terça-feira, março 17, 2009

Relações entre Estados Unidos e Israel

Desistência de indicado para Inteligência causa polêmica sobre influência de Israel

DO "NEW YORK TIMES"

Quando o diretor nacional de Inteligência dos EUA, Dennis Blair, anunciou que entregaria a presidência do Conselho Nacional de Inteligência a Charles Freeman, algumas pessoas na Casa Branca temeram que a indicação causasse controvérsia.
O temor se confirmou na terça-feira, quando Freeman, embaixador na Arábia Saudita durante o governo de George Bush pai (1989-1992), desistiu do cargo e disse ter sido vítima de uma campanha do que ele define como "o lobby de Israel".
Freeman expressa suas críticas a Israel com uma franqueza que os funcionários americanos raramente utilizam em público sobre um firme aliado dos EUA. Em 2006, ele alertou que, "se ninguém interferir, os dirigentes israelenses tomarão decisões que prejudicarão os israelenses, ameaçarão os que estejam a eles associados e enraivecerão todos os demais".
Os críticos que lideraram o esforço contra Freeman argumentam que essas posições refletem uma parcialidade intolerável em alguém que iria supervisionar a preparação de avaliações de inteligência, que supostamente devem ser neutras em termos políticos, para consumo direto da Presidência.
Os defensores de Freeman argumentam que suas opiniões sobre Israel só são extremas quando consideradas pela ótica política americana, e questionaram se é ou não possível discutir o apoio a Israel sem terminar amordaçado.
"A realidade de Washington é que nosso panorama político considera difícil assimilar qualquer crítica a qualquer segmento da liderança israelense", disse Robert Jordan, que foi embaixador dos EUA na Arábia Saudita de 2001 a 2003.
A campanha de lobby contra Freeman incluiu telefonemas de proeminentes legisladores, entre os quais o senador Charles Schumer, de Nova York, à Casa Branca. Ela parece ter sido deflagrada três semanas atrás em um post de blog de Steven Rosen, um antigo dirigente do Comitê Americano de Assuntos Públicos sobre Israel.
As posições de Freeman, escreveu Rosen, são "algo que se esperaria do Ministério do Exterior saudita".
Como o presidente Barack Obama já é visto com suspeita por alguns grupos pró-Israel, os ataques contra Freeman tinham o potencial de causar danos. Esses grupos aplaudiram a indicação de Hillary Clinton como secretária de Estado e a de Dennis Ross como assessor especial para assuntos do Irã e do golfo Pérsico, mas continuam suspeitosos sobre outros membros do governo.

Texto publicado na Folha de São Paulo, de 13 de março de 2009. Os destaques são do blogueiro.


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