Talião
Da coluna do Juremir Machado da Silva, no Correio do Povo, de quarta-feira passada, 3 de janeiro de 2007:
"Depois do espetáculo, quando tudo é imagem, não há mais exemplaridade. Apenas vingança. Esse deve ser o paradoxo supremo da nossa época: no apogeu da civilização, o império pratica a lei de Talião. Olho por olho, dente por dente, pescoço por pescoço. Ainda bem que vencemos a barbárie. Afinal, novamente os fins justificam os meios. Primeiro uma mentira para fazer a guerra. Depois, um julgamento de mentira. Por fim, uma imagem captada furtivamente para ser vendida às grandes redes de televisão e para circular na Internet como um troféu de uma guerra que não aconteceu a não ser como farsa. Depois do espetáculo, porém, não há mais verdadeiro nem falso. Há somente a lei do mais forte, que sempre encontra razões para disseminar as suas imagens mortais. Talvez o Estado devesse fazer como os pistoleiros morais do Velho Oeste e propor um duelo aos condenados. Eles não morreriam de mãos amarradas e esboçariam um gesto instintivo de defesa.
O 11 de setembro ficou para trás. Mas, definitivamente, o mundo nunca mais será o mesmo depois do You Tube."
"Depois do espetáculo, quando tudo é imagem, não há mais exemplaridade. Apenas vingança. Esse deve ser o paradoxo supremo da nossa época: no apogeu da civilização, o império pratica a lei de Talião. Olho por olho, dente por dente, pescoço por pescoço. Ainda bem que vencemos a barbárie. Afinal, novamente os fins justificam os meios. Primeiro uma mentira para fazer a guerra. Depois, um julgamento de mentira. Por fim, uma imagem captada furtivamente para ser vendida às grandes redes de televisão e para circular na Internet como um troféu de uma guerra que não aconteceu a não ser como farsa. Depois do espetáculo, porém, não há mais verdadeiro nem falso. Há somente a lei do mais forte, que sempre encontra razões para disseminar as suas imagens mortais. Talvez o Estado devesse fazer como os pistoleiros morais do Velho Oeste e propor um duelo aos condenados. Eles não morreriam de mãos amarradas e esboçariam um gesto instintivo de defesa.
O 11 de setembro ficou para trás. Mas, definitivamente, o mundo nunca mais será o mesmo depois do You Tube."
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