Partidarização
Curiosamente, ou invariavelmente, o jornal não aponta o papel da grande imprensa na tal partidarização. A grande imprensa jogou ao lado da candidatura tucana em 2006, e não reconheceu, nem o seu papel nas eleições, nem na sua própria derrota. Agora, fica procurando problemas para "sangrar" o governo federal, verbo que tem sido mais usado.
É isso aí.
Abaixo, cópia do editorial:
O VÔO CEGO DA CLASSE POLÍTICA
A guerra de versões que se estabeleceu no âmbito da comissão constitui um ônus indevido a ser suportado pelos familiares das vítimas e pela Nação, consternada com o trágico acontecimento. É de despertar incredulidade que um infortúnio dessa magnitude possa servir como pano de fundo de injunções partidárias, secundarizando o luto e a dor da perda.
Na apuração do episódio, estabeleceram-se dois pólos. Num está o governo, vendendo a versão de falha humana. Noutro, a oposição, buscando isentar os pilotos e atribuir o acidente a problemas mecânicos ou a defeitos na pista. A versão da falha humana é cômoda para o governo, pois retira total ou parcialmente sua responsabilidade objetiva no acidente, uma vez que é o encarregado da fiscalização das aeronaves e da infra-estrutura dos aeroportos. Por sua vez, a oposição, ao optar pela versão de defeitos no avião ou na pista, pode cobrar do governo suas ações preventivas, gerando-lhe um desgaste.
Desgraçadamente, as paixões políticas estão atropelando a apuração técnica. Quem é do ramo sabe que leva meses para uma investigação responsável e, mesmo assim, não obstante feita por órgãos e autoridades com conhecimentos especializados, nem sempre se pode apontar uma única causa. Por isso, é pura irresponsabilidade dos congressistas o aventamento de meras hipóteses apenas porque elas lhes são favoráveis do ponto de vista partidário ou político.
A maneira como o Congresso e o governo vêm tratando a questão do acidente aéreo com o avião da TAM tem causado desconforto e desconfiança em organismos internacionais. Há, inclusive, possibilidade de sanções virem a ser aplicadas ao país por conta da conduta verificada por órgãos públicos com atribuições na área e por parlamentares. É de se lamentar que o que deveria ser uma oportunidade de se tomarem medidas preventivas, para evitar que outros brasileiros paguem com a vida a inércia no gerenciamento, sirva para movimentar interesses escusos, com motivações menores, num vale-tudo sensacionalista.
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