sexta-feira, setembro 05, 2008

Mãe Coragem



1:

Mãe investiga morte de filho e "condena" PMs

Após 6 anos de apurações e cobranças, Márcia de Oliveira Jacintho viu 2 policiais serem condenados por júri na terça-feira

Policiais tentaram simular confronto "plantando" arma e droga com Hanry, 16, morto com um tiro em 2002 no morro do Gambá, no Rio

ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO

Durante seis anos, Márcia de Oliveira Jacintho, 46, investigou a morte do filho, Hanry, 16, com um tiro no peito, em novembro de 2002. Moradora do morro do Gambá, zona norte do Rio, ela colheu depoimentos, localizou testemunhas, conseguiu perícia no local e até direito estudou para provar que ele não morreu em troca de tiros com a polícia, como havia dito a PM, e sim assassinado.
O 3º Tribunal do Júri confirmou o resultado da investigação de Márcia na terça-feira e condenou o PM Marcos Alves da Silva a nove anos de prisão por homicídio doloso e fraude processual (simulou apreensão de arma e droga com Hanry) e o PM Paulo Roberto Paschuini a três anos pelo último crime. Os dois vão recorrer.
Hanry Silva Gomes de Siqueira cursava o 1º ano do ensino médio à noite -nunca havia repetido. À tarde, fazia aulas de futebol e informática. Segundo documento do Instituto Sócio-Educacional Pró-Cidadania (ONG onde fazia cursos) entregue à polícia, "tinha o sonho de trabalhar para se mudar com a família da favela".
A perícia indicou que ele foi morto com um tiro no peito em trajetória descendente (de cima para baixo). O laudo contraria o relato dos PMs, sobre troca de tiros com traficantes.

Saga
A saga de Márcia começou em 21 de novembro de 2002, quando a PM registrou na 25ª Delegacia de Polícia a morte de um jovem pardo como "auto de resistência" em confronto numa operação que envolveu dez homens. Entregou um revólver 38 e um saco de maconha, apresentados como do "traficante".
Era Hanry. "Fiquei desnorteada. Sabia que havia sido a PM, mas não como tinha acontecido." Três semanas depois, ela conversava com outras mães quando foi abordada por um traficante de fuzil no ombro.
"Tia, você é a mãe do menino que morreu lá no alto, né? Um cana [policial] que me pegou [prendeu] disse que tava com ele na mão [rendido], colocou [a arma] no peito [de Hanry] e apertou. O filho da senhora era inocente, não tinha nada a ver [com o tráfico]. A senhora tem que correr atrás", disse ele.

Testemunhas
Ela correu. Procurou quem tivesse visto o filho antes da morte ou detalhes da operação policial e os convenceu a depor.
Um menino que soltava pipa lhe contou os últimos momentos do filho: ele voltava da comunidade vizinha, Boca do Mato, sem camisa, de bermuda.
Ao ouvir um morador que havia encontrado no dia seguinte ao crime o chinelo e a chave de Hanry, Márcia identificou o local exato do crime: dentro do mato, a 44 passos da trilha que o estudante fazia. Tirou fotos do local, assim como via em séries policiais na TV.
Apenas com o ensino fundamental, ela fez trabalho de perita e advogada. Abandonou o emprego de vendedora e passou a cobrar investigação das autoridades. Contou com a ajuda da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia -onde hoje trabalha, como assessora do deputado Marcelo Freixo (PSOL)- e da ONG Justiça Global. A casa passou a ser sustentada pelo marido, faxineiro.
Quatro meses após o crime, ela enviou carta à então governadora Rosinha Garotinho. Na semana seguinte, foi chamada a depor na 25ª DP. Sua investigação passou a ser oficial.
No final de 2004, abordou o chefe de Polícia Civil à época, Álvaro Lins, no Palácio Guanabara. O inquérito passou para a Delegacia de Homicídios.
Com as informações que colheu com moradores -e "oficializadas" em depoimentos à polícia-, viabilizou a realização da perícia no local, com a presença dos PMs envolvidos, dois anos e um mês depois.
Com base em depoimentos de moradores, placas e números de veículos anotados, Márcia afirma que 11 PMs participaram da operação. Apenas a dupla que assumiu ter atirado foi denunciada -e condenada.
Ao final da investigação, já havia se formado no ensino médio e cursado o primeiro período de direito -trancado atualmente. "Tinha que me instruir para saber como agir."

2:

"Antes de investigar, eu não tinha noção de nada", diz mãe

Segundo Márcia de Oliveira Jacintho, polícia poderia ter feito mais para elucidar crime

Ela saiu da sala quando a defesa dos PMs afirmou que o fato de Hanry estudar não era garantia de que não se tratava de traficante

DA SUCURSAL DO RIO

O sonho de Márcia de Oliveira Jacintho de se tornar investigadora, tal como via nas séries policiais na televisão, começou por vias tortas. Seu primeiro "caso" foi a morte do próprio filho, e a apuração foi estimulada por um traficante do morro do Gambá, onde ela mora até hoje, na zona norte do Rio.
Insatisfeita com a pena imposta aos dois PMs envolvidos na morte de Hanry Silva Gomes de Siqueira, 16, ela diz que a polícia poderia ter feito mais.
Durante o julgamento no 3º Tribunal do Júri, Márcia reproduziu os depoimentos dos moradores.
Controlada por quase todas as nove horas de sessão, ela chorou quando o promotor Marcelo Rocha Monteiro leu o documento do instituto onde Hanry cursava informática e fazia aulas de futebol.
Ela saiu da sala quando advogados de defesa afirmaram que o fato de o menino estudar não era garantia de que não se tratava de traficante.
(ITALO NOGUEIRA)

-

FOLHA - Como a senhora começou a investigar o crime?
MÁRCIA DE OLIVEIRA JACINTHO
- Quando acontece, sempre vem a questão dos porquês. Mas eu não tinha noção de nada.
Só quando estava na frente da creche, lá na comunidade, e o traficante veio falar comigo que eu tinha que correr atrás é que me deu o clique. Sempre tive o sonho de ser investigadora, delegada.

FOLHA - De onde tirou forças para tratar da morte do próprio filho?
MÁRCIA
- Eu não sabia nem que o caso tinha sido registrado como auto de resistência [morte em confronto com a polícia].
Comecei a procurar vizinhos, moradores que tinham visto algo. Depois fui à Comissão de Direitos Humanos da Alerj [Assembléia Legislativa do Rio], quando descobri como havia sido registrado o caso.

FOLHA - Por que acha que aconteceu isso com seu filho?
MÁRCIA
- Quando eles [PMs] pegam alguém na favela, eles falam: "Perdeu, perdeu". Os traficantes perdem dinheiro, fuzil, droga. Meu filho só tinha a vida para perder. Os PMs devem ter subido [à favela] porque algum acordo não foi cumprido e pegaram o meu filho.

FOLHA - A senhora acha que a polícia fez o que pôde para investigar?
MÁRCIA
- Vai ser difícil lembrar [risos]. A única coisa que fizeram foi assinar embaixo. Eles não buscaram nem a perícia feita nas cápsulas no local, dois anos depois do crime.

Textos da Folha de São Paulo: 1 e 2. (para assinantes). A foto está disponível no UOL. Há um outro texto, chamado de “Outro lado”, onde a Folha de São Paulo dá voz aos defensores dos policiais militares condenados por assassinato. Mas não vale a pena...

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18 Comments:

Anonymous Anônimo said...

olá! sou Luciana Tecidio, jornalista, e gostaria do contato da Márcia para uma entrevista para a Revista Nova.
Grata,
Luciana Tecidio

9:34 AM  
Blogger José Elesbán said...

Oi, Luciana,
Este não é o blog da Márcia, é só um blog que copiou a reportagem da Folha de São Paulo.
Mas uma boa dica seria acessar a Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro, e procurar o gabinete do deputado Marcelo Freixo, do P-SOL. A reportagem informa que o deputado a contratou como assessora.
[]

8:19 PM  
Anonymous Anônimo said...

Isso é uma hipocrisia, quero ver esssas comissões de direitos humanos saindo em defesa de nós, policiais, em relação às nossas condições de serviço, saúde etc.

Os próprios policiais que faziam segurança desse tal de marcelo freixo pediram para sair pq não aguentaram mais tanta covardia.

COM toda a certeza do mundo essa mulher vai se candidatar a algum cargo politico daqui a pouco. Isso é tudo que ela sempre sonhou.

9:44 AM  
Blogger José Elesbán said...

Caro anônimo,

Parece que o senhor não entendeu: esta mulher teve o filho morto por assassinos fardados.
O senhor acha que é hipocrisia uma mãe querer justiça contra os assassinos do filho?
Se ela se candidatar, não será a primeira. Provavelmente não será a última também.

12:15 AM  
Anonymous Márcia Jacintho said...

sou Márcia Jacintho,que lutei sim por justiça no caso do meu filho e luto até hoje por outros, não posso achar que a politica de exterminio de pobres seja uma coisa normal,e vcs PM façam como eu lutem pelos seus direitos é valído,e que Deus livre vcs dessa dor de ter um filho covardemente executado pelos que tinham o dever de cuidar, e quem sabe um dia eu me candidato terei com certeza mais legitimidade para atuar na minha militancia a paz de Deus pra todos.

8:41 AM  
Blogger José Elesbán said...

OI, Márcia,

Valeram a visita e as palavras.

[]

9:25 AM  
Anonymous Anônimo said...

Olá Marcia! Acredito muito na sua dor de mãe, mas como vc tem certeza que foram este dois PMS que vc colocou no Tribunal acusando de matarem seu filho? que nas reportagens vc diz que foram 9 PMS subindo o morro, vc só foi saber no outro dia da morte do seu filho? Vc foi pela cara dos PMS, no meu ver vc teria que acusar os noves PMS e não só dois. Estou te fazendo esta pergunta, não sou mulher de PM e nem tão pouco tenho parente na farda, só que li a reportagem e vi tantos erros na sua entrevista.
Se vc não tem certeza de nada não culpe pessoas que podem ser inocentes pelo simples capricho de está sendo vista em jornal , revistas e tv. Nós espíritas temos por direito orientar as pessoas que estão perdidas, lê livros, faça caridades, vc com certeza vai se sentir melhor do que está se apoiando em coisas que não vão te ajudar em nada, espero que os dois PMS se forem julgados sejam absolvidos, pois não sei estão sendo acusados sem terem cometido crime nenhum, lembrando mais uma vez, que em seu depoimento vc diz que foram 9 PMS e vc só acusa dois se vc nem viu como aconteceu tudo, Em nome das mães e esposas de PMS, vê se vc está certa na sua acusação. Sou mãe também de 3 meninas e 7 netos, qd. Leio algo assim fico muito triste, nós seres humanos somos muito egoístas, deixe seu filho descansar em paz, peça prece para ele, quem sabe ele psicografa uma mensagem para vc?
Que a Paz esteja com Vc.

9:25 PM  
Blogger José Elesbán said...

Outro anônimo comentando. Neste caso, presumivelmente uma anônima.
Cara anônima, se a senhora crê em justiça eterna, porque está aconselhando uma mãe a que renuncie a buscar justiça pelo assassinato de seu filho?

11:04 PM  
Anonymous Anônimo said...

Eu creio sim na justiça divina, não estou pedindo a Sra. Marcia renunciar a busca pela justiça do seu filho. Apenas estou dizendo como ela tem certeza que foram só este dois PMS? Se ela mesmo no depoimento, entrevistas, etc. Ela diz que foram 9 PMS, mesmo sem entender muito de justiça, está bem claro que ela está querendo colocar alguém na cadeia, para dizer para a sociedade que ela sozinha como ela diz colocou os culpados na cadeia. Eu só queria explicação como ela sabe que foram esses dois PMS, se ela só foi dar falta do filho no outro dia, depois que dormiu e acordou foi que viu que o filho não estava em casa. Eu nunca dormir antes de ver minhas filhas dormindo antes de mim. Respeito a dor de mãe de perder seu filho tão bruscamente, mas as pessoas tem obrigação de serem honestas e verdadeira, se ela não tem certeza, porque fazer isso. Amiga ou amigo pare e pense que isso mais tarde vai fazer mal para ela mesmo. Colocando pessoas que derrepende inocentes pagando pelo crime não cometeram, Com certeza se o espirito dele for evoluido, será que estará feliz com tudo isso?. Investigue mais, não culpe se vc não tem certeza. Que a Paz esteja sempre c/vcs.

12:18 AM  
Blogger José Elesbán said...

Eu de fato não estou entendendo a senhora. Se a senhora tem o privilégio de poder ficar acordada cada vez que suas filhas saem de casa, nem sempre as pessoas têm essa disponibilidade.
Mas a senhora deve ter visto que houve um inquérito policial, e que os PM's acusados tiveram direito ao devido processo, não?
Mal para ela mesma parece fora de lugar aqui. O grande mal para ela fez quem matou o filho dela. Se o espírito dele for evoluído como dizes, certamente compreenderá a dor da mãe, e a busca dela por justiça.

8:52 AM  
Anonymous Anônimo said...

Olá eu quero dizer que náo foi eu quem os acuzei,eles que assumiram o RO,dizendo que os seus colegas de farda só chegaram para socorre a vitima, com um tiro no coração a queima roupa,levaram o corpo do meu filho enrolado num lençol,a querido voce ja deve ter houvido
esse alibe por aí fala a verdade estamos vivendo essa realidade,se eles assumiram o crime pensando que seria mais um menos um e a montagem desse covarde e cruel alibe fosse dar certo viram que não era bem assim e que eles que falem quem foi, se não sabe eles disseram o tempo todo que ambos trocaram tiros e no evento a vitima foi atingida,olha cudem de suas vidas porque ninguem estar livre nesse mundo cão e quando pençar nisso em me julgar pensse em seu filhos e ver oque sentiriam e que Deus os perdoem pela mentes misquinhas que tem lutem pelos seus dereito e deicha a minha vida e do Marcelo em paz.

12:56 AM  
Anonymous Anônimo said...

não sou anonimo foi um erro de digitação meu nome é Márci Jacintho

12:59 AM  
Anonymous Márcia Jacintho said...

vc que se diz espirita, quero lhe dizer se fosse vc que perdesse uma das sua filhas será que ter ajuda da midia como no meu caso mãe moradora de uma comunidade pobre negra onde vc e como todos que pençam que nos todos das favelas somes bandido e bandidas, gostari que vc refretisse nisso ,se vc sentiu dor pra dar a luz ao suas filhas eu também,só conheci esses assassinos muito depois e não foi quem os botei no tribunal e nem os acusei vc estar muito mau informada e tomando partido errado , eu sempre falei que 9subiram o morro e dois ficaram nas viaturas,mais ele que foi que tiraram os seus comparssas,não vi e não estava lá mais alem dos olhos de Deus teve testemunhas que viu olha cuida da sua vida antes de me julgar,ninguem estar livre querida,e meu filho não precisa de prece ele era de Deus e estar com Deus , lutei verdadeiramente por justiça porque o meu Deus é justo e fiel ao seus e que ele tenha misericorde de vc e de todos que pensam como vc,sinto muita saudades do meu menino mais ele voltou aos braço do pai e que eles quem falem quem foi se é que não eles eu não tenho interece nenhum em por inocente na cadeia, e saiba querida que tenho familiares policias e sou amiga de 4 mães de Policias que tiveram seus filhos mortos por bandidos,vc não me conhece pra me julga e nem é Deus pra tal coisa, pense nisso e não julgue quem vc não conhece, eu nunca se quer pensei em um dia estar nas Mídias muito menos desse jeito,pesso a Deus que vc nunca passe o que eu estou passando, porque essa dor é terrível mais o meu Deus me dar forças e me dará sempre porque tenho certeza em quem eu tenho crido estou na terra e como todos ser humanos aos que verdadeiramente são não estão livre disse fique com Deus o que fez os Céus e a terra.

1:26 AM  
Blogger José Elesbán said...

Obrigado pelos comentários novamente, Dona Márcia.
De fato não dá para entender esta argumentação alegadamente espírita.
Sei lá. Talvez tentativa de conversão. Quem sabe?

8:36 AM  
Anonymous Márcia said...

passado 8 anos e 5 meses eu aindo sinto muito a falta do meu menino, só Deus e outras mães e familiares que teve seus antes queridos ceifados como meu pode falar da minha dor, mais agradeço a todos que respeitam e que junto comigo clamam a Deus que isso tenha fim essa violência ,não desejo nem para as mães desses PMs que executaram meu filho e outros e outros jovens essa dor e que Deus os perdoe por tamanha dor que me causou Márcia Jacintho Mãe de Hanry.

6:39 PM  
Anonymous Márcia said...

É eu fico até passada como uma pessoa humana tão falha e pecadora pode afirma que eu vou me candidatar a uma politica dessa e é tudo que eu quero será que vc é Deus? vc me conhece, coloca um filho seu se tiver nas mãos desses assassinos e manda eles fazerem o que fizeram com o meu e depois vc me fala se vc quer ser politico e aparecer na midia valeu pensa nisso e depois me julgue se for capaz.

6:52 PM  
Anonymous Anônimo said...

Que tal PM condenado pelo art.157 e o outro responder proc; por tentativa de homicidio de um porre,e ficar impunis,e o traficante era o meu filho, bem amparados pela lei(auto-de resistencia)espero que eles de uma forma o outra sofra na consciencia pelo crime que cometeram e no inferno que é o lugar deles e de todos que tiram a vida dos outros.

11:30 PM  
Anonymous Anônimo said...

E qual foi o motivo q seu filho morava em Minaa e so veio p sua compania aos 15 anos? Estranho né. Qual a cidade de Minas?

5:33 PM  

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