ONG questiona proibição de Israel à entrada de produtos em Gaza
A ONG israelense de defesa dos direitos humanos Gisha acusou o governo de Israel de agir de maneira "absurda e arbitrária" em relação à proibição da entrada de produtos para 1,5 milhão de palestinos residentes na Faixa de Gaza.
A ONG, cujo trabalho se concentra na defesa da liberdade de ir e vir, questiona a afirmação do governo israelense de que a ampla proibição à entrada de mercadorias na Faixa de Gaza teria o objetivo de proteger a segurança de Israel.
"O que a entrada de coentro na Faixa de Gaza tem a ver com a segurança de Israel e porque as autoridades proíbem o coentro mas autorizam a entrada de canela?", pergunta a diretora da Gisha, Sari Bashi.
Israel decretou um bloqueio quase total à entrada de mercadorias na Faixa de Gaza desde que o grupo islâmico Hamas tomou à força o controle da região, em junho de 2007.
De acordo com porta-vozes oficiais, o objetivo do bloqueio é pressionar o Hamas. Algumas das mercadorias proibidas, como cimento e ferro, "poderiam ser utilizadas para a fabricação de armamentos".
Exemplos
A ONG divulgou uma lista de produtos cuja entrada em Gaza é autorizada por Israel e daqueles que são proibidos e revelou exemplos do que considera decisões absurdas das autoridades israelenses.
A lista, que inclui 97 produtos autorizados, foi elaborada de acordo com informações obtidas junto a comerciantes palestinos e organizações humanitárias que operam na Faixa de Gaza.
Os produtos autorizados por Israel, como farinha e arroz, são transportados para a região por caminhões da ONU.
Segundo a Gisha, a entrada de agua mineral é permitida, porém a entrada de sucos é proibida. Chá e café são permitidos, mas chocolate é proibido.
"Não entendo como impedir crianças de receber brinquedos, ou fábricas de receber matéria prima, pode responder às necessidades de segurança de Israel", afirmou Bashi.
Decisão da Justiça
Depois de uma decisão da Justiça, que aceitou um recurso movido pela Gisha há um ano, as autoridades israelenses finalmente confirmaram a existência da lista, que haviam negado antes.
No entanto, as autoridades se negaram a revelar a lista exata dos produtos permitidos e proibidos e argumentaram que a publicação desse documento pode "prejudicar a segurança e as relações exteriores do Estado".
O governo israelense também confirmou, diante da Corte do Distrito de Tel Aviv, a existência de um documento que estabelece os limites mínimos de fornecimento de alimentos à Faixa de Gaza, de acordo com parâmetros de necessidades nutricionais mínimas que cada pessoa deve consumir.
Segundo o governo, esse documento, denominado Food Needs in Gaza – Red Lines (em tradução livre, "Necessidades de Alimentação em Gaza – Limites Mínimos") serve "apenas para o trabalho de planejamento interno e não para estabelecer uma política".
A advogada da Gisha, Tamar Feldman, protestou contra a recusa do governo de divulgar o conteúdo dos documentos.
"Não está claro porque, em vez de promover a transparência, Israel opta por investir tantos recursos para encobrir a informação", afirmou a advogada.
Notícia da BBC Brasil.
Marcadores: Faixa de Gaza, Israel, israelenses x palestinos, massacre em Gaza, Palestina
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