domingo, outubro 08, 2006

O Paradoxo Rigotto

O atual governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto, ficou fora do segundo turno das eleições estaduais, o que é bastante surpreendente, pois as pesquisas de opinião o colocavam como líder da disputa estadual até as vésperas do primeiro turno. Quando as urnas foram abertas, elas mostraram o atual governador em terceiro lugar atrás da tucana Yeda Crusius, e do petista Olívio Dutra.
O governador Rigotto conseguiu vencer as eleições de 2002 se apresentando como uma terceira via. Uma alternativa aos dois governadores que haviam estado no Palácio Piratini nos oito anos anteriores, e que haviam polarizado e radicalizado a política no estado. Esses dois homens foram Antonio Britto, que governara de 1994 a 1998, e Olívio Dutra, que governou de 1998 a 2002. Britto havia representado um ideal de privatização de empresas estatais (em seu governo foram privatizados a empresa de telefonia local, a CRT, parte da empresa de energia elétrica, a CEEE, e a empresa de processamento de dados do estado não foi vendida porque o único candidato que havia se apresentado era a empresa estatal de processamento de dados do município de Porto Alegre. Especula-se que se Antonio Britto fosse reeleito em 2002, no seu segundo mandato seriam vendido o bando do estado, o Banrisul, e a companhia estadual de saneamento, a Corsan) e atração de grandes empreendimentos, como uma fábrica da montadora de automóveis Chevrolet, e outra da Ford, com oferta de incentivos fiscais. Com Olívio Dutra, as privatizações foram paradas, e se incentivou as pequenas empresas, bem como a agricultura familiar. Como foi dito, os projetos antagônicos geraram polarização e radicalização. Rigotto se apresentou como uma "terceira via", digamos assim. Propunha "pacificar" o estado, que estava polarizado.
E, impressão pessoal deste blogueiro, parece que ele havia conseguido. Seu governo foi um governo que conseguiu trazer certo consenso. Claro, que muitos adversários dizem que este consenso foi, na verdade, um governo morno e insípido, que ia empurrando os problemas com a barriga. Não é esta a minha opinião.
O governador Rigotto é um dos bons políticos deste estado. Quando foi deputado federal atuou na bancada do governo Fernando Henrique Cardoso, mas foi um parlamentar crítico. Quando o então presidente enviou um projeto de lei propondo uma reforma tributária, ele foi o relator. Como relator, viajou o Brasil promovendo audiências públicas, e conversando com secretários estaduais, para formatar corretamente o projeto.
Trabalhou até receber sinalização do governo Fernando Henrique que o governo não estava interessado em reforma tributária, pois estava aumentando a arrecadação com aumento de alíquotas e não correção de tabelas de retenção.
E quando Olívio Dutra foi eleito governador, ele não estava entre os parlamentares gaúchos que votaram a favor da ampliação do prazo de incentivos para o setor automotivo para a região Nordeste, e que permitiu a Ford, transferir a montadora da Ford que estava encaminhada para o Rio Grande do Sul, ir para a Bahia. Esta emenda serviu para desgastar o governo do PT no Rio Grande do Sul, e fortalecer o governo do PFL na Bahia.
Rigotto conseguiu real pacificação no estado, de maneira que é surpreendente que ele não tenha ido para o segundo turno.
Teremos segundo turno entre Yeda Crusius e Olívio Dutra. PSDB e PT. Creio que teremos nova polarização...