um valioso guia para os incontáveis leitores que reclamam por e-mail dos congressistas e pedem sugestões sobre como atuar para acabar com a pouca-vergonha.
Harfoush ensina, primeiro, que "o importante é a estratégia, não a tecnologia". Acrescenta que "é fácil criar perfis, fazer amigos no Facebook ou ter blogs". Mas "o objetivo era que as pessoas saíssem às ruas e votassem. Se todo esse esforço na rede não se tivesse traduzido em votos, não teria valido de nada".
É o que já escrevi aqui e digo sempre aos leitores: restringir protestos e ações à internet pode ser uma excelente maneira de acalmar a própria consciência e de sentir-se participante ativo, mas, como diz a perita da turma de Obama, "não vale nada".
No caso brasileiro, o que vale é convencer os eleitores a não votar em todos aqueles que, a juízo de cada leitor/eleitor, participam da grande esculhambação.
Não adianta também ficar no velho esquema de "nós com nós mesmos", uma característica da internet. Ou, em linguagem mais fina, pregar aos convertidos. É preciso inventar e, acima de tudo, pôr em prática um meio de atingir os eleitores dos políticos visados, a grande maioria dos quais não frequenta internet, Facebook, Orkut.
Para fazer a campanha de Obama, Harfoush diz ter largado tudo -namorado, apartamento e emprego- para mudar-se para Chicago, que não é exatamente a mais agradável cidade do mundo, mas era o QG do candidato.
Não recomendo a ninguém tanto sacrifício, mas, se a indignação que exalam nos e-mails é para valer, no mínimo terão que tirar o bumbum do sofá.
Texto de Clóvis Rossi, na Folha de São Paulo, de 14 de agosto de 2009.
Marcadores: Internet, mobilização, mudança, participação, política
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