domingo, março 08, 2009

São tempos curiosos: A Folha de São Paulo e seus tiros no pé

A Folha de São Paulo, em seu editorial no dia 17, onde o jornal criticava a iniciativa do presidente Chávez, na Venezuela, para possibilidades de reeleições ilimitadas para cargos executivos, afirmando que isso seria um caminho para a ditadura, e, em contraponto, chamou de "ditabranda" a ditadura militar que vigorou no Brasil entre 1964 e 1985. Além dessa "bola fora", quando os professores Fabio Konder Comparatto e Maria Victória Benevides escreveram para reclamar do termo "ditabranda", o jornal disse que a indignação de ambos era cínica e mentirosa porque eles nunca teriam manifestado tal indignação contra Cuba, por exemplo. Segundo tiro no pé.

Houve reação através na Internet. Foi aberta uma petição on line , onde até este sábado já havia mais de 7.000 assinaturas. Blogues, fóruns e comunidades em redes sociais pela Rede, deram ampla repercussão ao assunto, condenando tanto o uso do termo "ditabranda", quanto a reação ofensiva às cartas dos professores Comparatto e Benevides. Por fim, neste sábado, dia 7, houve um ato popular diante da sede do jornal na cidade de São Paulo.

E afinal, neste domingo, a Folha acabou por noticiar a si mesma , quando noticiou a manifestação, e comentou que o uso do termo foi um erro : "O uso da expressão "ditabranda" em editorial de 17 de fevereiro passado foi um erro. O termo tem uma conotação leviana que não se presta à gravidade do assunto. Todas as ditaduras são igualmente abomináveis." Embora continue afirmando que a ditadura brasileira produziu menos vítimas diretas que suas congêneres no Cone Sul. Pode ter sido mesmo, mas isso não a faz menos ditadura.

Foi bom que a Folha visse que ela sozinha já não fala por toda a opinião pública.

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