Um jornal de referência nos EUA passa para a Internet
Um jornal de referência nos EUA passa para a Internet
O "Christian Science Monitor" tem sete prêmios Pulitzer
David Alandete
Em Washington
Depois de cem anos nas bancas, o "Christian Science Monitor" decidiu dar o passo que nenhum grande jornal americano se atreveu a dar até agora. O papel está cada vez mais caro. As vendas vêm baixando há décadas, situando-se em discretos 52 mil exemplares. A crise econômica reduziu drasticamente a publicidade. Os prejuízos são milionários. A solução, segundo seus diretores, está em deixar as rotativas e sobreviver na Internet.
A partir de abril, o "Monitor" será só um site na web, apoiado por uma revista impressa nos fins de semana. Esse é mais um passo na insólita história de um jornal que se transformou em uma referência contra todas as previsões. Nasceu em 1908, criado pelo líder da Ciência Cristã, uma denominação protestante que rejeita os poderes curativos da medicina e confia em Deus como única fonte de saúde. Mas o "Monitor" não é uma folha pastoral. Ao longo dos anos cresceu, se consolidou e passou a ser uma publicação respeitada e ganhadora de sete prêmios Pulitzer. Os leitores americanos apreciam especialmente sua cobertura do conflito árabe-israelense.
Até agora, o jornal que funciona como uma organização sem fins lucrativos, foi financiado por assinaturas, que custam US$ 210 por ano. Estas cobrem 50% dos gastos. O resto é financiado pela Ciência Cristã. "É uma situação insustentável", disse John Yemma, diretor do diário, em uma entrevista ao "New York Times". "Assim não se mantém a independência editorial. Queremos chegar a um modelo sustentável."
A nova aventura digital do "Monitor" inclui uma edição do jornal para assinantes que será enviada por correio eletrônico, de segunda a sexta-feira, em formato PDF. A idéia é que os leitores o leiam em seus computadores ou imprimam suas seções preferidas, encarregando-se do custo do papel, segundo anunciou ontem o jornal em seu site.
A transição também será traumática para alguns trabalhadores. A empresa anunciou que demitirá parte de sua equipe de 95 jornalistas e fotógrafos. O corte será "modesto", disse o diretor em um comunicado.
A empresa Gannet, editora do jornal "USA Today", que com uma circulação de 2,2 milhões de exemplares é o mais vendido nos EUA, também anunciou a demissão de 10% de seus funcionários, cerca de três mil pessoas. Esse corte não afetará diretamente os empregados do "USA Today", mas os dos outros 84 jornais da empresa, informou a agência Bloomberg.
Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves
Texto do El País, no UOL.
Marcadores: Christian Science Monitor, grande imprensa, grande mídia, Internet, web
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