quarta-feira, outubro 24, 2007

Entreveros

Jornalista não briga, polemiza.

A polêmica mais recente do jornalismo pátrio envolveu Alberto Dines, do Observatório da Imprensa, e Reinaldo Azevedo, da Veja. Ao comentar um artigo do apresentador Luciano Huck – que descobriu estarrecido que no Brasil existem assaltantes que andam armados, podem matar e apreciam relógios da marca Rolex –, Dines chamou Azevedo, que também escreveu sobre o assunto, de “cão de guarda”. Putz! A resposta foi desproporcional – uma catadupa de ofensas. O furibundo articulista de Veja chamou Dines de “canalha de cabelos brancos, cadela velha do oficialismo, cadáver adiado, moleque, velhaco”, para concluir com uma frase lapidar: “O seu traseiro é gordo, polpudo e merece ter estampada a sola do sapato”.

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É impressionante a agressividade que domina o jornalismo brasileiro de opinião, seja em colunas de jornais, revistas ou blogues. A raiva e a irracionalidade imperam. O cenário está dividido entre os contrários e os favoráveis ao governo – mais aqueles do que estes. Direita e esquerda. Brancos e negros. Ricos e pobres. Estabelecida esta premissa, vale tudo para fazer valer a sua posição, com destaque para as meias verdades (e também mentiras inteiras) e as ofensas pessoais. Muitos adjetivos e poucos substantivos. Mais grave é que os (de)formadores de opinião estão tentando espraiar este clima de briga de marginais de rua para os demais segmentos da sociedade. E estão conseguindo. A seguir assim, esta bomba de ódio tem hora certa para explodir: a próxima eleição presidencial.

Estão chocando o ovo da serpente, agindo da mesma forma que alguns dirigentes de futebol irresponsáveis, que através de declarações insuflam os piores sentimentos dos torcedores e depois se mostram aturdidos e surpresos com a irrupção da violência nos campos de futebol.

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Não concordo com a maioria das coisas que Dines escreveu nos últimos tempos, mas ele tem o meu respeito, por tudo o que já fez para dignificar o jornalismo e a favor da democracia em nosso país. Neste caso específico, tem também a minha solidariedade. Sensatamente, não respondeu a Azevedo no mesmo diapasão. Afinal, quem gosta da sordidez do esgoto são os ratos e as baratas.

Via Toca do Jens.


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